Katotonero Heye Takoha - Assombrados pela KatotoneroLolawenakwaene nasceu na aldeia Halataikwa... Lola nasceu desmaiado sem respirar e seu avô soprou pra ele reviver, ele nasceu dentro de uma placenta, encapado, quase foi enterrado, chegaram a achar que estava morto. Quando ele voltou a respirar, o tio dele cuspiu em sua boca, puxou seus dedos e soprou no ouvido pra ele ser um cantador (sotakatali).
Fala que o pai não estava feliz com nascimento dele, porque achava que era filho de outro, e o tio ficou bravo com pai dele por isso. Quando era ainda bem pequeninho ficou doente e quase morreu, porque o pai não cumpriu regras.
Ele foi junto com 5 amigos numa barragem, ele era desobediente, então os pais levaram uma fruta pra ele, então eles quiseram pegar a fruta, porém não conheciam o caminho, como já tinham escutado os pais falando eles resolveram ir atrás, quando eles voltaram, erraram o caminho e tinha um amigo mais pequenininho que não sabia nadar e eles resolveram atravessar o rio a nado, então Lola conseguiu atravessar com ele, pois ele era o chefe do grupo de amigos, foi no final da tarde que chegaram no acampamento, outro parente encontrou eles, quando ele voltou seu pai estava bravo com ele, nunca mais faça isso de sumir assim. Depois seu pai o chamou pra ele ir levar armadilha pra barragem, mas ele emburrado não respondeu. Seu pai então foi pescar sozinho, quando ele foi junto com os amigos atrás da fruta eles encontraram uma menina um pouco mais bonita, ela era um espírito, um dos seus seios é grande, outro pequeno, se ela apertar o leite dela em uma pessoa a pessoa falece, ela tem o pé ao contrário, eles então começaram a pensar em fugir, um deles queria levar a vara de puxar formiga, mas não deixaram porque senão elas seguiria com eles, então eles quando andaram novamente escutaram essa menina, então saíram correndo e fugindo e nessa fuga ele acabou se machucando e sangrou bastante, o amigos dele então cuidaram bastante...
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Katotonero Heye Takoha - Assombrados pela Katotonero
Lolawenakwaene nasceu na aldeia Halataikwa... Lola nasceu desmaiado sem respirar e seu avô soprou pra ele reviver, ele nasceu dentro de uma placenta, encapado, quase foi enterrado, chegaram a achar que estava morto. Quando ele voltou a respirar, o tio dele cuspiu em sua boca, puxou seus dedos e soprou no ouvido pra ele ser um cantador (sotakatali).
Fala que o pai não estava feliz com nascimento dele, porque achava que era filho de outro, e o tio ficou bravo com pai dele por isso. Quando era ainda bem pequeninho ficou doente e quase morreu, porque o pai não cumpriu regras.
Ele foi junto com 5 amigos numa barragem, ele era desobediente, então os pais levaram uma fruta pra ele, então eles quiseram pegar a fruta, porém não conheciam o caminho, como já tinham escutado os pais falando eles resolveram ir atrás, quando eles voltaram, erraram o caminho e tinha um amigo mais pequenininho que não sabia nadar e eles resolveram atravessar o rio a nado, então Lola conseguiu atravessar com ele, pois ele era o chefe do grupo de amigos, foi no final da tarde que chegaram no acampamento, outro parente encontrou eles, quando ele voltou seu pai estava bravo com ele, nunca mais faça isso de sumir assim. Depois seu pai o chamou pra ele ir levar armadilha pra barragem, mas ele emburrado não respondeu. Seu pai então foi pescar sozinho, quando ele foi junto com os amigos atrás da fruta eles encontraram uma menina um pouco mais bonita, ela era um espírito, um dos seus seios é grande, outro pequeno, se ela apertar o leite dela em uma pessoa a pessoa falece, ela tem o pé ao contrário, eles então começaram a pensar em fugir, um deles queria levar a vara de puxar formiga, mas não deixaram porque senão elas seguiria com eles, então eles quando andaram novamente escutaram essa menina, então saíram correndo e fugindo e nessa fuga ele acabou se machucando e sangrou bastante, o amigos dele então cuidaram bastante dele, remendaram, tiraram cipó de envira pra amarrar, mas não parou de sangrar Mas mesmo assim ele foi pro outro lado do rio e fugiram. Quando chegaram no acampamento ele segurou o ferimento para que seu pai não visse a ferida, porém quando o pai viu, não parou de sangrar ainda. Seu pai chamou o irmão mais velho pra ver seu ferimento, quando viram aonde estava machucado, ele então contou o que tinha acontecido, seu pai ficou muito zangado com ele e o alarmou fortemente do perigo de estar perto de um espírito desse, depois desse episódio todos seus amigos morreram. Seu avô que era pajé e da morte de seus dois irmãos e de seus quatro amigos, e que só sobrou ele. Próprio espírito que levou os amigos fazendo com que eles adoecessem, para protegê-lo o avô preparou remédios tradicionais (do mato) e deu para ele beber, por isso que ele viveu até agora, apesar de ter ficado bastante doente.
Lola cresceu um pouco e mudou de aldeia, e que nessa aldeia que conheceu ritual. Aí ele ainda estava criança e reforçaram o preparo dele como cantador, dele e dos amigos também, que ainda não tinham morrido.
Na infância e do pai, quando ia com ele para a roça ele lembra que o pai dele que se tornou pajé, já via que os brancos estavam chegando para fazer contato, e ele avisava isso pra comunidade. Falavam que uma velha Enawenero que tinha morrido assassinada por invasores é quem avisava os pajés sobre a chegada dos brancos, ela avisava que eles chegavam não pra matar, mas pra fazer contato, dar presente. Nesse período do contato e da presença dos brancos, eles tinham muito desejo pelas ferramentas dos brancos. Houve uma vez que acharam enxadão na beira do rio Juruena e cortaram para dividir com os demais. Já em outro momento perdeu o machado do seu pai, que ficou furioso. De quando Watowa foi no rio Camararé procurar os brancos porque queria ferramentas.
Quando Watowa voltou ele organizou uma nova expedição para o Camararé pra encontrar os brancos e conseguir mais ferramentas. Prepararam flechas e reuniram um grupo de seis pessoas. Chegando lá encontraram machado no acampamento, mas os brancos não estavam. Encontraram rastros dos brancos, marcas das botinas e também mais ferramentas. Parte da equipe foi embora com medo. Chegando de volta na aldeia com as ferramentas que eles conseguiram, ofereceram bebida pros espíritos, para agradá-los e distribuíram ferramentas só pra alguns.
Tempo depois foram fazer pescaria com timbó, pescaria ritual Derohi, no igarapé Hakotokowina. Todos foram para lá, só ficaram os anfitriões na aldeia. Então os brancos chegaram na aldeia, o Vicente, junto com outros indígenas rikbatsa, nambiquara e miky. Quem estava na aldeia fugiu com medo. Apenas Dalori que não fugiu, pois ele não andava. Ele ganhou facão e machado do Vicente.
Enquanto isso todos estavam lá na pescaria com timbó, esperando os peixes boiarem. Enquanto eles preparavam o acampamento ouviram gritos de alguém avisando da chegada dos brancos na aldeia. Um parente começou a chorar achando que tinham matado toda a família e falou com raiva do Watowa por ter feito contato com os brancos.
Na manhã seguinte alguns dos anfitriões vieram avisar novamente que os brancos tinham chegado na aldeia, dizendo como eles eram, que eram gente também, como os Enawene, só que usavam roupas. Nessa aldeia onde aconteceu os primeiros contatos com os brancos, que passaram de aviões sobrevoando a aldeia e jogaram um machado o que o que o deixou bastante intrigado
Todos voltaram pra aldeia e só sentiam o cheiro dos brancos e encontraram coisas que eles deixaram. Acharam fósforo e acharam que era remédio de dente, só na outra vez que os brancos vieram é que ensinaram como acender fogo com o fósforo.
Terceira vez que os brancos vieram já trouxeram muitas coisas, rede de pesca, facão, anzol. E vieram com eles os Pareci, pra ajudar na comunicação.
Outra vez os brancos vieram, junto com os Pareci. As mulheres cortaram cabelo do filho do Pareci igual Enawene. Brancos vinham por um caminho muito mais longo pra chegar na aldeia, pelo rio Camararé e varadouro até Juruena. Dessa vez os Enawene mostraram um caminho muito mais curto pelo rio Juruena. Tiholoko que falou para os brancos virem de barco e não de avião, para não assustar os Enawene.
Brancos chegaram mais uma vez, trouxeram outro povo, Miky. Chegaram durante ritual Kayroli. Dessa vez ficaram por alguns dias na aldeia, já estavam acostumados. Também trouxeram uma enfermeira e um dentista, porque já tinham muitos Enawene doentes com gripe, vários quase morreram.
Nesse momento Vicente ainda não sabia como falar a língua Enawenê que só depois que deram remédio tradicional (waikwa) pra ele que ele aprendeu a língua. E que a próxima vez veio apenas (kiwixi). Eles construíram uma casinha para ele ficar, ao lado da aldeia, porque tinham medo dele ficar junto dentro das casas. Pai do Lola, que era pajé, dizia que um grande espírito comedor de gente acompanhava o Vicente, por isso tinha medo. Até que cacique Kawali quis que ele ficasse na casa dele, porque Vicente era bom pescador e também conhecia remédio do mato.
Outra vez que Vicente veio trouxe vários Rikibatsa e mais um branco chamado Yaokwali, vieram de canoa. Conta de várias vindas do Vicente para a aldeia. Em uma delas ele trouxe também uma mulher, Tiri (Terezinha), que aprendeu tudo com as mulheres (fazer beiju, caldo de peixe, danças). Nessa época ele já era um jovenzinho, por isso ele lembra.
Conta de uma vez que Vicente chamou ele e um amigo pra pescar. Não levaram rede e dormiram no chão. Ficaram um dia lá. Primeira vez que andaram no barco de motor, com Vicente.
Conta que mudou de aldeia, para aldeia Hakotokwa. Fala sobre a juventude, quando colocou a palhinha e do tempo em que ainda não era casado. Ele foi escolhido pra ficar com uma menina mas depois quem ficou com ela foi seu irmão.
Um dia ele estava pescando com Kiwixi e encontrou uma menina que estava com família na pescaria, e lá ele ficou com ela (virou sua esposa).
Conta sobre mudança de aldeia durante pescaria do Anehali (clã), era um acampamento de roça de milho, mas virou aldeia Tokolonirikwa porque uma menina, filha do cacique Anaoliali, menstruou lá. Foi nessa aldeia que Lola casou e teve seus filhos. Lá já fizeram roça do ritual yaõkwa.
Conta sobre o falecimento do sogro e que depois mudaram novamente de aldeia. Na nova aldeia o pai repassou os cantos e conhecimentos do sotakatali pra ele, depois o pai faleceu. Ele aprendeu bastante com o pai.
Ainda se mantém a alimentação de antigamente, com as roças do iyaõkwa, porém já tem alimentos dos não indígenas. Seus pais e avós já orientavam sobre a relação com os brancos, já pensavam em abrir estrada, já viam as mudanças com a chegada das coisas dos brancos.
A morte dos cantadores é o que mais abala o povo, pois quando eles se vão levam junto os seus cantos e conhecimentos. Fala que uma mulher guardou esses conhecimentos e repassou para alguém, por isso ainda tem os cantos. Para se tornar um cantador (sotakatali) não é fácil, quase não dorme, fica pensando a noite inteira nos cantos, quando se vai na roça, pensando e relembrando os cantos o tempo todo. Existem as regras para se tornar cantador, o que pode e o que não pode fazer e comer. Também tem remédio para ajudar no aprendizado. Ele perdeu alguns conhecimentos por causa do sofrimento que ele passou com o falecimento do neto deleee. Os cantos têm dono, espíritos e deuses.
Antigamente se derrubava a roça com machado de pedra cortava galhos finos, já árvores grandes era com fogo que derrubava. Antes se cavava com uma borduna que era afiada com machado de pedra, era muito demorado. Foi o Wadali, esse herói mítico, que entregou esse machado de pedra para pica-pau cabeça vermelha fazer porta na pedra de onde os Eanwene saíram.
Entrevistador pergunta sobre o que ele acha do que os jovens estão fazendo nesse trabalho com Museu da Pessoa. Para Lola diz que é essencial os jovens junto com o Museu da Pessoa fazerem essas gravações, para guardar essas histórias, para o futuro, para as novas gerações poderem olhar, e ouvir a fala dos antigos.
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