Eu era jovem e a bebida era apenas uma companheira de diversão. Sim! Ela potencializava uma espécie de alegria, até mesmo quando me sentia angustiado, era a bebida que me dava goles de ânimo e coragem. Mas com o tempo essa bebida ultrapassou a barreira de normalidade e, quando dei por mim, havia perdido o controle. Já não decidia se bebia ou não. Por necessidade, até mesmo para ter controle das mãos, beber era a saída.
Por duas décadas ou mais, me vi envolvido até saber que o que estava vivendo era a doença do alcoolismo. Mas, como assim alcoolismo? Eu continuava empregado, exercia a minha profissão e era elogiado pelo trabalho, porém quanto ao comportamento, cada vez mais me isolava para beber. Tornei-me um escravo do álcool. Perdi o controle da minha própria capacidade de decidir sobre os meus passos, meus caminhos.
Só quem vive o alcoolismo sabe o que é ser o refém do álcool e deixar que ele reine sobre a sua vida, imaginando que tudo está perdido e que a falência estava apresentando as suas \"faturas da vida\". E de fato o preço que eu pagava era alto e, alto, quase impossível de pagar.
No desespero nem mesmo eu acreditava mais em mim. Achava que não teria mais a condição de voltar a uma vida prazerosa e responsável. Rogava a minha própria partida, pois a vergonha -nos poucos momentos de lucidez - era grande e a morte seria um alívio para mim e para aqueles que gostavam de mim. E quantas vezes, diante do espelho, eu fazia duas perguntas: \"Que mostro me tornei e dilacerar a mim mesmo?\". \"Será que isto que vivo me trará um fim trágico capaz d envergonhar a minha família?\"
Tentando resolver este problema, fui internado mas não teve solução. Minha dependência tinha atingido o grau da loucura prematura, com raros espaços de sanidade mental. E foi em um desses momentos de ligeira sanidade que aceitei ajuda. E essa ajuda possibilitou que eu pudesse ajudar a mim mesmo. Foi quando conheci um grupo de ajuda mútua, cuja...
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Eu era jovem e a bebida era apenas uma companheira de diversão. Sim! Ela potencializava uma espécie de alegria, até mesmo quando me sentia angustiado, era a bebida que me dava goles de ânimo e coragem. Mas com o tempo essa bebida ultrapassou a barreira de normalidade e, quando dei por mim, havia perdido o controle. Já não decidia se bebia ou não. Por necessidade, até mesmo para ter controle das mãos, beber era a saída.
Por duas décadas ou mais, me vi envolvido até saber que o que estava vivendo era a doença do alcoolismo. Mas, como assim alcoolismo? Eu continuava empregado, exercia a minha profissão e era elogiado pelo trabalho, porém quanto ao comportamento, cada vez mais me isolava para beber. Tornei-me um escravo do álcool. Perdi o controle da minha própria capacidade de decidir sobre os meus passos, meus caminhos.
Só quem vive o alcoolismo sabe o que é ser o refém do álcool e deixar que ele reine sobre a sua vida, imaginando que tudo está perdido e que a falência estava apresentando as suas \"faturas da vida\". E de fato o preço que eu pagava era alto e, alto, quase impossível de pagar.
No desespero nem mesmo eu acreditava mais em mim. Achava que não teria mais a condição de voltar a uma vida prazerosa e responsável. Rogava a minha própria partida, pois a vergonha -nos poucos momentos de lucidez - era grande e a morte seria um alívio para mim e para aqueles que gostavam de mim. E quantas vezes, diante do espelho, eu fazia duas perguntas: \"Que mostro me tornei e dilacerar a mim mesmo?\". \"Será que isto que vivo me trará um fim trágico capaz d envergonhar a minha família?\"
Tentando resolver este problema, fui internado mas não teve solução. Minha dependência tinha atingido o grau da loucura prematura, com raros espaços de sanidade mental. E foi em um desses momentos de ligeira sanidade que aceitei ajuda. E essa ajuda possibilitou que eu pudesse ajudar a mim mesmo. Foi quando conheci um grupo de ajuda mútua, cuja experiência com o álcool na vida de cada participante era uma espécie de medicamento para amenizar a minha compulsão pela bebida.
Hoje já se passaram mais de 12 anos que não bebo, mas lembro bem a angústia que vivi. E minha única forma de retribuir as conquistas que alcancei é dizendo para outros que se identificam com este relato de que é possível mudar. É possível voltar a ser útil a si e aos outros. Voltar a ter responsabilidade com as próprias ações. Voltar a sorrir e celebrar a vida, mesmo se um dia esteve à beira do abismo do alcoolismo à despedida da vida.
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