Memória da Bacia de Campos
Depoimento de Luiz Fernando Roberto Patrocínio
Entrevistado por Sérgio Ricardo Retroz
Macaé, 04 de junho de 2008.
Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista PETRO_CB340
Transcrito por Winny Choe
P/1- Diz o seu nome completo, data em que nasceu e onde nasceu.
R - Luiz Fernando Roberto Patrocinio, eu sou natural de Macaé mesmo, nasci em 20 de outubro de 1964.
P/1- Você nasceu em Macaé, como é que foi crescer vendo a Petrobrás do lado?
R - Macaé basicamente era uma cidade do interior, não tinha nada de atividade econômica. Era basicamente turística mais mesmo assim muito pequena e no decorrer do tempo a Petrobras foi chegando e nesse exato local que estamos já foi à rede ferroviária que era o forte aqui era a rede ferroviária federal e logo em seguida veio a Petrobras. Como era propriedade do governo, a propriedade do governo implantou a Petrobras nos 70, meados dos anos 70.
P/1- Então quando você era menino não tinha Petrobras aqui?
R - Não tinha, não tinha. Quando eu tinha dez anos por aí, dez, onze anos.
P/1- Você lembra quando chegou a Petrobras, os comentários?
R - Eu lembro dos caminhões botando as pedras no pier, era uma obra grande que a gente nunca tinha visto e ficava na praia assistindo como se fosse um espetáculo ou alguma coisa desse tipo. E pô, foi interessante, dali pra frente só cresceu. A estrutura aumentou e até hoje, hoje é isso ai que a gente ta vendo. Essa mega estrutura, isso aqui ta muito grande.
P/1- Áreas de lazer, a cidade mudou muito?
R - Em termos de lazer? O lazer aqui é basicamente o pessoal ir à praia, o pessoal vai à praia, serra, a princípio. Pra hoje como é uma cidade basicamente industrial, gira em torno de negócios, a parte de lazer é fraca ainda. Quando tem lazer o pessoal prefere sair da cidade e ir pra regiões próximas daqui. Região boa, muito bonita, a região dos lagos. Lazer mesmo não é o forte da cidade não. De final de semana há...
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Memória da Bacia de Campos
Depoimento de Luiz Fernando Roberto Patrocínio
Entrevistado por Sérgio Ricardo Retroz
Macaé, 04 de junho de 2008.
Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista PETRO_CB340
Transcrito por Winny Choe
P/1- Diz o seu nome completo, data em que nasceu e onde nasceu.
R - Luiz Fernando Roberto Patrocinio, eu sou natural de Macaé mesmo, nasci em 20 de outubro de 1964.
P/1- Você nasceu em Macaé, como é que foi crescer vendo a Petrobrás do lado?
R - Macaé basicamente era uma cidade do interior, não tinha nada de atividade econômica. Era basicamente turística mais mesmo assim muito pequena e no decorrer do tempo a Petrobras foi chegando e nesse exato local que estamos já foi à rede ferroviária que era o forte aqui era a rede ferroviária federal e logo em seguida veio a Petrobras. Como era propriedade do governo, a propriedade do governo implantou a Petrobras nos 70, meados dos anos 70.
P/1- Então quando você era menino não tinha Petrobras aqui?
R - Não tinha, não tinha. Quando eu tinha dez anos por aí, dez, onze anos.
P/1- Você lembra quando chegou a Petrobras, os comentários?
R - Eu lembro dos caminhões botando as pedras no pier, era uma obra grande que a gente nunca tinha visto e ficava na praia assistindo como se fosse um espetáculo ou alguma coisa desse tipo. E pô, foi interessante, dali pra frente só cresceu. A estrutura aumentou e até hoje, hoje é isso ai que a gente ta vendo. Essa mega estrutura, isso aqui ta muito grande.
P/1- Áreas de lazer, a cidade mudou muito?
R - Em termos de lazer? O lazer aqui é basicamente o pessoal ir à praia, o pessoal vai à praia, serra, a princípio. Pra hoje como é uma cidade basicamente industrial, gira em torno de negócios, a parte de lazer é fraca ainda. Quando tem lazer o pessoal prefere sair da cidade e ir pra regiões próximas daqui. Região boa, muito bonita, a região dos lagos. Lazer mesmo não é o forte da cidade não. De final de semana há um esvaziamento por conta disso.
P/1- Você é técnico de manutenção, da onde veio a idéia de seguir essa profissão?
R - Foi concurso público. A gente fez escola técnica e tinha formação ai abriu concurso à gente foi e fez a prova. E como eles estavam precisando de pessoas com formação técnica, a maioria do pessoal que eu conheço conseguiu passar na prova que era exatamente o que eles precisavam.
P/1- E você se lembra do primeiro dia de trabalho?
R - Na verdade os primeiros dias foram os cursos de formação. Fiquei praticamente um ano fazendo cursos, preparando para embarcar e exercer a função. Então foi um ano como estagiário inclusive. A gente não era nem contratado, não tinha carteira assinada, era estágio probatório. Ai chegou no final desse estágio quem teve uma média lá, 7 se não me engano, são efetivados de fato e até hoje estamos ai.
P/1- Você lembra o primeiro dia que você embarcou?
R - Primeiro dia eu lembro. Foi muita novidade então foi muito legal. Depois do decorrer dos anos não é a mesma coisa. Mais o primeiro embarque é interessante você aprende muita coisa. Foi na plataforma de Namorado2, foi na fase de estagiário ainda não era funcionário da empresa. Fui fazer um embarque de 5 dias junto com a turma que eu tava fazendo, junto com o pessoal do curso, da turma.
P/1- E o que você fazia na plataforma?
R - Na plataforma eu era operador de produção. Aliás eu sou técnico de manutenção hoje mais na época eu era operador de produção está no crachá inclusive. A gente é responsável pela operação da plataforma em todos os sentidos, tanto na parte de produção como na parte de segurança também, a gente é responsável pela segurança e damos o apoio à segurança. A gente faz parte de brigada, os equipamentos de combate a incêndio, toda a parte de operação, a gente treina pra ficar apto a atuar em cima dessas ocorrências em termos de segurança emergência, etc.
P/1- Você lembra alguma situação de emergência que te marcou muito?
R - Vários casos (risos) vários. Depois que trabalhei em Pargo muito tempo no P31 houve um sinistro lá muito grave, nós tivemos sorte de não ter morrido alguém. Houve um retorno de gás pra dentro da lavanderia entendeu? O pessoal não detectou isso foi uma falha que houve ai passou gás pra dentro da lavanderia e foi direto pras máquinas industriais, as máquinas de lavar. Essas máquinas elas são multi estágios , uma hora ela enxágua outra hora ela lava. Então nessa troca quando o sistema elétrico faz essa troca sempre faísca, o equipamento elétrico faísca e como tinha gás lá dentro houve uma explosão muito forte e a pessoa que trabalha na lavanderia, uma menina chamada Valéria, a sorte é que ela não estava dentro da lavanderia porque de fato não sobro nada da lavanderia, se ela tivesse lá dentro com certeza ela não sobreviveria, queimou tudo dentro da lavanderia. Foi um episódio que eu presenciei fora os que eu já ouvi falar dos amigos, a gente não estava presente mais esse eu estava presente e tive ali e foi muito grave o negócio.
P/1- O que você teve de fazer lá?
R - Quando houve a explosão comprometeu muita coisa lá porque essa área da lavanderia é uma área que passa muito cabo elétrico, encanamento, a parte estrutural, a parte vital e houve o comprometimento disso. A atuação minha eu tive que corre todos esses cabeamentos. Porque a minha parte era mais elétrica, eu tive que checar toda, eu e o pessoal da equipe checar todo o cabeamento pra ver se não houve comprometimento pra poder voltar com a geração. A gente não podia voltar com o gerador se tivesse os cabos ou painéis comprometidos. Nós ficamos, a explosão foi na hora do almoço e nós ficamos até a noite, três horas da manhã fazendo esses checks pra poder retornar pelo menos com a geração básica pra você manter a habitabilidade da plataforma, se precisa ter energia. Trabalhando em cima da energia no restabelecimento da energia nesse episódio.
P/1- Tem outros episódios assim que você lembra?
R - Que eu presenciei de acidentes, por incrível que pareça eu mesmo já me acidentei mais não foi um acidente de trabalho porque eu estava embarcado mas foi jogando bola na plataforma. (risos) Eu quebrei o pé jogando bola, desembarquei as pressas e fui acidentado na hora de lazer na plataforma. Mas o sinistro que mais me marcou na minha jornada de fato foi o 36 sem dúvida nenhuma. Inclusive dessa turma que eu te falei anteriormente que entrou na empresa que a gente fez estágio para ser admitido eu perdi um amigo dessa turma nesse acidente da P36 um amigo da cidade de Campos. Quando eu fiquei sabendo disso eu fiquei muito triste, chocou todo mundo, o país todo. O mundo ficou sabendo foi um choque.
P/1- E como era o cotidiano lá na plataforma? Você disse que jogava futebol...
R - Futebol, futebol. Tinha o pessoal do carteado também que joga todo dia, mais eu não jogava carteado porque o pessoal fuma e incomoda o ambiente. Você imagina o ambiente o pessoal fumando e tal. E tem uma academia de musculação, fazia academia ginástica e tinha uma quadra pra jogar bola e jogava vôlei também não só futebol. E o pessoal incentivava também a atividade nessa área de esporte, volta e meia tinha torneios, fazia as equipes e a gente disputava eles. Os torneiozinhos internos lá só pra confraternização porque quatorze dias, só pra catorze dias rende bem, demora bastante. Principalmente se for noturno se for à noite demora mais ainda então. A gente tinha após o trabalho tinha que fazer algum tipo de lazer pra deixar e desstressar e passar um tempo.
P/1- Você lembra de alguma amizade que te marcou muito?
R - Cara o que me marcou, a primeira plataforma que eu fui foi em Pargo, o que eu posso destacar que mais me marcou que, interessante que isso não acontece hoje. Você chega na plataforma e a maioria é o pessoal novo igual a você dá mesma idade, da mesma faixa etária e isso é muito legal. Você chega novo, 20 e poucos anos a maioria era igual a você, vinte e poucos anos. Tinha um pessoal mais antigo mais são poucos. Hoje em dia não você vai embarcar e é bem mesclado, não tem uma faixa dominante. Mais isso é uma coisa que me marcou, tem esse pessoal da minha época, da minha idade, faixa etária e o que me marcou que toda vez que eu encontro com ele a gente bate um papo sobre isso, sobre a época lá. Eu já não to mais junto com eles to em terra agora mais o legal é que a gente encontra o pessoal e sempre tem assunto, mata a saudade, como que ta a família, o que ele fez, quantas vezes casou, quantas vezes separou, tem muito disso também o que rola mais né.
P/1- E tinha muita brincadeira?
R - Mais um bando de jovem na plataforma devia sair muita brincadeira. Muita coisa, pegadinha que a gente fazia lá tinha muita coisa. Descobri uma história engraçada, eu não lembro bem o pessoal. Mas o cara fez uma aposta na mega sena, acho que era loto na época sei lá. E o cara tava no camarote foi escovar os dentes e deixou o camarote aberto, ai o outro cidadão, companheiro dele, viu o numero que ele apostou, anotou e depois espalhou pra plataforma toda que o resultado do sorteio era aquele. Ai o cara pô, ficou doido. Ganhei vou pedir conta, amanhã to desembarcando vou pedir pra descer, ai no outro dia era tudo mentira, era pegadinha, não tinha nada disso os números não deu nem um que ele tinha jogado. Ai ele ficou bem... levou na boa levou na esportiva e o tipo de brincadeira é desse tipo assim. E tinha umas brincadeiras mais apimentadas que foram proibidas na época: os pisos, os andares externos eram gradeados você vê debaixo pra cima. Ai tinha uma galera muito apimentada, tanto apimentada que era proibido. Era dar banho nos outros, você tava passando na área assim e de repente caiu uma água que ninguém sabia onde aparecia e não via ninguém. O cara ficava esperando você com um balde e você tinha que ir lá trocar o macacão, colocar outro de novo. E correr o risco de tomar outro banho também, os caras não desistiam não. Enquanto não pegassem ficava perseguindo o sujeito. Essa foi proibida por questões de segurança porque teve um cidadão que tomou um susto foi querer correr e bateu com a face na estrutura lá e dali pra frente o negócio foi proibido, então pra evitar coisas piores o negócio foi proibido. Mais brincadeira tem muito, piada, o pessoal brincava muito por lá. E quando o pessoal é da mesma faixa etária você imagina, porque tem o pessoal mais antigo e o pessoal mais novo o pessoal mais novo brincava muito. Era muito legal, mais não o serviço no horário de lazer (risos).
P/1- O que é ser petroleiro em Luiz?
R - Ser petroleiro aqui no Brasil e acredito que e qualquer lugar, mais eu conheço só o Brasil, eu acredito que ser petroleiro é superar desafios, to falando focado aqui na nossa Petrobras porque desses 19 anos de empresa eu vi essa empresa crescer e o porte que ela tem hoje eu nunca vi uma empresa crescer tanto. Então no decorrer dessa jornada foram muitos desafios, não são poucos não e até hoje temos muitos desafios então ser petroleiro pra mim é sinônimo de superação. Quem ta de fora nunca imagina o que se passa o que se vê. Qual o dia a dia de muito trabalho e no final é recompensa, existe a recompensa, a gente sente orgulho no final.
P/1- O que você achou dessa iniciativa de ta colhendo depoimentos aqui?
R - Po legal isso vai fica na história, isso é um registro que vai fica pras gerações futuras, o pessoal vai ver e tem vários amigos que estão saindo hoje, vai chegar minha vez e o pessoal que ta entrando e o pessoal que vai entrar ainda. Nós temos petróleo pra muito tempo ai, descobrimos mais e temo petróleo pra muito tempo. Então vai ter emprego pra gente e pros meus filhos e pros meus netos com certeza. E esse registro vai ficar ai pra eles aprenderem mais sobre o passado da empresa. O que ela foi, o que ela é e o que ela será no futuro. Beleza?
P/1- Bacana.
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