Memória dos Trabalhadores da Bacia de Campos
Depoimento de Luciano Pinheiro do Rosário
Entrevistado por Larissa Rangel
Campos, 1º de Julho de 2008
Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista nº PETRO_CB448
Transcrito por Gabriel Monteiro
P1 – Bom dia.
R – Bom dia.
P1 – Pra começar a entrevista eu gostaria que o senhor falasse seu nome completo, data e local de nascimento.
R – Luciano Pinheiro do Rosário, nasci em Campos, estado do Rio, e minha data de nascimento é 1º de Março de 1957.
P1 – Qual a sua formação?
R – Eu fiz técnico em Química Industrial e me especializei em Produção de Açúcar e Álcool, a região aqui na época era propícia a isso.
P1 – Como e quando o senhor entrou na Petrobras?
R – Eu entrei na Petrobras pra fazer um curso em Junho de 1978, fiz um curso de um ano e meio em Técnico em Petróleo, passei por todas as áreas da Petrobras na área de exploração e produção.
P1 – E quando foi mesmo?
R – Foi em 23 de Junho de 1978, eu e mais um grupo de pessoas que foram concursada aqui em Campos fomos pra Salvador em 23 de Junho de 1978. Fizemos um curso de um ano e oito meses, 18 meses.
P1 – (INAUDÍVEL)
R – Salvador e interior também.
P1 – (INAUDÍVEL)
R – Na época inclusive era estranho, o concurso era pra capataz de produção, capataz lembrava a gente era coisa de fazenda, montar cavalo, e a gente não tinha nenhuma idéia do que seria, sabia que era uma área de supervisão, o curso que a gente ia fazer era pra supervisão, mas o capataz era um nome estranho pra gente, né. Eu, na época, trabalhava no IAA, eu era concursado no IAA e dei baixa na minha carteira pra entrar na Petrobras, pra fazer o curso, fiquei bolsista durante 18 meses.
P1 – E depois dessa função de capataz?
R – Depois o nome foi atualizado pra Auxiliar Técnico de Produção, não me lembro a data, mas depois eu fiz um concurso interno na Petrobras, concorri com um grupo de pessoas e obtive a...
Continuar leituraMemória dos Trabalhadores da Bacia de Campos
Depoimento de Luciano Pinheiro do Rosário
Entrevistado por Larissa Rangel
Campos, 1º de Julho de 2008
Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista nº PETRO_CB448
Transcrito por Gabriel Monteiro
P1 – Bom dia.
R – Bom dia.
P1 – Pra começar a entrevista eu gostaria que o senhor falasse seu nome completo, data e local de nascimento.
R – Luciano Pinheiro do Rosário, nasci em Campos, estado do Rio, e minha data de nascimento é 1º de Março de 1957.
P1 – Qual a sua formação?
R – Eu fiz técnico em Química Industrial e me especializei em Produção de Açúcar e Álcool, a região aqui na época era propícia a isso.
P1 – Como e quando o senhor entrou na Petrobras?
R – Eu entrei na Petrobras pra fazer um curso em Junho de 1978, fiz um curso de um ano e meio em Técnico em Petróleo, passei por todas as áreas da Petrobras na área de exploração e produção.
P1 – E quando foi mesmo?
R – Foi em 23 de Junho de 1978, eu e mais um grupo de pessoas que foram concursada aqui em Campos fomos pra Salvador em 23 de Junho de 1978. Fizemos um curso de um ano e oito meses, 18 meses.
P1 – (INAUDÍVEL)
R – Salvador e interior também.
P1 – (INAUDÍVEL)
R – Na época inclusive era estranho, o concurso era pra capataz de produção, capataz lembrava a gente era coisa de fazenda, montar cavalo, e a gente não tinha nenhuma idéia do que seria, sabia que era uma área de supervisão, o curso que a gente ia fazer era pra supervisão, mas o capataz era um nome estranho pra gente, né. Eu, na época, trabalhava no IAA, eu era concursado no IAA e dei baixa na minha carteira pra entrar na Petrobras, pra fazer o curso, fiquei bolsista durante 18 meses.
P1 – E depois dessa função de capataz?
R – Depois o nome foi atualizado pra Auxiliar Técnico de Produção, não me lembro a data, mas depois eu fiz um concurso interno na Petrobras, concorri com um grupo de pessoas e obtive a terceira colocação pra Técnico de Produção, antes era Auxiliar Técnico de Produção, depois eu fui a Técnico de Produção após o concurso interno que eu fiz.
P1 – E voltou pra Campos?
R – Aí depois em 1980, Janeiro de 80 eu vim trabalhar na Bacia de Campos. Aí trabalhei na Bacia de Campos, trabalhei no Espírito Santo, que antes era dependente aqui da Bacia de Campos, depois se tornou independente, né, o Espírito Santo, trabalhei um tempo lá, depois voltei pra Bahia, trabalhei mais um tempo, mas me aposentei aqui pela Bacia de Campos.
P1 – Como era a Bacia de Campos naquela época?
R – Olha, era muito estrangeiro, pouco brasileiro, né, os brasileiros em sua maioria trabalhava numa função não-técnica, a não ser os funcionários da Petrobras, mas a mão-de-obra brasileira que não era de Petrobras era a mão-de-obra não-técnica, a não ser das multinacionais que davam assessoria a Petrobras, que era mão-de-obra técnica, né. Mas existia, mesmo nas multinacionais, muito estrangeiro e poucos brasileiros. Então a dificuldade da comunicação a maioria das vezes dependia de um intérprete, a plataforma sempre tinha um rádio-operador que também servia de intérprete para o pessoal.
P1 – Então o senhor trabalhou embarcado quanto tempo?
R – Eu tive várias fases assim de trabalhar embarcado, trabalhava em terra, trabalhei no Espírito Santo, que também era em terra, a exploração no Espírito Santo basicamente é em terra, tem... hoje tem mais plataforma, mas na época só tinha uma plataforma no Espírito Santo, né, plataforma marítima só tinha uma. Hoje tem mais, que eu também to afastado do trabalho, eu não tenho essa atualização. Mas eu trabalhei em terra, em mar, trabalhei na Bahia também, né.
P1 – E qual foi a primeira plataforma da Bacia de Campos que o senhor embarcou?
R – Olha, na época eu sempre trabalhei na Bacia de Campos como... numa função que não tinha plataforma assim... um embarque certo pra plataforma. Tinha operações específica que a gente ia lá, executava a operação e retornava pra terra, e depois tinha em outra unidade, outro navio, plataforma, a gente embarcava...
P1 – E como eram essas operações?
R – Essa operação que a gente fazia é o seguinte: após a perfuração do poço, a nossa equipe ia trabalhar na parte de equipar o poço para produção, quando ele estava pronto pra produção a gente ia entregar ele pra produção, então a gente ia já pra outra operação. E também na manutenção do poço, o poço que parou de produzir ou estava com algum problema de produção, se fazia uma intervenção nesse poço pra verificar se tinha problema no equipamento, tinha que tirar o equipamento, substituía o equipamento, ou se não também, se aquela zona produtora estava com problema, a gente ia explorar outra zona produtora, teria que isolar esta que estava produzindo mal, se for o caso, né, pra gente explorar outra área e equipar o poço novamente para a produção. Então nosso serviço era intermediário entre a exploração e a produção. Então toda vez que necessitava nossa presença, a gente estava, mas a gente não tinha o embarque certo pra certa unidade, era aonde estivesse precisando.
P1 – Mas o senhor lembra da primeira?
R – Hmm?
P1 – O senhor lembra da primeira plataforma?
R – Foi... essa plataforma não tem mais, não sei nem se existe ainda, era ZEFIR – 1, não.. ZEFIR – 2, SS1, Plataforma Submersível 1. Mas eu acho que não está mais na Bacia, não.
P1 – Mas como foi esse início, o primeiro dia. Como é que foi a primeira vez que você foi pra plataforma?
R – Foi a mistura de medo, né, de ansiedade e alegria também, mas era uma mistura de muito sentimento a mesma coisa, a gente ir pra alto mar, uma distância assim que a gente não conseguia imaginar direito, a gente ia de helicóptero e a água muito azul, muito escura, e se falava na profundidade, a gente não conseguia imaginar essa profundidade. E olha que na época 100 metros era uma profundidade que você assustava, hoje se fala em 2000 metros de lâmina d’água, então naquela época era muito assustador, era assim, a gente está tão longe. Mas mesmo assim, hoje em dia, acho que o pessoal que embarca deve ter muita ansiedade toda vez que embarca ou desembarca, esse altos e baixos sempre incomodou a mim e eu acho que incomoda a maioria do pessoal que trabalha embarcado.
P1 – E em termos de tecnologia, como é que era essa primeira plataforma?
R – Olha, comparando com as plataformas de hoje, na época que eu trabalhei, era uma coisa assim, apesar de ser moderna pra época, mas comparando com hoje era até obsoleta, os equipamento e tudo. Na época era uma novidade porque a gente não conhecia esse tipo de trabalho, equipamento de computação, eletrônica que tinham as multinacionais, empresas francesa, americana vinha pra cá e eram as coisa muito moderna pra época, hoje aposto que a modernidade e a tecnologia ta avançando com muita rapidez e a gente não consegue mais acompanhar. Mas na época era moderno, era tudo novo.
P1 – E como é que era a comunicação?
R – A comunicação era horrível. Pro lado da empresa existia os ramais por via rádio que era diretamente ligado aos escritórios, alguns chefes de Petrobras tinham um ramal em sua residência devido a necessidade de uma comunicação mais rápida, mas para os funcionários trabalhadores de plataforma era um sistema via rádio, mas rádio de comunicação que não se podia falar os dois ao mesmo tempo. Então pra gente conversar com a família era muito caro o minuto, que era ligação internacional, né, que ligava o sistema de rádio da plataforma ao telefone residencial, só que essa ligação era considerada internacional porque a bandeira da plataforma era estrangeira. Mas o contato era difícil, tinha que a pessoa falar e câmbio, a outra pessoa não entendia, aí falava ao mesmo tempo, não havia um entendimento. Se pagava uma fortuna pelo minuto mas não havia uma comunicação adequada.
P1 – E como era ficar longe da família?
R – Sempre foi difícil porque a ansiedade da pessoa desembarcar, ou os últimos dias de embarque, vamos dizer 14 dias, no décimo primeiro a pessoa já tava ansiosa pra ir embora pra casa, os dias demoram mais a passar e igualmente também quando ta de folga e ta faltando dois, três, quatro dias pra terminar a folga, as pessoas começam a entrar em parafuso, ficar nervosas. E as pessoas que convive já sabe: “Deixa fulano em paz porque ele vai embarcar e tá nervoso”. Então é isso, eu acho que deve continuar isso até hoje.
P1 – E quanto tempo o senhor foi na Bacia de Campos?
R – Eu me aposentei em Setembro de 98, mas eu tive um afastamento acho que de um ano e meio porque eu tive um AVC embarcado, eu trabalhei... eu fiz o embarque, passei mal durante um período de carnaval e quando eu desembarquei eu estava já com o lado direito paralisado, né, e tive dificuldade até de chegar em casa, e acabei ficando no auxílio-doença durante um período e após isso eu fui aposentado por invalidez.
P1 – Qual a sua atividade atualmente?
R – Atualmente eu trabalho... não é trabalho, eu participo de uma associação chamada Associação Amigos da Alegria, que é um trabalho voluntário que a gente faz em asilos e em pediatria de hospitais públicos. Esse trabalho faz com que a gente faça uma brincadeira, uma alegria, leve atenção pras pessoas que estão adoentadas ou se não nos asilos, né.
P1 – Voltando um pouquinho a sua história na Petrobras, qual foi o momento mais difícil?
R – Olha, já... questão de problemas de trabalho já passei, tive algumas oportunidades de perigos iminentes. Em plataforma não chegou a ser um de fato um acidente, mas já teve tempestade que partiu o equipamento na plataforma, âncoras que correram devido a mau tempo e a plataforma ficou um tanto à deriva. Houve paralisação de gerador de energia da plataforma e sendo submersível ela precisa do gerador pra ela se manter estável no mar e devido a paralisação do gerador ter demorado bastante, a plataforma começou a já perder a estabilidade, isso foi um susto pra todo mundo também. Houve outro caso que eu me lembro também foi do P. P. Morais, Presidente Prudente de Morais, P. P. Morais. Era um navio processo e cisterna ao mesmo tempo, ele estava cheio e com devido o mau tempo, problemas, se deslocou do seu ancoradouro. Ele ficava móvel, mas fixo ao ancoradouro e móvel as laterais. E o rebocador mantinha a posição dele de acordo com o mar. Só que ele se desprendeu do ancoradouro e ele estava cheio de óleo, e ele não podia ligar os motores pra movimentação porque aqueles motores não se ligavam há muito tempo, ele ficava ancorado por tempo indeterminado. E ele saiu à deriva em direção à plataforma fixa de Garoupa, e essa plataforma começou então a segurança a jogar água, aqueles canhões de água no navio e ao mesmo tempo o navio jogando os canhões de água na plataforma e sendo solicitado embarcações de grande porte que era pra transportar, puxar navio, puxar plataforma. Então esses rebocadores chegaram a tempo e conseguiram parar a movimentação dele em direção a plataforma fixa, quer dizer, evitou um acidente de grandes proporções, então conseguiu afastar esse navio. Enquanto esses barcos não chegavam foi uma ansiedade, foi um pedido de socorro de tudo quanto é plataforma, foi...
P1 – Isso foi quando?
R – Eu não lembro a data certa, eu tenho a impressão que deve ter sido 81, 82, eu não sei precisar a época certa.
P1 – Já foi bem no início, já, né?
R – Foi, foi. A gente no início aqui os problemas eram mais fortes, eu acho, do que atualmente. Hoje a tecnologia, a estruturação é outra, né. Mas naquela época a gente fazia as coisas que hoje em dia eu acho que não se faz, né.
P1 – O que, por exemplo?
R – A gente se dedicava assim... a gente vestia muito mais a camisa naquela época por necessidade mesmo da situação, né, então eu, naquela época, cheguei a embarcar 30 dia, 28 dia, 19 dias. Então não tinha, vamo dizer, essa ordem que o sindicato hoje mantêm junto, né, sindicato e empresa e cobrança e direitos, né, deveres, essas coisa. Então naquela época esse sindicato não havia sido criado. O _________ foi criado acho que em 92, 94, não sei. 92, se não me engano. Então naquela época não tinha o sindicato forte pra proteger muitas coisas, existia o sindicato do Rio de Janeiro mas que não tinha a vivencia do que era o trabalho na Bacia, era um sindicato que já existia, mas pra outro tipo de trabalho como Reduc (?), trabalho _______, mas Bacia de Campos, plataforma, deslocamento, todo esse coisa era coisa nova pra Petrobras ter um sindicato, uma negociação, tudo isso. Hoje existe uma cobrança, até o dia do desembarque tem que ser assim, tem que ser assado. Na época não, precisava de uma pessoa pra trabalhar Natal e Ano Novo... já passei Natal e Ano Novo embarcado, hoje existe uma negociação: quem trabalha embarcado no Natal negocia pra folgar no Ano Novo, existe, né...
P1 – E quando veio essas mudanças, essas regulamentações?
R – Não, ao longo do tempo foi se criando... foi aparecendo as dificuldade e foi havendo as cobranças de melhorar, né, de resolver as dificuldades. De uma forma que foi muito mais ampla foi a criação desse sindicato. Houve a necessidade de criar um sindicato que soubesse e fizesse pelo tipo de trabalho da Bacia, ser específico ao pessoal que trabalhava na Bacia de Campos. Então o__________ hoje é o maior sindicato do Brasil em questão de estruturação, de força, né. E outros sindicatos de Petrobras que vem visitar o ________ ou já conhece _________ do Brasil sabe que o MF é forte, que existe a união, existe a necessidade, houve a necessidade de criação do MF, né. Hoje o MF ta bem estruturado, o pessoal agradece hoje a estrutura que o MF dá pro pessoal.
P1 – E qual foi o seu maior desafio?
R – Olha, eu não sei dizer qual foi o maior desafio porque todo embarque eu acho que era um desafio, todo embarque é um desafio. Porque a gente embarcava, sabia do serviço a ser feito mas não sabia da dificuldade que ia aparecer durante o nosso trabalho. Porque o nosso trabalho não tinha uma rotina, né, __________ “No embarque passado eu fiz isso, nesse embarque eu vou fazer isso.” Era uma gama de operações muito grande que ia depender de cada embarque, cada poço, cada tipo de equipamento que a gente ia trabalhar nesse poço, então não existia uma rotina não.
P1 –
R – Eu acho que toda descoberta, todo trabalho bem feito era um desafio, era um... uma coisa da pessoa se alegrar no final, né. E a gente ia pegar um poço explorado, sem produção, a gente tinha que limpar esse poço. Esse trabalho era todo feito através de técnicas e cálculos que a gente não tava lá no poço assim pra ver o que que tava havendo, mas todo esse cálculo, essa técnica que tava sendo usada e depois esse poço vinha produzir então isso tudo era um desafio e com resultado bom, né.
P1 –
R – A princípio a gente estranhava muito até o jeito de ser de pessoas de outros países. Um exemplo, a pessoa, por exemplo... a gente chegava no aeroporto até encontrar no... nas plataformas, pessoas que vinham de Dallas, Texas, lugares que a gente via na televisão, filmes de faroeste, né. Aí de repente chega aqueles caras... aqueles caras de porte assim grande, né, botas de couro de quase até o joelho, né, cinto de cow-boy, calça jeans, cinto de cow-boy, aquele chapelão e aí: “Pó, esse cara vem de Dallas, vem do Texas, faroeste, não sei o que”. Ligava sempre a faroeste, né, e lá são lugares no Estados Unidos onde se produz petróleo. Então esse pessoal chegava aqui e o jeito bronco assim, né, mascar fumo, tudo isso era estranho pra gente. Tinha uns cara que não gostava de tomar banho também, né, depois de um dia de trabalho, suado, o pessoal lavava o braço, o pescoço, a cabeça e mudava a roupa, eles não tomavam banho completo como nós brasileiros temos esse costume, né. Então aquilo estranhava, o pessoal mudava de roupa sem tomar um banho, simplesmente lavava as partes mais críticas e trocava a roupa, aquilo era estranho pra gente, costume, né. Tipo de alimentação também que era diferente, o tempero. Uma vez eu fiquei embarcado numa plataforma dinamarquesa e o feijão era adocicado, aí eu estranhei também. Era feijão de sal mas tinha um toque adocicado. E outras iguarias mais.
P1 – E durante sua trajetória de trabalho na Petrobras, o que ...
R – As mudanças na Petrobras elas são contínuas, são dinâmicas, não param. Então... e todo problema, quando acontece um problema a solução, a mudança tem que ser imediata, né. Então a... todo tempo que eu trabalhei houve mudança, mas dizer uma mudança assim mais expressiva eu não lembro.
P1 –
R – De segurança, de tecnologia, de conforto para os trabalhadores, né, tudo isso foi uma conseqüências dos problemas que foram se adaptando, foram melhorando ao longo do tempo. Não teve que eu saiba assim uma mudança radical, né, não lembro desse fato, eu lembro de fatos assim, que foram mudando progressivamente por necessidade. A idéia era produzir, era explorar e tudo a toque de caixa, e vem os problemas e vem as soluções. Hoje não dá pra se comparar ao tempo de antes devido a todas essas mudanças acumuladas.
P1 – O que é ser petroleiro?
R – Ser petroleiro na época foi muito estranho ser petroleiro, mas com o passar do tempo hoje a gente sente até falta, não vou dizer que é gostoso estar embarcado longe da família, mas é o tipo de trabalho, a convivência de quem já teve e ficou o tempo que eu já tenho, desde 98 aposentado, a gente sente falta de muitas coisas, do tipo de trabalho, da convivência. A gente não sente falta da clausura, isso ninguém sente falta, da clausura. Mas o tempo que a gente ta lá trabalhando, ta em atividade, o tempo passa rápido, mas se houver aquela parada, aquela espera, houve um problema, vai aguardar dias pra se trabalhar, o tempo ta ruim, não pode se fazer certo tipo de operação, isso começa então a causar o tédio, a ansiedade. Mas enquanto a gente está em atividade o tempo passa rápido. E tem a convivência com o pessoal também, né, quando você está folga tem aquele período que você fica: “Pô, acabou a folga, vou deixar a família, vou ter que ir pro trabalho”, mas quando chega lá tem a alegria de rever o pessoal também e conversar como é que foi a folga. Então existe, né, os prós e os contras.
P1 – O que você achou de ter participado...
R – Eu gostei, gostei porque a gente sempre tem um pouquinho a falar da... do nosso trabalho, da nossa vida, acho que é interessante. Não sei se foi o suficiente mais é bom que as pessoas que verão essa entrevista de repente possa ter uma idéia do que foi a nossa vida, o tempo que a gente passou. E trabalhar 20, 30 anos numa empresa é uma vida, né, quer dizer, é mais da metade do meu tempo de idade. Então é muita experiência, muitas vitória, muitas derrota e a gente aprende muito com isso, né.
P1 – Brigada.
R – Brigada vocês.
FIM DA ENTREVISTA
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