IDENTIFICAÇÃO Meu nome é Geraldo Maia do Nascimento, estamos em Natal e nasci a 23 de maio de 1955. INGRESO NA PETROBRAS Entrei na Petrobras em 1982. Fiz o concurso aqui, em Natal mesmo, mas fui lotado para trabalhar na cidade de Mossoró, interior aqui do Rio Grande do Norte, há aproximadamente 180 quilômetros de Natal. Minha função, na época, era contra-mestre de construção e montagem. Na realidade, minha área era civil. A gente fazia acessos e bases para locações, para as sondas poderem chegar, lá, e perfurar. Esse foi o meu primeiro serviço, lá em Mossoró. TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Entrei em 82, fiquei lá até 84 mais ou menos, e me trouxeram de volta para Natal, onde permaneci até 98. Depois retornei a Mossoró, onde estou até hoje. Quando cheguei em Mossoró, tinha uma dificuldade muito grande, porque a Petrobras estava começando na região. Então, tinha sempre aquela palavra forte, Petrobras, é uma empresa grande, é do governo tudo. Nosso serviço consistia, às vezes, a gente precisava abrir cerca, entrava em propriedades, saía, passava por cima de plantações e Petrobras era a palavra forte, que abria qualquer porteira. Isso criou, depois, uma série de problemas, problemas sérios, problemas jurídicos. No início, a Petrobras está entrando, “o Petróleo é nosso”... A empresa tem que extrair o petróleo, e o pessoal, quando muito, ficava chorando, se lamentando, “Cadê minha terra?”. Até que, começaram a ter consciência que não era bem assim, a terra era deles. Nesse momento, resolveram criar uma equipe, que deveria ir na frente, liberando as terras. Aí um dia, essa história é interessante, meu chefe chegou e disse: “o que você acha de ser ‘permissor’?” Eu: “otimo. Mas, o que é isso?” “É o trabalho que vai passar a fazer agora, porque está tendo muito problema jurídico. Estão entrando nas propriedades, sem...
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IDENTIFICAÇÃO Meu nome é Geraldo Maia do Nascimento, estamos em Natal e nasci a 23 de maio de 1955. INGRESO NA PETROBRAS Entrei na Petrobras em 1982. Fiz o concurso aqui, em Natal mesmo, mas fui lotado para trabalhar na cidade de Mossoró, interior aqui do Rio Grande do Norte, há aproximadamente 180 quilômetros de Natal. Minha função, na época, era contra-mestre de construção e montagem. Na realidade, minha área era civil. A gente fazia acessos e bases para locações, para as sondas poderem chegar, lá, e perfurar. Esse foi o meu primeiro serviço, lá em Mossoró. TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Entrei em 82, fiquei lá até 84 mais ou menos, e me trouxeram de volta para Natal, onde permaneci até 98. Depois retornei a Mossoró, onde estou até hoje. Quando cheguei em Mossoró, tinha uma dificuldade muito grande, porque a Petrobras estava começando na região. Então, tinha sempre aquela palavra forte, Petrobras, é uma empresa grande, é do governo tudo. Nosso serviço consistia, às vezes, a gente precisava abrir cerca, entrava em propriedades, saía, passava por cima de plantações e Petrobras era a palavra forte, que abria qualquer porteira. Isso criou, depois, uma série de problemas, problemas sérios, problemas jurídicos. No início, a Petrobras está entrando, “o Petróleo é nosso”... A empresa tem que extrair o petróleo, e o pessoal, quando muito, ficava chorando, se lamentando, “Cadê minha terra?”. Até que, começaram a ter consciência que não era bem assim, a terra era deles. Nesse momento, resolveram criar uma equipe, que deveria ir na frente, liberando as terras. Aí um dia, essa história é interessante, meu chefe chegou e disse: “o que você acha de ser ‘permissor’?” Eu: “otimo. Mas, o que é isso?” “É o trabalho que vai passar a fazer agora, porque está tendo muito problema jurídico. Estão entrando nas propriedades, sem autorização, e isso está criando um problema muito grande, para a gente”. De repente, minha função era fazer estradas, eu estava lá, me envolvendo com indenizações de plantações, sem conhecer nada. Tive que sair estudando, procurando livro. A plantação lá é algodão, então, “o que é um algodão arbóreo, herbáceo?” Sabia lá disso. Tive que sair estudando, praticamente fazendo quase um curso de agronomia, para poder começar a fazer medições, indenizações dessas culturas, que a gente estava destruindo naquela região. É interessante que, depois, essa atividade terminou sendo um setor grande de atividade de terra, de liberação, de técnicos. Chegaram a ter lá mais de 30 pessoas, entre agrônomos e técnicos, trabalhando com isso. Terminei sendo precursor, até mesmo sem querer, dessa atividade e foi legal esse tempo que passei lá. Nessa mesma função, a gente precisava, periodicamente, sair. Ir a Fortaleza e para outros cantos, liberar essas terras que pertenciam a grupos fortes. Tinha um grupo em Fortaleza que era o Eça de Queiroz. Ainda hoje, é um grupo forte daquela região. Eles tinham uma fazenda muito grande lá, acho que Retiro Grande, e nós saímos daqui, com os papéis na mão para pedir autorização para entrar e furar uns poços, lá na propriedade. Chegamos em Fortaleza, a gente foi recebido lá, por ele. Só que quando a gente falou o que era, ele disse “espera aí, deixa eu falar com meu amigo, que é ministro das Minas e Energias”. Era o César Caldas, que de repente era compadre dele lá. Agora imagina a situação. A gente chegar lá, com pouco tempo de empresa, para falar com empresário que é amigo do ministro das Minas e Energia. “Não, não se preocupe não, eu falo com meu amigo, porque a Petrobras está entrando nas minhas terras. Pode deixar que me entendo com o ministro”. E eu, que tinha a pretensão de conseguir liberação dessas terras Terminou vindo o presidente da Petrobras, para Fortaleza, com o ministro para liberar essas terras. Foi engraçada a pretensão da gente, liberar isso aí. SINDICATO Sou filiado ao sindicato, mas não tenho nenhum cargo no sindicato. COTIDIANO TRABALHO Sou professor eventual. Professor eventual é aquele que é convidado para palestras e alguns cursos de instituições da linha de SENAI e SESI. Sou pesquisador também. A gente já publicou alguns livros e mantenho a coluna semanal, no jornal “O Mossoroense”, um jornal local que tem 130 anos, o terceiro mais antigo aqui da América do Sul. A gente terminou pertencendo a várias instituições culturais, desde o Instituto Geográfico do Rio Grande do Norte, Instituto Cultural do Oeste Potiguar, uma instituição que tem lá, poemas, poetas e prosadores de Mossoró. A gente termina se envolvendo com tudo isso, além da Sociedade Brasileira do Estudo do Cangaço, que é um grupo que se dedica a estudo de bens do nordeste. Então, essas instituições tomam o tempo livre da gente, lá, nessas pesquisas. Fazemos várias viagens de estudo. A gente anda o Nordeste todo, nos momentos vagos, fazendo essas pesquisas. Esses momentos são transformados em livros, em artigos. ENTREVISTA Posso dizer que, graças a Deus, alguém teve a idéia de fazer isso. Todo funcionário tem a sua historinha aí, os mais antigos. Os funcionários mais novos têm 20 anos de casa, então ,cada um é uma memória viva, que tem suas histórias. Essas histórias nunca eram escritas, nunca eram repassadas para ninguém. De repente, o sindicato lembra de fazer um projeto desse, achei espetacular a idéia, não só a idéia, mas a realização do projeto. Adorei. Quando me falaram disso, me avisaram ontem à noite: “olha, arruma a mala de manhã que a gente está viajando”. Eu: “ótimo, vai assim mesmo”. Só deu tempo para comunicar: “Chefe, estou indo para Natal dar o meu depoimento”.
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