Projeto: Memória Petrobras
Depoimento de Maria de Fátima Brito
Entrevistado por Laura Olivieri e Márcia de Paiva
Brasília, 08/02/2007
Realização Museu da Pessoa
Entrevista PETRO_CB561
Transcrito por: Maria Luiza Pereira
P/1 – Boa tarde, Maria de Fátima.
R – Boa tarde.
P/1 – Gostaríamos de agradecer a sua participação no Projeto Memória Petrobras...
R – Prazer enorme também para mim.
P/1 – E para começar, gostaríamos de saber o seu nome, local e data de nascimento.
R – Maria de Fátima Brito, nasci no dia 22/11/60, aqui em Brasília.
P/1 – Quando e como você ingressou na Petrobras, por favor?
R – Comecei na Petrobras exatamente dia 13 de dezembro de 1978. Foi até surpresa para a família toda, né? Porque eu moro aqui numa cidade satélite que a gente chama e... Eu tinha um namorado. Meu namorado já trabalhava aqui, ele falou assim: “Fátima, tem um processo seletivo na Petrobras.” Eu falei assim: Tô fora. Não vou passar, “- Não, vamos lá. Você terminou o segundo grau...” Eu tinha dezoito anos, né? “... – Tá fresquinha. Vou apostar em você.” Aí eu vim aqui, fiz o processo seletivo, “tirei de letra”, né? Naquela época eles mesmos aqui no setor de departamento pessoal que formulavam as provas, passei... Daí veio a escolha, o gerente gostou... Claro! Novinha, excelente nota, eu entrei.
P/1 – E para que posição...
R – Não. Na época, era auxiliar de escritório sempre. Nível médio, iniciante, auxiliar de escritório, para o setor administrativo. Chamava-se Setor Administrativo de Brasília, SETAD, naquela época.
P/1 – E, por favor, eu gostaria que você falasse um pouco do seu trabalho atual e também uma certa trajetória dos trabalhos que já desenvolveu ao longo da sua carreira.
R – É, quando eu entrei aqui na Petrobras, depois que o gerente que me admitiu descobriu que eu já tinha um namorado, ele me deu os três meses de experiência para ir embora. Ele falou...
Continuar leituraProjeto: Memória Petrobras
Depoimento de Maria de Fátima Brito
Entrevistado por Laura Olivieri e Márcia de Paiva
Brasília, 08/02/2007
Realização Museu da Pessoa
Entrevista PETRO_CB561
Transcrito por: Maria Luiza Pereira
P/1 – Boa tarde, Maria de Fátima.
R – Boa tarde.
P/1 – Gostaríamos de agradecer a sua participação no Projeto Memória Petrobras...
R – Prazer enorme também para mim.
P/1 – E para começar, gostaríamos de saber o seu nome, local e data de nascimento.
R – Maria de Fátima Brito, nasci no dia 22/11/60, aqui em Brasília.
P/1 – Quando e como você ingressou na Petrobras, por favor?
R – Comecei na Petrobras exatamente dia 13 de dezembro de 1978. Foi até surpresa para a família toda, né? Porque eu moro aqui numa cidade satélite que a gente chama e... Eu tinha um namorado. Meu namorado já trabalhava aqui, ele falou assim: “Fátima, tem um processo seletivo na Petrobras.” Eu falei assim: Tô fora. Não vou passar, “- Não, vamos lá. Você terminou o segundo grau...” Eu tinha dezoito anos, né? “... – Tá fresquinha. Vou apostar em você.” Aí eu vim aqui, fiz o processo seletivo, “tirei de letra”, né? Naquela época eles mesmos aqui no setor de departamento pessoal que formulavam as provas, passei... Daí veio a escolha, o gerente gostou... Claro! Novinha, excelente nota, eu entrei.
P/1 – E para que posição...
R – Não. Na época, era auxiliar de escritório sempre. Nível médio, iniciante, auxiliar de escritório, para o setor administrativo. Chamava-se Setor Administrativo de Brasília, SETAD, naquela época.
P/1 – E, por favor, eu gostaria que você falasse um pouco do seu trabalho atual e também uma certa trajetória dos trabalhos que já desenvolveu ao longo da sua carreira.
R – É, quando eu entrei aqui na Petrobras, depois que o gerente que me admitiu descobriu que eu já tinha um namorado, ele me deu os três meses de experiência para ir embora. Ele falou literalmente: “- Eu vou esperar passar os três meses e essa moça está na rua.” Porque...
P/2 – Por causa do seu namorado que trabalhava aqui.
R – Ele imaginou que foi alguma coisa, o namorado ficou em pânico... O próprio namorado quando eu fui... foi para a entrevista, falou para o chefe do setor administrativo, falou: “- Não, nem manifesta a Fátima. Bota lá por trás...” Eu acho que o cara nem queria que eu viesse trabalhar aqui. E foi aleatório. Ele me escolheu, ainda fomos conversar. Acho que ele queria que eu falasse alguma coisa. Eu não falei! Aí, ele determinantemente falou: “- Com três meses ela está na rua.” Fiquei o braço direito de João Batista, que hoje é falecido. Daí, eu sempre... a minha carreira foi toda administrativa. Antigamente era centralizada, aqui era um Distrito, Distrito de Brasília, eu trabalhava no setor administrativo, secretária dos chefes do administrativo e toda a minha carreira, até 2000, foi na área administrativa. Processo de RH, aquela coisa toda, aí a empresa descentralizou. A parte administrativa que era nos regionais, foi para o Rio de Janeiro, centralizou no Rio. Aí eu fui convidada, graças a Deus, para mim foi uma coisa maravilhosa na minha vida ir para área comercial. Todo mundo que trabalha na Petrobras Distribuidora gosta da área comercial, que é atividade fim da Companhia. Onde tem mais oportunidade de crescimento. Trabalhar com vendas. Claro, né! Tem mais oportunidade, aquela coisa toda. E aí, só em 2000... Vejam só, entrei na Petrobras em 1978, não conseguia sair de forma nenhuma. Antigamente era assim, as pessoas te seguravam. Hoje é muito democrática a Companhia, né? Daí eu fui para a área comercial: eu renovei, gente! Descobri um monte de coisa, sabe? Daí eu descobri que esse era o meu negócio, trabalhar com marketing de relacionamento, que é o que eu faço agora. Quer dizer, eu fazia meu marketing, eu sempre trabalhei com gente, mas os empregados... agora eu trabalho com cliente, que é muito bacana. E hoje eu estou na Gerência Regional de Consumidor do Centro-Norte, ligada a Gerência de grandes Consumidores na sede. Desenvolvo esse trabalho de marketing de relacionamento com cliente.
P/1 – Da BR Distribuidora.
R – BR Distribuidora.
P/1 – Então, por favor, se você puder comentar, né, sobre a importância da BR Distribuidora para a região Centro-Oeste e, até mesmo para a Petrobras, né? Essa relação...
R – É, eu acho assim, a Petrobras Distribuidora ela é muito dinâmica. É uma empresa dinâmica porque ela vende, ela é quem vende aqui. Eu acho que ela é a “menina dos olhos” da Petrobras. É a “menina dos olhos” dos empregados do sistema todo e da Petrobras. Por quê? Porque é uma empresa jovem. As pessoas lá dentro, elas são muito interativas, são muito dinâmicas. Tem uma garra de mercado mesmo, busca. Não sei se vocês sabem, a logomarca da BR, hoje esse “Be-errezinho” veio da Petrobras Distribuidora S.A. Antes era... Você vê como a marca da Petrobras Distribuidora é grande aqui no Centro-Oeste. A importância dela aqui é o seguinte: hoje a Petrobras é muito respeitada aqui em Brasília, por conta do governo. A gente tem um relacionamento muito forte com o governo. Tanto porque o governo compra da gente, como pela parte de patrocínio. Eu trabalho muito com as Forças Armadas na BR. Como eu tenho relacionamento com cliente... Eu adoro trabalhar com as Forças Armadas, agora, né? Então, a importância dela é isso mesmo. Ela é uma empresa forte, uma empresa respeitada... Gente, vocês não têm noção de como os brasilienses... vou falar mais de Brasília porque eu estou aqui, gostam da Petrobras, eles têm um respeito muito grande. Eu vejo isso onde eu visito, onde eu vou. E no Centro-Oeste também, é uma empresa agora que está vendendo... inovando no combustível alternativo, né? É do sistema Petrobras, mas quem está vendendo é a BR, eu acho que ela é muito respeitada. Uma empresa grande, uma empresa que busca valor, uma empresa que, que valoriza o empregado, retém talento, essa coisa toda.
P/1 – Dessas últimas colocações, até mesmo por você ser de Brasília, eu teria assim, duas questões que eu gostaria de explorar, por favor. Uma, é... o que que mudou, assim, quer dizer, né, você nasceu aqui, está aqui a algum tempo...
R – Tô.
P/1 – A Petrobras, a BR , trouxe mudanças, né, você tem assim...
R – Mudança para Brasília? Mudança para a gente? Claro que trouxe!
P/1 – Né?!
R – Essa coisa mesmo que ela tem... Para mim, o fundamental de mudança na Petrobras, no sistema e na BR, que eu amo, é o comprometimento com os projetos sociais ambientais. Para mim foi um “boom”aqui em Brasília, em tudo que é lugar. Depois que a Petrobras começou... Ela sempre... Na minha época, já, quando eu entrei aqui, eu já vi alguma coisa, mas não tanto como agora. Essa coisa da Petrobras se comprometer com as pessoas e com o ambiente, para mim foi... É o marco da Petrobras. Antes do envolvimento e o comprometimento com o desenvolvimento dos projetos sociais e ambientais é agora. Isso é que as empresas... as pessoas gostam da Petrobras por isso. A empresa que patrocina cultura, patrocina esporte, preocupa com a bola, né, com o planeta, preocupa com o desenvolver combustível alternativo, biodiesel por exemplo. E, para mim, o que as pessoas vêm... Nós estamos falando de gente, de todo mundo, né, que não são técnicos de venda, mas vê. Quando fala Petrobras, ela, pô, patrocínio, desenvolvimento tecnológico na área de, de, de desenvolver bio... combustível alternativo, todo mundo vê a gente, todo mundo quer patrocinar com a Petrobras, todo mundo quer contratar com a Petrobras, para quem não entende. As pessoas, os técnicos, é uma empresa de ponta, né? Aqui em Brasília, eu te garanto: a empresa Petrobras, o sistema Petrobras é muito respeitado.
P/1 – E essa questão muito importante, né, de uma certa identidade da Petrobras hoje, em torno dessa atuação sócio-ambiental, né, me fez pensar assim, numa coisa que eu gostaria que você comentasse, que é assim, como se dá, historicamente, se for possível você responder, mas como hoje se dá a política de valorização da marca. Você tinha comentado que a marca BR foi criada na distribuidora...
R – Foi.
P/1 – Quer dizer, a gente sabe que hoje a visão da empresa, até mesmo no planejamento estratégico, né, trabalha muito está questão da marca e dessa identidade sócio-ambiental... Se você puder falar um pouquinho mais sobre isso, que já...
R – Aqui em Brasília isso é legal, porque toda esquina tem um posto da Petrobras. Se vocês andarem no eixinho norte, que a gente chama parte de cima e a parte de baixo, é um colado do outro. Né? Então já tem... Essa coisa da Petrobras... A BR mania, por exemplo. Mais um valor agregado no posto de gasolina, que as pessoas vão, serve a comunidade. Esse é o grande lance. O que serve a comunidade, os mais leigos botam na cabeça, essa é a marca da Petrobras. E ela faz muito isso, eu acho. A Petrobras ela está presente nos postos de gasolina, nas lojas de conveniência firmando a marca, aqui em Brasília, um do lado do outro, os patrocínios... Aqui se patrocina demais, a Petrobras patrocina muita coisa. E patrocina... E os patrocínios que a Petrobras desenvolve aqui em Brasília... em Brasília tem muita coisa... pouca coisa para fazer, então tudo que é evento a gente vai e todo mundo vai. E eu volto a bater nessa tecla: o que firma a marca, o que a gente olha e o que a gente entende, são esses desenvolvimentos desses projetos sociais que ela faz. Aqui em Brasília tem uma coisa legal que a gente... que as pessoas dizem, eu acredito, não sei se vocês concordam, ... a pessoa é muito politizada, o nível de intelectualidade aqui é grande. Tanto os pequenininhos, como dos grandes. Então as pessoas questionam e conversam mesmo, é fácil conversar de trabalho na minha casa, é fácil de conversar de trabalho na escola, é fácil de dizer da marca, é fácil de falar o que a Petrobras vem fazendo pela comunidade. E é a minha área de educação. Então, por isso que ela firma. E os empregados. Todo mundo. O comprometimento é muito grande. A gente veste a camisa, essa é que é a verdade. A gente veste a camisa e aí vai a marca e aí vão as pessoas.
P/2 - Desses projetos, o que que você destacaria, assim, desses todos que você até falou que é a sua área, qual o que você... um projeto específico que você, assim...
R – É porque é assim: a Petrobras... Quando eu falo do desenvolvimento de ação social e ambiental que a holding elabora, eu não estou muito por dentro porque eu só acompanho porque eu sou muito... eu navego muito na internet. Os nossos que a BR desenvolve, por exemplo... A gente tem um projeto que a gente desenvolve junto com... Vocês conhecem a Fórmula Truck, Fórmula Truck aquela fórmula de caminhão?
P/2 – Hum, hum.
R – Que a Petrobras patrocina é uma etapa, a etapa é brasileira e é uma etapa em cada, em cada cidade. Assim, é uma das maiores cidades onde tem a etapa. O que que a gente está fazendo agora? E a idéia foi minha, não vou deixar de falar isso, claro! O Governo Federal, através do Ministério do Esporte e o Ministério da Educação, tem um projeto que se chama “Segundo Tempo”. Que é a “menina dos olhos”do Presidente. E vai continuar, pelo que eu estou sabendo. Era o Ministro Agnelo, agora está o outro que a gente não tem ainda muito contato. Esse projeto “Segundo Tempo” são crianças que estudam de manhã e fazem projeto... e fazem esporte a tarde e vice-versa. E a Petrobras; que eu dei essa idéia que eu achei muito interessante, nas etapas de Fórmula Truck, todas, a gente leva essas crianças, crianças carentes. Esse projeto é desenvolvido para criança carente das cidades. Menos privilegiadas. Então a gente pega a criança, gente que nunca foram num negócio desses, 300, 200, 500 crianças, busca, o ônibus é de graça, o lanche é de graça, brindes, eles olham, a gente passeia, eu vou cobrar, depois eu vou ao local que eu peguei a criança, faço uma redação, é um projeto legal. Esse eu estou falando porque...
P/2 – Você está acompanhando mais de perto.
R – Eu estou acompanhando. E fora esses mesmos da holding, que você entra no link da Petrobras; o esporte motor, o esporte... Eu não estou muito... Eu estou mais focada no, no... Eu só posso falar daquilo que eu entendo, daquilo que eu desenvolvo.
P/2 – Está certo.
R - Eu acho que esse, para a Petrobras Distribuidora é muito bacana.
P/1 – Então, assim, concentrando na Petrobras Distribuidora, a gente tem assim... ficou sabendo, que... quer dizer, ultimamente tem muito investimento na questão do setor energético...
R – É.
P/1 - ...Até você estava falando que estariam sendo construídas novas hidroelétricas, né?
R – Tem.
P/1 – Poderia falar um pouquinho sobre isso?
R – É assim: eu, eu exatamente trabalho com a parte de; não é o meu negócio, porque eu não sou engenheira. É... o meu coordenador de suporte técnico, que é o Dr. César, que está lá agora e que eu vou pedir se você puder depois dar um... passar para ele essa fase que ele é o Phd aqui na região centro-norte. Essas usinas todas... que estão lá no centro-norte, no qual é nossa... a minha região é Centro-Norte do país mesmo. Quer dizer, a parte norte todinha a gente pega. E o César, se você permitir, é o cara que está envolvido com todas as térmicas; se você puder depois dar um... E a gente chama o César para falar e ele vem amanhã. César Cabral Neto, ele é coordenador do suporte técnico e energia, da região centro-norte. Toda essa área é dele, toda. A gente trabalha com a Eletronorte, a gente trabalha com aquelas usinas menores, que geram energia para o norte do país. Isso aí eu acho que ele fala melhor do que eu.
P/2 – Tá. Deixa eu te perguntar também. Você tinha falado que aqui tem essa proximidade muito grande com o governo, né?
R – Temos.
P/2 – Né? Que você gosta de tratar com os militares e tudo.
R – Eu gosto.
P/2 – Como é que é essa relação? Conta para a gente um pouquinho melhor.
R – É assim: É... Eu tinha muito receio, porque eu sou realmente da época difícil, né, 1960, cresci... Quando eu entrei na Petrobras a coisa era, era menos democrática mesmo, era tudo muito difícil. Eu sou da época que você não tinha acesso a tabela de salário, né? E eu ficava assim meio cabreira. E via notícia e tal, tal. Eu falei... Quando eu tive oportunidade de me aproximar das forças armadas nesses patrocínios, que a gente patrocina o Exército, a Marinha e a Aeronáutica e eu geralmente estou junto deles, porque eu vou... É, nossa gerência de comunicação é no Rio, a G.C.O., que faz todo o processo e uma pessoa do regional, que sou eu, que tem que acompanhar. E o que me encanta com esses caras, gente, é o respeito que eles têm pela Petrobras. É um negócio fora do comum. Sabe? Até valoriza mais do que o meu, o meu nível. Aqui dentro da Petrobras eu não sou gerente, nem tampouco coordenadora, mas eles têm um respeito... E nós temos por eles. Eles são um dos nossos maiores clientes. Eles compram muito, asfalto, gasolina, óleo diesel, eles são considerados o cliente vip da BR. E a contrapartida é essa, são os patrocínios, as coisas que a gente faz... o valor agregado e que eu vejo que eles têm assim, um respeito e uma consideração que eu mudei todo o meu conceito com relação daquela... Eu não vejo mais aquele autoritarismo que eu via, eu vi agora parceria com eles. Eu só até amiga da Marinha, recebi uma medalha e tudo. Hoje eu sou amiga da Marinha.
P/2 – Isso você acaba gostando mais, como cliente, mais das forças armadas? Você falou: “Ah, é o que eu mais gosto”?
R – O meu envolvimento está sendo maior ultimamente com eles. Eu tenho... Porque, geralmente é assim: como está todo mundo aqui em Brasília, né, o centro está aqui, o comando da Marinha está aqui, o comando da Aeronáutica, então, a maioria dos negócios quando... quem negocia, quem fala, a primeira palavra sou eu. Poderia até ser outra pessoa, mas eu já estou engajada e as pessoas me encaminham... É por isso. E também uma mudança de conceito, talvez eu goste mais porque eu fazia, antes desse contato, todo um... época da ditadura eu tinha uma... livros que eu li, pessoas que eu conheci, então eu tinha um... E daí você começa a ver: Pô, não é bem assim. Também os tempos mudaram, né, gente? Eu tô vendo mais como parceiros, eu converso com eles, são coronéis aposentados que estão, é... presidente de algum clube. Porque aqui em Brasília tem muito clube social, tá? Tem o clube da Aeronáutica, o clube da Marinha. Então, eu estou vendo de outra forma. E eles são grandes clientes também, da gente. E eu sou empregada da Petrobras e tenho mais é que dar essa contrapartida, esse apoio comercial, né?
P/1 – Você teria assim alguma história interessante, engraçada...
R – Eu tenho uma história interessante sim. Quando eu entrei aqui na Petrobras, em 1978, que esse... Lembra do namorado que eu falei no início que me colocou? Pois bem! Quando eu entrei aqui para ser admitida - isso é uma coisa fantástica – não tinha nada informatizado, era tudo muito controlado manualmente. Aí, a Tânia, que foi minha madrinha de casamento, aposentada hoje, chegou para mim, no dia da minha admissão, falou: “- Fátima, é o seguinte, você está a fim de casar?” Eu falei: - Lógico! 18 anos, empregada da Petrobras, uma coisa que eu nunca imaginei, e casar ! Claro que eu estava de olho... tá! Você não há de ver, então, esse livro preto, que era um livro, era um livro realmente preto onde eles colocavam setor que você foi admitido, com a matrícula, o seu nome e a data e você assinava. Ela falou: “- Fátima, é o seguinte: todo mundo que assina esse livro preto, casa, e logo. E casa entre os empregados mesmo.” Aí pegou o livro... Tiveron casou com Solange, fulano com fulana; - Tá, eu vou casar, bota o meu nome aqui. Gente, eu casei não foi só uma vez não, foram duas vezes. Não quero mais!
P/2 – (riso)
R – Aí eu comento com as minhas... Eu achei interessante porque a gente foi passando... Mas você acredita que era... Claro que era uma coincidência imensa. E todo mundo novo que chegava dizia: “- Você quer casar?” Tinha gente que... Nem todo mundo casou. Mas namorava! Por que isso? É simples: naquela época eu era uma menina. Eu fico oito horas do meu dia, até mais, aqui dentro, né? E casei, não só uma vez, como duas. E hoje eu comento com as minhas amigas que estão solteiras ou que... Falei: - Bom, se tivesse o famoso livro preto vocês assinavam e estavam casadas. O livro acabou, acabaram os casamentos da Petrobras. Realmente há muito tempo que não se casa ninguém aqui. (risos) Eu achei super interessante essa história, eu venho contando para a minha filha, né? Que hoje eu tenho uma filha de 24 anos, que cresceu aqui dentro da Petrobras. Lado bom! Meus filhos vinham comigo.
P/2 – Agora vou ser indiscreta. Casou com o namorado que você estava quando entrou aqui?
R – O namorado Emir, que hoje é gerente do curso-escola. Casei! Eu casei com ele. As pessoas até pensavam, né, as más línguas: “- Pô, tá grávida.” E casei antes da hora, né? Que eu tive que comprar uma casa e tinha que ter renda conjunta, né? Lógico, eu casei antes – esse fato é engraçado – dois meses antes do religioso, fui no gerente que se chamava Seu Maynard, já morreu: - Seu Maynard tá aqui o minha declaração, eu já casei com o Emir, o senhor não conte para ninguém, porque fofoca, más línguas... Já tem... já conheço... Já vou casar com um ano de Petrobras, ainda vou antecipar meu... “- Minha filha, eu sou um túmulo. É até uma ofensa você dizer que eu vou dizer.” Vai lá que o Seu Maynard adoece e vai para o hospital. E num determinado dia a “galera” do tititi vai visitar. Ele olhou para um, olhou para outro e falou: “- Vem cá, gente, está faltando uma menina aqui.”, “- Quem é a Fátima?”, “- Aquela que casou às pressas com o Emir.” Minha reputação foi por água abaixo, né, amiga? “Casou às pressas com o Emir.” Claro que eu só fui ter Rafaela depois de dois anos. Então esse fato é muito engraçado.
P/2 – (risos)
R – Fui... Até... a barriguinha, né?... Até acontecer... Eu era muito novinha. Gente, eu tinha 18 anos, eu, magrinha... Hoje é que eu estou gordinha. Eu sempre fui mignonzinho. Então... Muito menina, muito moleca. Claro! Primeiro emprego, 18 anos de idade.
P/2 – Mas me conta também uma outra coisa. Você até falou do livro preto, que não existe mais. O que também é marcante para você, dessas mudanças, desde que você entrou, tão menina, até hoje? Assim, no seu cotidiano de trabalho?
R – Mudou... As idéias são as mesmas, só mudaram as abordagens, né? Tudo a gente trabalha em prol de vender petróleo, de vender tudo, mas a abordagem, as pessoas que chegaram, é... mudou, essa coisa da Petrobras estar sempre modernizando, é uma empresa que retém talento, uma empresa que aposta no, no... Que está mudando! Na minha época não tinha... Os projetos que ela desenvolve! Os processos, os projetos não, os processos de RH, que eu faço parte de quase todos... Eu tô na área comercial, mas eu ainda trabalho... faço algum... ajudo na G.R.H., que eu acho super transparente, a democratização, é uma empresa que não tem burocracia, é uma empresa simples, é uma empresa transparente... Essa... O R3 que é um sistema corporativo que a Petrobras... a BR usou primeiro, foi a primeira, agora a Petrobras vai usar, que facilitou a vida da gente toda. E essa coisa mesmo dessa, dessa empresa moderna, essa empresa globalizada, que ela foi crescendo, que eu não apostava nessa, nessa, nessa coisa toda da Petrobras. Quando eu entrei eu pensei que ia ser aquela coisa meio fechada, que não ía para frente, muito engessado. E não é! Né? E eu aprendi muito quando eu fui para a área comercial, que é uma área dinâmica. Essa mudança todo dia da Petrobras, procurando o melhor para o país, para os empregados, é que me encanta. Cada processo e cada projeto que eu vejo que a Petrobras lança, ambiência organizacional. Para foi uma coisa maravilhosa que tem agora, né? É uma coisa de quatro, cinco anos para cá, mas é uma coisa relativamente nova. Um ambiente legal para você trabalhar. Estar nas 150 melhores para trabalhar. Ela teve uma mudança... Gente, eu fico pensando assim, o que eu passei aqui dentro, que passou, agora eu estou nas nuvens! Eu sou outra mulher, outra pessoa. Não é aquele tempo difícil, e foi... Hoje em dia você entra na sala do gerente assim...(estala dos dedos), né? Antigamente não. E as pessoas são mais modernas. Não quer dizer que os mais antigos tinham aquele ranço não. É porque as pessoas... É uma empresa jovem. Se você for pegar agora essa nova galera que está administrando a Petrobras e a holding e a... Gente nova! Então ela aposta nisso, ela dá oportunidade. É uma empresa que dá oportunidade. E eu já falo lá em casa que aqui nas minhas veias não correndo... a muito tempo que não corre sangue. Agora é óleo diesel, é gasolina, né? Porque é...
P/2 – Aproveitando isso que você está falando, me define o que que é ser petroleira?
R – Não, é isso, é comprometimento...(pausa) Entendeu, então, lá em casa eu falo muito isso, né? Porque...
P/2 – Então me espera para você me contar..
R – Não, não vou falar da petroleira, vou falar negócio do sangue.(riso)Que os três filhos: a Rafa, o Arthur e a Malu, sãos os meus três filhos, então eles viveram muito essa coisa muito aqui da BR. Eles vinham... Agora pode, antigamente era: - Pô, não tem com quem deixar. Agora é informal. Ele não tá... Você avisa para eu Hoje já pode, as crianças... Tem um projeto que as crianças visitam os pais nos estabelecimentos. Na minha época, Rafa e Arthur vinham meio que... Tem agora a Malu que é_______ ______ ______, já acha interessante...
P/1 – Muito legal, né. Bom, aproveitando esse gancho, diz para a gente o que é ser petroleiro?
R – Eu acho que ser petroleiro é você estar comprometido com a coisa do seu país, né? É pegar essa coisa de nacionalidade, de ser brasileirinha, de estar interessada e preocupada com... Assim como a Petrobras se preocupa. A gente tem que estar preocupada, a gente tem que ter as mesmas preocupações que a Petrobras tem. Então, o que é ser petroleiro? Ser comprometido, é querer ter uma vida melhor para todo mundo, é querer que nosso planeta não exploda aí. A exemplo da Petrobras com esse projetos ambientais, é ser responsável e é querer que ela cada dia cresça mais, sustente, descubra, apareçam coisas novas, gente nova e que ela cada vez mais aposte mais nos técnicos que ela tem, que é uma coisa que ela faz. Eu vesti a camisa da Petrobras e tenho certeza que ela vestiu a minha. Porque tudo que eu tenho, eu tenho porque eu estava aqui na Petrobras. Eu não tenho referencial de nada na minha vida aí fora. Nem de pessoas... Claro que tem uma meia dúzia! Meus melhores amigos estão aqui, as coisas que eu consegui estão aqui e tudo que eu sei da minha vida; até pessoal que eu casei aqui, tive filho aqui e profissional eu sei porque a Petrobras... Eu aprendi aqui com a empresa. Então eu sou de carteirinha e é comprometimento... Ser petroleiro tem que ser um cara comprometido, um cara determinado, um cara responsável e um cara que se preocupa com as pessoas e com o ambiente em que a gente vive. Se ele for assim, igual ao pensamento da empresa, acabou, é imbatível. Show de bola.
P/1 – Legal. Obrigada pela definição. Você é sindicalizada?
R – Olha, não sou sindicalizada e vou te dizer por quê. Tudo eu digo por quê. Eu já tive problema sério. Nosso sindicato não é dos petroleiros. Nós temos um... Eu até vou perguntar se eu sendo da BR Distribuidora, que tem um sindicato próprio, do qual eu não sou sindicalizada, porque eu já penei na mão do presidente na época, um cara que não tinha palavra, e a gente pode ser da FUP por exemplo. Eu não sei. Como eu sou facilitadora de clima organizacional, eu vou procurar isso e vou levantar a bandeira. Não é porque eu não queira, não sei, que eu adoro participar de... Eu leio, eu procuro, eu ajudo e acho que o sindicato tem que se sustentar para poder conseguir as nossas conquistas. Mas aqui em Brasília o sindicato... Nesse, da BR, eu não sou. Não gostei inicialmente quando eu fui me... Não gostei das coisas que ele fez, das coisas que... Tinha um cara que era muito tempo um ranço, não mudava, não renovava... Tô fora!
P/1 – Você quer perguntar alguma coisa, Márcia?
P/2 – Não. Só se você tem alguma coisa que a gente não perguntou, se você gostaria de deixar registrado?
R – Não. Eu já defini. Não foi uma definição, foi até um... pedido para as pessoas, é... E é isso aí gente. Que eu, que eu falo. Eu sou suspeita para falar das coisas da Petrobras, porque eu adoro a Petrobras! Eu sei que tem outras empresas tão grandes, tão boas, no mundo, fora. Mas é exatamente por causa do valor que a Petrobras, com o longo do tempo deposita para nós, empregados. Eu acredito, eu tenho certeza absoluta que a Petrobras acredita na gente, em nós aqui. Nos terceirizados, na força de trabalho dela. Ela dá valor, não é só mais uma empresa querendo captar recurso, dinheiro, não. Ela acredita e é isso que sustenta a gente, essa coisa de a gente acreditar que ela acredita na gente. Para poder dar força para a gente seguir. Ë isso aí!
P/2 – Para finalizar, gostaria de saber se você gostou de participar desse Projeto Memória Petrobras...
R – Gostei! Eu já tinha navegado, eu já tinha visto, já estava vendo o que que está acontecendo. Agora eu vou dizer uma coisa para vocês: ontem eu... eu vi hoje... ontem a menina que trabalha comigo, falou: “- Fátima, você não quer ir?”, eu falei assim: -Não, não vou não, vou ficar por aqui. Hoje, o Ricardo da instituição falou assim: “- Fátima, vem cá, vamos conversar. Pô, tu tá aqui a muito tempo, você é uma pessoa que todo mundo conhece, todo mundo... Não é possível que você não quer falar nada, você está em tudo, todo evento que tem você está lá, “macaca de auditório e agora que a gente está precisando de você... ” Ele foi mais... Deu um jogo maior de cintura para mim, por isso que eu achei o máximo gente! Eu já tinha navegado no site, eu já tinha visto algum depoimento das pessoas, li de todo mundo, falei: “Pô, será que eu me enquadro aqui, será que vai ser isso aqui mesmo?” Mas achei legal! Eu é que agradeço a oportunidade de poder participar e ajudar.
P/2 – Eu gostaria de agradecer mesmo pela sua participação.
R – Obrigada.
P/1 – Muito obrigada.
R – Nada.
(Fim da fita MpetCBBR- nº. 12)
Recolher