A família do meu pai é de origem judaica, o que sempre foi muito estranho pra mim, pois para aqueles que são judeus que seguem a religião, eu não sou considerada judia, porém para todo o resto, sou. Minha família nunca foi muito de ser devota a religião, apesar de ter sobrevivido à segunda guerra graças a Israel. Depois que minha avó morreu, toda a tradição religiosa da minha família se perdeu.
Passado um ano de sua morte, decidi ir conhecer melhor a terra que salvou minha família; larguei a faculdade pela metade, peguei um avião e fui parar em um kibbutz em Israel, entre as maiores cidades do país: Haifa e Tel Aviv. Meu pai me contava, que quando tinha a minha idade morou neste lugar, um lugar diferente de tudo que eu poderia imaginar, ele me contava que lá não existia dinheiro, todos da comunidade trabalhavam e ganhavam fichas, que poderiam ser trocadas por produtos e me contava ainda, que as necessidades básicas dos membros da comunidade eram sempre atendidas: todos tinham casa, comida, educação e saúde sem precisar se preocupar. Fui pra lá super curiosa e esperançosa, afinal, que bonito poder conhecer outra forma de organização! Quando cheguei, me alojaram em um quarto e me explicaram como funcionariam os próximos seis meses da minha vida: Acordaria pela manhã, trabalharia no jardim de toda a comunidade e pela tarde, aprenderia hebraico. Meu quarto era bem pequeno, viviamos eu e mais duas meninas, uma sul africana e uma espanhola.
O mais curioso, é que elas não conseguiam se comunicar, pois uma falava inglês, e a outra, espanhol, e como eu dormia no meio, ficava de tradutora. Preciso admitir que foi bem complicado, e funcionou por um tempo, até eu começar a aprender hebraico e misturar todos os idiomas e depois disso, a comunicação no quarto ficou complicada! Foi uma experiência muito diferente pra mim, conhecer Israel, a religião, a comunidade e ser jardineira por algum tempo. Claro que as coisas não eram como meu pai...
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A família do meu pai é de origem judaica, o que sempre foi muito estranho pra mim, pois para aqueles que são judeus que seguem a religião, eu não sou considerada judia, porém para todo o resto, sou. Minha família nunca foi muito de ser devota a religião, apesar de ter sobrevivido à segunda guerra graças a Israel. Depois que minha avó morreu, toda a tradição religiosa da minha família se perdeu.
Passado um ano de sua morte, decidi ir conhecer melhor a terra que salvou minha família; larguei a faculdade pela metade, peguei um avião e fui parar em um kibbutz em Israel, entre as maiores cidades do país: Haifa e Tel Aviv. Meu pai me contava, que quando tinha a minha idade morou neste lugar, um lugar diferente de tudo que eu poderia imaginar, ele me contava que lá não existia dinheiro, todos da comunidade trabalhavam e ganhavam fichas, que poderiam ser trocadas por produtos e me contava ainda, que as necessidades básicas dos membros da comunidade eram sempre atendidas: todos tinham casa, comida, educação e saúde sem precisar se preocupar. Fui pra lá super curiosa e esperançosa, afinal, que bonito poder conhecer outra forma de organização! Quando cheguei, me alojaram em um quarto e me explicaram como funcionariam os próximos seis meses da minha vida: Acordaria pela manhã, trabalharia no jardim de toda a comunidade e pela tarde, aprenderia hebraico. Meu quarto era bem pequeno, viviamos eu e mais duas meninas, uma sul africana e uma espanhola.
O mais curioso, é que elas não conseguiam se comunicar, pois uma falava inglês, e a outra, espanhol, e como eu dormia no meio, ficava de tradutora. Preciso admitir que foi bem complicado, e funcionou por um tempo, até eu começar a aprender hebraico e misturar todos os idiomas e depois disso, a comunicação no quarto ficou complicada! Foi uma experiência muito diferente pra mim, conhecer Israel, a religião, a comunidade e ser jardineira por algum tempo. Claro que as coisas não eram como meu pai me contava, o capitalismo vai chegando cada vez mais perto desta utopia Israelense. Lembro-me que quando trabalhava no jardim, tínhamos que tirar muitas pragas da terra, e a que mais tinha, se chamava “predador de Judeu”. Até hoje vejo esta planta espalhada pelas ruas, até na minha casa tem! Ai não tem como não lembrar dos dias de jardineira.
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