Hahali Howanati Akwa Noheye - Meu pai me ensinou a benzerConta o dia que nasceu na aldeia Wadadawenakwa. Nasceu pela manhã, pai, avós, família toda ficou muito feliz. Tio que escolheu o nome dela. Ela conta que nasceu muito bonita e grande. Mãe de Yotonese (pai de Yotose) queria trocar seu bebê (Yotosene) com ela, porque ela era muito bonita.
Entrevistador pergunta se ela cresceu na mesma aldeia. Ela diz que ficou um tempo até criança, depois com uns 6 anos mudou de aldeia, porque a irmã dela menstruou pela primeira vez no acampamento da roça de milho, então tiveram que mudar aldeia para lá, chamada Tokolonirikwa. Lá que ela cresceu.
Foi crescendo e aprendendo com avó como colher e preparar mandioca, batata doce, cará.
Entrevistador pergunta sobre primeira menstruação. Ela diz que menstruou quando cresceu um pouco. Entrevistador já perguntou sobre a tatuagem tradicional. Ela diz que quem fez foi avó dela. Pai dela soprou ela para proteger, estava virando moça.
Quando ela virou moça, foi para a floresta com a família caçar mel de abelha, ficou um tempo na floresta. Lá mesmo na floresta ela casou com um rapaz que o pai tinha escolhido. Ela ficou com o rapaz no acampamento dos pais dele, sogros dela. Rapaz ainda não estava pronto para casamento com ela, era ainda adolescente, não tinha palhinha. Quando eles voltaram na aldeia, colocaram nele uma palhinha peniana para virar homem. Estava tendo ritual de yãokwa, toda noite.
Conta que quando casou ela tratava muito bem o marido dela, sem traição. Um tempo depois ela engravidou. Bebê nasceu, vovô escolheu nome. Ficou grávida novamente, o segundo filho nasceu, o sogro dela escolheu o nome. Engravidou mais uma vez, esse filho cresceu, casou, teve filhos, mas faleceu. Depois teve mais vários filhos, mas outros dois faleceram também, quando ainda era bebê. Conta que marido também faleceu, então não teve mais filhos.
Fala sobre o falecimento do marido, que ele estava trabalhando com...
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Hahali Howanati Akwa Noheye - Meu pai me ensinou a benzer
Conta o dia que nasceu na aldeia Wadadawenakwa. Nasceu pela manhã, pai, avós, família toda ficou muito feliz. Tio que escolheu o nome dela. Ela conta que nasceu muito bonita e grande. Mãe de Yotonese (pai de Yotose) queria trocar seu bebê (Yotosene) com ela, porque ela era muito bonita.
Entrevistador pergunta se ela cresceu na mesma aldeia. Ela diz que ficou um tempo até criança, depois com uns 6 anos mudou de aldeia, porque a irmã dela menstruou pela primeira vez no acampamento da roça de milho, então tiveram que mudar aldeia para lá, chamada Tokolonirikwa. Lá que ela cresceu.
Foi crescendo e aprendendo com avó como colher e preparar mandioca, batata doce, cará.
Entrevistador pergunta sobre primeira menstruação. Ela diz que menstruou quando cresceu um pouco. Entrevistador já perguntou sobre a tatuagem tradicional. Ela diz que quem fez foi avó dela. Pai dela soprou ela para proteger, estava virando moça.
Quando ela virou moça, foi para a floresta com a família caçar mel de abelha, ficou um tempo na floresta. Lá mesmo na floresta ela casou com um rapaz que o pai tinha escolhido. Ela ficou com o rapaz no acampamento dos pais dele, sogros dela. Rapaz ainda não estava pronto para casamento com ela, era ainda adolescente, não tinha palhinha. Quando eles voltaram na aldeia, colocaram nele uma palhinha peniana para virar homem. Estava tendo ritual de yãokwa, toda noite.
Conta que quando casou ela tratava muito bem o marido dela, sem traição. Um tempo depois ela engravidou. Bebê nasceu, vovô escolheu nome. Ficou grávida novamente, o segundo filho nasceu, o sogro dela escolheu o nome. Engravidou mais uma vez, esse filho cresceu, casou, teve filhos, mas faleceu. Depois teve mais vários filhos, mas outros dois faleceram também, quando ainda era bebê. Conta que marido também faleceu, então não teve mais filhos.
Fala sobre o falecimento do marido, que ele estava trabalhando com equipe do Museu do Índio na aldeia e estava arrumando fio de energia do gerador da equipe, alguém puxou o gerador e ele levou um choque, assim faleceu. Diz que isso aconteceu na aldeia Halataikwa.
Aprendizados
A entrevistadora pergunta como ela aprendeu howanati (sopro de proteção, reza). Ela diz que desde jovem foi aprendendo um pouco. Depois que o pai mudou de aldeia (porque um neto tinha morrido atropelado) é que ela começou a pensar como iria continuar aprendendo, porque era o pai que repassava para ela. Então o tio começou a ensiná-la e ela foi aprofundando nos conhecimentos. Ela diz que aprendeu sobre várias rezas de proteção e remédios para coceira, furúnculo, infecção da boca, para criança parar de chorar, para criança crescer, para dor de menstruação.
Entrevistador perguntou como é a vida dela atualmente. Ela diz que antigamente comiam formiga, cogumelo. Hoje em dia é mais fácil, já tem frango, arroz, feijão. Antigamente andavam descalços, não tinha chinelo, hoje já tem.
Sobre Kateoko
Diz que Kateoko faz parte do Yãokwa. Quando grupos yãokwa estão fazendo as roças rituais as esposas dos halikali (anfitriões) fazem o Kateoko para eles (os yãokwa). E aí os yaõkwa viram os harikari. Grupos de mulheres kateoko mandam os salomã (homens harikari, anfitriões) coletarem mel, pegar bacaba, buriti e eles precisam fazer. Que hoje eles já vão comprar mel na cidade. Antigamente o alimento de kateoko era só mel de abelha, hoje já tem frango, outras comidas dos brancos. Kateoko dura uns 3 meses, depois começa de novo só no outro ano. Pai dela disse que música de kateoko é muito longa, por isso dura muito.
Fala que Kateoko (espírito celeste) nasceu primeiro na pedra, depois nasceu Yãokwa. Diz que kateoko das mulheres é diferente de yãokwa. Os homens no yãokwa usam buriti, cocar. As mulheres no kateoko usam borracha, saia, colar, bracelete. Fala que as mulheres cantam de tarde, de madrugada, igual yãokwa. Em um momento do kateoko, elas passam a cantar o dia inteiro. Já chegando no fim do ritual, usam também outros adornos que os homens colocam nelas, cocar e o colete de penas (dalataiti matahã) – o homem que é a dupla da mulher (ewakanali) é quem coloca nela. Em outro momento elas cantam a noite inteira, começando de tardezinha até de manhã. No tempo em que estão fazendo ritual o dia inteiro e a noite também, os kateoko (espíritos celestes) começam a pedir mel para os homens que são as duplas ewakanali. Então os homens vão no mato procurar o mel, ficam uns 10 dias até coletar. Quando os homens voltam, começa a finalização do Kateoko. Os homens que são as duplas derramam o mel nas mulheres. Depois disso as mulheres devolvem o dalataiti para o homem que é sua dupla.
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