"A luta no sindicato deveu à péssima condição de trabalho do início."

Projeto Memória dos Trabalhadores Petrobras

Depoimento de José Alcivan de Azevedo

Entrevistado por Débora Santos

Natal, 28 de maio de 2003

Realização Museu da Pessoa

Depoimento PETRO_CB184

Transcrito por Transkiptor

00:00:07 P/1 - Para começar, eu queria que você dissesse seu nome completo, local e data de nascimento.

00:00:45 R - Meu nome é José Alcivan, eu nasci em Natal, no Rio Grande do Norte, e nasci no dia 18 de janeiro de 1963.

00:00:54 P/1 - E quando você entrou na Petrobras?

00:00:57 R - Por coincidência, entrei na Petrobras no dia 17 de janeiro de 1984, na véspera do meu aniversário.

00:01:06 P/1 - E você entrou em que sessão?

00:01:10 R - Eu entrei na Petrobras no... lotado no município de Assu, onde a produção se fazia no campo de alto do Rodrigues, onde até hoje eu trabalho. Entrei como no cargo de mecânico e com cinco anos, após cinco anos, passei a trabalhar como inspetor de equipamentos, hoje técnico de inspeção.

00:01:30 P/1 - É muito diferenciado esse trabalho que você fazia?

00:01:33 R - De um para o outro, totalmente diferenciado. Eu era mecânico, eu trabalhava com instalação e manutenção corretiva e preventiva de equipamentos e hoje eu faço a parte de inspeção metalúrgica de materiais e equipamentos pertinentes à área de produção.

00:01:52 P/1 - E no campo de açu é produção?

00:01:55 R - Produção terrestre. através de unidade de bombeiros, bomba de cavidades progressivas e também temos estações coletoras de petróleo, óleo adulto de produção, onde hoje é a minha atividade, a parte de inspeção em óleo adulto.

00:02:13 P/1 - E você é sindicalizado?

00:02:16 R - Desde 1985 sou sindicalizado.

00:02:19 P/1 - E você tem alguma atividade no sindicato?

00:02:22 R - Hoje nós assumimos a direção, onde hoje eu sou diretor e representante da federação.

00:02:29 P/1 - E como é que começou a sua luta no sindicato?

00:02:33 R - A luta no sindicato deveu à péssima condição de trabalho do início, quando nós trabalhamos em alto do Rodrigues, devido a nós estarmos chegando de um regime totalmente ditatorial, vindo da ditadura, E as pessoas que nos gerenciavam vinham com essa cultura ainda, pensando que nós estávamos no quartel. E, por isso, as condições de trabalho eram tipo quartel, tipo regime de quartel. E, inclusive, se usava diferença entre você ser chefe e você ser executante. Hoje ainda tem algum resquício disso, mas diminuiu bastante.

00:03:17 P/1 - E como é que era essa diferenciação? Era de roupa, de vestimenta?

00:03:20 R - Primeiramente, o saudoso crachá. Nós, que éramos executantes na parte de mecânica ou operação, usávamos crachás azuis e as pessoas que nos supervisionavam, gerenciavam, usavam crachá vermelho. capacete, como vamos chamar, usar esse termo nosso, o peão, usava o capacete cinza, e a parte de engenharia e a parte de nível superior, usava o capacete branco. E isso já dava a diferenciação de onde você chegava. A pessoa sabia, aquele é peão, aquele é chefe, então criou-se essa divisão, na qual, desde o início, nós combatíamos, e até hoje, combatemos, nos considerando todos peões, e graças A nossa luta, hoje temos o maior peão do Brasil sendo nosso presidente.

00:04:10 P/1 - Você começou a trabalhar na Petrobras, as suas discussões começaram dentro do projeto.

00:04:17 R - As discordâncias, por condições ruins de trabalho. vai fazer um trabalho, exige uma certa condição de segurança. Naquele entanto, o camarada, a pessoa que nos supervisionou falou, não, dá pra fazer, você faz, e a gente endossa e tal, e na hora se opunha a fazer, por isso passávamos a ser perseguidos. Aquele camarada não quer trabalhar porque não quer fazer o serviço, e ele queria que o serviço saísse a qualquer preço, não observando as condições de segurança, inclusive tivemos várias evidências de acidentes por falta de questão de segurança e, no entanto, ninguém de lá pra cá foi punido por causa disso, quer dizer, o regime era encoberto pelas autogerências e assim por diante.

00:05:04 P/1 - E essa discussão, você faz parte da SIPA até, né? Essa discussão, você considera que começou muito mais, a tua entrada no sindicato veio muito mais de uma ação no sindicato, foram vocês que perceberam Eu entrei no.

00:05:18 R - Sindicato como ativista nessas coisas. Mas, por exemplo, tinham condições de moradia na cidade em que nós fomos lotados, nasci em Natal. Hoje é uma boa cidade. Já era uma boa cidade de morar em relação à Sul. Chegávamos lá, nós íamos alugar uma casa. A casa lá em Sul era mais cara do que uma casa em Natal. Então, nós começamos a nos organizar. No início era uma associação, que não tinha sido fundada o sindicato ainda. Começamos a nos organizar. e reivindicar a prefeitura, chamar pessoas do serviço pessoal pra lá, pra ver a situação, qual era o nosso quadro que precisava pra gente nos manter lá durante o período que nós fôssemos trabalhar naquele local, precisaria de condições, como escola. Na época, por exemplo, eu tinha 20 anos, a maioria dos meus colegas que estavam chegando, entrando no mercado de trabalho, vindo de remuneração de escola técnica, de Senai, Então, éramos a maioria solteiros. Então, aquela situação não estava boa, porque... Você é solteiro, você não tem tempo ruim. Qualquer lugar é local. Mas com o passar de um ano, dois anos, as pessoas foram conhecendo as outras, foram se casando, foram arranhando namorada e tal, precisava melhorar a sua situação. Você morava numa casa que tinha dez pessoas, cada um levava a sua rede e sua bolsa. Mas, no entanto, com o tempo, você vai ter que melhorar as suas condições de vida, de ambiente e tal.

00:06:41 P/1 - Né? Certo. E e assim, essa luta modificou hoje, por exemplo, as necessidades já não são essas ou ainda se melhorou muito, melhorou.

00:06:49 R - Muito, mas pra o que era e o que é assim o significativamente pra os outros locais da Petrobras que hoje eu tenho eu tive a oportunidade de conhecer, nós aqui ainda somos um pouco arcaicos ainda, precisamos avançar bastante, inclusive é o que a gente almeja nessas nessas nessa nova gestão.

00:07:16 P/1 - É que quando eu abro a porta lá entra interferência aqui, o pessoal abriu pra olhar, desculpa. Desculpa, só. Então, você tá falando que é um pouco arcaico ainda a diferença.

00:07:30 R - Em relação ao? Vou dar um exemplo, vou dar uma coisa clara. Em relação às outras áreas do Rio Grande do Norte, por exemplo, Polo de Guamaré, que é onde recebe toda a produção, plataformas, as pessoas têm adicionais a mais, trabalhando nas mesmas condições que nós trabalhamos, que não são diferentes, são áreas circunvizinhas. Mas, no entanto, nós não temos os direitos remuneratórios iguais. Somos as pessoas, na Petrobras hoje, por exemplo, as pessoas que trabalham em Mossoró, que é o mesmo local de produção, recebem auxílio almoço. Lá, nós não. Nós recebemos simplesmente o salário básico e até hoje não mudou isso. Apenas o que mudou foi com a demanda que nós fizemos, pressão, com a mudança que houve há oito anos. muito. Dez anos atrás, inclusive era esse nosso gerente que está assumindo aqui, foi quando chegou, a gente fez uma avaliação, conseguimos que ele fizesse um quadro político, geográfico da área, e com isso veio, teve que vir pessoas do Recurso Humano do Rio de Janeiro pra cá. Pô, como é que tá uma situação dessa e vocês, como gerente, não fizeram nada? Se a gente não tivesse feito esse movimento, essas coisas todas, até hoje tá ali, mas assim. Então, eles conseguiram fazer com que a gente passasse a trabalhar. no mesmo regime, 40 horas semanais, sendo que a gente trabalhava 8 horas diárias. A gente passasse a trabalhar 10 horas diárias pra folgar um dia a mais. Tivemos uma folga a mais, que também era a nossa reivindicação. A gente tá mais com a nossa família aqui. Mesmo com as melhorias, a gente não conseguiu, nós não conseguimos nos fixar naquela cidade. O nosso polo de moradia básico da nossa família sempre foi natal.

00:09:14 P/1 - E assim, o que é que leva a essa diferença? Vocês são vizinhos, existe toda uma isonomia salarial. Não é a luta deles lá? O que você consegue entender?

00:09:24 R - O que eu vejo são as formas gerenciais diferentes, as cabeças dos gerentes. Não coaduna com uma coisa... Por exemplo, você chega no... Após eu mudar de atividade, eu era mecânico, passei para a técnica de inspeção, que é um nível, na época, da parte de supervisão. A gente passou a ter mais cursos fora, nós íamos mais a congresso petroleiro e tal, e nós conversávamos, tirávamos feedback dessas pessoas e víamos que nós precisávamos Pô, estamos andando aqui na idade da pedra, enquanto os camaradas já estão reivindicando o auxílio creche e tal, e a gente está aqui ainda querendo alguma coisa básica que a gente não tinha. E isso, as gerências daqui não viam, só queriam ver porque eles defendiam o cargo dele, a finca. Então, ele queria que o próximo chefe dele, que sempre aqui vai ser mais caro assim, soubesse que tava todo mundo aqui satisfeito, então ele cobria essas coisas. E isso, através da luta sindical, através dos movimentos de grupos, através de cipas, conseguimos reverter muita coisa, mas tem muita coisa a avançar até hoje.

00:10:30 P/1 - Tá, e aí você era só um ativista, como é que foi sua entrada na direção hoje do sindicato?

00:10:35 R - Certo. Quando eu mudei de atividade, eu era ativista de linha de frente, não era diretor de sindicato, não era ativista de linha de frente, porque o quê? Eu estava concluindo meu curso superior de engenharia mecânica, eu vim da escola técnica, entrei na universidade, no segundo ano da universidade eu entrei na Petrobras. Então, eu passei esses quatro anos tentando fazer meu curso, tentava negociar com a gerência, mudar de um regime que eu pudesse fazer, e nada. Mas eu disse, eu não vou desistir. Como eu trabalhava de segunda a sexta, então eu dizia assim, eu falava com o camarada, rapaz, deixa eu trabalhar sábado e domingo e a outra segunda eu pego a outra semana de aula. Então, ficava de uma forma que eu tentei ajeitar, conciliar tanto com os professores da universidade, que já era um trauma, quanto com com a nossa gerência. Os professores, as pessoas tinham medo da Petrobras. Você chegava lá e falava assim, é petroleiro, você tá rico. Esse paradigma que sempre teve na sociedade, que não é real. E isso a gente tentou levar durante quatro anos. Ao final de cinco anos, eu consegui terminar meu curso. Quer dizer, o curso que era para mim ter terminado em cinco anos, eu terminei em sete anos e meio. Mas foi uma vitória, foi um avanço muito grande, porque tinha, por exemplo, dia domingo, Eu terminava meu plantão, meu serviço, e andava 30 quilômetros para pegar um ônibus que talvez viesse, que me passasse naquele local. Peguei muitas vezes carona de caminhão, até uma cidade mais próxima pegar outro ônibus. E assim foi essa luta, banho de chuva, todo tipo de coisa ruim de caroneiro que existe por aí. E eu pegava só pra tentar encaminhar. E, nisso, eu entrei no movimento estudantil. Eu tava no movimento estudantil aqui da universidade. E as pessoas falavam assim, rapaz, você trabalha, você não é sindicalizado, por que você não vai pra frente do movimento? Porque tem muita reivindicação, muita demanda. E isso, assim, a gente definiu. E foi na época que houve a primeira eleição direta, em que Collor concorreu com Lula. E isso, eu tava no Rio fazendo o curso de técnico de inspeção. Por coincidência, eu peguei o foco do Brasil. Naquele momento, o Brasil era visado ali, onde aparecia mais a mídia, né? E aquilo eu acompanhei, aquilo me alucinou, né? Eu fui pra linha de frente mesmo, porque eu tinha pessoas nossas que, na época da Revolução, foram banidas daqui pra lá. E essas pessoas eram as que eu tinha contato lá no Rio de Janeiro. Eu ficava em Macaé e, ao final de semana, eu voltava. E essas pessoas também me deram uma... uma bagagem boa, assim, a título da verdade. A gente tá vivendo aqui o que a gente viveu em 61, 62. Então, você tem que absorver essas coisas bem pra poder dar sequência à sua cabeça. Pra você não se desnortear, porque às vezes você vai pelo caminho errado e assim foi. Quando a gente chegou do Rio de Janeiro formado em técnico de inspeção, foram sete meses, nós fomos convidados a entrar numa chapa de... numa eleição sindical. Isso o Lula tinha acabado de perder a eleição e o Collor tinha entrado. Então, aquele período inicial do Collor, que foi a maravilha, o marajazão, o caçador grande. Aquilo ali foi onde nós levamos a primeira borrada grande. Vocês não tem direito, funcionários públicos, essas coisas, né? Não tem direito a porra nenhum, então tem que conseguir o que a gente foi conseguindo na luta. E nisso, o Collor já relacionou uma penca de pessoas que não interessavam ao serviço público, disponibilizou. No serviço público, ele não podia demitir. Na Petrobras, ele podia porque era uma empresa de capital misto. Então, ele demitiu uma pancada de gente. Inclusive, eu era uma das pessoas... Só que a empresa tinha investido muito na minha atividade, porque eu tinha sido um dos últimos concursados da empresa e tal. E isso, alguém chegou... Eu não sei quem foi essa mão que deixou. Eu continuei trabalhando. Mas, no entanto, eu não baixei a minha cabeça e continuo a luta, reivindicando sempre, trabalhando através de CIPAS, porque aí eu já saí da parte de execução de serviço mais pesado para uma parte de serviço mais técnico, a parte de inspeção de vasos, tanques, equipamentos, coisas que demandam já você pensar mais do que você executar em si. E isso, as pessoas foram criando uma certa forma de respeito que nos credenciou a entrar no movimento sindical, quer dizer, nos convidaram. E eu não era partidário, eu era, torcia para um partido, mas não era afiliado, não era ativista de partidário. E sempre na linha sindical. Fizemos uma gestão boa no sindicato, conseguimos organizar o sindicato, tiramos o sindicato da mão de uma casta de pelego que tinha lá. expulsando desses caras dos sindicatos e organizamos, fizemos sede, fizemos tudo aqui. Nós e mais alguns companheiros que ainda hoje permeiam. Parece que sindicalismo está no sangue da pessoa. A pessoa tenta sair, mas não tem. E continuamos essa luta. Perdemos uma eleição, perdemos outra. Duas eleições, mas na base. Continuamos na base, trabalhando. Sempre convidado para concorrer na SIPA, porque SIPA, no meu ver, era uma forma de você ter um local pra você falar, pra você reivindicar as coisas que nós éramos organizados e levar para o Ministério do Trabalho, a empresa não queria bancar essas coisas. O Ministério do Trabalho chamava a empresa e assim faziam uma forma de conciliação. Mas tinha que ter alguém, porque as diretorias que nos sobrepuseram não tinham essa questão de... de ir pra um embate com as pessoas, mas de conciliação. E o sindicato não é pra isso. O sindicato é pra deixar, na minha visão, sempre o peão tem que estar preparado pra tudo. Porque, por exemplo, agora houve uma mudança governamental com a maioria das pessoas só no movimento sindical. Mas agora que o sindicato ganhou, a ideia da nossa peãozada é isso. Sindicato ganhou, agora vai resolver tudo. E não é nada disso. Nós estamos pegando um legado de 500 anos. A primeira vez que entrou mesmo uma proposta de mudança é essa. Esperamos que melhore. Estamos aqui para dar apoio no que for certo e, no que estiver errado, nós vamos para a luta mesmo.

00:17:12 P/1 - Eu queria que você estivesse fazendo uma avaliação do que é esse projeto, que é Petrobras, juntamente com o Sindicato de Petro de Campinas e Paulínia, que estão fazendo sobre a...

00:17:29 R - Na base, continuando na base e trabalhando. sempre convidado pra ele concorrer na SIPA, porque SIPA, no meu ver, era uma forma de você ter um local pra você falar, pra você reivindicar as coisas que nós éramos organizados e levar pro Ministério do Trabalho, a empresa não queria bancar essas coisas. O Ministério do Trabalho chamava a empresa e, assim, fazia uma forma de conciliação. Mas tinha que ter alguém, porque as diretorias que nos sobrepuseram, não tinham essa questão de... de ir pra um embate com as pessoas que baixaram, mas de conciliação. E o sindicato não é pra isso. O sindicato é pra deixar, na minha visão, sempre o peão, tem que estar preparado pra tudo. Porque, por exemplo, agora, houve uma mudança governamental, a maioria das pessoas são do movimento sindical. Mas, agora que o sindicato ganhou, a ideia da nossa peãozada é essa. O sindicato ganhou, agora vai resolver tudo. E não é nada disso, porque nós estamos pegando um legado de 500 anos. A primeira vez que entrou mesmo uma mudança, uma proposta de mudança é essa. Esperamos que melhore. Estamos aqui para dar apoio no que for certo e, no que estiver errado, nós vamos para a luta mesmo.

00:18:48 P/1 - Eu queria que você estivesse fazendo uma avaliação do que é esse projeto, que é Petrobrás, juntamente com o Sindicato de Petro de Campinas e Paulínia.

00:19:05 R - A ideia é excelente, excelente. Eu sinto pena, porque o subsídio para você contar a história do Rio Grande do Norte, da Petrobras do Rio Grande do Norte, não vai ser, na minha concepção, não vai ser o... Você não vai pegar a coisa mais condensada aqui, porque eu creio que você trabalhando só com as pessoas daqui... Eu acho que, por exemplo, em Alto Rodrigo vieram duas pessoas, e foi, entrou no final da... vieram dois de Mossoró e tal, e assim vai. Mas, por exemplo, a história do Rio Grande do Norte, da Petrobras, é produção. A sede é uma base. Claro que tem muitas pessoas aqui que trabalharam no campo e sabem alguma coisa, mas se você tivesse a oportunidade de ir a esse local e pegar pessoas históricas, você pegaria as histórias mais bonitas, por exemplo, você... Nós temos lá uma barragem que estourou no ano de 85. Então teve muita gente que teve que ir lá mergulhar de barco, ir num barquinho lá pra tirar os equipamentos de dentro d'água, mergulhava, desapertava e subia. Mergulhava até conseguir, ia na mão. Então, tem muita história dessa, sim, que precisa ser contada pra você dizer, rapaz, essa história foi bem construída. Entendeu? Se você passar naquele local. Isso aqui era uma lagoa. Em 1985, isso aqui encheu, transbordou. Tavam todos os equipamentos lá. Qual era a decisão? Deixar os equipamentos lá ou salvar? Alguns eram vanguardeiros e iam salvar o patrimônio, e foram mesmo. Então essas pessoas mereciam ser ouvidas, eu acho.

00:20:32 P/1 - A gente pretende refazer essa história, né? Recontar isso e tá fazendo desse pessoal também.

00:20:38 R - As questões das lutas mesmo que houveram no ano de 90, um ano colorido, a gente Teve que tomar uma estação, uma subestação elétrica lá no Alto do Rodrigues. Assumimos mesmo, desligamos todos os equipamentos e só voltamos a trabalhar quando houver uma negociação. E passamos lá durante três dias, fazendo um revezamento, as pessoas querendo invadir com a polícia, fazendo terrorismo. dizendo que iam demitir, não sei quem e tal, e não conseguiram. E a gente conseguiu avanço nessa parte. Em 1988, por exemplo, estávamos trabalhando quando foi declarada a greve. Fizemos uma assembleia via rádio, você pegava um carro de incêndio, pegava uma ambulância, pegava tal, e todas as bases estavam com rádio. Base 34, apoia. base e tal, e fizeram essa cebreira através de rádio. Então, era uma coisa, foi uma coisa bonita naquele momento pra evolução da coisa, né?

00:21:35 P/1 - Então, a gente vai pedir pra você tá mandando essas coisas, assim, por enquanto a gente pretende tá voltando, né? Isso, mas ele tá mandando isso, talvez, por escrito, alguma coisa pra gente. No momento, a gente, na verdade, tá encerrando, agradecemos o seu depoimento, tá? E a gente vai dar continuidade disso. Desculpa, nós morremos aí.