IDENTIFICAÇÃO Meu nome é José Francisco Russo Osório. Eu nasci em Porto Alegre no dia 14 de fevereiro de 1957. Há pouco tempo eu fiz 50 anos, um pouco menos que a Petrobras. INGRESSO NA PETROBRAS Eu fiz concurso em 1987 e fiquei aguardando ser chamado. Foi um período longo de espera e nós tínhamos a promessa de admissão imediata. Eu tinha trinta anos e dois filhos. Então, não pude esperar. Como o concurso era para trabalhar na Refap e também no Pólo, eu mandei currículos para o Pólo Petroquímico e lá fiquei trabalhando por dois anos. TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Anteriormente, eu tinha um trabalho administrativo e estava ingressando numa área totalmente diferente, a área industrial. Eu trabalhava como secretário na Escola de Artes Gráficas do Senai. Era um trabalho administrativo e burocrático. TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Entrei na Petrobras como operador. Fui ser operador numa empresa também do grupo, em que a Petrobras tinha participação, que era a Nitriflex. Lá trabalhei por quase dois anos. Isso provocou em mim algo diferente quando vim para a Petrobras. Eu trabalhei numa Empresa que era de “vazamento zero”. O que é isso? Devido ao risco da planta, não podia ter vazamentos. Eu já conhecia a Refap, do estágio que fiz, e pra mim se tornou uma grande brincadeira trabalhar na Refap, na Petrobras. Isso me tornou diferente de alguns outros, porque nessa minha evolução – em 18 anos de trabalho e quase 17 na Refap – eu fiz um trabalhei buscando resolver problemas de uma forma individual, unitária. Eu e mais alguns outros, não era o único do meu setor, na minha área. Eu entrei na Destilação e estou lá até hoje. O trabalho cresceu, a complexidade aumentou, houve uma evolução. Eu tive uma evolução, uma progressão profissional, talvez por perceberem essa diferença ou essa experiência anterior que eu trouxe, embora pequena. Eu virei um “caça vazamento”, eu virei um...
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IDENTIFICAÇÃO Meu nome é José Francisco Russo Osório. Eu nasci em Porto Alegre no dia 14 de fevereiro de 1957. Há pouco tempo eu fiz 50 anos, um pouco menos que a Petrobras. INGRESSO NA PETROBRAS Eu fiz concurso em 1987 e fiquei aguardando ser chamado. Foi um período longo de espera e nós tínhamos a promessa de admissão imediata. Eu tinha trinta anos e dois filhos. Então, não pude esperar. Como o concurso era para trabalhar na Refap e também no Pólo, eu mandei currículos para o Pólo Petroquímico e lá fiquei trabalhando por dois anos. TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Anteriormente, eu tinha um trabalho administrativo e estava ingressando numa área totalmente diferente, a área industrial. Eu trabalhava como secretário na Escola de Artes Gráficas do Senai. Era um trabalho administrativo e burocrático. TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Entrei na Petrobras como operador. Fui ser operador numa empresa também do grupo, em que a Petrobras tinha participação, que era a Nitriflex. Lá trabalhei por quase dois anos. Isso provocou em mim algo diferente quando vim para a Petrobras. Eu trabalhei numa Empresa que era de “vazamento zero”. O que é isso? Devido ao risco da planta, não podia ter vazamentos. Eu já conhecia a Refap, do estágio que fiz, e pra mim se tornou uma grande brincadeira trabalhar na Refap, na Petrobras. Isso me tornou diferente de alguns outros, porque nessa minha evolução – em 18 anos de trabalho e quase 17 na Refap – eu fiz um trabalhei buscando resolver problemas de uma forma individual, unitária. Eu e mais alguns outros, não era o único do meu setor, na minha área. Eu entrei na Destilação e estou lá até hoje. O trabalho cresceu, a complexidade aumentou, houve uma evolução. Eu tive uma evolução, uma progressão profissional, talvez por perceberem essa diferença ou essa experiência anterior que eu trouxe, embora pequena. Eu virei um “caça vazamento”, eu virei um caça pólos e trincas. Eu me coloco como se eu tivesse um olhar limpo e eu vinha com aquele olhar conseguindo ver algumas coisas que outros, já com olhar acostumado, não viam. Eu sou operador, mas eu trouxe um defeito de fábrica, de formação da outra planta industrial que era não ter vazamento. Era um plus. Isso me diferenciou de outros. Nós passamos mais tempo aqui do que junto com nossos familiares. Na Refap, fazemos muitas horas extras, a extensão da nossa jornada é muito grande. Voltando ao passado, com isso eu me diferenciei, tive alguma progressão profissional, mas na minha função de operador. Ao longo do tempo, isso tanto pra mim como para a empresa foi pouco. BENZENO O convite para dar esse depoimento tem a ver com o benzeno, que é uma questão que na Petrobras inteira é um problema, é algo que se busca ainda caminhos, soluções. O benzeno faz parte do petróleo, é uma fração do petróleo. Só que ele, diferentemente de outras frações, é cancerígeno. O risco da manipulação, o risco da exposição é grande: o risco da leucopenia, o risco de alterações hepáticas. Ele se agrega às gorduras nobres: cérebro, pâncreas, fígado, rim. O contato, a exposição tem que ser nenhuma. Em 1992 eu fui para a Cipa – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes –, depois passei um bom período trabalhando, tocando a minha vida. No final dos anos 1990, voltei a trabalhar na Cipa. Agora eu trago o “nós”, porque na Cipa esse trabalho que era antes de formiguinha, de indivíduo, se transforma num trabalho coletivo, onde algumas pessoas dispõem do seu tempo para a solução dos problemas, para a resolução da necessidade do coletivo, de toda a força de trabalho. E da segurança, evidentemente. Houve uma mudança nessa trajetória toda, de mentalidade minha e de muitos outros. SEGURANÇA Eu acho que informação é a palavra chave, porque institucionalmente, a informação está nos gabinetes, ela está em postos chaves e há necessidade da socialização da informação. Eu cavei muito a informação, consegui por conversas, por participar em outros fóruns, o que eu comecei a fazer lá na Cipa: disseminar a informação. Mas não era minha, era de todos, independente de ser a pessoa chefe ou de ser um terceirizado. Eu comecei a abrir e, com isso, começamos a discutir. Ao discutirmos, a coisa melhorou. Começamos a cuidar mais da casa. É meio poético, meio filosófico, mas o nosso trabalho também é a nossa casa. Cuidando dela, tendo menos exposição, trabalhamos muito melhor e vivemos mais prazerosamente. SINDICATO Eu sou diretor de Saúde do Sindicato hoje. É a minha primeira gestão como diretor. Eu fui diretor de base entre 2003 e 2006. Desde 2006, eu sou o diretor de Saúde, Tecnologia e Meio Ambiente. RELAÇÃO SINDICATO - PETROBRAS Eu não tenho problema. Quer ver, “tu provoca ou tu é provocado”. Acho que na vida é isso, para o crescimento, se precisa de provocação. Eu exercitei isso com meus filhos, de impor o limite para ser vencido pelo limite deles, não sei se bom ou ruim. Não existe receita para viver. Em alguns momentos tem atritos, em outros tem a parceria. Então, é uma relação administrável. Com certeza, hoje está mais fácil. Nós temos pontos ainda que precisam ser trabalhados – eu digo isso pessoalmente agora, a questão de saúde – que precisam ser mais abertos, escancarados. São questões pontuais, mas no geral... Havendo o diálogo, só há a somar, a crescer. SER PETROLEIRO Ser petroleiro é amar o Brasil, é querer esta empresa a maior da América. Eu queria que a Petrobras tivesse sido a minha primeira empresa. Assim como eu me apaixonei pelo meu primeiro emprego lá no Senai, eu me apaixonei por esse trabalho, embora seja bem diferente daquilo que eu fazia antes. Mas é trabalhar para construir uma sociedade. É poético, é meio Quixote, mas o nosso trabalho tem disso também. Assim como Monteiro Lobato e outros lá no início brigaram para mostrar que havia petróleo aqui, nós estamos brigando com outras forças para mostrar que nós somos a grande Empresa de fomento desse país.
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