IDENTIFICAÇÃO Meu nome é José Paulo de Melo Goulart. Nasci em maio de 1953, na cidade de Recife, Pernambuco. INGRESSO NA PETROBRAS Na época, havia uma procura muito grande por geólogos. Nós, tínhamos muitas propostas de emprego. Na verdade, a Petrobras, não era um grande objetivo para mim, como era para uns amigos meus. Tive proposta para trabalhar em Belém, no Amazonas, até no interior do Rio Grande do Norte, então escolhi a Petrobras . Mais pela localização, porque Belém era uma cidade que me fascinava, deu vontade de ir para lá. Escolhi a Empresa, por conta disso. Eu morava em Recife. TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Os primeiros anos na empresa são, principalmente,para geólogo, geofísico, de uma emoção muito grande. Porque é um mundo completamente diferente. Eu, que sai do nordeste para o norte, ver aquela realidade da selva amazônica, aquele mundo completamente diferente. Fiquei lá até 84. Acho, que foi um dos períodos mais importantes da minha vida, em termos de Petrobras. Eu tenho 27 anos de empresa. Nesse período, nós trabalhamos na área operacional, na parte de aquisição de dados sísmicos, para conseguir aumentar a produção, das equipes sísmicas. Quando nós chegamos, as equipes sísmicas do Amazonas tinham uma baixa produtividade, tinham uma má qualidade dos dados sísmicos. Conseqüentemente, tinha um custo alto do quilômetro sísmico levantado. Então, fomos colocados para chefiar o setor de operações, lá, e recebemos um grande reforço, vindo da Bahia, que era Marcos Antônio do Amaral. Começamos a investigar os problemas que existiam, para tentar soluciona-los, digamos assim, ajudar a Petrobras a descobrir o petróleo, lá no Amazonas. O que nós observamos, foi que, em relação ao pessoal da contratada, existia uma quantidade insuficiente de pessoas, para atingir as produções que queríamos. É importante esse aspecto de produção, porque existe uma ligação direta...
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IDENTIFICAÇÃO Meu nome é José Paulo de Melo Goulart. Nasci em maio de 1953, na cidade de Recife, Pernambuco. INGRESSO NA PETROBRAS Na época, havia uma procura muito grande por geólogos. Nós, tínhamos muitas propostas de emprego. Na verdade, a Petrobras, não era um grande objetivo para mim, como era para uns amigos meus. Tive proposta para trabalhar em Belém, no Amazonas, até no interior do Rio Grande do Norte, então escolhi a Petrobras . Mais pela localização, porque Belém era uma cidade que me fascinava, deu vontade de ir para lá. Escolhi a Empresa, por conta disso. Eu morava em Recife. TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Os primeiros anos na empresa são, principalmente,para geólogo, geofísico, de uma emoção muito grande. Porque é um mundo completamente diferente. Eu, que sai do nordeste para o norte, ver aquela realidade da selva amazônica, aquele mundo completamente diferente. Fiquei lá até 84. Acho, que foi um dos períodos mais importantes da minha vida, em termos de Petrobras. Eu tenho 27 anos de empresa. Nesse período, nós trabalhamos na área operacional, na parte de aquisição de dados sísmicos, para conseguir aumentar a produção, das equipes sísmicas. Quando nós chegamos, as equipes sísmicas do Amazonas tinham uma baixa produtividade, tinham uma má qualidade dos dados sísmicos. Conseqüentemente, tinha um custo alto do quilômetro sísmico levantado. Então, fomos colocados para chefiar o setor de operações, lá, e recebemos um grande reforço, vindo da Bahia, que era Marcos Antônio do Amaral. Começamos a investigar os problemas que existiam, para tentar soluciona-los, digamos assim, ajudar a Petrobras a descobrir o petróleo, lá no Amazonas. O que nós observamos, foi que, em relação ao pessoal da contratada, existia uma quantidade insuficiente de pessoas, para atingir as produções que queríamos. É importante esse aspecto de produção, porque existe uma ligação direta entre a produção da equipe sísmica e o número de descobertas de petróleo, realizadas no local. Se continuasse com aquela pouca produção, aquela baixa qualidade, a gente iria demorar muito, para descobrir as jazidas. Talvez, até hoje a gente estivesse por lá, nem com 1/3 da produção atual. Em relação ao pessoal da contratada, eram seis equipes, equipes estrangeiras. Trabalhador braçal, pegavam brasileiro. A gente observou, que existia uma rotatividade muito grande desses braçais, existia uma insatisfação muito grande deles. Era uma insatisfação, até certo ponto, perigosa, porque eles chegavam a danificar cabos, instrumentos. Chegaram até a danificar um helicóptero, para que caísse. A insatisfação era devida aos baixos salários, à insegurança do trabalho, à falta de atenção na questão de alimentação, atendimento médico. Vendo isso, a gente procurou primeiro aumentar o salário deles. Começamos a pagar um bônus de produção Cada quilômetro a mais daquele mínimo, eles recebiam um salário. Procuramos melhorar as condições de segurança, colocando enfermeiras, primeiros socorros, aumentando a quantidade de hora de helicóptero trabalhando com aquelas turmas, colocando rádios em todas as turmas. Qualquer problema, eles falavam pelo rádio e a gente ia lá ajudar, resgatar eles. Então, essa parte de pessoal braçal foi assim bem equacionada. Tinham poucas pessoas da Petrobras trabalhando, ajudando lá. Colocamos mais geofísicos, mais auxiliar de observador, mais topógrafos. Esse grupo, além do pessoal da comunicação, que era tradicionalmente da área da Petrobras, ajudou a melhorar a logística de trabalho, a fiscalizar mais os equipamentos. Fazer com que as normas contratuais, que a gente estabelecia, fossem cumpridas. A gente estabelecia normas, para produção mínima, para certos controles de qualidade. Os equipamentos, eram fiscalizados, por esse pessoal da Petrobras. Esse cuidado, fez com que aumentasse bastante a produção mensal, das equipes. Aumentando a produção mensal, a gente diminuía o custo do quilômetro levantado. Isso foi assim, fundamental, porque existe uma relação direta, entre o esforço sísmico, na quilometragem produzida, e o número de descobertas realizáveis. Isso já é comprovado pelas estatísticas. Então, na área de logística fizemos o grande salto. O grande diferencial, como se fala por aí, foi a introdução de maior número de helicópteros. Notamos, que a gente precisava ter dois helicópteros, funcionando permanentemente para atender as diversas turmas, que estavam espalhadas por dentro da selva. A gente tinha que alugar. Aliás, para ter dois permanentes, a gente tinha que ter 3 helicópteros, para poder ter um permanentemente, em manutenção, e os outros dois funcionando. Tenho emoções inesquecíveis desse meu período lá na selva. Quando a gente dormia na rede, de noite não podia descer por causa das cobras. De manhã, você era acordado por uma sinfonia de pássaros, milhares de pássaros, cantando. É uma emoção, que trago forte dentro de mim. Outra emoção grande: depois que a gente passava o dia, naquelas condições hostis, da selva amazônica, tomava um banho no Igarapé, aquele rio com a água bem gelada. Aquilo é inesquecível, também. Emoções assim, eu vou me lembrar sempre. Tem uns fatos, uns momentos engraçados. Uma vez fretamos um avião, em São Luís, para ir a uma equipe sísmica no interior, em Barreirinhas. Era eu e o piloto somente. O piloto era dorminhoco, cochilava, e eu tive que inventar histórias e histórias, para ele não dormir. Depois de 1 hora e meia de vôo, conseguimos chegar vivo lá. Ele vira para mim e diz: “olha rapaz, beber é bom, mas a ressaca no dia seguinte”. Meu Deus, aquilo foi inesquecível. Depois, vim para Natal, mudei de área de trabalho; aqui também passei pela a área operacional, mas fui para a área de interpretação. PROCEDIMENTOS DE TRABALHO Área de interpretação, é para você descobrir novas jazidas de petróleo. Eu vim, já estava num estágio mais avançado da exploração. Tem uma grande diferença entre aqui e lá. Primeiro, o tipo de trabalho e, depois, lá, a gente estava em contato com a natureza o tempo todo. Viajando de helicóptero, de hidroaviões, botes, barcaças, todo tipo de transporte, que você possa imaginar, até lombo de burro, a gente andava. Aqui não. Aqui já é mais um trabalho de escritório, para descobrir novas jazidas. É um trabalho que, também, dá prazer, porque quando você descobre um novo campo de petróleo, você sabe que vai gerar divisas para o País, você vai gerar empregos, durante dezenas de anos, para muitas pessoas. Dá uma satisfação pessoal grande. É um trabalho que exige muita tecnologia. A Petrobras sempre procurou ter as tecnologias, mais avançadas, que surgem no mundo. Esse trabalho também requer paciência, um certo grau de intuição, um certo sentimento, um certo trabalho em grupo, discutir com as pessoas, pegar idéias. A descoberta do petróleo nunca vem de uma só cabeça, sempre vem da união de várias pessoas. UNIDADE UN-BSOL Gosto mais de falar do Amazonas. Prefiro o Amazonas. A gente se sente mais feliz com o nosso trabalho lá, porque sabe que a alta produção, que existe hoje no Amazonas, veio daqueles pioneiros que estiveram lá e me sinto parte daquela equipe dirigida pelo Marcos Amaral. Assim como os ‘posicionadores’ aí da produção, da viabilização operacional, lá na área. Essa história do Amazonas, depois, ficou tudo mais fácil, quando os contratos ficaram criados. Lá, sempre vai ser complicado, sempre vai ser difícil, porque para começar, tudo lá é ou pelo ar ou por água. Ou você está num helicóptero, ou está navegando, dias e dias num barco, ou está num hidroavião. Está sempre numa situação de risco. Ao mesmo tempo, conhecemos tantas coisas novas, tantas coisas maravilhosas, tantas pessoas incríveis. Na selva amazônica, cada dia, acontecia uma coisa diferente, assim. SINDICATO Eu já fui sindicalizado, mas saí e estou querendo voltar. Estou reconhecendo a importância do sindicato, no apoio aos trabalhadores. Realmente, eles fizeram uma parte importante da história e as condições de trabalho, melhoraram muito desde que o Sindicato começou agir. Quando comecei a trabalhar, eu passava 3 dias no campo e tinha direito a um dia de folga. Agora a relação mudou, é um dia de campo por um dia de folga. Foi o sindicato que trabalhou e conseguiu essa vitória. A gente passava muito tempo longe da família, era ruim. Muitas pessoas não conseguem suportar esse distanciamento. ENTREVISTA Achei maravilhoso, porque tem muito da memória da Petrobras que está presente na memória dos trabalhadores. Apenas lamento um pouco, esse projeto não ter sido um pouquinho antes, tipo 5 anos atrás, para pegar algumas pessoas que saíram. Os aposentados, que talvez pudessem dar o seu depoimento. Mas, eu vim muito assim, para dar esse depoimento, porque eu queria fazer essa justiça a esse gerente que foi Marcos Amaral.
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