Projeto: Memória Petrobras
Depoimento de Herta Solange Neiva Tiveron
Entrevistado por Priscila Cabral e Márcia de Paiva
Brasília, 08/02/2007
Realização Museu da Pessoa
Entrevista PETRO_CB560
Transcrito por: Maria Luiza Pereira
P/1 – Bom, primeiro queria agradecer a presença e para a gente começar a entrevista eu queria perguntar o seu nome, local de nascimento e a data que você nasceu.
R – Herta Solange Neiva Tiveron, nasci em Paracatu, Minas Gerais, em 21/12/51.
P/1 – Eu queria que você comentasse um pouquinho como é que foi o seu ingresso na BR.
R – Bem, eu fiquei sabendo através de um colega de escola que a Petrobras estaria abrindo um concurso. E eu vim aqui e me inscrevi. Naquela época a gente só entrava na BR através de concurso. Me inscrevi e fui a primeira classificada em matemática, na prova de matemática. Por isso me colocaram direto no setor financeiro. Foi através desse processo seletivo, em 72, que eu entrei aqui.
P/1 – E desde que você entrou, como é que foi a sua movimentação na Empresa, você ficou sempre no mesmo setor?
R – Não. Sempre no setor financeiro, eu entrei como secretária, menos de um ano eu passei para a atividade de boletim de contas a receber, fiquei responsável pela atividade; depois tive a oportunidade de passar por todas as seções do setor: cadastro, central de vendas, contas a pagar, cobrança, a minha maior parte foi na cobrança, é... todas as atividades do financeiro, eu passei. Fui.
P/2 – Você se lembra o ano que você entrou?
R – Na Petrobras? 72. Eu me aposentei aqui. Tinha 21 anos.
P/1 - E você se aposentou quando?
R – Me aposentei dia 05 de abril de 94.
P/1 – Eu queria que você comentasse um pouco... Você, quer dizer, sua trajetória sempre foi aqui em Brasília.
R – Foi.
P/1 – Então, eu queria que você falasse um pouco, é... Como foi e é, não sei. Como é que foi essa trajetória da BR aqui, enquanto você teve na empresa? Como é que era a...
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Depoimento de Herta Solange Neiva Tiveron
Entrevistado por Priscila Cabral e Márcia de Paiva
Brasília, 08/02/2007
Realização Museu da Pessoa
Entrevista PETRO_CB560
Transcrito por: Maria Luiza Pereira
P/1 – Bom, primeiro queria agradecer a presença e para a gente começar a entrevista eu queria perguntar o seu nome, local de nascimento e a data que você nasceu.
R – Herta Solange Neiva Tiveron, nasci em Paracatu, Minas Gerais, em 21/12/51.
P/1 – Eu queria que você comentasse um pouquinho como é que foi o seu ingresso na BR.
R – Bem, eu fiquei sabendo através de um colega de escola que a Petrobras estaria abrindo um concurso. E eu vim aqui e me inscrevi. Naquela época a gente só entrava na BR através de concurso. Me inscrevi e fui a primeira classificada em matemática, na prova de matemática. Por isso me colocaram direto no setor financeiro. Foi através desse processo seletivo, em 72, que eu entrei aqui.
P/1 – E desde que você entrou, como é que foi a sua movimentação na Empresa, você ficou sempre no mesmo setor?
R – Não. Sempre no setor financeiro, eu entrei como secretária, menos de um ano eu passei para a atividade de boletim de contas a receber, fiquei responsável pela atividade; depois tive a oportunidade de passar por todas as seções do setor: cadastro, central de vendas, contas a pagar, cobrança, a minha maior parte foi na cobrança, é... todas as atividades do financeiro, eu passei. Fui.
P/2 – Você se lembra o ano que você entrou?
R – Na Petrobras? 72. Eu me aposentei aqui. Tinha 21 anos.
P/1 - E você se aposentou quando?
R – Me aposentei dia 05 de abril de 94.
P/1 – Eu queria que você comentasse um pouco... Você, quer dizer, sua trajetória sempre foi aqui em Brasília.
R – Foi.
P/1 – Então, eu queria que você falasse um pouco, é... Como foi e é, não sei. Como é que foi essa trajetória da BR aqui, enquanto você teve na empresa? Como é que era a ação dela aqui no centro-oeste... comentasse um pouquinho.
R – Eu entrei, ela estava no início, né? Era uma empresa pequena, tanto é que o financeiro é... nós tínhamos umas oito pessoas só, e fazia de tudo e... tudo manual, não tinha nada de computador, não tinha esses programas que nós temos hoje, que faz tudo por a gente... e não foi fácil não, porque nesses trabalhos manuais nós viramos noites e noites aqui, trabalhando para procurar diferença de um centavo que dava no bendito BCR, boletim de contas a receber, que a gente fazia tudo manual, somando aí, naquelas máquinas antigas e... e foi assim um sacrifício muito grande, mas, graças a Deus, compensou. Porque, no decorrer dos anos a gente viu a empresa crescer, aumentando cada vez mais e se modernizando para estar hoje do jeito que está, né? Isso aí deixa a gente muito feliz, porque foi uma contribuição muito grande que nós demos. Tanto que é, que, na época de passar para... informatizar a área financeira, foi... assim, nós fizemos as equipes de trabalho, eram o quê...? (C.C.D.S.?), aqueles caixotes de papel que a gente tinha que preencher tudo, para poder digitar... Não foi fácil não, mas foi tudo com sucesso e eu fico feliz por tudo isso que nós passamos e que estamos vendo aqui, né, estamos vendo aqui, hoje.
P/1 – E, como é que foi esse impacto, né, dessa nova tecnologia, quando informatizou? Você se recorda?
R – Ah, eu... Olha, eu adorei! Eu adorei porque... é... Apesar das dificuldades, né, que a gente tinha, começou muito, assim, precário no início, mas, aos poucos nós vimos o tanto que a informática fazia por a gente, o que a gente tinha que fazer... é... realmente, tudo manuscrito e somando, e fazendo... Então aí fomos arrumando programas, programas de cobrança, programas de controles, né, financeiro, de contas à receber, de contas à pagar, de... E aí, foi assim... para nós foi muito bom. Pena que eu saí ainda... é, eu acho que tinha muita coisa para ser feita ainda e não deu tempo de fazer. Mas... espero que os que ficaram, né, dêem continuidade e que fique cada vez melhor, que modernize cada vez mais, facilite a vida e o controle da própria empresa em si, né? Porque facilitou muito o controle depois da informatização.
P/1 – E, em relação as atividades da BR, como é que foi esse crescimento da BR? Eu queria que... se você pudesse falar um pouquinho mais disso...
R – É... Foi assim, uma conquista. Conquistava... área comercial conquistava um posto aqui, outro ali, é... umas áreas assim, muito... de difícil acesso até, e pega um cliente aqui, constrói um posto ali... De repente... Ah, foi aumentando assim, tão rapidamente que eu... Eu julgo rápido, porque em tão poucos anos, só a quantidade de postos que se abriu aqui nessa região, foi muito grande. Então foi assim uma conquista muito grande do espaço da Petrobras, principalmente no centro-oeste que é o que a gente conviveu, né?
P/2 – E com isso o trabalho crescia também, né?
R – Crescia e... Nossa!
P/2 – O quadro de funcionários acompanhou também?
R - Foi, aumentando, foi... aumentou muito. Oh, quando eu entrei tinham oito funcionários, quando eu saí, só na área de cobrança eram vinte e dois. Quer dizer, é... imagina o financeiro todo, né? Era bem grande, nós tivemos que aumentar o espaço inclusive, para atuar... foi...
P/1 – Bom, no planejamento estratégico, tem toda uma questão de valorizar a marca, é, você... valorizar a marca da BR também, né? E eu queria que você comentasse um pouco essa política de valorização da marca...
P/2 – Já tinha essa idéia...?
P/1 – Se já tinha quando você entrou?
P/2 – Quando estava aqui, trabalhando...?
R – Olha, quando eu entrei... como diz, a Petróleo Brasileiro, que era a mãe, que era a toda poderosa e que... Nós éramos apenas uma ramificação daquela empresa grande, né, aquele gigante que era a Petróleo Brasileiro. E, de repente, é... Eu não sei como nós fomos entrando no mercado e fomos ocupando espaço e fazendo o nome da empresa, os produtos, lubrificantes... então, foi uma batalha muito grande da área comercial, eles podem até falar melhor do que a gente sobre isso, para fazer acreditar na marca do Lubrax da Petrobrás, porque estava difícil as pessoas mudarem de marca que já estavam acostumados com outras e foi um trabalho assim bem árduo, mas com muito sucesso, né? Tanto é que hoje nós estamos aí satisfeitos com tudo isso. E é uma coisa que eu tenho assim maior orgulho na minha vida é falar: “Eu trabalhei na Petrobras, sou Petrobras, fui funcionária da Petrobras e não aceito ninguém falar mal da Petrobras.” Eu falo assim, chego a me emocionar, porque foi uma vida aqui dentro, né? Uma vida que a gente teve, batalhando e crescendo junto com ela.
P/2 – Solange, deixa eu só te perguntar também uma coisa: você destacou a parte da informática, né...
R – Hum, hum.
P/2 - ... desse tempo que você trabalhou aqui. Você pegou realmente um período de mudança extremamente significativa. Tem alguma outra mudança que você se lembre também de quando você começou a trabalhar até se aposentar, além da informática?
R – Nossa, mudou tanta coisa, né? (risada) Mas, assim...
P/2 – Que você lembra assim...
R – Assim, a...
P/2 – Que você lembra assim, de alguma outra coisa.
R – Por exemplo: a implantação da central de vendas, que foi uma grande coisa para nós, porque nós passamos a ter... principalmente para a área financeira ter mais, é... como que diz... nós tivemos mais oportunidade de analisar com mais garantia para a empresa, é... com mais exatidão sobre as vendas, se liberava ou não aquele produto, se o cliente estava devendo ou não, uma forma de pressionar também a cobrança, né, para que o cliente pague, senão não recebe o produto... Então, tiveram assim, inúmeras mudanças que, é... com o espaço, com o decorrer do tempo é que a gente... Hoje a gente falar assim, não dá para lembrar muito detalhe não, mas foi espantosa a mudança da época que eu entrei, para a época que eu saí. E sempre para melhor, graças a Deus. (riso)
P/1 – E, nesse seu período de BR você tem alguma lembrança mais marcante, alguma história interessante, uma passagem que é... dentro da empresa?
R – Olha, eu tenho sim. As amizades que eu conquistei aqui, que até hoje permanece. É... andamos um pouco espalhados, mas sempre nos preocupamos um com o outro, é... nós saíamos muito, a turma daqui naquela época saíamos toda sexta-feira, as vezes final de semana, também no sábado para as boates, para os barzinhos, fazer um “happy hours”, é... assim, na parte de diversão tínhamos nossas festas de final de ano muito animada, sempre participei de todas. Até hoje, só esse último ano é que eu não... não fui, acho que nem teve, acho que só teve um coquetel do aniversário da BR, né, que eu fui também, participo de tudo, tô sempre junto com a turma aqui, acompanhando, gosto... E... assim, fatos que passaram aqui dentro, nossa... mas foram muitos, eu não sei assim, qual que é que tem maior importância... e eu fico assim...
P/2 – Para você... um que tem...
R – Olha, no dia da minha aposentadoria: é, quando eu falei que ia me aposentar eu fui muito homenageada aqui, eu tive quatro festas de aposentadoria aqui dentro da Petrobras. Nem eu sabia que eu era tão querida dentro da empresa. Eu sei que a minha colega que trabalhava no BEG fez um churrasco na ASBAC para mim, para toda a turma, né, da Petrobras, mas para comemorar a minha aposentadoria, teve festa do setor financeiro à parte, teve a geral que fizeram aqui em cima também no nono andar para comemorar e teve uma outra, um churrasco que ofereceram para mim, foi um cliente da Petrobras que ofereceu um churrasco para mim, coisa que eu nem esperava. E eu fui assim muito valorizada e homenageada dentro, que eu, assim, isso aí eu não me esqueço até hoje. Eu nunca vi tanta festa. E nos meus aniversários também, eu tenho até lá em casa as fitas, a gente fazia... eles... toda vez comemoravam, na sala mesmo ali, sempre davam um jeito de me mandar para fora, para fazer festa surpresa, né, para comemorar meu aniversário e sempre foi comemorado aqui e meus filhos vinham desde de pequenininhos, eles cresceram dentro da BR também, me acompanhando, tanto é que até hoje eles encontram com as minhas colegas, os meus colegas, é “tio”, “tia”, tinham uma maior assim, é, afinidade pela empresa, coisa que eles não tinham com a empresa do pai, onde o pai trabalha. Eles nunca foram de ir lá, nunca participaram de nada e aqui na Petrobras não. Para eles era a casa deles, a família deles. E isso aí para mim é muito importante, eu valorizo muito essa parte.
P/1 – E depois que você se aposentou, mudou alguma coisa?
R – Não, a gente... nós distanciamos um pouco mais. Eu continuei trabalhando aqui na BR, mais oito anos prestando serviços, eu abri uma empresa de consultoria e continuei no RGO, na parte de processos do Cenpes
P/2 – RGO é?
R – Era dos Órgãos Governamentais. É... então tinha os processos de ressarcimento de frete e mais uma vez, graças a Deus, eu contribui muito com a Petrobras, recuperei 78 milhões para ela, de fretes que estavam perdidos na ANP e... pena que a ANP foi para o Rio porque ainda tinha muito mais para conseguir né, aí não deu para continuar. Mas eu sempre mantenho contato com o pessoal daqui, toda festa que tem a Solimar me liga, porque eu sou a freqüentadora assídua daqui. Todo evento que tem ela me liga “Solange, olha, tal dia tem isso. Vem.” Tem a comemoração de aniversário do pessoal daqui, eu tô aqui também (risos) Mas eu gosto. Isso aí é muito importante para mim.
P/2 – Aí você prestou serviço então ainda...
R - Depois que eu me aposentei.
P/2 – Até que ano?
R – Eu me aposentei em 94, eu fiquei aqui mais uns... acho que foram oito anos.
P/2 – 2002...
R – É, por aí.
P/2 – E aí você é que decidiu?
R – Não, é porque a ANP foi para o Rio, então levaram os processos todos para o Rio. Eu consegui pegar... ainda mantive esses processos aqui, eu consegui na ANP trazer para dentro da Petrobras esses processos por mais quase dois anos e nós trabalhando em cima deles aqui. Aí, depois mudou diretoria lá da ANP, eles não consentiram mais, nós tínhamos que devolver os processos para o Rio. Aí não deu para continuar...
P/2 – ANP, Associação Nacional do Petró...
R – Não. Agência Nacional do Petróleo.
P/2 – Agência Nacional do Petróleo.
R – É isso. É. Então, não deu mais para continuar o trabalho aqui. E eu, para ir para o Rio para mim também não dava, porque minha família aqui não... não tenho condições.
P/1 – A gente está quase chegando no fim, mas antes de eu fazer as últimas perguntas eu queria te deixar a vontade, se você quer deixar registrado alguma coisa, alguma memória, ou... te deixar à vontade para...
R – Ah, eu não sei nem falar...
P/1 – Alguma coisa que a gente não perguntou, que você queria...
P/2 – Que a gente não perguntou, que você ache relevante, importante...
R – Não, eu acho que no geral eu falei tudo.
P/1 – Então eu queria que você dissesse o que é ser petroleiro?
R – Ah, é... é muito bom! É um orgulho muito grande você falar sobre a Petrobras, você falar que foi funcionária da Petrobras. E, por outro lado, eles acham que Petrobras é “marajá”. Hora que você fala: “Não, sou aposentada.”, – “De onde?”, “- Da Petrobras.” Então, logo pensam: “Ih, ganha bem.” Mas na verdade, não é “ganha bem”, trabalhou muito!(riso?) Foi isso que aconteceu. Mas, assim, o orgulho é muito grande, é muito bom ser Petrobras.
P/1 – Só uma pergunta: você foi sindicalizada no período que você trabalhou aqui?
R – Fui.
P/1 – E você chegou a atuar no sindicato?
R – Não, não.
P/1 – Não.
R – Só...(riso), só por ser mesmo. Não tinha atuação nenhuma não.
P/1 – Bom, então, a gente está quase terminando e eu queria saber primeiro como é que você chegou até aqui, é, até o projeto? Como é que você ficou sabendo do Projeto Memória?
R - Foi... Bem, eu recebi um e-mail primeiro, mas aí eu nem, assim, dei muita importância não, eu falei: “Ah, eu não sei nem o que que é isso aí, nem para que.” Mas, aí depois a Solimar me ligou e falou: “- Solange, olha, é isso, isso, isso.”, eu falei: “- Então, tá. Pode me marcar lá que eu vou.” E foi através de e-mail e através da Solimar.
P/1 – E o que que você achou de ter participado?
R – Não, eu acho... Nossa! Eu gostei demais. É... muito bom, eu acho que deviam ter feito isso a mais tempo, né? E é uma forma de manter, porque é o início da... principalmente da BR, né? Foi assim, tá pegando o pessoal do início da Petrobras Distribuidora. Então, é uma história que tem sim, para contar, tem os outros colegas, cada um tem uma história para contar desse tempo que teve aqui e eu acho importante, eu acho que deveriam fazer isso de dez em dez anos. Não assim. Porque o pessoal vai saindo e dez anos já dá para mudar muita coisa, acontecer muita coisa. Então, acho que tinha que fazer com mais freqüência para não perder essa memória, não cair no esquecimento. Tem tanta coisa boa, bonita para colocar, esquecer o que é ruim.(risos) É o que eu penso, o que eu acho.
P/1 – Você tem mais alguma pergunta?
P/2 – Tá ótimo, Solange. A gente agradece a sua participação.
R – Tá. Eu é que agradeço vocês pela oportunidade.
(Fim da fita MpetCBBR- nº. 11)
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