Projeto Memória Petrobrás
Depoimento de Maria Gorete Maia
Entrevistada por Márcia de Paiva
Garoupa, 26 de janeiro de 2005
Entrevista número PETRO_CB311
Realização Museu da Pessoa
Transcrito por Écio Gonçalves da Rocha
P – Boa tarde.
R – Boa tarde.
P – Eu gostaria de começar a entrevista pedindo que você nos diga seu nome completo, local e data de nascimento.
R – O meu nome é Maria Gorete Teixeira Maia. Eu nasci em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. Eu tenho 27 anos.
P – Qual é a data?
R – É 12/10/1977.
P – Gorete, conta pra gente como é que você ingressou na Petrobrás. Como que você começou a trabalhar?
R – Sim. Eu, através de amiga, conheci a realização desse trabalho de personal trainer que eles falam que são realizados na Bacia de Campos. Deixei meu currículo. Algumas firmas prestadoras de serviço me convocaram. Eu, a primeira plataforma que eu trabalhei foi Garoupa, já tem um ano e alguns dias. Fez um ano dia 12 de janeiro. E estou aí até hoje.
P – E aí, então, o primeiro lugar que você veio pra trabalhar na Petrobrás foi Garoupa?
R – Foi Garoupa.
P – Você é prestadora de serviço?
R – Isso, prestadora de serviço.
P – Gorete, conta como foi a tua primeira sensação de embarcada. Como é que foi?
R – Olha, foi até meio que engraçado, porque assim que eu cheguei aqui na plataforma algumas pessoas não acreditavam pelo fato que eu nunca tinha embarcado. Porque eu tive uma ótima adaptação. Aqui em Garoupa eles têm realmente um trabalho muito bem organizado em termos de acomodação, alimentação. Eu me adaptei rapidamente com todas as pessoas aqui residentes. Não tive problema nenhum. E foi assim uma sensação inclusive até de meio que família. Então, tenho um carinho enorme por todos eles.
P – Você nunca teve problema nenhum por ser mulher também? Não...
R – Não, não tive problema. Logo no primeiro impacto, assim, que eu embarquei, a própria firma me...
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Projeto Memória Petrobrás
Depoimento de Maria Gorete Maia
Entrevistada por Márcia de Paiva
Garoupa, 26 de janeiro de 2005
Entrevista número PETRO_CB311
Realização Museu da Pessoa
Transcrito por Écio Gonçalves da Rocha
P – Boa tarde.
R – Boa tarde.
P – Eu gostaria de começar a entrevista pedindo que você nos diga seu nome completo, local e data de nascimento.
R – O meu nome é Maria Gorete Teixeira Maia. Eu nasci em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. Eu tenho 27 anos.
P – Qual é a data?
R – É 12/10/1977.
P – Gorete, conta pra gente como é que você ingressou na Petrobrás. Como que você começou a trabalhar?
R – Sim. Eu, através de amiga, conheci a realização desse trabalho de personal trainer que eles falam que são realizados na Bacia de Campos. Deixei meu currículo. Algumas firmas prestadoras de serviço me convocaram. Eu, a primeira plataforma que eu trabalhei foi Garoupa, já tem um ano e alguns dias. Fez um ano dia 12 de janeiro. E estou aí até hoje.
P – E aí, então, o primeiro lugar que você veio pra trabalhar na Petrobrás foi Garoupa?
R – Foi Garoupa.
P – Você é prestadora de serviço?
R – Isso, prestadora de serviço.
P – Gorete, conta como foi a tua primeira sensação de embarcada. Como é que foi?
R – Olha, foi até meio que engraçado, porque assim que eu cheguei aqui na plataforma algumas pessoas não acreditavam pelo fato que eu nunca tinha embarcado. Porque eu tive uma ótima adaptação. Aqui em Garoupa eles têm realmente um trabalho muito bem organizado em termos de acomodação, alimentação. Eu me adaptei rapidamente com todas as pessoas aqui residentes. Não tive problema nenhum. E foi assim uma sensação inclusive até de meio que família. Então, tenho um carinho enorme por todos eles.
P – Você nunca teve problema nenhum por ser mulher também? Não...
R – Não, não tive problema. Logo no primeiro impacto, assim, que eu embarquei, a própria firma me passou que de repente eu poderia ter algum problema em termos de conviver, interagir com 250 homens, e por ser uma plataforma que tem um número bem pequeno de mulheres.
P – Quantas são? Você sabe?
R – São um total, fixas quatro, comigo. Mas de vez em quando vem, assim, esporadicamente vem algumas, médico, periódico. Mas, enfim, não tive problema nenhum. Eles me respeitam. Meu trabalho é muito bem valorizado aqui em cima, até mesmo porque eu faço a parte de lazer, promoção de saúde. Então é a parte que o pessoal extravasa, a parte de brincadeira, descontração. Realmente não tenho problemas com isso.
P – Conta um pouco do seu trabalho. Como é que é? Tem horário?
R – Aqui a gente... Tem, aqui a gente realiza a ginástica laboral, que é a ginástica de relaxamento, nos setores internos e externos. São feitas para a Petrobrás e firmas contratadas. Então, são ginásticas curtas, períodos curtos, que eu vou passando nos setores internos, com a roupa mesmo de ginástica. E depois tem que colocar o EPI pra poder ir até a sala (?).
P – O EPI é o macacão?
R – O EPI é aquele uniforme completo de proteção individual usado aqui na plataforma. Nesses setores eu tenho uma boa participação. Na maioria das vezes eles interrompem os trabalhos que estão sendo realizados pra que possam fazer a ginástica. E também eu faço trabalho de condicionamento físico, que é na academia, que é aberta pra todos os residentes, aonde a gente faz avaliação física, examina massa corpórea, massa de gordura, que também é um trabalho importantíssimo aqui em cima. Porque, devido, a maioria das pessoas são sedentárias. E também ficarem confinadas. Esse confinamento tende a proporcionar uma maior massa de gordura mesmo, proporção de gordura. E aí a gente entra. Aí é que a gente entra nesse trabalho de personal trainer, que é na academia, também que é período, o dia inteiro a academia fica aberta sendo supervisionada pela personal trainer, no caso que sou eu no momento.
P – E aí, realizando esse trabalho é só você?
R – Eu fico os 14 dias, desembarco e sobe a Nebeck (?). No caso, uma personal só por embarque.
P – Então ta. E como é que é a recepção? Eles gostam?
R – Gostam bastante.
P – Esse trabalho também quando você vai nos setores.
R – No início tem sempre algumas pessoas que não se aderem ao trabalho, ou por vergonha, ou por realmente não ter conhecido o trabalho. Então aí que a gente começou a iniciar. Iniciamos mesmo um trabalho mostrando qual é a importância do trabalho da ginástica nos setores, essa parte de eles não estarem se locomovendo. Muitos deles passam horas trancado num escritório, sentados ou mesmo em pé, numa mesma posição. Então, assim, a gente realmente conseguiu abordar um bom número de participantes. E é um trabalho contínuo, que é um entra e sai de pessoas incrível, e a gente está sempre motivando. Mas é bem gratificante.
P – Agora, e o quê que você gosta de fazer nas suas horas de lazer aqui dentro?
R – Aqui dentro? Olha, a minha parte de lazer aqui dentro, eu gosto de, apesar que no meu trabalho eu gosto de malhar, eu gosto de estar na academia. E gosto de DVDs, filmes, eventos que geralmente são promovidos pela plataforma. Eu também participo, eu gosto de participar.
P – Você ajuda também a organizar?
R – Isso. Por exemplo, Ano Novo nós tivemos eventos aí com bandas, bingos. Então, aí também a personal entra nessa parte de lazer, participando e interagindo também com eles, promovendo essa arte de lazer.
P – Ano Novo você passou embarcada assim?
R – Passei embarcada.
P – E teve o que?
R – Primeiro ano embarcada.
P – Como é que foi o Ano Novo _______?
R – Olha, no início eu fiquei meio que assustada. “Nossa, passar longe de casa”. Até o pessoal brincou, porque eu perguntei se ia ter fogos, com a maior ingenuidade. Nossa, imagina, fogos numa plataforma. Mas, foi assim, foi bem legal. Porque aqui dentro, na verdade, as pessoas, a gente meio que esquece um pouco do que está se passando lá fora. Então, eles tentam promover atividades que você sinta vontade. Esquece um pouco mesmo o que você está perdendo ou deixando de viver lá fora. Mas, enfim, foi legal. Teve um grupo de bandas animando aí. Teve o bingo, sorteios com brindes, rolou um churrasco pro pessoal. Foi bastante animado. Passou assim, à meia noite o Ano Novo rompeu e não teve fogos, mas foi legal, foi divertido.
P – Gorete, e desse tempo que você está aqui, você tem alguma história que você pudesse contar pra gente assim, que você acha engraçada.
R – Nossa, história, tem tantas histórias engraçadas aqui.
R – Conta uma pra gente.
R – Agora, lembrar a história engraçada. Tem tantas. Olha, o meu primeiro alarme aqui na plataforma foi uma coisa muito engraçada.
P – Conta como que foi, pra gente que não sabe como é que é.
R – É, porque a questão do alarme nem é engraçada tanto. Foi engraçada pra mim porque a gente é treinado pra parte de segurança aqui dentro, de quando tiver um alarme desses. Mas assim, na verdade você só aprende mesmo quando está ali praticando. O primeiro alarme eu estava na academia, eu me lembro, aí tocou o alarme. Eu não sabia, eu sentei, eu meio que tremendo, que eu vi, desci assim, coloquei a EPI. A menina que estava no camarote teve que me levar. Eu fiquei tremendo o dia inteiro. O pessoal riu que, assim, pra eles foi até um treinamento. Eles não comunicam. Mas pra mim, eu fiquei com o corpo inteiro tremendo o dia inteiro, o pessoal me zoando. E sem falar que eu fiquei meio que perdida nos setores aqui, logo assim que eu cheguei, de adaptação, se saber pra onde...
P – Se localizar.
R – Me localizar mesmo. Mas, assim, foi engraçado pra mim, que eu digo que eu nunca mais esqueci o primeiro alarme. Hoje em dia eu vejo as pessoas chegarem, aí presenciarem isso mesmo. Mas pra mim tem vários fatos engraçadas pra mim, mas esse do alarme ficou marcado assim. Eu fiquei com bastante receio. Receio, depois fiquei rindo. Não sei, me deu umas...
P – E, Gorete, assim também de, mesmo do seu trabalho, o que você destacaria também assim, que você acha também importante pra você mesmo também?
R – Olha, de aprendizado aqui em cima, estar interagindo. Acho que o primordial aqui em cima é que a gente está sempre aprendendo. Que eu sempre digo nas reuniões que a gente promove na firma, que aqui em cima nós não somos só professores de Educação Física. A gente é um pouco mãe, um pouco psicóloga, um pouco amiga, porque o nosso trabalho aqui é bem amplo. Hoje está aqui interagindo com pessoas muito diferentes umas das outras. E eu gosto disso, sabe, de de repente estar promovendo um pouco de alegria, satisfação pra pessoa, ou estar acolhendo naquele momento difícil. Então aqui a gente presencia assim pessoas embarcadas onde familiares falecem, nascimento de filhos, a realização de um sonho, a compra de uma casa. Então, a gente meio que interage com eles nesse momento. Então, assim, é bem bacana. E você aprende também. Aqui tem culturas bem diferentes, tem pessoas de lugares, nossa, tem Nordeste, tem Sul, tem pessoas da Amazonas, Norte. Então, assim, é bem, a parte de linguagem, comportamento. A gente está sempre aprendendo também. Tem gente que traz culturas de outros lugares e a gente incorpora aqui em cima também, no trabalho. Eu acho bem gratificante isso pra mim, não só como professora de Educação Física, mas como pessoa mesmo, como ser humano.
P – Bacana. E tem muito esse lado de procurarem pra desabafar também?
R – Muito, muito.
P – Você acha que é por você ser mulher, ou porque?
R – Não. É como eu lhe falei, eu consegui aqui, eu acho, um espaço bem bacana, onde que as pessoas me respeitam e confiam em mim. Então, essa parte de conversa. Porque eu, aqui na plataforma, sou uma das poucas pessoas que promovem essa parte de lazer. Estou ali. Às vezes é aquele tumulto, o corre-corre do dia-a-dia. Às vezes você esquece de dar um sorriso pra uma pessoa, um aperto de mão. Isso é necessário, fundamental. Então eu estou lá na academia, às vezes, ou na própria aula mesmo. Então tento compreender porque que aquela pessoa está desanimada, está, enfim, com alguns problemas. Então parte assim, não por ser mulher mas por estar nessa função aqui na plataforma, entendeu?
P – Você criou um espaço?
R – É, a gente tem um vínculo bem bacana assim com as pessoas, inclusive com as próprias mulheres também que embarcam aqui em Garoupa.
P – Então ta, Gorete. Eu queria agradecer a sua participação, você ter vindo aqui ajudar a gente. Te liberar pra sua...
R – Ta legal. A primeira aula, que agora vai juntar pra ir pra academia.
P – Obrigada, Gorete.
R – Ta legal.
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