Projeto: Memória da Petrobras
Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista de Janilo Alves
Entrevistado por Eliana Santos
Mossoró, 16 de fevereiro de 2005
Código: CBRNCE012
Transcrito por Ingrid Robyn
Revisado por Francielle Cruz
P – Bom dia.
R – Bom dia.
P – Queria começar pedindo que o senhor nos fale o seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Meu nome é Janilo Carvalho Alves, nasci na cidade de Caiacó, Rio Grande do Norte, em 25 de Janeiro de 1963.
P – Janilo, conta pra gente como que foi o seu ingresso na Petrobrás e quando foi.
R – Em 1984, eu havia terminado a escola técnica federal, e a empresa, a Petrobrás, na época, junto com a escola, tinha um convênio de estágios oferecido pra alunos que terminassem a escola técnica. Depois de uma tentativa de trabalho em Rondônia, no estado de Rondônia, retornei porque não foi satisfatório e soube dessa vaga que tinha, onde a empresa estava recebendo estagiários da escola técnica. Nisso eu me dirigi até a empresa, fui recebido e encaminhado ao ________ Rodrigues, onde posteriormente foram feitas provas avaliatórias pra poder haver o ingresso na empresa.
P – E você foi pra qual setor?
R – Na época, antigo (Dirol?), que era a divisão de óleo. Eu fui deslocado pra __________ Rodrigues, pra trabalhar naquela região de _________ Rodrigues, juntamente com ___________, e morando na cidade do Açu, que era a cidade mais próxima do campo.
P – E isso já aqui em Mossoró? O senhor veio direto pra cá ou não?
R – Não, direto pra cidade do Açu, pra trabalhar no ___________ Rodrigues e imediações.
P – E o senhor trabalhou com qual função?
R – Na época eu era praticante de produção, ou seja, fazia ( avalidações? ) nos poços, né? O estado dos poços, vendo se estavam produzindo ou não, e outras operações relativas à atividade.
P – E conta um pouquinho dessa sua trajetória. A partir daí o senhor foi pra qual setor? Quais foram os...
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Projeto: Memória da Petrobras
Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista de Janilo Alves
Entrevistado por Eliana Santos
Mossoró, 16 de fevereiro de 2005
Código: CBRNCE012
Transcrito por Ingrid Robyn
Revisado por Francielle Cruz
P – Bom dia.
R – Bom dia.
P – Queria começar pedindo que o senhor nos fale o seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Meu nome é Janilo Carvalho Alves, nasci na cidade de Caiacó, Rio Grande do Norte, em 25 de Janeiro de 1963.
P – Janilo, conta pra gente como que foi o seu ingresso na Petrobrás e quando foi.
R – Em 1984, eu havia terminado a escola técnica federal, e a empresa, a Petrobrás, na época, junto com a escola, tinha um convênio de estágios oferecido pra alunos que terminassem a escola técnica. Depois de uma tentativa de trabalho em Rondônia, no estado de Rondônia, retornei porque não foi satisfatório e soube dessa vaga que tinha, onde a empresa estava recebendo estagiários da escola técnica. Nisso eu me dirigi até a empresa, fui recebido e encaminhado ao ________ Rodrigues, onde posteriormente foram feitas provas avaliatórias pra poder haver o ingresso na empresa.
P – E você foi pra qual setor?
R – Na época, antigo (Dirol?), que era a divisão de óleo. Eu fui deslocado pra __________ Rodrigues, pra trabalhar naquela região de _________ Rodrigues, juntamente com ___________, e morando na cidade do Açu, que era a cidade mais próxima do campo.
P – E isso já aqui em Mossoró? O senhor veio direto pra cá ou não?
R – Não, direto pra cidade do Açu, pra trabalhar no ___________ Rodrigues e imediações.
P – E o senhor trabalhou com qual função?
R – Na época eu era praticante de produção, ou seja, fazia ( avalidações? ) nos poços, né? O estado dos poços, vendo se estavam produzindo ou não, e outras operações relativas à atividade.
P – E conta um pouquinho dessa sua trajetória. A partir daí o senhor foi pra qual setor? Quais foram os setores por que o senhor passou, assim, com quais funções?
R – Bem, depois de praticante de produção eu passei pra auxiliar de produção, ainda no campo de Estreito, trabalhando também no campo de Cerraria, também na mesma região do ________ Rodrigues, por ali. Depois vim transferido pra Mossoró, no campo de... na cidade de Mossoró, fui trabalhar no campo canto do Amaro, também, na época, já existia o campo de Lorena, e alguns poços do campo de Livramento. O serviço era, basicamente, já na nova função, já era controlando a produção, ou seja, fazendo cálculo de produção, e também verificando estoques pra poder transferir óleo através de carretas, naquela época.
P – Nesse tempo todo de trabalho, o senhor tem, assim, alguma lembrança, alguma história marcante que o senhor tenha vivido, engraçada, enfim, que o senhor considere importante?
R – É, na época que eu estava morando e trabalhando no Estreito, era uma época em que ainda estavam se desenvolvendo os campos, né? Então nós não tínhamos infra-estrutura como temos hoje, existia toda a comunicação feita por rádio. E tínhamos, principalmente na época de inverno, problemas com a (Toureiros?) com relação às carretas que iam chegar até os campos de petróleo pra nas estações coletoras retirar o óleo. Tínhamos um problema porque nós não podíamos, também, parar os poços, que tinham que ser parados um a um, e isso fazia com que a gente trabalhasse com um certo cuidado a mais, porque mesmo os poços desligados, mesmo assim os tanques ainda continuavam a receber óleo; era uma preocupação imensa. E, com isso, carretas atolavam, carretas viravam, carretas desciam, não conseguiam subir as ladeiras, pois patinavam na lama, e era uma preocupação imensa. Uma das coisas que me marcou muito, que eu nunca esqueci, foi um dia em que não dava mais tempo, tinha que parar os poços. Essa estação tinha 48 poços, aproximadamente, e essa carreta, quando nós conseguimos desatolar, ela ficou embaixo da estação coletora, onde tínhamos que colocar um mangote no tanque dela.
P – O que é mangote?
R – Mangote é uma mangueira de nylon flexível, certo, que serve pra o óleo, quando vem dos tanques, através de uma linha de oleoduto, ele faz a conexão pra dentro da carreta, do tanque da carreta. E essa carreta ficou aproximadamente a um metro de distância, patinando embaixo, e não dava mais tempo nem de desligar os poços, não tinha como puxar essa carreta, era uma coisa impressionante. Até que, calçando os pneus com palha de carnaúba, que tinha na época, e troncos secos de carnaúba, conseguimos colocar essa carreta embaixo. É uma das dificuldades, né? Outro fato importante - importante, melhor dizendo, cômico, na época -, como existia... Na época era inverno, e a gente tinha que sair também abastecendo os postos que trabalhavam com óleo diesel, e numa das vezes a caminhonete atolou; estava eu e outro companheiro, e resolvemos tirar essa caminhonete mesmo na força mesmo do braço pra... Ela estava mais patinando. E nisso, quando o motorista acelerava, ficávamos atrás dos pneus da caminhonete. Falta de experiência. E terminou a gente tomando banho de lama jogada pelos pneus da caminhonete, porque eles estavam patinando. E sujou toda a nossa farda, rosto, tudo. É outra coisa também engraçada, mas devida a essas dificuldades que enfrentávamos na época.
P – E o senhor acha que muita coisa mudou na sua atividade ou não?
R – Ah, sim, hoje eu estou em outra atividade, hoje eu sou mecânico. Dentro das estações, as mudanças que aconteceram nesses 20 anos que se passaram são impressionantes. Nós temos hoje toda a comunicação feita... ainda existem rádios, mas é bem menos o uso do rádio, temos telefones em todas as estações, computadores, onde podemos nos conectar, aí, também, ter informação - como que eu posso dizer, assim? - a mais atual possível, o que favorece bastante, né? Vias pavimentadas, bastante... um número muito grande de oleodutos, que favorecem essa transferência, que antes, feitas por carretas, hoje, oleodutos, que através do próprio computador a gente pode esvaziar - a gente, melhor dizendo, os operadores, porque como eu falei estou noutra função hoje - e os operadores controlam tudo, a maioria delas, por computador, eles conseguem ligar as bombas e desligar tudo através de computador, e na época não, tinha que ser mesmo no mano-a-mano. Tínhamos que se deslocar estação por estação, carreta por carreta, pra poder fazer essa substituição de carreta nos poços que ainda não estavam interligados à estação, ligar bomba e desligar bomba também tinha que ser no mano-a-mano, a gente tinha que chegar em cada estação, ________ (manobra?) pra cada estação, ligar e desligar. E isso tudo fazendo uma previsão da produção para aquele horário, pois em determinadas horas do dia, as estações, por o calor ajudar no refino do óleo lá embaixo, ela produz um pouco mais; já quando é de noite, algumas estações, dependendo do local, elas produzem um pouco menos. E isso hoje tá... A vida de operador tá bem menos difícil do que antes.
P – Senhor Janilo, o senhor tem alguma outra história marcante que o senhor tenha vivido aqui na RNCE (Unidade de Operações de Exploração e Produção do Rio Grande do Norte e Ceará) que o senhor queira contar pra gente?
R – Sim. Com o passar do tempo, também tem (a história?) das greves que vivemos, passadas, e teve uma - como é que eu posso dizer? - mudança grande, que está tendo sempre, com relação à atuação do nosso sindicato junto à empresa, seja ela nossa empresa, como também empresas contratadas. E uma das coisas, de movimento, de que eu me lembro, foi numa das greves em que... Eu não fui da época do regime militar, nasci na época, mas graças a Deus não encontrei isso no meu caminho, mas tive a experiência de ver polícia e também exército dentro de nossas instalações, a nos vigiar, vamos dizer assim, trabalhando ao lado deles. E também tivemos que... Outra greve, também, em que... Greve de 1995, onde a gente teve uma adesão muito grande, onde saímos parando todos os poços que existiam, em que, podemos até dizer assim, faltaram poços pra parar, tamanha a adesão dessa greve. Junto a isso, esses dois movimentos de que eu me recordo bem. Têm as melhorias que o sindicato vem propiciando pra gente, certo; desde a cobrança de exames de saúde pra gente, como do pessoal de contratada, como também ampliação... pessoal de contratada ____________ com relação à assistência médica, que antes eles não tinham, hoje faz cobrança, está sendo implantado. Hoje, o trabalhador, além de ele ter sua assistência médica, que não existia, como falei ainda há pouco, já tá sendo estendida aos familiares. Então eu acredito isso sendo um ganho muito... Não só pra o trabalhador Petrobrás em si, mas também pra aqueles que auxiliam na extração do petróleo, certo, pois acreditamos ser ele também um petroleiro; se ele está ali conosco enfrentando sol, chuva, e os mesmos riscos que nós corremos, eles também, então eles têm que ter também uma condição digna pra trabalho e também pra que, quando esteja no trabalho, esteja sabendo que sua família está amparada em casa.
P – Claro. Ainda dentro disso, o senhor já ocupou ou está ocupando algum cargo no sindicato, senhor Janilo?
R – Sim. Hoje eu faço parte do sindicato RN (Rio Grande do Norte), hoje eu sou diretor, certo, e contribuo também, no que posso, pra melhoria junto aos trabalhadores de uma forma geral.
P – E dentro dessa sua atuação, qual, assim, o movimento que vocês têm realizado, estão realizando, que o senhor queira contar pra gente, dentro desse período em que o senhor tá atuando enquanto diretor do sindicato?
R – Olha, nós temos parceria, vamos dizer assim, junto à empresa, com relação ao programa Fome Zero, com relação também à inclusão social, onde o sindicato está sendo convidado pela empresa, numa mudança nova de gestão que está tendo, muito válida, pra participar desses projetos, projetos onde a gente pode colocar também a sociedade a par do que é a Petrobrás e do que o sindicato pode fazer junto à empresa, trabalhando junto. Esses dois projetos em que eu tive participação, que eu acompanhei, onde a gente pode ver que numa ação voluntária como o Fome Zero, onde a gente chega pra distribuir os alimentos, onde a gente vê a necessidade do povo, como que eles vivem, e chegamos com aquelas feiras pra distribuir, a alegria é uma coisa impressionante nos olhos desse pessoal, os olhos brilham quando vêem isso. É um dos projetos em que eu acredito que o governo, junto com a Petrobrás, devia investir mais, porque só sabe o que é quem vê, quem vai distribuir e vê aquele pessoal recebendo uma cesta básica que, às vezes, vai durar poucos dias, mas a alegria deles é imensa.
P – É um dos projetos em que vocês estão trabalhando agora, né?
R – É.
P – Estão mais atuantes.
R – Exatamente. Esse junto com a inclusão social.
P – Bacana, seu Janilo. E dentro desse movimento de que o senhor tem participado, tem alguma outra coisas que o senhor queira destacar dos movimentos sindicais que o senhor tenha vivido?
P – Olha...
R – Que tenha lhe marcado.
R – Eu sempre participei do sindicato, mas indiretamente. Agora que fui convidado pra essa nova gestão, essa nova diretoria, ou melhor, pra fazer parte dessa diretoria, e vejo o quanto um sindicato é importante, e observar certas coisas que, às vezes, pelo tamanho que a nossa empresa é, às vezes não se consegue enxergar. E o sindicato, ele tem um papel muito importante, certo? Ainda bem que o nosso sindicato, aqui, ele procura ver também não só o lado do funcionário Petrobrás, como eu já falei antes, mas de funcionários que trabalham na estação de petróleo de um modo geral, fazendo com que esses funcionários tenham uma condição digna, pelo menos de trabalho e de vida, porque algumas empresas, infelizmente, ainda... alguns patrões, não todos, logicamente, ainda mantém um certo pensamento de explorar cada vez mais o trabalhador. E se a gente, o sindicato, e a própria Petrobrás, não estiver em cima disso, trabalhando pra que os contratos sejam bem fiscalizados, pra que esse pessoal tenha uma condição digna de transporte, de alimentação, de estadia, e até mesmo de ferramentas pra trabalho, entende? E isso é uma das coisas que eu vejo que na atuação sindical tem que ter e tem que estar sempre presente, pois são muitos contratos, são muitas empresas trabalhando em locais remotos, fica até difícil de se fazer uma fiscalização. Então, o sindicato conta, também, muito com a ajuda do trabalhador, que quando chega pra reclamar e a gente vai verificar se realmente tem fundamento a reclamação dele, e na maioria das vezes tem, a gente vai e pressiona a empresa pra que ela cumpra as cláusulas de contrato e também as leis trabalhistas, que muitas vezes eles ignoram, deixando funcionários com EPIs já desgastados, alimentação chegando fora de hora no campo, descontando às vezes indevidamente do funcionário. E se não tivermos um sindicato atuante, que observe tudo isso, com certeza esse pessoal vai ficar cada vez mais à esquerda, cada vez mais necessitado.
P – E o senhor acha que a relação do sindicato com a Petrobrás mudou, seu Janilo?
R – Ah, com certeza, nessa nova gestão, mudou. Hoje nós, como falei ainda há pouco, nós somos convidados a participar de alguns projetos, a opinar sobre alguns projetos, nós estamos também sendo ouvidos, sempre estão nos chamando pra conversar, e quando nós queremos conversar, sempre somos recebidos; coisa que, em gestões passadas, era um pouco difícil, esse contato, não era tão, eu posso dizer assim, tão mais fácil de se chegar como estamos tendo hoje, certo? A relação empresa-sindicato tem melhorado, sim, tem melhorado sim, e eu acredito que, com pessoas que pensem tanto de um lado como do outro, no bem-comum entre empregado e empresa, isso vai melhorar ainda mais.
P – Bom, a gente tá caminhando pro final, eu queria perguntar pro senhor o quê que você achou de ter participado do projeto Memória Petrobrás e ter contribuído com o seu depoimento?
R – Olha, um projeto de grande valia, certo, pra mim, tende a trazer a memória da Petrobrás, do quê que foi a Petrobrás, do que ela é e do que ela vai ser, como também dos trabalhadores que nela trabalharam e que trabalham ainda. Eu me sinto feliz em poder participar, em poder colaborar, gostaria de ter mais pra poder contar, mas eu tenho apenas 20 anos de empresa, e não vivi tanto quanto outros colegas que estiveram desde o início, desde o primeiro poço, daqueles que estão lá na floresta Amazônica, ou que estão em alto-mar, que têm, acredito que estejam bem mais ricos em experiências, e que possam ajudar cada vez. Mas está de parabéns, o projeto.
P – Muito obrigada, seu Janilo. Agradeço muito.
R – Muito obrigado também.
‘’--- FIM DA ENTREVISTA ---’’
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