Nome do Projeto: Memória Petrobras
Depoimento de Júlio Cesar de Almeida
Entrevistado por José Santos e Eliana Santos
Betim/MG
Betim, 25/8/2004
Realização Museu da Pessoa
Código do depoente PETRO_CB471
Transcrito por: Maria Luiza Pereira
P/1 – Boa tarde, Senhor Júlio.
R – Boa tarde.
P/1 – Queria começar a entrevista perguntando seu nome completo, data e local de nascimento.
R – Júlio César de Almeida, nasci no Rio de Janeiro, em outubro de 1956.
P/1 – E aí? Como é que o senhor veio parar em Minas?
R – Parar em Minas foi na ocasião foi condição de família mesmo. Meu pai era mineiro e de repente ele resolveu voltar para o meio da família. A família toda estava em Minas. Eu, como era de menor, o acompanhei na ocasião. Então, para Minas voltou eu, minha mãe, uma irmã e meu pai, ficando mais dois irmãos no Rio de Janeiro, porque já eram de maiores, não quiseram acompanhar a família, não.
P/1 – Que cidade que vocês vieram morar em Minas ?
R – Eu morei 2 anos em Uberaba, no Triângulo Mineiro e saí de Uberaba para Belo Horizonte. Estou aqui até hoje.
P/1 – Sei... E como é que apareceu aí a Petrobras na vida do senhor?
R – Petrobras apareceu na minha vida foi, no período que eu estava na Aeronáutica já a 3 anos, quase 3 anos que eu estava na Aeronáutica certo e já estava em época de realmente ter que sair, tinha que dar baixa. E eu comentava com um colega e com outro falando: “Oh, a Petrobras está abrindo concurso externo.” E eu vim aqui como outros vieram também e fiz a inscrição na ocasião, para tentar para vigilância mesmo e passei em todas as etapas na ocasião, fiz o curso no estado pela própria Petrobras e estou aqui desde 79 então.
P/1 – E como era aqui a refinaria em 79 ? Era muito diferente de hoje...
R – Bem diferente, bem diferente. A Regap cresceu muito. Mudou muitas coisas né, por que, foram alterando setores que foram acontecendo, que foram mudando. Eu...
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Nome do Projeto: Memória Petrobras
Depoimento de Júlio Cesar de Almeida
Entrevistado por José Santos e Eliana Santos
Betim/MG
Betim, 25/8/2004
Realização Museu da Pessoa
Código do depoente PETRO_CB471
Transcrito por: Maria Luiza Pereira
P/1 – Boa tarde, Senhor Júlio.
R – Boa tarde.
P/1 – Queria começar a entrevista perguntando seu nome completo, data e local de nascimento.
R – Júlio César de Almeida, nasci no Rio de Janeiro, em outubro de 1956.
P/1 – E aí? Como é que o senhor veio parar em Minas?
R – Parar em Minas foi na ocasião foi condição de família mesmo. Meu pai era mineiro e de repente ele resolveu voltar para o meio da família. A família toda estava em Minas. Eu, como era de menor, o acompanhei na ocasião. Então, para Minas voltou eu, minha mãe, uma irmã e meu pai, ficando mais dois irmãos no Rio de Janeiro, porque já eram de maiores, não quiseram acompanhar a família, não.
P/1 – Que cidade que vocês vieram morar em Minas ?
R – Eu morei 2 anos em Uberaba, no Triângulo Mineiro e saí de Uberaba para Belo Horizonte. Estou aqui até hoje.
P/1 – Sei... E como é que apareceu aí a Petrobras na vida do senhor?
R – Petrobras apareceu na minha vida foi, no período que eu estava na Aeronáutica já a 3 anos, quase 3 anos que eu estava na Aeronáutica certo e já estava em época de realmente ter que sair, tinha que dar baixa. E eu comentava com um colega e com outro falando: “Oh, a Petrobras está abrindo concurso externo.” E eu vim aqui como outros vieram também e fiz a inscrição na ocasião, para tentar para vigilância mesmo e passei em todas as etapas na ocasião, fiz o curso no estado pela própria Petrobras e estou aqui desde 79 então.
P/1 – E como era aqui a refinaria em 79 ? Era muito diferente de hoje...
R – Bem diferente, bem diferente. A Regap cresceu muito. Mudou muitas coisas né, por que, foram alterando setores que foram acontecendo, que foram mudando. Eu cheguei aqui o meu setor era (Segim?) aí eu até vou comentar uma história aqui; a história era (Segim?). E naquela ocasião em 79 eu estava determinadamente, num determinado momento uma pessoa chegou para mim e falou assim, perguntou o seguinte: “escuta, quem é o Serginho lá na Petrobras?” Aí, eu falei assim: - Serginho?;
“ É, toda vez que eu ligo prá lá o Serginho atende o telefone.”; “Não, no meu setor não tem Serginho não.” Aí ele falou: “tem ué, eu ligo, Serginho – Petrobras.” Eu falei assim: - Pô, não será Segim, não? Entendeu. E realmente era Segim né, entendeu. Então, o pessoal entendia que a Sergim tava, a qualquer hora que ligasse o Serginho atendia, sabe. E foram tendo alterações né, algumas que foram bem recebidas, outras não foram bem recebidas, mas faz parte do contexto, das mudanças. Mas, mudou bem. Até em termos de produção. A refinaria era bem menor, hoje já aumentou bem e unidades novas, tal, estão com unidades novas de (HDT?) e estão falando nas unidades de gasolina, né? Isso é bom, isso é interessante, tem que progredir, tem que ir prá frente.
P/1 – E, podia descrever um pouquinho como é que é o seu dia-a-dia e o seu cotidiano de trabalho.
R – Não, eu sou inspetor da vigilância, inspetor do grupo um e eventualmente eu dou um apoio ao supervisor, o supervisor Tadeu, certo e em determinado momento eu fico com a carga muito grande de atividade, eu venho para o administrativo e dou apoio para ele no cotidiano. Então, a gente tem que dividir as tarefas. Eu vou para um lado resolver umas situações, fico do outro resolvendo, para a gente canalizar as coisas, mas o meu regime mesmo é de turno, trabalho no turno. Devo estar voltando agora esses dias para já combinando que eu estou voltando aí para frente, estou voltando. Semana que vem estou no turno.
P/1 – Tá. E dentro do seu dia-a-dia de trabalho deve ter tido aí algumas histórias curiosas, algumas histórias engraçadas, podia lembrar alguma?
R – É, tenho, sempre tem alguma coisa né? Acho que a própria vigilância, assim, não é nem de engraçado não. O vigilante, ele já é uma figura que, quando ele chega ou quando ele é visto a pessoa, ele é uma figura assim meio antipática, porque é um cara que está armando, fardado e isso é sempre ruim você encontrar alguém na tua frente desse jeito. E, a gente tem alguns problemas de algumas pessoas que lá pelas tantas não entendem a nossa função e cria alguns casos. Mas, a gente vai tentando contornar as coisas, porque a gente não deixa de ser um cartão de visita da refinaria. Quem chega, o primeiro contato é com o vigilante, tal, para serem encaminhado algum local e tem que ter um jogo de cintura que tem hora que realmente (risos) da vontade de você sair do sério com algumas pessoas, entendeu? Agora assim, um fato que eu posso lembrar, foi muitas coisas nesse tempo todo aí de Petrobras. Mas, hoje eu estava até lembrando isso, sobre esse fatos, foi de um colega... um vigilante, já é aposentado e determinada ocasião ele era turno, zero hora, trabalhou em zero hora e o telefone tocou e a pessoa que se identificou para ele do outro lado da linha era alguma coisa parecida com Monte Hotel. Sei lá. Não sei precisar o nome exato. Mas aí a pessoa do outro lado da linha falou assim: “Ó, aqui é do Monte Hotel pode bombear?”, aí eu falei: “enfia o ferro.” Aí, rapaz, passou um tempinho estava o pessoal do Cetrae né, transferência e estocagem, todo mundo louco que tinha um tanque que estava transbordando. Pô, mais quem que mandou bombear? (risos) Aí eu não sabia se quem tinha mandado bombear. Corremos ligar para o pessoal lá da onde poderia ter vindo esse comando e o operador lá do outro falou: “olha, eu liguei para aí e me autorizaram a bombear.” Não. Aqui no Cetrae ninguém te autorizou a bombear. Ele falou: “não, tá até que anotado aqui. Foi o (Celedório?).” (Celedório?) é vigilante. Ele não pode ter feito isso. Aí, ligaram pro (Celedório?), ele falou: “Ué, mandei.”; “Mas, como é que você mandou?” ; “O cara falou Monte Hotel eu entendi era motel. Quatro 4 horas da manhã. Eu estou aqui trabalhando, o cara falou assim: “É do Motel, pode bombear?” “Eu falei assim, o cara está de sacanagem comigo. Pô, enfia o ferro.”(risos) Quase que teve um prejuízo para a refinaria. Transbordou o produto. Mas é um detalhe assim, né? Eu lembro que está mais na memória no momento foi essa história do (Celedório?). Figura boa, gente boa.
P/1 – É né, a história é boa. Conta mais uma.
R – Mais uma? Vamos lá. Vamos ver se a gente lembra aqui... a gente está fora, a gente começa a lembrar, quando está junto, é meio difícil a lembrança.(pausa). Gente... Ah! Também tem uma boa. Outro vigilante antigo. Adilson. Aposentado também. Gente boa. Adilson, ele estava nessa portaria principal aqui, 4 e meia da tarde, saindo um caminhão básculo com brita. Cheio de brita. Ele chegou para o cara, o motorista e falou assim: “Cadê a saída do material ?” Cara falou assim: “não tenho não.” “Pô ! Mas, não pode sair não. Sem a saída do material não pode sair da área.” “Ah, mais eu tô na minha hora, tenho que ir embora.” Ele falou: “Não. Mas, o caminhão não pode sair agora.” Aí o cara falou: “como é que eu faço ?” “Você volta lá no local onde estava a brita, descarrega lá e aí o caminho sozinho você sai, com material não.” O cara falou para ele assim: “e se eu bascular aqui ?” Ele falou: “Ué, problema seu.” O cara basculou um caminhão de brita aqui na portaria, 4 e meia na saída dos ônibus administrativo.(risos) Aquela zona, como é que sai? 4 e meia ! Aquele tanto de ônibus querendo sair da refinaria e uma montanha de brita. Tentaram contornar, contornaram e resolveram a situação na ocasião. Tinha que resolver para o pessoal ir embora, mas foi alguma coisa que ficou na lembrança. Nesse período aí.
P/1 – É o pico da saída 4 e meia ?
R – 4 e meia o cara basculou um caminhão de brita ali na portaria. (riso) Essa história é um trem louco, sabe. Estou tentanto lembrar aqui algumas cômicas, sabe...
P/1 – E fora isso assim, alguma lembrança marcante de trabalho, de colegas de trabalho ?
R – Acidentes né. De uma certa forma nos marcaram, acho que todos nós. Algumas perdas que nós tivemos aí. Aqui, dentro na Regap. A P-36 acho que também foi um fato muito marcante na vida de tudo quanto foi petroleiro. São assim, o marcante mesmo para mim, em Petrobras, pra mim foi a P-36. No contexto, né? Agora, aqui na Regap 3 acidentes que nós tivemos aqui que levaram alguns colegas, deixa aí algumas sequelas. Vamos levando, que é preferível que não aconteça mas, acontece e a gente tem que saber pular essa barreira aí e continuar, porque a vida continua. Tem que ir em frente.
P/1 – E o que que é ser petroleiro para o senhor ?
R - Olha, para mim é oxigênio puro, sabe? Eu não tinha conceito do que era a Petrobras. E cheguei aqui sem saber o que que era, para onde que eu estava vindo. E esse tempo aí a gente vai conhecendo essa Empresa, vendo o que ela representa no contexto nacional e até internacional. Onde ela está envolvida, em setores que ela se envolve, que eu não poderia nunca imaginar. Petrobras? Que que tem haver Petrobras com tartaruga ? Eu conheço lá o Xisto. E, a Petrobras tem um trabalho muito bonito lá de reflorestamento. Onde ela tira a pedra ela recompõe o local, a área. Essa exploração em águas profundas que a gente houve falar e não conheço de perto e tal, mas a gente ouve e lê. A própria grandeza da Petrobras é que te dá um soro de você estar em constante atividade. Trabalhando e procurando soluções e correndo atrás de algum prejuízo dentro da sua área, cada um na sua área. Porque é gratificante estar aqui. É muito bom mesmo. O que eu consegui adquirir ao longo desse período eu devo a Petrobras. Não posso esquecer de forma nenhuma, certo? Eu tenho um filho que hoje está com 22 anos, o Igor, eu costumo falar com o pessoal que, se eu não estivesse na Petrobras na época que o meu filho nasceu e precisando de médico como ele precisou, eu tenho dúvida se... e eu na ocasião não dispuzesse da assistência médica que eu tive na Petrobras, o apoio que eu tive, eu tenho dúvida se o meu filho estaria vivo hoje. Eu tenho muita dúvida. Isso eu condiciono Deus, a área médica né, os médicos que estiveram com meu filho e a Petrobras. Porque, assim, eu tenho no meu conceito, é até triste falar, porque eu sou brasileiro, acho que se o meu filho depende de um INPS certo, para ter um atendimento, ele estava morto. E ele não está, ele está aí vivo e graças a Deus com saúde, porque eu tinha a Petrobras e eu tinha assistência médica para tratar dele. Então, são lá pelas tantas, coisas que marcam a nossa vida. E eu só posso dizer que eu gosto muito da Petrobras. Vou aposentar um dia, vou sair um dia. Já está quase chegando esse dia. Acredito que vou deixar e vou levar muita saudade e deixar algumas também.
P/1 - Ah, é verdade. E para terminar aqui a nossa entrevista, queria dizer como o senhor se sente aí, dando o seu depoimento para o Projeto Memórias dos Trabalhadores da Petrobras.
R – Olha,(risos) interessante né, porque é tudo diferente. Eu nunca participei num ambiente desses, que eu tivesse em frente aí, duas pessoas, sendo entrevistado, gravando aí num estúdio improvisado. Li alguma coisa na internet que esse trabalho ia começar. Essas são as diferenças da Petrobras em montar um aparato desses todo aí, visando criar uma memória de pessoas que você não vê aí fora alguém fazendo isso. Pelo menos eu não tenho esse conhecimento, pode ser falta de informação. Eu acho que é um projeto interessante, entendeu? Não tenho dúvida que vai ter uma recepção muito forte. Porque, quem passa aqui como eu, como o colega que esteve aqui antes ____________. Mas, vamos divulgar isso. Acho que as pessoas vão ter curiosidade de vir aqui conhecer e acredito que tem que até participar.
P/1 – Que ótimo! Divulgue mesmo que amanhã a gente está precisando de uma turma nova.
R – Ok..
P/1 – Foi um prazer falar com o senhor, muito obrigado pela entrevista.
R – Ok. Eu que agradeço.
P/2 – Muito obrigada senhor Júlio.
R – Eu que agradeço. Tá bom.
(Fim da fita Mpet / CB Regap 002)
(Segim?)
(HDT?)
(Cetrai?)
(Celedório?)
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