Nome do projeto: Memória Petrobras
Depoimento de Jairo Ribeiro
Entrevistado por Dayse Arosa e Murilo Sebe
Local de gravação: Betim, MG
Data: 26 de agosto de 2004
Realização Museu da Pessoa
Código do depoente PETRO_CB482
Transcrito por: Andréa Penna
P/1 – Bom dia!
R – Bom dia!
P/1 – Gostaria eu gostaria que você dissesse o seu nome completo, a cidade que você nasceu e data do seu nascimento.
R – Meu nome é Jairo de Jesus Ribeiro. Nasci no dia 29 /4 / 1962, em Montes Claros, Norte de Minas.
P/1 – Como é que você entrou na Petrobrás? Conta um pouquinho como é que Você entrou, por onde você entrou, em que data.
R – Eu terminei o curso técnico no Cefet em 1981, no início do ano. Aí comecei a fazer estágio numa das contratadas aqui na Regap, que era a (Teneng?), era uma empresa de montagem. Então, fiz estágio, depois fui admitido nessa empresa como mecânico montador, depois virei soldador. E era muito comum, aliás, é até hoje, as pessoas ficarem em empreiteira. Vai trocando de empresas, os contratos vão terminando, e as pessoas vão mudando, né, de empreiteira. Quando foi em 1983, segundo semestre, ocorreu um concurso na Bacia de Campos, concurso nacional. E eu me inscrevi e passei. Então eu ingressei na Petrobrás em primeiro de outubro de 1983.
P/1 – E aí você foi trabalhar aonde?
R – Na plataforma de Namorado II, em Macaé. Fiz o curso de operador da Reduc e fiquei trabalhando na plataforma de Macaé.
P/1 – Como foi trabalhar na plataforma? Conta um pouquinho dessa experiência para gente.
R – É. Eu era muito novo, né? Então, um impacto para sair de casa. Aquele negócio todo, ir trabalhar longe. Ainda mais no mar. Assustava um pouco no início, mas uma das vantagens da plataforma é que a média de idade era muita parecida. Era muita gente nova, então o entrosamento era legal. Foi muito bom. Até que 1986, eu vi que não dava para continuar mais. Eu queria estudar e não tinha jeito, porque você...
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Nome do projeto: Memória Petrobras
Depoimento de Jairo Ribeiro
Entrevistado por Dayse Arosa e Murilo Sebe
Local de gravação: Betim, MG
Data: 26 de agosto de 2004
Realização Museu da Pessoa
Código do depoente PETRO_CB482
Transcrito por: Andréa Penna
P/1 – Bom dia!
R – Bom dia!
P/1 – Gostaria eu gostaria que você dissesse o seu nome completo, a cidade que você nasceu e data do seu nascimento.
R – Meu nome é Jairo de Jesus Ribeiro. Nasci no dia 29 /4 / 1962, em Montes Claros, Norte de Minas.
P/1 – Como é que você entrou na Petrobrás? Conta um pouquinho como é que Você entrou, por onde você entrou, em que data.
R – Eu terminei o curso técnico no Cefet em 1981, no início do ano. Aí comecei a fazer estágio numa das contratadas aqui na Regap, que era a (Teneng?), era uma empresa de montagem. Então, fiz estágio, depois fui admitido nessa empresa como mecânico montador, depois virei soldador. E era muito comum, aliás, é até hoje, as pessoas ficarem em empreiteira. Vai trocando de empresas, os contratos vão terminando, e as pessoas vão mudando, né, de empreiteira. Quando foi em 1983, segundo semestre, ocorreu um concurso na Bacia de Campos, concurso nacional. E eu me inscrevi e passei. Então eu ingressei na Petrobrás em primeiro de outubro de 1983.
P/1 – E aí você foi trabalhar aonde?
R – Na plataforma de Namorado II, em Macaé. Fiz o curso de operador da Reduc e fiquei trabalhando na plataforma de Macaé.
P/1 – Como foi trabalhar na plataforma? Conta um pouquinho dessa experiência para gente.
R – É. Eu era muito novo, né? Então, um impacto para sair de casa. Aquele negócio todo, ir trabalhar longe. Ainda mais no mar. Assustava um pouco no início, mas uma das vantagens da plataforma é que a média de idade era muita parecida. Era muita gente nova, então o entrosamento era legal. Foi muito bom. Até que 1986, eu vi que não dava para continuar mais. Eu queria estudar e não tinha jeito, porque você ficava 14 dias embarcado e 14 dias de folga. Então, eu optei por sair da Petrobrás. Aí eu pedi demissão, lá na Petrobrás de Macaé e participei de um novo concurso aqui na Regap, em 86 mesmo. Passei no concurso e fui admitido na Regap. Foi assim que eu vim embora para cá.
P/1 – E o que você fazia na plataforma?
R – Na plataforma eu era operador da Área de Utilidades. É aquele cara que cuida das máquinas, dos equipamentos. É o guardião dos equipamentos, vamos dizer assim. Como tem na refinaria também os operadores.
P/1 – E aqui na Refinaria, qual é o seu trabalho?
R – Eu cheguei aqui, comecei trabalhando como operador também, porque eu passei no concurso para operador também, na área de utilidades. Mais ou menos um ano e meio depois, eu fiz um concurso interno para área de manutenção para trabalhar como ATM, que é uma função já extinta, que quer dizer auxiliar técnico de manutenção. Passei e vim trabalhar na área de manutenção. Depois teve outro concurso para ATM I, que seria técnico de manutenção, e até hoje eu trabalho na área de manutenção planejando o serviço, coordenando trabalhos na área de manutenção industrial.
P/1 – E nesse seu trabalho aqui na Regap, você convive com muita gente? Como é que é o seu trabalho, a convivência com seus colegas?
R – A divisão de manutenção é o maior setor da Refinaria. É o maior número de pessoas, tanto da Petrobras, como de contratados. Então, no dia a dia realmente a gente está em contato com muita gente. E é legal. São todas as áreas de instrumentação, de mecânica, de elétrica. E a gente está sempre em contato porque o próprio serviço exige isso. Você tem que estar em contato com as pessoas para exercer sua atividade. É legal! Eu conheço a Refinaria inteira, conheço todo mundo.
P/1 – Então você deve ter muitos casos interessantes, alguma história engraçada que você gostaria de contar ou alguma coisa que te impactou aqui. Alguma história que você gostaria de contar para as pessoas.
R – É, na verdade, tudo de ruim que acontece, eles acham que eu estou no meio. Sabem que eu sou muito brincalhão, então as brincadeiras “ah, isso é coisa do Jairo”. Então, acontece brincadeira, mas brincadeiras sem ofender ninguém obviamente. Mas eu sou danado para botar apelido nas pessoas. E quando eu coloco, pega. Eu sou danado. E na operação teve vários casos. A gente trabalhava a noite, e tal. Eu me lembro de um caso que aconteceu, muito interessante, na época de Utilidades, que o operador tinha que fazer um trabalho de amostragem de água na barragem que fica há 14 quilômetros da Refinaria. E lá tinha uma casa de bomba, um lugar meio, esquisito, no meio do mato. E quando eu cheguei na Refinaria, o cara chegava novato, né, então já botava ele pra fazer esse serviço que ninguém gostava de fazer, que era ir de madrugada lá verificar as bombas, ver se estava tudo funcionando, tudo ok, né? E tinha que fazer um produto químico, preparar, colocar lá na água pra poder proteger as bombas, aquele negócio todo. E pessoal fala “olha, lá tem mula sem cabeça, lá tem defunto, tem de tudo lá naquele negócio”. E aí a gente ia com medo, e eu fui com um medo danado, que eu tava novo na Refinaria e novo de idade também, né? Aí, chegando lá, abri a casa de bombas, acendi as luzes, e no fundo, tinha um quarto que era onde ficava os produtos químicos, aquele negócio todo. E eu num medo terrível, sabe? O carro já ficava parado lá fora, com a porta aberta e ligado, porque qualquer coisa tava fácil de correr. E eles me falaram tanto de alma penada, de defunto, aquele negócio todo que, quando eu cheguei lá, que eu acendi a luz, abri a porta, ventou um pouco, passou uma mão lá na janela, lá no quartinho. Na hora que aquela mão passou, eu falei “pronto, é o defunto que tá aí me esperando”; naquilo, eu já pulei no carro e sumi. Larguei tudo aberto, luz acesa; o capacete caiu no chão, rádio para um lado pro outro, imagina a uma confusão que foi. E vim pra Refinaria: “ei gente, tem gente lá mesmo, tem”. E aí voltei, com o vigilante agora, né,armado. E quando eu cheguei lá, que eu entrei lá dentro, o cara pegava a luva, fazia o produto químico, lavava a luva, pro próximo operador que viesse, e colocava a luva numa vassoura pra escorrer a água pra luva secar. E a vassoura encostadinha. Na hora que eu abri a porta, que o vento entrou, a vassoura caiu e aquela mão passou, e falei “ih, tá doido, isso é defunto”, não teve jeito. Mas esse negócio ficou, pegaram no meu pé muito tempo, sabe? Na verdade, foi só a luva que deu tchau pra mim. Não tinha defunto não tinha nada, não.
P/1 – O que você destacaria, nesses 50 anos da Petrobras, o que você de acha importante a ser destacado na Empresa, ou na história da Empresa ou na convivência que você tem aqui na sua história da Empresa?
R – Olha, a Empresa, eu gosto muito dessa Empresa, né? Eu visto muito a camisa. E acompanhei essas fases todas, de 80 pra cá; esse pico de produção de petróleo na Bacia de Campos. Eu cheguei na Plataforma tinha 12 plataformas, hoje, tem mais de 50. Então, esse avanço da produção aí foi uma coisa fantástica, que o mundo inteiro reconheceu. Essa tecnologia da Petrobras em águas profundas, isso é um negócio fantástico. Eu acho. Outra coisa interessante é a modernização da Regap. Eu cheguei a ser operador e mantenedor no passado e hoje eu vejo o grau de tecnologia que foi incorporado nas instalações (SDCD?), esse controle digital, essa coisa toda. A gente percebe que a Empresa está acompanhando tudo que há mais moderno no mundo em termos de controle operacional da Refinaria. E agora, nós estamos partindo aí para uma terceira fase que eu acho muito importante, que é a implantação do SAP R3 no sistema Petrobras, que é um programa corporativo, um programa de computador que vai unificar todos os setores da Refinaria, todas as áreas de comércio, de manutenção, tributária, tudo vai estar num programa só; ele integra todas as áreas da companhia. E eu acho que a Petrobras vai crescer demais com isso. As maiores empresas de petróleo no mundo já usam o SAP R3. Então, nós estamos nesse processo de implantação. E eu sou um dos Ali’s, que quer dizer Apoiador Local de Implantação. Na manutenção, eu estou fazendo um trabalho que é de migração de dados, de compilação de dados de equipamentos pra esse Sap, que deve entrar agora, no início de 2005. Então, isso aí, realmente, vai ser um foguete que vai impulsionar a Petrobras aí no desenvolvimento pro futuro. Essas três. E a minha pessoal, né, essas que eu falei, é da Empresa. A minha pessoal porque eu fui crescendo com isso também. Tudo que eu tenho, eu tirei da Empesa. Tudo que eu tenho eu adquiri com recursos de salário. E eu cresci também, sou muito realizado. Os projetos pessoais, eu consegui desenvolver todos, de viagem, de moradia, e tudo. E acho que crescemos juntos, eu a Petrobras.
P/2 – Aproveitando um pouco essa relação do Senhor com a Empresa, o Senhor sempre foi filiado ao Sindicato ou o Senhor é filiado ao Sindicato?
R – Sou filiado desde quando eu entrei na Petrobras. Quando eu entrei na Petrobras, lá em Macaé, eu já me sindicalizei ao Sindipetro Minas.
P/2 – E por que logo no início o Senhor se engajou nesse processo de entrar pro Sindicato?
R – Eu acho que o cidadão tem que ser representado. Não existe o CREA, que defende os engenheiros? Não existe o CRO, que defende os profissionais de odontologia, ou o CRM? Eu acho que todo brasileiro, todo cidadão que trabalha tem que ter um órgão que cuida das coisas políticas, vamos dizer assim. Então, eu queria ser representado e tratei logo de me sindicalizar e participei, no passado mais, hoje nem tanto, de reuniões de sindicato e essa coisa toda. Não sou aquele atuante, aquele sindicalista atuante mais, mas eu achava que o cara tem que estar representado; por isso que eu fui e me sindicalizei.
P/2 – De qualquer maneira, a sua participação no Sindicato, era só de durante essas reuniões ou o Senhor exerceu algum cargo, teve alguma coisa assim nesse sentido?
R – Não, eu nunca exerci nenhum cargo, não.
P/2 – E desde o início dessa filiação, ao longo de todos esses anos, o Senhor lembra de algum momento de luta, de participação que foi considerável aqui na Petrobras?
R – É, eu participei, no passado, de vários movimentos. Praticamente todos. Até 95, foi a última greve que eu participei, né, eu estive muito atuante com relação às greves; participava de tudo, de todas elas praticamente.
(continua no CD 4)
(Tenemg?)
(SDCD?)
CD 4 (Cont. do Depoimento REGAP_13 / CD3)
P/2 – Ao longo desses anos, o senhor como funcionário da Petrobras, sindicalizado, como vê essa relação entre a Empresa e o Sindicato?
R – Olha, eu acho que essa relação deveria ser mais amigável. Eu acho que ela não é. A Empresa passa por processos de mudança o tempo todo. Para enfrentar os desafios de mercado, ter que incorporar unidades novas, e todo esse processo aí, agride um pouco o trabalhador. E o Sindicato existe para defender. Mas, deveria ser uma coisa mais amigável, tanto para o lado da Empresa quanto para o lado do Sindicato. Acho que há muito conflito: marca as reuniões, não vai, fica aquela enrolação, aquele negócio. Deveria ser uma relação mais madura, mais profissional, entre a Empresa e o Sindicato.
P/2 – E , de quando o Senhor entrou até agora, a atuação do Sindicato com a Empresa tem mudado?
R – Eu acho que evoluiu muito pouco, muito pouco. Hoje o Sindicato tem que brigar para participar de uma Comissão num eventual acidente. Tinha que ser convidado, né? Por que tem ter briga por causa disso até hoje? Acho que não é legal isso aí.
P/2 – Bom, Seu Jairo, o que achou de ter participado dessa entrevista, que contribuiu para o Projeto Memória da Petrobras?
R – Eu estou achado interessante, primeiro porque eu nunca fui entrevistado dessa forma; e eu gostei porque vocês avisaram com muita antecedência, tem dias que eu estou sabendo disso, então estou super preparado pra isso aqui, né? É justamente ao contrário: laça, atrasa e fala (risos). Mas muito interessante. Legal. Eu nunca tinha participado; primeira vez. Bacana. Gostei.
P/2 – Então é isso.
P/1 – Muito obrigado pela sua entrevista.
P/2 – Obrigado.
R – De nada. Obrigado a vocês!
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