Projeto Memória dos Trabalhadores da Bacia de Campos
Entrevistado por Douglas Tomás
Depoimento de José Adriani Bessa dos Santos
Macaé 17/06/2008
Realização Instituto Museu da Pessoa
Depoimento PETRO_CB416
Transcrito por Augusto César Mauricio Borges
P- Eu vou pedir pra você começar a entrevista falando o seu nome completo, o local e a data do seu nascimento?
R - José Adriani Bessa dos Santos eu nasci em Campos de Goytacazes no dia seis de março de 1967.
P - E qual é a sua formação? Tem formação técnica?
R - A minha formação é ensino técnico, eu me formei em 86 na Escola Técnica Federal de Campos, me formei em Química.
P - E Bessa, eu queria que pra gente começar definitivamente, eu queria que você falasse um pouco quando e como você ingressou na Petrobrás?
R - Olha, quando eu me formei em 86 eu tentei várias coisas depois de 86 porque o foco sempre foi a Petrobrás. E eu fui um pouco reticente a trabalhar na Petrobrás porque falava: "todo mundo só vai trabalhar na Petrobrás. Eu não quero isso. Eu quero outra coisa". E como tinha aquela coisa de trabalhar embarcado que aquilo ainda me deixava um pouco pelo meu estilo de vida, pela minha maneira de ser, de ficar 15 dias embarcado eu achava aquilo muito complicado pra minha cabeça. Aí eu trabalhei em usina, trabalhei em rádio comunicação, trabalhei em TV. Só que aí um dia um amigo veio com a proposta de trabalho, um trabalho interessante, que a gente não ficaria ali embarcado 15 dias que era pra gente trabalhar pro SPO, antigamente se chamava (Dircles?), Divisão Regional de Reservatório. E aí eu me interessei por aquilo e fiz a prova e passei e graças a Deus estou aqui.
P - E aí você começou a trabalhar embarcado?
R - Eu comecei trabalhar embarcado como operador de BCS, né? Na realidade eu fiz parte da primeira equipe de operadores de BCS da Bacia de Campos que atendia as três Vermelhas, Duas Carapebas e Pargo na época. Hoje está um pouco diferente. Hoje tem...
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Entrevistado por Douglas Tomás
Depoimento de José Adriani Bessa dos Santos
Macaé 17/06/2008
Realização Instituto Museu da Pessoa
Depoimento PETRO_CB416
Transcrito por Augusto César Mauricio Borges
P- Eu vou pedir pra você começar a entrevista falando o seu nome completo, o local e a data do seu nascimento?
R - José Adriani Bessa dos Santos eu nasci em Campos de Goytacazes no dia seis de março de 1967.
P - E qual é a sua formação? Tem formação técnica?
R - A minha formação é ensino técnico, eu me formei em 86 na Escola Técnica Federal de Campos, me formei em Química.
P - E Bessa, eu queria que pra gente começar definitivamente, eu queria que você falasse um pouco quando e como você ingressou na Petrobrás?
R - Olha, quando eu me formei em 86 eu tentei várias coisas depois de 86 porque o foco sempre foi a Petrobrás. E eu fui um pouco reticente a trabalhar na Petrobrás porque falava: "todo mundo só vai trabalhar na Petrobrás. Eu não quero isso. Eu quero outra coisa". E como tinha aquela coisa de trabalhar embarcado que aquilo ainda me deixava um pouco pelo meu estilo de vida, pela minha maneira de ser, de ficar 15 dias embarcado eu achava aquilo muito complicado pra minha cabeça. Aí eu trabalhei em usina, trabalhei em rádio comunicação, trabalhei em TV. Só que aí um dia um amigo veio com a proposta de trabalho, um trabalho interessante, que a gente não ficaria ali embarcado 15 dias que era pra gente trabalhar pro SPO, antigamente se chamava (Dircles?), Divisão Regional de Reservatório. E aí eu me interessei por aquilo e fiz a prova e passei e graças a Deus estou aqui.
P - E aí você começou a trabalhar embarcado?
R - Eu comecei trabalhar embarcado como operador de BCS, né? Na realidade eu fiz parte da primeira equipe de operadores de BCS da Bacia de Campos que atendia as três Vermelhas, Duas Carapebas e Pargo na época. Hoje está um pouco diferente. Hoje tem Carapebas III também, mas na época era basicamente três Vermelhas, as duas Carapebas e Pargo. E a gente fazia descida de bomba centrífuga pra recuperação de petróleo.
P - E como é que é isso? Dá pra explicar um pouco?
R - Aqui a gente tem campos aqui que não tem uma (surgência?) natural, o óleo não surge naturalmente à superfície. Então você tem que buscar meios alternativos, meios de elevação artificial. E o BCS o que que é? É uma bomba, tipo uma bomba-sapo dessas que a gente usa em casa pra encher a caixa de água da gente, que você instala ela por coluna com um cabo elétrico pelo exterior. E tudo isso tem um estudo pra que você não _______ o poço, pra que você só recupere o que você precisa por causa da estratégia da companhia de não tirar mais agora porque pode precisar daqui a pouco. Então é um trabalho bastante interessante, bastante bonito que eu gostei de fazer. Eu levei quatro anos fazendo.
P - E você falou dos nomes Vermelho, Pargo, esses nomes o que significam isso, você pode me dizer?
R - São plataformas. Cada plataforma dessas tem um nome de um peixe: Vermelho é um peixe, Pargo é outro, Carapeba é outro, Pampo, Garoupa, __________, Namorado.
P - E nome de peixes da região?
R - Da região nossa aqui.
P - Ah, sim. E Bessa, você lembra do primeiro dia seu de trabalho como é que foi?
R - Eu lembro do meu primeiro dia de embarque. Foi muito interessante porque eu tenho um amigo e a gente é amigo desde infância, o Rogério __________, trabalha até em Vermelho hoje e a gente saiu assim: primeira vez que a gente ia andar de helicóptero, primeira vez que ia embarcar. Que nós fizemos uma passagem rápida por Namorado, mas a gente tinha instrutores junto com a gente e era uma equipe, era turma toda, a gente foi pra conhecer e foi bastante interessante e agradável. Mas quando a gente chegou mesmo pra trabalhar só tinha eu e ele. E a gente iria pra Carapebas e de Carapebas eu iria pra Vermelho e ele iria pra Pargo. E nós chegamos e desembarcamos lá e eu lembro até hoje que a orientação da gente era se apresentar ao ______________ pra que o ____________ fizesse o transbordo da gente. E aí que veio a grande surpresa, né, porque quando o ___________ conversou com a gente ele "vocês aguardem aí que o barco está vindo". E aí eu olhei pra ele: "barco? Nós viemos de helicóptero e agora nós vamos ir de barco?" Ele: "é, infelizmente aqui nós temos um barco de apoio e pra transbordo aqui nessa região nordeste não utilizamos aeronave. Só barco de apoio mesmo". E a maior surpresa foi quando eles deram o meio de transporte pra gente da plataforma até o barco, que era a cestinha, né? Aí disseram: "você agarra aqui". Foi bacana, foi interessante. Marcou.
P - E tinha algum tipo de brincadeira, de trote assim dos novatos que você tenha passado ou que você tenha feito?
R - Olha, eu vou te dizer, eu vou te dizer a verdade, se tem uma coisa que eu admiro na Petrobrás, porque eu já trabalhei em outras empresas, é o respeito que as pessoas tem uma pelas outras aqui. Eu não sofri e nem eu passei isso a frente. Eu acho que uma vez que os profissionais são selecionados pela Petrobrás, independente deles ter um ano ou 20 anos como eu tenho, eu acho que tem que ser tratado da mesma forma com o mesmo respeito. Porque se a Petrobrás entende que ela precisa que eles estivessem aqui a gente tem que entender isso e aceitar e aceitar que o trabalho deles vai só somar com o nosso e não diminuir. Até porque eu quero ir embora também porque eu tenho um projeto de vida e o meu projeto de vida me inclui a Petrobrás. Mas incluía a Petrobrás dentro de um ponto onde eu acho que e consigo ser produtivo. Não adianta eu ficar aqui esquentando uma cadeira e a minha cabeça estar pensando lá fora na minha motocicleta, entendeu? Nos meus filhos, nos meus netos daqui a um tempo. Então daqui a um tempo é preparar hoje as pessoas que estão chegando mesmo. Sem nenhum constrangimento, sem nenhum medo de "ah, amanhã o cara vai pegar o meu lugar". E lógico que ele vai pegar o meu lugar e é lógico que eu quero que ele pegue porque ele pegando o meu lugar eu posso me afastar com a consciência tranqüila de que todo aquele ensinamento que alguém me passou vai ser levado adiante. Então é preciso que as pessoas entendam que a força jovem que está vindo hoje que até pouco tempo atrás eu estava conversando contigo que não passou por aquela transição da era da informática, da era dos e-mails, da internet que a gente fazia tudo no papel, que a gente fazia tudo em terminais, IBM. Quando não tinha nada, era na caneta e que era a produzir a todo custo. Hoje não, hoje nós temos qualidade em primeiro lugar, segurança, saúde em primeiro lugar. Então é importante que essas pessoas gostem amanhã do que elas vão fazer. Porque se elas não gostar amanhã do que elas vão fazer elas não vão ter o sentimento que hoje nós temos. Que hoje a gente não tinha os recursos que nós temos hoje, mas a gente tinha coração, tinha vontade de vestir aquela camisa. Vontade de mostrar para as pessoas que a gente trabalha numa empresa como a Petrobrás.
P - Quando você está falando aquela época no passado é quando você está falando isso?
R - Final da década de 80 pra cá. Que eu entrei em 89 e já peguei muita coisa já pronta e outras coisas muito por fazer ainda. Acredito que a gente tenha feito em torno de 80 por cento do que deveria ser feito daquela época pra cá de informatização, planejamento, melhor planejamento do nosso trabalho. A gente tem mais recursos hoje que a gente pode se ausentar um pouco do ambiente físico. Antigamente era difícil você fazer um plantão, por exemplo, você tinha que estar no ambiente físico. A pessoa te passava aí um telefone que era aquele telefone que estava naquela mesa que aquela pessoa fez o plantão. Então o cara te ligava pra aquela mesa e falava: "olha, eu preciso de uma _________ amanhã na sonda". E aí você fazia uma requisição de transporte aéreo na mão, você levava e pegava um carrinho aqui e ia lá no aeroporto e falava para o rapaz: "Douglas, eu preciso de você botar isso daqui lá". Entendeu? Hoje tem toda uma logística preparada pra isso, hoje tem a pessoa que cuida de receber o papel, de fazer a programação, o outro tem de embalar. Então o cara que tem de embalar ele tem uma condição melhor de ver se está tudo direitinho, se foi testado, se está bem acondicionado. Tem outro que cuida pra levar que não bota mais em carroceria, que não bota mais nas costas, na moto, entendeu? Então eu acho que a gente progrediu muito positivamente.
P - Quando é que você acha? Dá pra precisar mais ou menos quando é que houve essa mudança?
R - Essa mudança vem acontecendo todo dia. Todo dia. Porque muitas vezes até hoje mesmo eu vou fazer 42 anos de idade e eu hoje às vezes eu saiu da minha sala e vou chegar e perguntar pra menina lá da informática ou do ___________. Porque pra gente também começa a ficar meio complicado. "Como é que faz isso, como é que faz aquilo?" E ela. E eles ensinam pra gente também. Então é uma troca muito positiva, muito boa. Eu acho que toda experiência que a gente teve, por exemplo, eu não me arrependo de nada do que eu fiz na Petrobrás, nada. Eu tenho muito orgulho de trabalhar na Petrobrás. Não é porque eu estou sendo filmado aqui não porque eu falo isso a toda hora pra todo mundo. Eu costumo dizer o seguinte: "não agüenta trabalhar aqui pede pra ir embora". Agora se você está aqui procure fazer o melhor. Eu acho que na vida da gente como tudo. Tudo na vida da gente tem que procurar fazer o melhor. Você vai ser um pai vai ser o melhor pai, se for um filho tem que ser o melhor filho, se for um motociclista como eu sou tem que ser o melhor motociclista. E como trabalhador eu sempre fui o melhor trabalhador que eu poderia ser. Muitas vezes as pessoas não enxergam isso, né? Não é culpa sua. É culpa de quem não consegue observar. às vezes eu falo. Às vezes eu escuto alguém falando: "o cara malandro, preguiçoso". Ele não é malando preguiçoso. Ele está fazendo uma coisa que ele não gosta, ele está alocado num lugar que ele não deveria estar. Deveria estar servindo de uma outra forma. Não só aqui dentro da Petrobrás. Em qualquer lugar. Por exemplo, você que está me fazendo essa entrevista: eu vejo que você faz essa entrevista com vontade, com determinação, não está aqui porque tem que fazer. Tem que fazer porque é aquilo que eu faço. E se é aquilo que eu faço tem que ser o melhor independente do que custa as minhas horas de sono, meus telefonemas na madrugada, minhas paradas inesperadas em beira de estrada pra ficar falando em telefone celular etc e tal.
P - E Bessa, e o cotidiano de trabalho atualmente sobre os amigos como é que é hoje?
R - Você fala com relação aqui dentro da Petrobrás?
P - Sim.
R - O ambiente de trabalho?
P - Sim, sim. Quando você deixou de trabalhar embarcado e veio trabalhar interno. Como é que é o trabalho hoje?
R - Na realidade eu sempre tive uma convivência muito boa aqui com o pessoal de terra , por que? Porque aquele famoso, entre aspas, perfil, me persegue. Então de vez em quando eu estava aqui em terra tirando férias de alguém, cobrindo uma viagem de alguém, indo fazer uma visita numa fábrica, indo fazer um teste na outra e por aí foi e o meu ambiente aqui é o melhor possível. Eu acho que as pessoas que trabalham comigo hoje todas que trabalharam comigo eu tenho o privilégio muito grande de dizer que nessa caminhada minha de 20 anos que já vou fazer o ano que vem eu até hoje acho que eu não tive nenhuma pessoa que eu possa dizer assim"ai, eu não gosto de você", entendeu? Às vezes sou intransigente. A gente vai ficando mais sabido e quando você fica mais sabido você fica mais "cri-cri", né? Que aí a pessoa fala pra você "esse crachá seu é verde". Você fala assim: "não é verde. É amarelo". "Assim não vale pra mim". Mas no geral o meu ambiente na Petrobrás sempre foi o melhor possível. Sempre encontrei esse ambiente em todos os lugares que eu fui porque eu procurei levar esse ambiente para os locais. Eu procuro levar. Então eu não vejo dificuldade.
P - E qual foi o seu maior desafio encontrado nesses 20 anos de trabalho?
R - Rapaz, o meu maior desafio foi um posto chamado Roncador 68 em que eu tive que quebrar pedra mesmo pra ele sair um serviço perfeito. E eu vou dizer uma coisa pra você: foi um desafio incrível. E o melhor de tudo é que as pessoas elas escutam você falar que sabe fazer alguma coisa, né? E elas tem que acreditar que você sabe fazer alguma coisa, mas no momento em que elas acreditam e dizem pra você "vai e faz" ou você mostra pra elas que você sabe fazer e faz da melhor forma ou ali você está fora. E eu fui lá e fiz.
P - E o que é esse "foi lá e fez"?
R - Eu estava embarcado e a gente tinha um desafio muito grande que era um poço que estava com um pedaço de borracha por dentro do poço e a gente não conseguia tirar esse pedaço de borracha. E foi formado um grupo de trabalho. Desse grupo de trabalho saíam as diretrizes e eu tive a felicidade de poder executar. E foi muito bom, foi gratificante.
P - Foi quando?
R - Foi agora em 2008, 2008. Mas eu tive outros bons trabalhos também. Tive. Aliás, esse foi assim o que mais me motivou pela condição que eu estava de não só como executante, mas como planejador também, entendeu? Participei de todas as reuniões, as discussões e às vezes as discussões não são tão bonitas depois como na foto que tudo dá certo. Porque quando você fala eu preciso fazer algo, eu quero fazer algo e que 80 por cento do grupo de trabalho diz "olha, isso não vai dar certo" e aí você fala: "não. Só dá certo se for desse jeito". E aí as pessoas param e falam: "você acha que está certo? Então vai lá e faz". E você vai e faz e você vê o retorno físico das coisas. E tantos dias sem avançar e você vai lá e faz a coisa mudar é muito interessante.
P - E como é que é isso essa coisa do motoqueiro petroleiro?
R - É uma mistura maravilhosa, é uma mistura maravilhosa porque eu vou te dizer: muita coisa que eu aprendo aqui na Petrobrás eu carrego na minha vida lá fora. Ou seja, a determinação, a vontade de vencer, a segurança, o compromisso. Porque não basta só você fazer isso tudo se não tiver compromisso com o seu trabalho, com a sua empresa. Ou seja, com o seu meio de sobrevivência que é a Petrobrás. Ao mesmo tempo eu trago outras coisas lá do motociclista, que é? É a cara pra bater, a falta de medo de errar. Eu acho que hoje as pessoas estão muito preocupadas em "eu não posso errar". Negativo, eu acho que a gente tem que ter uma cota de erro por dia porque se a gente tem uma cota de erro a gente não erra o dia todo. A gente se permite errar um pouquinho pra não errar tudo, entendeu? Então eu trago essa, como os meus amigos me chama mesmo de "peito de aço". Eu procuro observar cada desafio e eu não elimino os desafios só por ele ser um desafio. Eu procuro analisar ele da melhor forma e se eu tiver a mínima chance de encarar aquele desafio como um desafio que ao final eu vou obter sucesso eu vou atrás dele. Assim é o motociclista. Você pega e coloca a sua moto na estrada e o seu objetivo é daqui a 2000 mil quilômetros e nem que seja com 2000 dias o importante é chegar lá sem pressa, sem correria.
P - O que é ser petroleiro então?
R - Olha, o que é ser petroleiro pra mim hoje é a mistura de tudo o que eu falei pra você. O que é ser petroleiro pra mim hoje é eu estar integrado dentro dessa empresa. Não adianta não "eu sou petroleiro". Não. Petroleiro não ó o cara que veste a camisa da Petrobrás não. Que tem um crachá da Petrobrás. Petroleiro é o cara que se identifica com a proposta que a Petrobrás quer hoje não só para o cidadão, não só para o trabalhador, mas para o Brasil, pra nação. Está todo mundo de olho na Petrobrás. Hoje a Petrobrás tem desenvolvimento de biodiesel que está aí em primeiro lugar do mundo, águas profundas. Eu acho que todo colaborador que entra dentro da Petrobrás ele é um petroleiro e ele pode se orgulhar disso. Porque além de ser petroleiro é brasileiro também. Eu acho que eu já tive oportunidade esse ano também de fazer uma viagem internacional de participar de um evento internacional da área de petróleo que eu trabalho e eu vou dizer do fundo do meu coração: eu voltei de lá mais orgulhoso de ser brasileiro do que quando fui. Porque encarar as coisas como a gente brasileiro encara eu acho que só tem uma coisa que a gente ainda peca muito, a gente reclama muito da vida. Se a gente reclamasse menos da vida e procurasse analisar e trabalhar mais dentro daquilo que a gente se propõe antes de reclamar eu acho que a gente estava conseguindo mais. Eu acho que a única coisa que eu vejo de negativo hoje no geral como brasileiro é essa questão do "ai, eu não consigo, ah, poderia ser melhor". Vai atrás, vai atrás que consegue.
P - E Bessa, já terminando, eu queria que você falasse, emitisse a sua opinião, sobre estar participando do projeto, o nosso projeto de contar um pouco da história das pessoas que trabalham na Petrobrás. A história de vida das pessoas e, conseqüentemente, um pouco da história de vida da Petrobrás.
R - Esse trabalho que vocês estão fazendo vocês vão conseguir coletar muita coisa interessante porque tem umas pessoas que elas fazem umas divisões, né? "Ah, não, se é um negócio desses eu vou falar estritamente profissional ou senão eu não vou falar, eu vou me brecar, eu não quero me comprometer" etc e tal. E tem outras pessoas não. Que olham pra essa câmera aí e desabafam como se estivesse falando com o chefe deles. Eu acho que é um projeto legal que a Petrobrás tem. É um projeto que espero, como tudo na Petrobrás, dê bastante frutos. Acho que esse depoimento que eu estou dando aqui pra você agora sirva pra pegar outras pessoas pela mão e trazer: "vamos, vamos para a Petrobrás". Aqui a gente tem espaço para todo mundo, aqui a gente tem carinho pra todo mundo, a gente tem compreensão pra todo mundo. Muitas vezes como as gerações são diferentes a gente vê as pessoas novas que estão entrando aí muito num desespero que a gente tenta acalmar, que a gente tenta segurar e mostrar pra elas um pouco. Talvez a gente mostre mais pra elas que estão chegando agora esse trabalho. Mas esse trabalho vai ser de uma valia muito grande para as futuras gerações que vem porque o Brasil em si ele tem uma deficiência muito grande que é de memória. O brasileiro não tem uma memória histórica. Nós estamos falando da Petrobrás hoje no ano de 2008, mas a gente poderia ter coisas da Petrobrás de 1950, de 53, de 60. E essa memória vem se perdendo não só com a Petrobrás, mas em todos os segmentos da instituição brasileira como um todo. Se você chegar hoje e perguntar para uma criança como o meu filho de dez anos quem é que foi um Ulysses Guimarães ele não vai saber te dizer. Então eu acho que tomara que a Petrobrás dê um _________ nessa coisa de resgatar a memória para o Brasil. Porque nós vamos passar, mas os recursos eletrônicos hoje vão permitir que num chip desse tamanho, uma coisinha, que se guarde uma memória fantástica. Eu acho que é super válido o que vocês estão fazendo, a Petrobrás está de parabéns e vocês estão de parabéns. Você principalmente que estou vendo ali garimpando, batalhando mesmo. As pessoas levando o seu trabalho muito a sério. Todos vocês estão de parabéns. A Petrobrás está de parabéns.
P - Quer falar mais alguma coisa Bessa que eu não tenha perguntado e que você queira registrar?
R - Não. Eu acho que eu falei tudo. De uma maneira geral mostrar o meu contentamento com a empresa mesmo. Eu acho que eu passei por várias fases dentro dessa empresa. Eu já tive uma fase de sindicalista, de revoltado também com as coisas do sistema. Mas você vem analisando e vê que o sistema como um todo ele não muda. Ele é cíclico o tempo todo. Só muda um pouco as peças ali. Você tem que se moldar dentro daquilo ali. É difícil você lidar com uma pessoa que acha que está tudo ruim. E também acho que lidar com uma pessoa que acha que está tudo bom também é horrível. Então é como aquilo que eu te falei: você tem que se permitir errar um pouco durante o dia. Errar é saudável porque se não houvesse erro não tem lição aprendida. Você só tem a lição aprendida porque alguém errou. E se alguém errou uma pessoa errou pra evitar que outros muitos errassem. Então a Petrobrás está de parabéns por este iniciativa. Tomara que essa iniciativa, como eu falei, alavanque outras instituições que não só a Petrobrás. Por exemplo, a Petrobrás agora eu vi um depoimento fantástico ontem na TVE a respeito do biodiesel. Aquilo é uma maneira de fazer hoje o que vocês estão fazendo também aqui. Mas em tempo real, não contando uma história. Eu acho que a Petrobrás está de parabéns. Eu gosto muito de estar aqui nesse momento.
P - Está bom. Obrigado Bessa.
R - De nada.
P - Está otima.
FIM DA CABINE
Trechos de áudio:
(Dircles?)
(surgência?)
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