Projeto Memória da Petrobrás
Depoimento de José Carlos Rodrigues
Entrevistado por Miriam Polari
Plataforma de Garoupa, 26 de janeiro de 2005
Realização Museu da Pessoa
Entrevista número PETRO_CB304
Transcrito por Écio Gonçalves da Rocha
P – Boa Tarde, José Carlos.
R – Boa tarde.
P – Fala pra gente teu nome completo, local e data de nascimento.
R – José Carlos Rodrigues. Data de nascimento, 23/10/1958. Local, Cariacica, Espírito Santo.
P – Quando e como se deu a tua entrada na Petrobrás?
R – Eu sou formado em Engenharia Elétrica. Na época estava difícil emprego e uns amigos comentaram que tinha uma prova na Petrobrás. Na ocasião já sabia mais ou menos da importância da empresa e vim fazer uma prova para operador de utilidades, a qual não conhecia nem a função. E nisso aí fiz a prova, passei e fui admitido em 5 de dezembro de 1983.
P – Conta um pouquinho da tua trajetória desde que você entrou, o quê que fez, por onde você passou.
R – Como eu te disse num primeiro instante, na época estava difícil emprego e nós entramos até aqui como praticante de produção, que era um dos níveis mais baixos da empresa na época, nível nove. E, como o governo estava em pressa de admitir as pessoas, entramos com essa função. E logo depois, através de curso, de concurso, de cursos internos, nós passamos a ser operador de facilidades elétricas, da qual eu sou oriundo, formação de elétrica. E, durante toda essa trajetória na empresa, foram mudando as funções, os cargos. Hoje nós somos operadores de petróleo, e como não mais específico na área de elétrica. Nós temos hoje uma função que ela também abrange a área de facilidades num todo, que também é a área que nós fossemos a, da minha primeira vivência aqui, como fosse a concessionária de energia elétrica e também a concessionária de água, de saneamento. Então nós abrangemos essas duas áreas hoje na empresa.
P – Você sempre trabalhou...
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Projeto Memória da Petrobrás
Depoimento de José Carlos Rodrigues
Entrevistado por Miriam Polari
Plataforma de Garoupa, 26 de janeiro de 2005
Realização Museu da Pessoa
Entrevista número PETRO_CB304
Transcrito por Écio Gonçalves da Rocha
P – Boa Tarde, José Carlos.
R – Boa tarde.
P – Fala pra gente teu nome completo, local e data de nascimento.
R – José Carlos Rodrigues. Data de nascimento, 23/10/1958. Local, Cariacica, Espírito Santo.
P – Quando e como se deu a tua entrada na Petrobrás?
R – Eu sou formado em Engenharia Elétrica. Na época estava difícil emprego e uns amigos comentaram que tinha uma prova na Petrobrás. Na ocasião já sabia mais ou menos da importância da empresa e vim fazer uma prova para operador de utilidades, a qual não conhecia nem a função. E nisso aí fiz a prova, passei e fui admitido em 5 de dezembro de 1983.
P – Conta um pouquinho da tua trajetória desde que você entrou, o quê que fez, por onde você passou.
R – Como eu te disse num primeiro instante, na época estava difícil emprego e nós entramos até aqui como praticante de produção, que era um dos níveis mais baixos da empresa na época, nível nove. E, como o governo estava em pressa de admitir as pessoas, entramos com essa função. E logo depois, através de curso, de concurso, de cursos internos, nós passamos a ser operador de facilidades elétricas, da qual eu sou oriundo, formação de elétrica. E, durante toda essa trajetória na empresa, foram mudando as funções, os cargos. Hoje nós somos operadores de petróleo, e como não mais específico na área de elétrica. Nós temos hoje uma função que ela também abrange a área de facilidades num todo, que também é a área que nós fossemos a, da minha primeira vivência aqui, como fosse a concessionária de energia elétrica e também a concessionária de água, de saneamento. Então nós abrangemos essas duas áreas hoje na empresa.
P – Você sempre trabalhou aqui em Garoupa?
R – Sempre trabalhei em Garoupa. Estou aqui a 21 anos e dois meses.
P – Então desde o início, né?
R – Desde o início.
P – Garoupa vai fazer 20 anos. Você está aqui antes dela começar a operar?
R – É, na verdade Garoupa é, quando a gente fala 20 anos, 20 anos é da definitiva. Mas eu entrei aqui desde a pré operação. Então, quer dizer, eu estou junto a ela, mas são 20 anos de operação que ela vai completar.
P – O quê que mudou assim do início até hoje? Assim, o quê que...
R – Mudou muita coisa mesmo.
P – Como era no início, né?
R – Muita coisa, tecnologia principalmente. Mudou as coisas, facilitou para o trabalhador as coisas. Por um outro lado também o número de pessoas envolvidas, porque até ontem eu tive uma palestra com um gerente aqui que, com a reforma que vamos ter na unidade agora, na previsão de que essa plataforma fique até 2035. Eu, pouco tempo atrás, a pouco tempo, cinco, dez anos, não recordo exatamente, a previsão que ela só tinha mais dez anos de vida. Então, as coisas mudam, as coisas são muito dinâmicas. A Petrobrás é uma potência mundial, vamos dizer assim. Então a mudança é, a gente, quando se dá conta, aconteceu muito rápido. Mas a mudança é muito grande. Só quem está aqui dentro pra saber dessa, perceber essa mudança.
P – Como é a vida de embarcado?
R – Eu acho que é uma vida, pra quem se acostuma, depois é questão de se acostumar. Aquela vida que eu acho até normal, hoje eu posso falar. Mas pra uma pessoa que está começando, a nível gerencial, das pessoas mais antigas que tem aqui, tem que compreender muito aquilo que ela vai passar. Pra nós eu acho que não. Já estamos já no final do caminho, já temos uma experiência razoável. Já tivemos vários problemas pessoais, problemas também de relacionamento com os colegas. Então, da pra gente ir levando mais tranqüilo. Agora, as pessoas que estão sendo contratadas recentemente, que são novas, eu acho que a pessoa tem, a gente tem que relevar muita coisa dessas pessoas.
P – O quê que vocês fazem aqui na hora de lazer, na hora que vocês não estão trabalhando?
R – Isso aí é a critério de cada pessoa. É lógico que as pessoas que gostam de futebol têm futebol. Tem um baralho, tem uma sinuca, tem ping-pong. Apesar de, por causa desse avanço, da importância dessa unidade e das obras que estão envolvendo, acaba até tirando um pouco desse lazer, pelo número de pessoas que hoje estão aqui. Se nós estivéssemos numa operação normal, com efetivo de umas 150 pessoas mais ou menos, hoje a vida aqui seria mais tranqüilo, o lazer também seria mais tranqüilo. Até porque uma academia, ela está sempre cheia. Você vai no futebol, está sempre cheio. Mas faz parte do trabalho e que também é uma coisa inevitável, não tem como não acontecer. Mas existe o lazer. Quem quer consegue.
P – E quando você desembarca você tem outra atividade ou?
R – Eu tenho. Eu trabalho, como eu falei, a 21 anos. Eu sempre trabalhei na minha folga também. Tenho a formação de engenharia, então já montei empresa de engenharia na, área de meio ambiente, na área de segurança do trabalho. Então sempre tive alguma atividade ____.
P – E tem algum fato marcante assim, uma história, alguma coisa que você lembre e que você queira contar aqui pra gente?
R – Não sei se seria marcante, mas uma coisa que mudou muito, até nesse dinamismo na área da tecnologia, mas também na época das greves também aqui, que aconteciam. Que eram, existia uma postura de se fazer uma greve. Isso aí também hoje é diferente, como quando a gente tem um movimento, que pode acontecer uma greve. A empresa tem uma outra postura e nós temos outra postura. Então, a coisa que marca porque antigamente era uma coisa mais, assim, amadora, e hoje uma coisa mais profissional. Então, aquelas greves anteriores marcavam mais porque era uma coisa mais aguerrida, uma coisa mais de luta mesmo. Hoje até, pelos novos tempos, é uma coisa mais light.
P – Tem alguma que te marcou mais assim especificamente?
R – A greve de 95 marcou bem.
P – Além da greve, não tem uma história engraçada assim, uma história curiosa daqui? Deve acontecer muita coisa.
R – É, existe muita brincadeira todo o tempo. Até porque eu e mais uma meia dúzia são pessoas até importantes, eu até me sinto neste contexto porque a gente está sempre brincando pra levar esse astral. Mas existe inúmeras. Eu, no momento, é meio difícil lembrar. Mas existe muitas. Até pode ser que eu saia daqui agora e vá lembrar de uma.
P – Um trote?
R – Trote de, até porque antigamente era de praxe. A pessoa, quando chegasse aqui na plataforma, ou quando estivesse chegando ou saindo, a gente levaria essa pessoa num ambiente seguro, mas dava o famoso banho. Havia aquela, ou com a mangueira, um balde d’água, ou com o próprio dilúvio dessa área. E era uma surpresa pra pessoa, que ela nunca esperava. A gente fazia de tal maneira que essa pessoa nunca percebia que seria dado esse banho. E é uma coisa que hoje está um pouco mais em desuso. Como eu falo sempre, os tempos mudaram, tanto na parte tecnológica, de greve, e também nesse aspecto. Hoje já se faz um bolo, já se faz uma reunião pra prestigiar essa pessoa, premiar essa pessoa pelo tempo que ela passou aqui. Então, as coisas também mudaram. E até porque, nisso tudo, até pela quantidade de pessoas também que hoje nós temos embarcado. Fica até difícil essas brincadeiras que eram feitas antigamente. Tinha também uma coisa interessante que era o teste do pulmão. Quando a pessoa chegava aqui, que colocava um talco num recipiente e fazia todo aquele preparativo com enfermeiro, media a pressão, todinho, e tinha um tubinho que ficava direcionado pro rosto dessa pessoa. E mandava a pessoa encher bastante o peito e assoprar em outro tubo. E aquele talco vinha todo pra cara da pessoa e a pessoa saia dali querendo pegar qualquer um.
P – Danado da vida.
R – Isso era uma coisa também interessante. Mas até hoje, se você olhar, como os tempos mudaram, a gente de repente, se fizesse essa brincadeira com a pessoa, botaria até um óculos de segurança, que aquela brincadeira poderia até vir a machucar uma pessoa. Então, os tempos mudaram em todos os aspectos. Na segurança que nós estamos falando, como no meio ambiente, se for jogar uma coisa. Então, outra coisa até marcante, voltando a falar naquele tempo, é o meio ambiente também, que antigamente a gente estava tomando um cafezinho aí, pegava um copo e jogava no mar. E hoje em dia a gente vê que ninguém seria capaz de fazer isso. Isso já está no sangue. São coisas que as pessoas já estão aqui engajados nisso aí. É uma coisa também marcante, que antigamente ninguém ligava pra isso.
P – Esse projeto é uma parceria com o Sindicato dos Petroleiros de São Paulo. Como é que você vê essa relação do sindicato com empresa, com essa parceria pra fazer esse Projeto Memória?
R – Em função do projeto eu acho importante, tanto que eu já perguntei a alguns companheiros de vocês aí se partiu de vocês ou da empresa, e partiu do sindicato, do projeto de vocês. Eu acho interessante que é uma coisa, a memória é uma coisa fundamental. Nós estamos num país que é pobre de memória. Infelizmente o Brasil, hoje que nós estamos um pouquinho evoluindo nesse ponto. E até pro empregado também, nesse contexto, ele fica, se sente até um pouquinho mais importante porque alguém vai lembrar dele, ele vai contar histórias. E porque, nessa entrevista, está sendo mais de história. Mas a gente sabe da importância nossa no contexto da produção, disso tudo que a Petrobrás conseguiu graças a toda a força de trabalho dela. Mas isso aí eu acho importantíssimo, essa relação sindicato-empresa, e principalmente nesse Museu da Pessoa.
P – Legal. Então o quê que você acha de ter participado desse, de ter dado o teu depoimento. Fale um pouco sobre isso. E eu queria que você falasse também o quê que a Petrobrás significa assim pra você.
R – Pra mim, particularmente, a Petrobrás é importantíssima. Eu falo sempre, eu falo mal da Petrobrás só com as pessoas da Petrobrás. Lá fora não falo mal da vida da Petrobrás, pelo contrário, defendo a Petrobrás. Até porque tudo que eu tenho na vida eu consegui graças à Petrobrás. Foi o meu primeiro emprego. Estou aqui até hoje. Não só meu como de vários colegas meus. E independente disso, não só por ser o meu primeiro emprego, mas uma empresa que faz o possível e o impossível pra acolher bem os seus empregados. Tem as coisas que a gente critica como é inerente a todo ser humano de criticar alguma coisa. Mas num todo é uma empresa que não tenho o que reclamar. Nem eu e nem, acho, a minha família. Mesmo, família que eu falo, num todo. Mesmo a família, meus pais, minha esposa, ex-esposa, filhos, tudo. Então, a Petrobrás não tem como. É a melhor empresa de trabalhar nesse país mesmo. Apesar de trabalhar só nela, pelo aquilo que eu converso com as outras pessoas.
P – Então está bom, José Carlos. Você quer falar mais alguma coisa?
R – Não, não. Pra mim está tranqüilo.
P – Então, a gente te agradece muito o teu depoimento.
R – Então está bom. Obrigado.
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