P/1 _ Irmã. Para começar eu vou pedir para você dizer o seu nome completo, a data e o local do seu nascimento. R _ Eu me chamo Maria Antonieta Biagione, conhecida por Irmã Ângela. Eu nasci no dia onze de dezembro de 1942, na cidade de Ipuiuna, sul de Minas Gerais. P/1 _ A senhora falou agora que é conhecida por Irmã Ângela. Podia contar para a gente porque Irmã Ângela. R _ Meu nome é Irmã Ângela porque eu sou de uma congregação religiosa. A Congregação das Irmãs de Jesus Bom Pastor, conhecidas por Irmãs pastorinhas. E quando eu entrei na Congregação as irmãs quando faziam os votos, que popularmente chamam de juramento, nós mudávamos o nome, naquela época em 1963. Então eu escolhi o nome de Ângela, que é o nome do meu pai. Depois a Congregação determinou que não havia mais necessidade de trocar o nome. Mas eu já havia incorporado tanto o Ângela, que continuou Ângela. Por isso que eu chamo Irmã Ângela. P/1 _ A senhora falou do seu pai que se chamava Ângelo. Que lembrança tem do seu pai e da sua mãe? O que eles trabalhavam? De onde eles eram? R _ O meu pai e a minha mãe são todos do sul de Minas Gerais. Meu pai era comerciante e o que eu me recordo com muita alegria assim do meu pai é que ele era uma pessoa muito alegre, muito comunicativa. Tinha muitos amigos. Então. E eu tinha uma afinidade muito grande com o meu pai por isso quando chegou o momento de escolher um novo nome eu escolhi Ângela. P/1 _ E como era a vida em Ipuiuna. Como era a cidade? R _ Na época que eu morava na cidade de Ipuiuna era uma cidade muito pacata. Poucas possibilidades de estudo. As pessoas que desejavam estudar depois que terminava a quarta série tinham que sair. Ir para Poços de Caldas, Pouso Alegre. Para São Paulo. Então a gente não tinha muitas oportunidades. A produção principal ali era a batata. E hoje ela continua ainda produzindo batata, mas desenvolveu muito o comercio na...
Continuar leituraP/1 _ Irmã. Para começar eu vou pedir para você dizer o seu nome completo, a data e o local do seu nascimento. R _ Eu me chamo Maria Antonieta Biagione, conhecida por Irmã Ângela. Eu nasci no dia onze de dezembro de 1942, na cidade de Ipuiuna, sul de Minas Gerais. P/1 _ A senhora falou agora que é conhecida por Irmã Ângela. Podia contar para a gente porque Irmã Ângela. R _ Meu nome é Irmã Ângela porque eu sou de uma congregação religiosa. A Congregação das Irmãs de Jesus Bom Pastor, conhecidas por Irmãs pastorinhas. E quando eu entrei na Congregação as irmãs quando faziam os votos, que popularmente chamam de juramento, nós mudávamos o nome, naquela época em 1963. Então eu escolhi o nome de Ângela, que é o nome do meu pai. Depois a Congregação determinou que não havia mais necessidade de trocar o nome. Mas eu já havia incorporado tanto o Ângela, que continuou Ângela. Por isso que eu chamo Irmã Ângela. P/1 _ A senhora falou do seu pai que se chamava Ângelo. Que lembrança tem do seu pai e da sua mãe? O que eles trabalhavam? De onde eles eram? R _ O meu pai e a minha mãe são todos do sul de Minas Gerais. Meu pai era comerciante e o que eu me recordo com muita alegria assim do meu pai é que ele era uma pessoa muito alegre, muito comunicativa. Tinha muitos amigos. Então. E eu tinha uma afinidade muito grande com o meu pai por isso quando chegou o momento de escolher um novo nome eu escolhi Ângela. P/1 _ E como era a vida em Ipuiuna. Como era a cidade? R _ Na época que eu morava na cidade de Ipuiuna era uma cidade muito pacata. Poucas possibilidades de estudo. As pessoas que desejavam estudar depois que terminava a quarta série tinham que sair. Ir para Poços de Caldas, Pouso Alegre. Para São Paulo. Então a gente não tinha muitas oportunidades. A produção principal ali era a batata. E hoje ela continua ainda produzindo batata, mas desenvolveu muito o comercio na cidade toda. E a cidade cresceu também. Hoje ela tem em torno de quinze mil habitantes. P/1 _ Na época dos seus estudos a senhora também teve que sair para Poços de Caldas e para outros lugares para poder estudar? R _ Quando eu terminei os estudos, que seria na época a quarta série eu entrei na Congregação. Eu entrei na Congregação eu tinha doze anos. Então entrei na Congregação das Irmãs Pastorinhas e lá eu continuei os estudos. Eu fiz o ginásio e o colegial e depois eu fiz a faculdade. P/1 _ Conta um pouco para gente como foi esse processo de entrar para a Congregação. Como você conheceu. R _ Na minha família eu tinha uma prima que já era religiosa. Era irmã de outra Congregação. As Irmãs de São José de Chambery de Pouso Alegre. E eu tinha muito contato com ela. Então essa Irma. Irmã Fernanda o nome dela. E a Irmã Fernanda. Eu gostava do jeito que elas viviam. O trabalho que elas faziam. Então eu estava me preparando para ingressar nessa Congregação. Só que tinha um porém. Eu não pretendia trabalhar em hospital e essa Congregação trabalhava com hospitais. E eu falava para o meu pai e minha mãe: _ Eu quero ser Irmã, mas não quero trabalhar em hospital. E fiquei conhecendo as Irmãs Pastorinhas que passaram lá por Ipuiuna e o carisma da minha Congregação é trabalhar com comunidades. Aí eu falei: _ É isso que eu quero. Então foi onde eu encontrei essa Congregação e achei que tinha sintonia com meu carisma pessoal também. P/1 _ E como foi o processo de ingresso na Congregação? R _ Eu era bastante jovem. Doze anos. Mas na época as irmãs recebiam meninas assim, adolescentes ainda. Então eu fui convidada para ingressar na Congregação. Meus pais permitiram. Então eu tive uns seis meses de preparação e já fui para São Paulo. Eu ingressei na Congregação em São Paulo, capital. P/1 _ E como era o processo de preparação? R _ Quando a gente entra na Congregação. Ao menos na minha Congregação, a gente faz a primeira etapa que é o aspirantado. Você vai conhecer a Congregação. Você vai perceber se você gosta de viver em comunidade. Se você tem carisma para isso. Vai estudar. E então depois disso eu fiz o noviciado. Aí o noviciado já é uma etapa mais exigente e no final do noviciado a gente decide. Quer continuar ou não. E depois do noviciado eu fiz os votos. Os votos temporários. Depois eu fiz os perpétuos e estou até agora na Congregação das Irmãs Pastorinhas. P/1 _ Quando você pensa na Congregação qual a primeira lembrança que você tem? O primeiro momento mais marcante, mais especial. R _ Quando eu penso na minha congregação é uma coisa que me cativa muito até hoje é o serviço que nós prestamos para o povo, sobretudo para o povo que mais necessita. É um carisma da minha Congregação esse de estar com o povo e, sobretudo com aquele mais excluído da nossa sociedade. Nós temos como pano de fundo. O objetivo da nossa Congregação o evangelho de João. É João 10 que fala do Bom Pastor. O Bom Pastor é aquele que dá vida. O Bom Pastor é aquele que vai ao encontro das ovelhas. Então isso que norteia e sempre me incentiva a continuar vivendo esse carisma. P/1 _ Irmã Ângela. Conta agora um pouquinho sobre a mudança para São Paulo. O que trouxe de diferente. Quais as descobertas quando chega numa cidade muito maior. Quais as dificuldades também? R _ A minha Congregação já estava aqui em Eldorado desde 1986. E eu vim para cá em 1990. Volta e meia eu vinha fazer uma visita para as Irmãs aqui. Que eu morava em São Paulo e era mais fácil o acesso aqui. E eu gostei da região. Gostei do povo porque o nosso trabalho específico aqui começou com as comunidades rurais. Então aquilo me cativou. E eu sugeri para a minha Congregação da possibilidade de vir trabalhar aqui. Eu não entendia muito a questão da Pastoral da Terra. A questão das Comunidades remanescentes de Quilombos, mas chegando aqui eu fui convivendo com as pessoas. Entendendo um pouco a história do Vale. E senti que aqui é o lugar aonde eu me sinto bem. E o lugar aonde eu tenho possibilidade de viver o meu carisma. Como religiosa. P/1 _ Qual foi a data de mudança definitiva para cá? R _ Eu vim para cá no dia sete de fevereiro de 1990. P/1 _ Em 1990 como era a cidade? Se você fosse descrever para alguém que nunca veio para Eldorado. O que é marcante. As comunidades que você teve contato como era? R _ Eldorado era bem diferente de hoje. A cidade era praticamente o centro aqui. As comunidades rurais com muita dificuldade de acesso. Falta de estrada. Quando chovia a gente quase que não conseguia chegar até as comunidades. O Comércio era muito pequeno. Eu me lembro que esse mercado que tem aqui na esquina, você comprava. Você chegava ao balcão e pedia alguma coisa. Um produto. Eles iam lá e pegavam o produto e você não tinha nem possibilidade de escolher. Então evoluiu muito Eldorado. P/1 _ E dos quilombos. Como são os quilombos para quem não conhece. As Comunidades remanescentes dos quilombos? R _ Nós começamos a trabalhar com as Comunidades remanescentes dos Quilombos a partir da Constituição de 1988 quando foi criado o Artigo 68, onde as comunidades Quilombolas. O governo tem que titular as Comunidades. Eles têm direito a terra. Em base a esse Artigo da Constituição, as Irmãs que estavam aqui já começaram a se interessar. Porque nós fomos percebendo. As Irmãs foram percebendo que as maiorias das Comunidades eram negras. E não havia nenhum trabalho específico com os negros. Então foi diante da Constituição de 1988 e diante da realidade encontrada aqui, começamos então a trabalhar com as Comunidades Quilombolas. Na verdade, elas não tinham consciência de que eram Quilombos. Sabiam que eram comunidades negras, mas não tinham consciência de que a Constituição de 1988 garantia para elas o direito a terra. E os Artigos 215 e 216 da Constituição Federal garantem também a manutenção da sua cultura. Então foi diante dessa realidade que as Irmãs começaram a trabalhar. Hoje nós temos um contato com sessenta e seis Comunidades Quilombolas no Vale. Porque nós não trabalhamos só com as comunidades de Eldorado. Nós trabalhamos com comunidades de vários municípios do Vale do Ribeira. P/1 _ E o seu trabalho particularmente está mais vinculado a que atuação? R _ Eu trabalho. Como eu sou assistente social eu trabalho com a organização das Comunidades Quilombolas. Porque para a comunidade ter o direito a terra. Para ela ser reconhecida pelo Estado como Comunidade Quilombola e para ela conseguir o título ela precisa de uma organização interna. E essa organização interna é demorada. Você precisa formatar um estatuto social. Ela precisa ser reconhecida juridicamente e esse é um processo muito demorado. Você estudar o estatuto como uma comunidade é um processo demorado. E o titulo da terra quilombola é um titulo comunitário. Ele não é individual. Então precisa todo um trabalho com a comunidade para que a comunidade toda assuma os desafios que envolvem ser reconhecidas como quilombos. Então meu trabalho é basicamente esse. Ajudar. Colaborar na organização das comunidades e assessorar as comunidades à medida que elas vão pedindo assessoria. Vão pedindo ajuda. P/1 _ Aqui em Eldorado a sua rotina. Como é a sua rotina? Você vive com quem? Como você mora? R _ Aqui em Eldorado nós moramos em três irmãs. A Irmã Sueli, A Irmã Zulineide e eu. E a nossa rotina é em geral nós estamos nas comunidades. Como são dez municípios onde nós trabalhamos então a gente está sempre em contato com as comunidades. As distancias são muito grandes. A comunidade que você tem que ir num dia fica a dois, três dias para compensar a distancia. Então nossa rotina é essa. Claro nós temos os momentos de descanso. Os momentos. Nós mesmos cuidamos da nossa casa. Os momentos de oração. De estudo. De reflexão. P/1 _ Irmã. Você falou que o seu carisma foi de encontro ao trabalho desenvolvido aqui no Vale do Ribeira. Eu queria que você falasse um pouco mais sobre isso. Como você se encontrou. Qual a relação que você tem com essa região. R _ Aqui no Vale do Ribeira eu consegui também resgatar um pouco da minha história pessoal. Eu encontrei aqui muita coisa que eu vivi lá na minha infância a em Minas Gerais. Por exemplo, na minha cidade quando eu era criança a gente tinha banda de música. Toda festa tinha banda de música. Lá em São Paulo eu não via banda de música. E aqui eu encontrei a banda. Nossa. Eu fiquei feliz da vida. Eu revivi todo aquele tempo de infância com as colegas de escola. Nas festas da comunidade. Então eu encontrei muita sintonia com o Vale do Ribeira. Outra coisa importante. A história do Vale. Cativou-me muito. A história de resistência. Sobretudo do povo negro. A resistência mais de quatrocentos anos. O povo resistindo aqui no Vale do Ribeira. Isso me identificou muito com a história do Vale. E depois outra preocupação grande também é a defesa do meio ambiente. Que ao mesmo tempo em que você trabalha com as Comunidades Quilombolas você está defendendo o meio ambiente. Porque foram eles que preservaram a mata até hoje. E continuam preservando. Então a gente tem muita sintonia com o meio ambiente também. Outro aspecto que me chama muito a atenção é a convivência com o povo. É um povo que acolhe. Que não tem assim. Não discrimina. Nós irmãs. Todas as irmãs que passaram por aqui, elas se sentiram muito bem acolhidas pelo povo do Vale do Ribeira. P/1 _ E essa relação com o povo como é? Todo mundo conhece. Conta um pouco essa relação com as pessoas. R _ Depois de vinte anos muita gente nós conhece. Não só aqui em Eldorado como em outros municípios também. Você chega a Registro e você está andando pela rua. _ Oi Irmã. Então a gente sente que a gente é conhecida. Agora ultimamente a gente tem percebido o seguinte. Com o pessoal mais jovem. A moçada de quinze, dezoito anos da cidade a gente tem menos convivência, Agora a moçada da zona rural a gente já tem mais contato, porque nós trabalhamos mais nas comunidades. Não só zona rural, sobretudo nas Comunidades Quilombolas. Não são todas comunidades da zona rural que a gente trabalha. P/1 _ E você têm um projeto pessoal. Um sonho ainda por realizar? Ah eu queira muito esse sonho ou não? R _ Eu tenho um sonho de escrever as crônicas. Escrever as crônicas de tudo que nós vivemos aqui no Vale do Ribeira. Porque há coisas que não tem assim explicação. Então o meu sonho seria poder registrar isso. E eu espero ainda ter tempo de um dia fazer esse trabalho. P/1 _ Dessas crônicas. Tem alguma que você lembraria algum episódio que você pensaria que tem que escrever em algum momento. Gostaria de compartilhar agora? R _ Um exemplo. Uma coisa que me marcou muito. Quando nós estávamos. Em 1991 nós estávamos procurando um antropólogo para fazer o estudo antropológico de algumas Comunidades Quilombolas. Porque para ela ser reconhecida precisa do laudo antropológico. E o que aconteceu. Nós convidamos uma antropóloga de Brasília. Indicaram-nos uma antropóloga de Brasília e ela chegou aqui no Vale e pediu para o primeiro estudo em torno de dez mil reais. Nós tínhamos que disponibilizar esse dinheiro. Esse recurso. E nós não tínhamos esse recurso. Aí desistimos. Depois na PUC. Nós conhecíamos um sociólogo lá na PUC. Fomos conversar com ele lá em São Paulo para poder ter a possibilidade de fazer o estudo aqui. Também não foi possível. E um belo dia eu chego à minha casa e eu vejo em cima da mesa um convite. Em São Paulo haverá um encontro de Religiosas Negras. Eu pensei. O que será que esse povo estuda. O que eles discutem. Encontro de Religiosas Negras. Eu vou lá. E me inscrevi e fui. Eu era a única branca que estava lá no meio das irmãs negras. E o assessor disse assim. Pediu para todas de apresentarem. O assessor era Frei David Raimundo dos Santos. Ele negro também. Ele se apresentou e pediu para todos os participantes se apresentarem. E lá no palco tinha uma pessoa que filmava. Era um negro também. E ele disse assim: _ Aquele rapaz que vocês estão vendo lá é um etnólogo e ele trabalha só com Quilombo. Trabalha só com Quilombo. Falei: _ Agora eu acertei. E no intervalo eu fui conversar com o Guilherme. Guilherme é o nome dele. Fui conversar com Guilherme. E ele falou: _ É o meu maior sonho na minha vida é trabalhar com os Quilombos de são Paulo. Porque eu trabalho com os Quilombos do nordeste e do norte. Aí já marcamos uma visita dele para Eldorado. E Depois ele visitou as primeiras comunidades. Deu um curso para a equipe de dez dias para a gente fazer a pesquisa de campo e começou o trabalho. Aí nós conseguimos através da Igreja e das Comunidades conseguimos fazer o primeiro laudo antropológico das comunidades. Foi Ivaporunbuva que é um quilombo foi reconhecido através desse laudo. E esse laudo serviu de base para o Estado. Porque depois que o Estado viu que valeria a pena dar continuidade, o Estado assumiu. Agora é o Estado que faz o laudo antropológico. Então eu acho assim uma coisa. Não sei o que aconteceu. Justamente um etnólogo. E cobrou sim o trabalho. O que ele pediu para nós foi uma ajuda de custo. E com isso nós já estamos com mais de vinte e cinco comunidades já reconhecidas. P/1 _ Irmã Ângela. Você estava contando dos Quilombos. E você ficou de falar para mim um pouco das barragens. O que acontece com as barragens aqui no Ribeira. R _ Então. Aqui no Vale do Ribeira há um projeto de construção de quatro barragens no Rio Ribeira de Iguape. E essas barragens elas vão atingir as comunidades remanescentes de quilombos. Não só os Quilombolas, mas as ribeirinhas, os pescadores. Mas, sobretudo as Comunidades Quilombolas. Então paralelo ao trabalho com as comunidades remanescentes de Quilombos, nós trabalhamos também com o Movimento dos Ameaçados por barragem. O MOABE. O MOABE já completou vinte e um anos de resistência. O projeto das barragens ainda continua no governo federal. E nós continuamos resistindo. As barragens. Uma está prevista para os municípios de Adrianópolis e Ribeira, que é entre os Estado de São Paulo e Paraná. Outro para o município de Itaóca. Outra para o município de Iporanga e a ultima para o município de Eldorado. Essas barragens vão inundar área em torno de onze mil hectares de mata atlântica. Além das Comunidades Quilombolas que serão prejudicadas. Dos pescadores. Das Comunidades ribeirinhas e de outras comunidades tradicionais do Vale do Ribeira. Então o movimento ele é radical. Inclusive o slogan do movimento é: Terra sim. Barragem não. Não só para proteger as comunidades, mas também para proteger o meio ambiente. Então nós trabalhamos há vinte e um anos juntamente com o povo do Vale do Ribeira. Com outras parcerias fora do Vale no Estado de São Paulo e fora do Estado de São Paulo para continuando resistindo contra esse projeto de construção. E a primeira barragem prevista é a de Tijuco Alto. Primeiro projeto de uma empresa privada, a CBA. A energia produzida aqui, ela não vai ficar no Vale. Ela vai simplesmente para as empresas da CBA na região de Sorocaba. Então nós trabalhamos com esses dois movimentos: os Quilombolas e o MOABE. P/1 _ Então se você tiver mais alguma coisa para falar. Se tiver mais alguma coisa que eu não perguntei e você gostaria de falar. R _ Eu acredito que o trabalho que vocês estão realizando aqui ele vai servir para vocês divulgar a luta das Comunidades Quilombolas. A luta contra as Barragens. Porque uma região aonde ainda preserva a Mata Atlântica do Estado de São Paulo a gente não pode entregar de mão beijada para uma empresa particular. Uma empresa privada. Porque isso aí seria a destruição das comunidades tradicionais do Vale do Ribeira. Então espero que esse trabalho sirva também para divulgar a luta do Vale do Ribeira. P/1 _ Está certo. Eu agradeço pela entrevista e convido para uma próxima oportunidade contar sobre as crônicas. R _ Tudo bem. Se eu escrever as crônicas eu mando um livro, uma copia para o Museu da Pessoa. P/1 _ Obrigada Irmã. R _ De nada.
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