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Personagem: Di Melo
Por: Museu da Pessoa, 16 de junho de 2025

Kilariô, raiou o dia

Esta história contém:

Kilariô, raiou o dia

P1:

Eu ia falar para você falar um pouquinho dos seus parentes, seus pais, seus avós.

R:

Minha avó era africana e trabalhava para um português. Muito rico. E ela era uma negra bem apanhada. E como ela passou a vida dela cuidando dele, ele achou por bem domesticá-la. E aí terminou se envolvendo com ela, tiveram vários filhos. Eu sou um dos netos. E o cara jogou na mão dela, ela herdou do cara, terras de, não sei se vocês conhecem, Pernambuco, de Camaragibe a Buraco Fundo. Eram terras da minha avó. Mas ela muito bonachona e muito trouxa, muito boba. Mão aberta, peito aberto. Levaram tudo embora. Mas está rolando algumas coisas aí, me ligaram, disse que tem uma herança e tal. Não estou preocupado com isso, que eu vou à luta. E eu disse que jacaré que não batalha vira bolsa de madame, ou boot de burguês. Estou conseguindo agora sobreviver de música. Durante um longo tempo, eu estava amarrado a uma editora, Corisco, Arlequim. E o cara pegava o dinheiro, embolsava e não repassava. E foi assim durante muito tempo. Imagina, eu com um disco, esse Clariô, tocando só para divulgação escolar. Colocaram três mil compactos na rua. E o que puseram na rua de vinil vendeu tudo. Tinha no disco do Wando, aquele que tem... Moça, me espere amanhã. Eu tinha uma música chamada Volta. No final...

P1:

Aproveitar que você falou do Kilariô. Você não quer tocar ela para a gente ter a honra?

R:

O Kilariô, deixa eu lhe falar, a história…

P1:

E aí contar a história!

R:

O Kilariô é uma música que normalmente eu não toco. Eu deixo que a banda toque. Eu só toquei para gravar. Depois eu esqueci. Entrou na era do esquecimento. Eu canto e aí o que acontece?

Mas eu toco algumas coisas do disco, mas eu gosto mais de tocar as músicas novas, pelas quais estou apaixonado, entendeu? Tem cada música do caralho. E o novo disco, já estou pensando agora, nesse segundo semestre, começar a bolar as coisas. Tem muita música boa. Muita, muita,...

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Dados de acervo

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Claquete:

Entrevista de Roberto de Mello (Di Melo), entrevistado por Jonas Samaúma, Rozana Miziara, São Paulo, 16 de junho de 2025.

Projeto Conte Sua História e Vidas Musicais. PCSH.

P1:

Muito obrigado por você aceitar o nosso convite para estar nessa entrevista. Eu gostaria de a gente fazer uma abertura desse momento, você ou tocando uma canção, ou falando um poema, que seja significativo.

R:

As duas coisas.

P1:

As duas. Maravilha!

R:

Então vamos a partir daqui. Essa cadeira é ruim para tocar pra caramba, por causa do braço. Vamos tentar. Estamos aqui. Tem alguma coisa que tá batendo.

P1:

É o microfone. Não é?

R:

Não. É o colar. É isso aqui, peraí. Filho da puta. Pronto, deu certo.

Nem precisei ir ao altar

Pra desfrutar

Do teu paraíso

Fizemos juras e promessas

Quantos beijos, quantos risos

Tantos abraços apertados

Ficamos juntos enamorados

Quantos presentes foram trocados

Flores e frutos e achocolatados

Então de repente

me vi ausente

dos carinhos teus

Fiquei tão triste

Porque meu mundo

emudeceu

Foi o teu adeus

Fiquei chorando

pelos dias meus

Se tu voltares

vou jurar por Deus

Farei meus gostos

combinar com os teus

Sentimento meu

terei meus olhos

para olhar os teus

terei meus pés

para caminhar com os teus

E não me diga adeus jamais

pelo amor de Deus

Amor de Deus

– É uma poesia:

Era, por assim dizer, uma vez

uma silhueta feminina

de uma tez de mulher

porém menina que trajava azul

e olhou para mim

Não sei se para marcar minha sina

Ser de tudo inverso

um bem ou ruína

Me aproximei

já não estava em mim

Rosei, sorri, me aconcheguei

Foi tão belo e tão forte o que senti

que até então não sei dizer

se foi real ou se sonhei.

Mil vezes já me perguntei

porém não me respondi

se tudo que estava ali

era um monumento

ou simplesmente

mulher-instrumento

Mulher-monumento

é bela esgueira de toda faceira

parece esculpida, nada tá ruim

Mulher-instrumento sem sentimentos

se perde no tempo, é...

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