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Por: Museu da Pessoa, 31 de outubro de 2013

Louco pelos correios

Esta história contém:

Louco pelos correios

Meu pai nasceu em Aracati, Ceará. Meu pai era barbeiro, naquele tempo, no interior, chamava barbeiro. Trabalhou também na policia, mas saiu logo, negocio de político, os cabra ganhava ai um ano eles saiam e o outro entrava, os partido mudava. Ai ele saia e ia trabalhar de cortar cabelo lá do pessoal, minha mãe nunca trabalhou, vivia só em casa mesmo cuidando de oito filhos. Ninguém teve infância. Interior ninguém tem infância, uma pobreza muito grande, a gente passava necessidade, com uns horários de almoçar, janta, às vezes, não tinha. Meu pai era muito pobre, no interior tudo era difícil. E foi ai onde meu pai morreu, ai os oito filhos, cada qual foi procurou um rumo, né, eu sai fugido do Aracati, ai vim pra Fortaleza, outro irmão meu também fugiu… eu sai fugido, mas minha mãe não deixava eu vir pra Fortaleza, porque eu era uma criança, eu tinha onze anos, dose anos, ai eu sai fugido do Aracati, peguei um ônibus e vim pra Fortaleza, peguei uma roupazinha, peguei um saquinho como seria hoje de mercadinho, botei uma roupinha dentro e fugi, quando cheguei aqui em Fortaleza, ai o ônibus chegou em Fortaleza, ai desci do ônibus, ai procurei o mundo, sai pela Aldeota, um bairro grande que tem aqui dentro de Fortaleza e acertei num bairro grande, que acertei no bairro grande, porque se fosse pro outro lado direito, pro lado esquerdo tinha se dado mal, tinha sido pra Barra do Ceará, Pirambu que é o bairro mais pesado de Fortaleza e graças a Deus, eu partir pro lado de Aldeota, ai sai embolando, sai andando, andando, encontrei uma casa, ai com muita sede, já era bem umas nove horas, dez horas do dia, eu cheguei de manhã. Sai de madrugada de Aracati, cheguei já de manhã, seis horas. Ai bati num portão, ai vem uma senhora, ficou assim: “Diga, o quê que você quer?” “Não, eu queria só uma aguazinha, uma coisa, sou do Aracati” ai expliquei que era do Aracati e tudo, sai fugido e tudo. Ai ela olhou assim:...

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P/1 – Flavio, então para identificação do vídeo, eu queria que você nos falasse seu nome completo, o local e a data do seu nascimento.

R – José Flavio Nogueira da Costa.

P/1 – Nasceu?

R – Sete de maio de 53.

P/1 – Onde?

R – Aracati, Ceará.

P/1 – Aracati, Ceará que é interior de?

R – Interior de Fortaleza.

P/1 – Interior de Fortaleza. Flavio, antes de começar a perguntar de você especificamente, eu quero saber um pouco da sua família. Que você contasse um pouco dos seus pais, você conhece a historia deles, o nome deles, o que eles faziam?

R – Meu pai nasceu em Aracati, Ceará. Meu pai era barbeiro, naquele tempo, no interior, chamava barbeiro. Trabalhou também na policia, mas saiu logo, negocio de político, os cabra ganhava ai um ano eles saiam e o outro entrava, os partido mudava. Ai ele saia e ia trabalhar de cortar cabelo lá do pessoal.

P/1 – Sua mãe?

R – Minha mãe nunca trabalhou, vivia só em casa mesmo cuidando de oito filhos…

P/1 – Oito filhos?

R – Oito filhos. Que é oito irmão que eu tenho. Não fazia nada, só mesmo cuidava.

P/1 – Eu imagino o que é cuidar de oito, né (risos)? Me conta um pouco, como foi a sua infância, você é o mais velho? Você é o mais novo?

R – Sou um dos mais velhos.

P/1 – Você é um dos mais velhos. Me conta um pouco, como foi a sua casa?

R – Infância? Ninguém teve infância. Interior ninguém tem infância, uma pobreza muito grande, a gente passava necessidade, com uns horários de almoçar, janta, às vezes, não tinha. Meu pai era muito pobre, no interior tudo era difícil. E foi ai onde meu pai morreu, ai os oito filhos, cada qual foi procurou um rumo, né, eu sai fugido do Aracati, ai vim pra Fortaleza, outro irmão meu também fugiu… eu sai fugido, mas minha mãe não deixava eu vir pra Fortaleza, porque eu era uma criança, eu tinha onze anos, dose anos, ai eu sai fugido do Aracati, peguei um ônibus e vim pra Fortaleza, peguei uma...

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