Estava viajando de carro para a cidade que minha avó e mãe nasceram, no interior de Minas Gerais. Chegando lá tinham policiais fazendo uma barreira, parando todos os carros que chegavam a cidade. Tinhamos que descer e mostrar nossos documentos e esperar para eles verificarem se tinhamos mesmo uma casa para estar na cidade. Paramos em uma tenda armada ao lado de um lago e tinham dois jacarés muito grandes. Dois homens espantavam eles para não saírem da água. Eu olhava a cena e pensava que não poderia dar certo isso, pois os jacares iam ficar muito zangados e iam atacá-los. Foi o que aconteceu, um deles saiu da água e mordeu o pé de um dos homens, que ficava gritando pedindo ajuda e o jacaré não soltava seu pé. Olhava a cena, paralisada, sem conseguir sair do lugar.
Que associações você faz entre seu sonho e o momento de pandemia?
Associo ao momento de isolamento, pois não posso ir até essa cidade visitar minha família e passar um tempo na casa de lá. Associo também ao bloqueio da cidade a pandemia e a tentativa de conter a entrada de pessoas não moradoras da cidade, para tentar conter a chegada do vírus. O fato de estar paralisada e ver o jacaré atacar associo a sensação de impotência que estamos passando ao ver o descaso do governo em relação às mortes e em lidar com a pandemia.