Projeto: Memória Petrobras
Depoimento de Isa Coimbra de Albuquerque
Entrevistada por Priscila Cabral
Brasília, 09/02/2007
Realização Museu da Pessoa
Entrevista PETRO_CB572
Transcrito por: Maria Luiza Pereira
P/1 – Bom Isa, vamos começar. Primeiro eu queria que você falasse o seu nome, cidade em que nasceu e data de nascimento.
R – Bem o meu nome é Isa, eu tenho 47 anos, nasci em Belém do Pará, no dia 11/12/1959.
P/1 – E fala um pouquinho para a gente, como é que foi o seu ingresso na Petrobras, se foi por meio de concurso, como é que foi.
R – É, eu...
P/1 – E se você lembrar da data, também.
R – Bem, o concurso é o 001, da Petrobras Distribuidora, foi em 1994 e eu aguardei por 2 anos ser convocada pra companhia. E isso aconteceu em 1o de julho de 1996. E eu fui chamada para ir para Cuiabá e nessa época, eu sou casada com militar, eu estava morando no Rio Grande do Sul. E aí eu me distanciei na minha família por dois anos, 18 dias e seis horas.
P/1 – E você já tinha idéia de trabalhar na Petrobras, foi por acaso?
R – Na realidade, por ser esposa de militar, minha vida foi um pouco de cigana. Então, a cada dois anos, a cada um ano, eu mudava e isso fazia com que eu não desenvolvesse uma carreia. Então eu resolvi também ser uma funcionária pública, né, se não federal, mas que eu pudesse, nas transferências do meu marido, estar acompanhando. E fiz vários concursos. Tive sucesso em alguns e insucessos em outros. E nos que eu tive sucesso foi a Petrobras, a que primeiro me convocou foi a Petrobras e foi muito feliz por estar nela. (riso)
P/1 – E me conta como foi desde a sua entrada, até hoje, os setores por onde você passou, as atividades que você desenvolveu, comenta um pouquinho essa trajetória.
R – Bem, eu me considero assim, sendo a Indiana Jones versão feminina, porque quando eu fui para Cuiabá, a região que eu atuava como assessora comercial, que presta assessoria aos postos de gasolina,...
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Depoimento de Isa Coimbra de Albuquerque
Entrevistada por Priscila Cabral
Brasília, 09/02/2007
Realização Museu da Pessoa
Entrevista PETRO_CB572
Transcrito por: Maria Luiza Pereira
P/1 – Bom Isa, vamos começar. Primeiro eu queria que você falasse o seu nome, cidade em que nasceu e data de nascimento.
R – Bem o meu nome é Isa, eu tenho 47 anos, nasci em Belém do Pará, no dia 11/12/1959.
P/1 – E fala um pouquinho para a gente, como é que foi o seu ingresso na Petrobras, se foi por meio de concurso, como é que foi.
R – É, eu...
P/1 – E se você lembrar da data, também.
R – Bem, o concurso é o 001, da Petrobras Distribuidora, foi em 1994 e eu aguardei por 2 anos ser convocada pra companhia. E isso aconteceu em 1o de julho de 1996. E eu fui chamada para ir para Cuiabá e nessa época, eu sou casada com militar, eu estava morando no Rio Grande do Sul. E aí eu me distanciei na minha família por dois anos, 18 dias e seis horas.
P/1 – E você já tinha idéia de trabalhar na Petrobras, foi por acaso?
R – Na realidade, por ser esposa de militar, minha vida foi um pouco de cigana. Então, a cada dois anos, a cada um ano, eu mudava e isso fazia com que eu não desenvolvesse uma carreia. Então eu resolvi também ser uma funcionária pública, né, se não federal, mas que eu pudesse, nas transferências do meu marido, estar acompanhando. E fiz vários concursos. Tive sucesso em alguns e insucessos em outros. E nos que eu tive sucesso foi a Petrobras, a que primeiro me convocou foi a Petrobras e foi muito feliz por estar nela. (riso)
P/1 – E me conta como foi desde a sua entrada, até hoje, os setores por onde você passou, as atividades que você desenvolveu, comenta um pouquinho essa trajetória.
R – Bem, eu me considero assim, sendo a Indiana Jones versão feminina, porque quando eu fui para Cuiabá, a região que eu atuava como assessora comercial, que presta assessoria aos postos de gasolina, da companhia, né, os postos revendedores, a área que eu atuava era uma área muito extensa que fazia fronteira com Pará. Então eu passava dirigindo assim, por reservas indígenas, cheguei a me hospedar em pensões em que eu dividia assim, o espaço com vários índios e essa época pra mim; hoje, eu relembro, mas não com saudades, mas me trouxe muitas experiências de contato com várias pessoas diferentes, né, no meio que eu vivia. Depois eu vim para Brasília, vim transferida para Brasília, atuei como assessora regional de conveniência, que era montando as lojas de conveniência da Petrobras, as BR’s manias. Fiquei por quatro anos como assessora regional de conveniência. Fui para o Rio de Janeiro em 2001 e passei uma parte, um ano apenas no Rio de Janeiro, uma parte como assessora regional de conveniência e uma outra parte na área de marketing, que é a função que eu estou hoje, atualmente. Do Rio de Janeiro, como uma vida de cigana que eu tenho, fui para São Luiz do Maranhão, como assessora comercial, voltei à atividade de assessoria aos postos de revendedores. De São Luiz para Brasília como assessora também dos postos de revendedores. E em 2005 eu recebi uma convocação pra vida, eu fui convocada para vencer uma luta contra o câncer. E fiquei afastada aí por seis meses, nessa maratona e graças a Deus voltei, mas com algumas restrições e uma delas é não poderia voltar para a área comercial como assessora dos postos, né, revendedores. Então, hoje eu tenho uma função um pouco mais leve, menos estressante, eu estou na área de coordenação de marketing que presta apoio à gerência comercial do Distrito Federal, de Tocantins e de Goiás.
P/1 – E nessa atividade atual, eu queria que você explicasse um pouquinho melhor para a gente entender como funciona as suas atividades.
R – É, a coordenação de marketing ela presta um apoio na parte promocional, no controle de qualidade dos postos, que é o nosso programa “De olho no combustível”, desenvolve campanhas promocionais junto aos postos, treinamentos para a nossa equipe, para nossos frentistas, né, a linha de frente dos postos. Então, essas atividades são as que nós desempenhamos na coordenação, acompanhando a pontos, mas sempre como um apoio para as gerências comerciais.
P/1 – Como você falou que agora está no setor de marketing, uma das propostas do plano estratégico da BR é justamente a valorização da marca e eu acho que talvez seria interessante você comentar um pouco, já que você está atuando nessa área, falar um pouquinho como isso vem se desenvolvendo.
R – É, nós temos um programa que está sendo aplicado que se chama “Capacidade Máxima”, que são módulos de treinamento voltados para os gerentes, para os donos de postos, para os franqueados e para a elaboração desse programa foi feito justamente uma campanha com relação à marca. E a marca Petrobras, como resultado dessa pesquisa, foi lembrada em 58% dos entrevistados, né? Então nós podemos perceber o quanto realmente a nossa marca tem valor. Mas, de tudo, o que eu acho importante é que nós temos que lembrar da nossa marca como uma marca que presta bons serviços, como o atendimento, que tem a sua marca vinculada a um programa de qualidade, que é o nosso “De olho no combustível” e é justamente essa atividade que a coordenação de marketing tem buscado conscientizar, na realidade, os nossos parceiros, da importância da marca que eles representam.
P/1 – E, agora com a BR, vamos dizer, se diversificando, né, no campo de energia, é, eu queria que você comentasse como isso está acontecendo no trabalho de vocês, se muda alguma coisa, quais são os projetos, se existe algum projeto?
R – Você fala no caso das bioenergias?
P/1 – Isso.
R – Eu vejo assim, que muitos colegas não têm conhecimento, né? Eu não sei se por falta de interesse, ou então, se a própria companhia viesse a suprir, né, fazendo um trabalho de conscientização da importância das bioenergias. Citando a título de exemplo, nós recebemos um convite de Furnas, que vai estar realizando agora no final de março, um seminário sobre energias renováveis, nós vamos estar participando, levando o biodiesel, era para estar dissimulando; dissimulando não é a palavra, é, divulgando sobre o biodiesel. Mas eu vejo que a companhia deveria, na minha visão, a companhia deveria investir mais na força de trabalho, com relação ao esclarecimento da importância das bioenergias, quer dizer, das energias renováveis.
P/1 – Porque você acha que os próprios funcionários ainda não têm...
R – Não despertaram ainda para as energias renováveis.
P/1 – Não despertaram. Aproveitando que a gente está falando disso, nesse seu tempo de Petrobras, né, que você se deslocou bastante, como você falou...
R – Hum, hum.
P/1 – Eu queria que você fizesse considerações sobre a Empresa, sobre a Petrobras, o que que você observou, se houve alguma mudança e se houve alguma mudança interna, como foi, como você assimilou isso?
R – A Empresa, eu pude vivenciar várias mudanças. Mas, acredito ainda que a empresa tenha que crescer muito com relação a relacionamento, a valorização do funcionário. Infelizmente agora, durante o meu processo de tratamento, eu pude descobrir que a companhia precisa melhorar muito sua assistência médica, porque, o que me deixou muito decepcionada é que eu vejo a Companhia batendo recordes e mais recordes de lucratividade, enquanto nós, os formadores desta lucratividade ficam implorando algumas coisas na sua assistência médica. Eu hoje posso e levanto uma bandeira de melhoria com relação à assistência médica da Companhia. Nós precisamos principalmente em se tratando de grande risco, nós precisamos de grandes melhorias.
P/1 – Quando você diz que levanta essa bandeira, você atua no sindicato, algum órgão...?
R – Não, eu não atuo, o nosso sindicato aqui em Brasília é pouco atuante, na época das reuniões do dissídio, das decisões, eu mandei várias correspondências para o sindicato do Rio de Janeiro, eu tive a oportunidade de entregar para a presidente da Petrobras Distribuidora, a Doutora Graça Foster a nossa reivindicação, que é justamente prestar um maior amparo para os portadores de neoplasias, para os portadores de cardiopatias e por aí vai. Então, eu não tive, infelizmente, eu não tive nenhuma resposta, eu só tive acesso ao dissídio onde já tinha, as cláusulas já tinham sido aprovadas e realmente nada mudou. Mas eu continuo acreditando que a companhia vai se importar com isso, porque tem muitos colegas que não vão ter muito tempo para esperar essa melhoria, esperar que as contas da assistência médica tenham um equilíbrio enquanto, volto a repetir, nós estamos batendo recordes de lucratividade. Eu acredito que a companhia pode e deve melhorar com relação à assistência médica.
P/1 – E fazendo um gancho com o que você falou, como é que você vê essa relação funcionário/sindicato e do sindicato com a Empresa?
R – Aqui nós não temos.
P/1 – Aqui...
R – Não, aqui em Brasília nós não temos nenhuma representatividade. Eu, inclusive, procurei o sindicato e o presidente do sindicato me informou o telefone do sindicato do Rio de Janeiro. Então, aqui é inexpressivo.
P/1 – Entendi. Queria voltar um pouco, porque eu fiquei bastante interessada quando você falou do início, né?
R – Hã, hã.
P/1 – Do seu início na Petrobras que você ficou lá no Pará...
R – Cuiabá.
P/1 – Cuiabá, desculpa.
R – Hã, hã.
P/1 - Que você teve contato com os...
R – Ah, com os índios!
P/1 – Com os índios. E eu fiquei pensando se desse contato teve algum episódio, alguma história que você possa deixar aqui registrado.
R – Ah, tem sim, tem sim. Eu quando eu fui, saí de Cuiabá, né, como eu falei, a minha área de atuação fazia fronteira com Pará e eu fui visitar um posto em São Félix do Araguaia. Eu passei dois dias somente tomando coca-cola porque eu não tinha coragem de comer no meio da estrada. E, quando cheguei lá em São Félix do Araguaia só tinham duas pensões e só uma que eu consegui vaga e estava morrendo de fome, né, eu queria comer, naquele dia eu, realmente, já estava no limite. (risos) E fui visitar o posto e cheguei no, à beira do rio, por sinal nunca vi uma natureza tão linda como a do Pantanal, realmente cenas inesquecíveis e tinha lá um índio vendendo um pirarucu, que é um peixe lá da, do Pantanal e do Amazonas e tudo. Um peixe muito grande. Eu disse: “Puxa vida, com a fome que eu estou, ficar olhando esse peixe...” Só que, o detalhe, o peixe estava assim, coberto de moscas. Então aquilo já me tirou o apetite. (risos) Bem, a noite eu fui para o único restaurante que tinha na cidade e perguntei o que que tinha para comer. Só tinha o peixe. (risos) E eu passei mais um dia realmente sem comer. Mas assim, de tudo que eu aprendi, como você falou “quais foram as lições que eu tirei desse período que eu passei em Cuiabá”, primeiro eu pude perceber que o índio ele convive conosco à maneira dele e nós não o incomodamos, mas nós nos incomodamos com ele. Não sei se é bom o que eu estou revelando, é melhor acho que precisa até me corrigir, quem sabe até numa outra oportunidade. Mas isso pra mim não tenho boas lembranças de ter dividido... eu senti medo, entendeu, eu me senti, assim, por ser mulher e por sinal, dos 10 primeiros colocados no concurso 001, eram cinco mulheres e cinco homens e a BR ela não estava acostumada em ter assessoras comerciais. Tanto que até hoje não declinou, a minha função eu sou assessor comercial. Então, foi um pouco difícil para nós mulheres, também pelo sexo, termos que enfrentar essas estradas, muitas vezes sozinhas, era uma função realmente que para nós era de Indiana Jones, numa versão feminina.
P/1 – Mas você acha que essa questão do gênero também permeava a relação entre os colegas de trabalho, como é que era isso?
R – Não, nós... Eu me senti um pouco discriminada, né, mas eu acredito sim, que pela falta de experiência dos colegas por não conviverem com mulheres exercendo essa função. Hoje a gente sente grandes diferenças, porque não existiam assessoras comerciais, era uma função unicamente masculina e exclusivamente.
P/1 – Bom, queria te perguntar se existe mais alguma outra história que você possa contar para a gente, não só desse período, mas...
R –Ah, eu... Eu tenho uma grande lembrança, que para mim foi assim, um despertar que foram os Jogos do Jubileu, né, quando a Petrobras completou 50 anos eu tive oportunidade de participar dos jogos, acredito que a Petrobras tinha que continuar investindo, né, eu comecei disputando as minhas primeiras provas como nadadora, despertou a nadadora que estava adormecida há tantos anos, eu venci em Fortaleza, depois venci o local, depois o regional, depois o nacional e depois o internacional, quer dizer, eu me tornei uma atleta campeã internacional do sistema Petrobras. Isso para mim foi maravilhoso, uma grande lembrança, olho minhas medalhas, minhas medalhas até hoje me energizam para voltar, para trabalhar, para continuar, ara estar aqui contando essas histórias e declarar assim, abertamente, eu entrei na Petrobras, vamos dizer assim, velha, já tinha 36 anos, mas o meu amor por ela assim, é uma coisa enorme, eu tenho um grande amor pela companhia. (choro) Eu até me emociono em falar.
P/1 – E você se identifica como petroleira?
R – Me identifico.
P/1 – E o que que é ser petroleira?
R – É ser brasileira, acima de tudo, é ter certeza que nós brasileiros, somos capazes de fazer uma grande empresa. E, bem, nos momentos assim, em que eu não podia falar, durante a minha quimioterapia, só ver assim, “O desafio é a nossa energia”, me levantou (choro), muitas vezes. Acho que melhor a gente parar. (riso)
P/1 – Tudo bem, a gente já estava no fim mesmo, tinha só mais uma pergunta, mas, se você...
R – Não, tudo bem, pode fazer.
P/1 – Era a última pergunta...
R – Hã, hã.
P/1 – Era se você tinha gostado de participar; não gostado, mas... olha, já até, desculpa.
R – Não... (risos)
P/1 – O que você achou de ter participado do Projeto Memória?
R – Ah, eu amei, eu amei, foi um... eu agradeço a oportunidade de ter participado e espero realmente, realmente acredito que a companhia vai continuar fazendo muitas coisas para nos deixar com grandes lembranças na memória.
P/1 – Te agradeço muito, tá?
R – (risos)
(Fim da fita MpetCBBR- nº. 23)
(Iza?)
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