Nome do Projeto: Memória Petrobras
Depoimento de: Luís Carlos Pitangueira
Entrevistado por: Eliana Santos e Ana Bonjour
Local da gravação: Madre de Deus/BA
Data: 08/10/2004
Realização Museu da Pessoa
Entrevista: PETRO_CB587
Transcrito por Flávia Penna
P/1 – Bom dia.
R – Bom dia.
P/1 – Bom, a gente podia começar com você falando seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Luís Carlos da Cruz Pitangueira. Nasci em Madre de Deus no dia 25 de agosto de 1954.
P/1 – Conta pra gente, como foi a sua entrada na Petrobras.
R – Bem, eu a princípio, eu fiz o primeiro concurso, fiquei no cadastro de reserva. Logo depois, fui convidado a fazer um outro concurso e, dessa vez, obtive êxito. Ingressei na Petrobras no dia 14 de julho de 1980 e estou até hoje, mas em retorno. Na realidade, eu estou aposentado, eu aposentei em 2002, e a Petrobras me convidou pra poder ajudar na função que eu exercia, porém numa outra condição. E eu aceitei o convite e estou até hoje.
P/1 – Conta pra gente como foi a sua trajetória aqui dentro, em que você trabalhou, os setores, depois como foi a volta...
R – Bem, eu iniciei na Petrobras no setor de manutenção, certo? Entrei como eletricista, logo depois passei a contramestre, e depois a mestre em manutenção, supervisionando algumas equipes de manutenção e executando também algumas tarefas na área de manutenção. Dentro desse período todo, eu levei uma época, fazendo fiscalização de obras. Fui convidado a participar do setor de fiscalização de obras, onde tinha algumas empresas empreiteiras que necessitavam da supervisão de um técnico da área e que fosse uma pessoa da Petrobras. Eu atendi o chamado, levei um período lá também – não me lembro bem se foi em torno de uns cinco a seis anos – e logo depois, fui convidado a passar para o setor de contratação de serviços, onde tive uma passagem também na parte de contratos e serviços. E, como eu falei no início, logo depois...
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Depoimento de: Luís Carlos Pitangueira
Entrevistado por: Eliana Santos e Ana Bonjour
Local da gravação: Madre de Deus/BA
Data: 08/10/2004
Realização Museu da Pessoa
Entrevista: PETRO_CB587
Transcrito por Flávia Penna
P/1 – Bom dia.
R – Bom dia.
P/1 – Bom, a gente podia começar com você falando seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Luís Carlos da Cruz Pitangueira. Nasci em Madre de Deus no dia 25 de agosto de 1954.
P/1 – Conta pra gente, como foi a sua entrada na Petrobras.
R – Bem, eu a princípio, eu fiz o primeiro concurso, fiquei no cadastro de reserva. Logo depois, fui convidado a fazer um outro concurso e, dessa vez, obtive êxito. Ingressei na Petrobras no dia 14 de julho de 1980 e estou até hoje, mas em retorno. Na realidade, eu estou aposentado, eu aposentei em 2002, e a Petrobras me convidou pra poder ajudar na função que eu exercia, porém numa outra condição. E eu aceitei o convite e estou até hoje.
P/1 – Conta pra gente como foi a sua trajetória aqui dentro, em que você trabalhou, os setores, depois como foi a volta...
R – Bem, eu iniciei na Petrobras no setor de manutenção, certo? Entrei como eletricista, logo depois passei a contramestre, e depois a mestre em manutenção, supervisionando algumas equipes de manutenção e executando também algumas tarefas na área de manutenção. Dentro desse período todo, eu levei uma época, fazendo fiscalização de obras. Fui convidado a participar do setor de fiscalização de obras, onde tinha algumas empresas empreiteiras que necessitavam da supervisão de um técnico da área e que fosse uma pessoa da Petrobras. Eu atendi o chamado, levei um período lá também – não me lembro bem se foi em torno de uns cinco a seis anos – e logo depois, fui convidado a passar para o setor de contratação de serviços, onde tive uma passagem também na parte de contratos e serviços. E, como eu falei no início, logo depois da aposentadoria, eu também fui convidado, por essa experiência toda de vinte e tantos anos, a dar uma ajuda no setor de paradas e obras, no que diz respeito a contratos, medições e fiscalizações de algumas obras, tanto aqui na área da Petrobras como fora daqui de Madre de Deus. Eu já estive até em Manaus, em Quari e outras áreas também da Petrobras que agora não lembro bem. Mas, já viajei nesse Norte e Nordeste aí em vários lugares, atendendo a solicitação de alguns gerentes para poder prestar esse tipo de serviço. Mas a minha passagem na Petrobras tem uma peculiaridade porque eu sou filho de Madre de Deus e morava em Madre de Deus. Então, eu estava sempre a serviço da Petrobras. Não interessava se era sábado, se era domingo, se era feriado, de dia, de noite, sempre atendendo as solicitações dos supervisores, que hoje são coordenadores – tema identificaçção de coordenadores mas antigamente eram supervisores . E, pra mim, essa trajetória foi muito gratificante. Hoje, pra mim, a Petrobras, como eu iniciei no Temadre, é uma escola. Eu aprendi muito. E transformei, sinceramente, eu transformei esse convívio dentro da Petrobras como se fosse uma família também. A gente sempre se dedicou, a medida do possível, a tudo que era capaz de executar para o bom funcionamento das atividades operacionais da empresa.
P/1 – Legal. E tem alguma história, algum fato marcante que você lembre, ou engraçado, que queira deixar registrada?
R – Rapaz, são tantos que, às vezes, fogem assim da mente da gente. Mas, eu poderia relembrar uma passagem onde eu tive que, num primeiro momento, sem ter aquela experiência toda num tipo de serviço aqui na empresa, que era rebocadores. E, me chamram. No primeiro momento, eu queria até recusar de fazer o serviço, mas fiquei com receio: “Poxa, se eu me recusar a fazer esse serviço, eu posso sofrer alguma retaliação. E fui, realmente, muito tenso, muito apreensivo sem saber o que ia encontrar pela frente, porque não tinha conhecimento realmente. Conhecia da parte técnica, da parte elétrica. Mas da parte de operação do rebocador, eu desconhecia. E aí, o pessoal me convidou, nesse momento, me convidou para acompanhar o rebocador numa manobra; caso ele tivesse qualquer pane, eu estaria embarcado para poder solucionar o problema. Naquele momento, eu rezei muito para não acontecer nada com o rebocador no momento da operação porque eu não sabia o que podia acontecer. E tava trêmulo, realmente. E graças a Deus, aquilo que a gente aprende a gente não esquece, o problema que houve, deu para solucionar, como muitos outros também. A gente solucionava pro bem da própria empresa e a prioridade, naquela época, era a operação; a gente tinha que manter o sistema em operação, de uma maneira ou de outra. E, outro fato também que ocorreu, foi na área do SEGAS, onde a gente estava numa pré-operação da estação nova, e aconteceu uma pane no sistema de proteção, onde eu tive que ficar de 22 horas de um dia até dez horas da manhã do outro dia para poder tentar solucionar o problema. E eu me vi numa condição onde a gente tinha que improvisar alguma coisa para poder botar a subestação para funcionar. Isso são fatos que ocorreram e só serviram realmente de experiência e aprendizado pra gente.
P/1 – E acontece muito, como você comentou, por você morar perto ou...
R – Eu levei 17 anos de minha vida, 17 anos, desde julho de 1980 até cinco anos atrás, quando eu tive que ir pra Salvador por causa de ensino de três filhos que eu tenho – necessitava de um ensino melhor – mas na verdade eu vivo mais em Madre de Deus do que em Salvador. Mas eu tive, realmente, a disponibilidade total durante esses 17 anos dentro da Petrobras. Pra você ter uma idéia, num momento de lazer, a gente era solicitado e, às vezes, eu não tinha nem chegado em casa e já tinha uma pessoa lá me esperando pra poder vir resolver algum problema na empresa. Eu dizia: “rapaz, eu vim de lá agora!” “É, mas eu estou lhe esperando aqui porque se você fosse para outro lugar, eu lhe pegava aqui na esquina.” Aí, voltava pra poder trabalhar. Foram 17 anos à disposição da Petrobras. E não tenho nenhum arrependimento disso, graças a Deus. Tudo isso que eu fiz, está sendo reconhecido porque a Petrobras, mesmo depois de aposentado, me convidou e isso não é por acaso. Isso é experiência que a gente adquire esse tempo todo.
P/1 – Senhor Luís, o Senhor é filiado ao Sindicato?
R – Sou.
P/1 – E desde de quando?
R – Desde quando eu entrei na Petrobras eu sou filiado ao Sindicato e também a um outro Sindicato. Foram duas fases na minha vida em que eu assinei a carteira: uma foi quando eu trabalhei na Coelma, durante seis anos e, logo depois, na Petrobras, onde também me filiei. Já entrei como filiado do Sindicato dos Petroleiros.
P/2 – E o Senhor lembra alguma história marcante que o Senhor tenha vivido ou presenciado das lutas sindicais?
R – Tenho, sim. Teve um período onde eu tive que ficar fora da empresa durante quase 30 dias. Não foram 30 dias porque chegou em determinado momento que a gente teve olhar para trás e ver que a família fala mais alto e tudo. E foi, praticamente, um pedido da família de que retornasse. Eu já tinha levado quase 30 dias fora. E, a medida que eu via cada amigo meu que estava do lado de fora se abatendo e retornando, dizendo que não podia ficar mais do lado de fora e isso e aquilo, a gente também retornou. Eu tive que retornar também. Mas levei um bom período. Eu já fui até piqueteiro. Dentro de movimento sindical, eu também já fiz piquete, junto com alguns colegas. Posso citar até citar alguns nomes aqui, se for possível, e que estavam sempre juntos nessa luta. Posso citar Fernando Borges, Welington Fera, Cláudio Brito, enfim, tem outros e outros, Otacílio – que acho que também vai ser entrevistado. Tem todos esses aí que a gente sempre participou. Mas sempre com a responsabilidade em primeiro lugar. A gente estava lutando por uma coisa que a gente entendia que era um direito nosso, mas também com responsabilidade. Nunca pra prejudicar a Empresa, mas reivindicando aquilo que a gente achava que tinha direito.
P/2 – E o Senhor lembra que movimento era esse, e quando foi, esse quando o Senhor ficou afastado tanto tempo?
R – Eu não me lembro bem a data, mas...
P/1 – O motivo...
R – O motivo foi salário, reajuste de salário. O Governo, na época, também não queria flexibilizar. A Empresa até que tentou negociar e tudo, mas a coisa vinha mais de cima, né? O Governo é que travava e não deixava. Mas me parece que essa greve foi em...83 ou 84, uma coisa assim.
P/ 1 – Quando você falou que a família pediu pra você voltar...
R – A minha família. Por que? Porque naquele momento existia o lado de desemprego, de sofrer retaliações. Então, existia uma preocupação muito grande nesse lado. Tanto pela parte de minha família mesmo, que eu constitui, como a minha família de pai e mãe e tudo: “meu filho, tome cuidado! Emprego não tá fácil. E isso e aquilo. Veja bem o que é que você está fazendo. Você é maior, vacinado, já sabe o que quer da vida” Enfim, a gente também sentia realmente aquela pressão, aquela tensão de: “volta ou não volta? Já foi até onde dava. Vamos retornar. A Petrobras vai negociar. E isso e aquilo.” Mas, a gente sempre solidário com os colegas que estavam do lado de fora, também se sentia fortalecido. Então, a gente continuou até onde pode. E vários outros movimentos que houveram aí de luta sindical, a gente sempre participou.
P/1 – E tem algum outro que o Senhor queira contar pra gente? Algum outro movimento que o Senhor se recorda?
R – Teve um da PL que, na época, a gente participou também.
P/2 – PL?
R – É participação nos lucros, que não queriam pagar. O Governo queria cortar e tudo. Enfim, alguns movimentos aí a gente participou. E o engraçado disso tudo é que ninguém queria ser chamado de pelego, né? A gente tinha que pensar duas vezes antes de ficar com outro movimento.
P/2 – É verdade. E como que o Senhor vê a relação do Sindicato com a Petrobras, hoje e na época que o Senhor entrou? Como que o Senhor vê? O Senhor achou que mudou?
R – Bem, de um certo tempo pra cá, até pela própria circunstância do Governo ser um Governo diferente, a gente já vê uma abertura maior, uma flexibilização. Enfim, existe, hoje, uma maneira mais saudável de se negociar. As pessoas já sentam numa mesa para poder negociar. Antigamente não. Antigamente era uma proposta que ia pra Petrobras, e a Petrobras avaliava, analisava e era junto com o Governo. O Governo dizia sim ou não, e está tudo sacramentado. E, aí, gerava a insatisfação e, por conseqüência, os movimentos. Hoje, não. Hoje já existe um avanço nas negociaçãoes. Senta a primeira vez, senta a segunda, discute, ganha aqui, perde ali e tal. Mas eu acho que a mudança foi bem significante, de lá pra cá. Hoje a gente já vê o movimento sindical com uma outra maneira de fazer acontecer o movimento e a negociação junto à empresa. Existe uma abertura maio quanto a isso. Essa vontade de resolver sem precisar ir pra luta. É o que eu vejo. Pelo que nós já passamos anteriormente, hoje está muito diferente.
P/ 1 – O Senhor pode falar mais um pouquinho como se deu esse momento em que o Senhor se afastou da empresa, enquanto aposentado, como que foi esse retorno, porque o Senhor se aposentou?
R – Veja bem, hoje, eu posso lhe dizer tranqüilamente que, se não existe a obrigatoriedade forçada pelo Governo, eu ainda estaria como funcionário da Petrobras. Mas, na atual circunstância em que a gente vive, o momento financeiro, político, enfim, a gente busca tudo aquilo que seja mais vantajoso pra gente. E eu, naquele momento quando optei em me aposentar, eu estava simplesmente olhando o lado de vinte e tantos anos que eu tinha e que a Empresa me dava, naquela época me dava ainda em 2002, condição de eu ter - como é que se chama – o programa de incentivo onde eu tinha uma certa quantia em dinheiro que eu poderia ou não perder. Ia depender do Governo Federal extinguir esse programa. Então, eu optei eu me aposentar mesmo sabendo que durante o meu período de aposentadoria eu ia perder um certo percentual da minha aposentadoria quanto a Petros. A Petros não iria complementar o meu salário totalmente, ficaria aí em torno de 70%. Mas eu não podia perder esse tempo, certo? O programa me dava essa condição. Então, eu optei em me aposentar. E, nesse mesmo momento, pra alguns gerentes e colegas, foi até surpresa eu ter pedido o meu PDV, certo? Então, ele me fez a proposta, me perguntando se eu estaria disposto, mesmo depois de aposentado, retornar para poder prestar algum serviço. Porque, na realidade, o que ele deixou transparecer é que não tinha uma pessoa ainda preparada para poder exercer a função a qual eu exercia. Não que fosse a mesma coisa, mas existia alguns detalhes que a pessoa teria que se preparar antes, para poder fazer. E eu, em momento nenhum, disse a ele que eu não iria. Eu só queria era ter o direito ao meu incentivo, direito a uma aposentadoria, uma garantia de que estaria aposentado e que não teria a necessidade de cumprir a obrigatoriedade que o Governo exigia de 55 anos ou 60 anos ou 65, não sei. Ali, naquele momento eu só previa era o seguinte: “eu só vou sair daqui de...”
P/2 – E o Senhor ficou muito tempo afastado?
R – Durante o período da aposentadoria?
P/2 – Isso.
R – Eu só levei uma semana de aposentado. Depois retornei. Só tive direito a uma semana.
P/2 – Não sentiu nem o gostinho?
R – Não, que...Mesmo porque existia uma necessidade de dar continuação ao serviço, né? É como você dissesse assim: “se eu não for, vai vir uma outra pessoa e ocupa.” e eu fico impossibilitado de complementar. Porque hoje, na realidade, é isso, todos os petroleiros que retornam é porque estão procurando e buscando complemento na sua aposentadoria. Infelizmente hoje a nossa aposentadoria não dá para cobrir despesas de filho em faculdade e manter um mínimo de padrão de vida. Então, eu retornei por isso. Mas não com aquela obrigatoriedade de estar cumprindo mais o tempo de carteira assinada ou pra poder me aposentar de novo. Eu já tenho a minha aposentadoria garantida. Então, se hoje ou amanhã a Petrobras resolve: “bom Luís, olhe aí, seus serviços param aqui, tchau, muito obrigado,” eu vou viver a minha vida de aposentado, não tem nenhum problema.
P/2 – O Senhor acha que mudou alguma coisa, por você ser aposentado, em relação a Empresa e os colegas por você ter voltado como prestador de serviços? Mudou?
R – Veja bem, eu não sei se é por causa do que eu fiz ou da minha trajetória dentro da Petrobras, lógico que a gente percebe claramente, inclusive até do próprio Sindicato, pode ser uma forsação de barra deles mesmo por causa do Governo de exigir a não permanência de aposentados trabalhando no quadro da Petrobras, por que eles alegam – eu concordo plenamente, porque eu tenho dois filhos dentro de casa, em idade de trabalho, procurando onde trabalhar e, infelizmente, o mercado não oferece isso, essa condição, tá muito difícil – então eles têm as razões deles de estar exigindo que se tome uma providência porque eu estaria tomando o lugar de um outro que está lá fora. Mas, na realidade, a gente existe. E existe realmente alguns questionamentos que deixam a gente até um pouco constrangidos. Mas, sinceramente, no meu caso, eu não vejo desse jeito. Eu estou a disposição, tanto da Petrobras quanto do Sindicato pra poder na medida que eles resolverem: “Luís, você não vai mais poder trabalhar na Petrobras.” Infelizmente, eu vou ter que procurar uma outra atividade pra poder fazer e pra poder complementar a minha renda. Mas, eu preferia que fosse na Petrobras pelo clima que a gente já tem, pela própria condição que ela dá, eu preferia que você aqui. Mas se não for de um jeito a gente vive também, não tem maiores problemas, não. Mas eu não vejo retaliação assim por parte do pessoal que trabalha aqui. Eu vejo, sim, uma diferença entre a pessoa da Petrobras, a pessoa que tá lá, vamos dizer, com o crachá verde, pro crachá amarelo, entendeu? Existe, realmente, uma diferença. Mas eu, Luís Pitangueira, não tenho esse problema de retaliação, se eu estiver dizendo, é só a parte de exigências, na realidade.
P/2 – E tem mais alguma outra história, que o Senhor queira contar pra gente, que tenha marcado nesse tempo de trabalho?
R – Veja bem, a única coisa que eu poderia acrescentar dentro disso tudo que já falei, é o seguinte: eu me sinto tranqüilo para poder falar da Petrobras porque tudo o que eu tenho hoje, eu agradeço, também, a Petrobras, por ter me dado a oportunidade de trabalhar nela e continuar trabalhando, certo? Ela me ensinou muito durante esses vinte e tantos anos, eu tenho seis anos de Coelma, como eu já falei, e o restante todo de Petrobras, - deve fechar aí quase trinta anos de carteira assinada. E, sinceramente, eu aprendi muito com a Petrobras, muito, tanto no que diz respeito ao profissional, ao Luís Pitangueira, como ao amigo, colega, o sindicalista, o participante de greve, ou seja, lá o que for. Eu sempre tive um bom relacionamento com as pessoas. Eu espero que eu tenha deixado também dentro da Empresa, durante o período que eu passei nela, só amigos. Nunca deixei inimigo nenhum, nem tenho inimigo nenhum dentro da Empresa. E a relação de empregado-empregador, eu acho que foi a melhor possível. Hoje, eu conheço, daquela época pra cá, as pessoas que passaram pela Petrobras, lembro e não tenho nenhuma lembrança assim que tivesse me marcado como punição, ou seja, lá o que for. O meu relacionamento sempre foi uma relação de profissional e de amigo. Então, eu não tenho o que dizer da Petrobras. Hoje, eu só tenho a agradecer a Petrobras a oportunidade que ela me deu. E continuo também a disposição dela até quando ela achar que é necessário. Espero até que ela prepare uma pessoa. Como eu já disse, eu também tenho 2 filhos em casa. Então, quem sabe se um dia um deles não poderá estar aqui, fazendo esse mesmo trabalho que o Luís Pitangueira já fez, tá bom?
R – Eu queria que o Senhor falasse pra gente um pouquinho, o que o Senhor achou de ter participado dessa entrevista contribuindo pra o Projeto Memória da Petrobras?
R – Veja bem, eu ter participado desse registro histórico que a Petrobras está fazendo é um prazer. É um orgulho pra mim também estar participando e contribuindo para que isso seja registrado e arquivado ou divulgado, seja lá de que maneira for. E espero, também, ter acesso a ela e mostrar para as pessoas que eu coloquei aqui, inclusive minha família, de que a Petrobras me deu essa oportunidade também de contar a minha história enquanto eu convivi dentro da Petrobras.
P/1 – Então, tá ótimo. Muito obrigada.
R – De nada.
(fim da entrevista)
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