Mergulhada em devaneios utópicos, as minhas certezas nunca foram tão firmes quanto naquele dia 17/06/2013, 8 ou 80 era meu lema, ou dá ou desce era o mastro da minha bandeira que tremia diante da ventania dos gritos de guerra entoados, tais como : “O povo acordou, o povo decidiu. Ou para a roubalheira ou paramos o Brasil”, “O gigante acordou”, “ Vem pra rua, vem pelo Brasil”, entre outros .
Acredito que aqui vale ressaltar o atual contexto político-social do Brasil . É nítido para qualquer um que a cada geração, a cada troca de nomes no governo a corrupção tem se tornado uma herança indispensável. A população, por sua vez, encontrou o estopim necessário para despertar sua indignação, antes adormecida diante desta situação , após o anúncio de um possível aumento na tarifa do transporte público, cerca de 0,20 centavos que levaram cidadãos de Natal, Salvador, Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro às ruas, a represália sofrida por estes cidadãos em seus protestos incitou e abriu o olhar de todo o restante do Brasil, que a partir de então passou a apoiar não apenas esta causa, mas a revindicar melhorias em todos os setores públicos. Dessa forma a onda de protestos chegou até mesmo as cidades irmãs, União da Vitória (PR) e Porto União (SC).
— Vamos? - Perguntou-me um amigo ao ver a Praça Coronel Amazonas tomada pelos jovens espíritos revolucionários reunidos para o evento intitulado “Manifestação de apoio ao movimento Passe Livre MPL! Porto União, União da Vitória e região”.
— Vamos! - Respondi, ignorando por completo a aula de Teoria da História que teríamos naquele momento.
Após a concentração na praça, seguimos em passeata pelas ruas. Meus amigos improvisaram mensagens de apoio em folhas arrancadas de seus cadernos, nos olhamos e sem percebermos nossas mãos já estavam empunhadas. É claro que ao longo deste pequeno percurso não fugiram aos meus...
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Mergulhada em devaneios utópicos, as minhas certezas nunca foram tão firmes quanto naquele dia 17/06/2013, 8 ou 80 era meu lema, ou dá ou desce era o mastro da minha bandeira que tremia diante da ventania dos gritos de guerra entoados, tais como : “O povo acordou, o povo decidiu. Ou para a roubalheira ou paramos o Brasil”, “O gigante acordou”, “ Vem pra rua, vem pelo Brasil”, entre outros .
Acredito que aqui vale ressaltar o atual contexto político-social do Brasil . É nítido para qualquer um que a cada geração, a cada troca de nomes no governo a corrupção tem se tornado uma herança indispensável. A população, por sua vez, encontrou o estopim necessário para despertar sua indignação, antes adormecida diante desta situação , após o anúncio de um possível aumento na tarifa do transporte público, cerca de 0,20 centavos que levaram cidadãos de Natal, Salvador, Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro às ruas, a represália sofrida por estes cidadãos em seus protestos incitou e abriu o olhar de todo o restante do Brasil, que a partir de então passou a apoiar não apenas esta causa, mas a revindicar melhorias em todos os setores públicos. Dessa forma a onda de protestos chegou até mesmo as cidades irmãs, União da Vitória (PR) e Porto União (SC).
— Vamos? - Perguntou-me um amigo ao ver a Praça Coronel Amazonas tomada pelos jovens espíritos revolucionários reunidos para o evento intitulado “Manifestação de apoio ao movimento Passe Livre MPL! Porto União, União da Vitória e região”.
— Vamos! - Respondi, ignorando por completo a aula de Teoria da História que teríamos naquele momento.
Após a concentração na praça, seguimos em passeata pelas ruas. Meus amigos improvisaram mensagens de apoio em folhas arrancadas de seus cadernos, nos olhamos e sem percebermos nossas mãos já estavam empunhadas. É claro que ao longo deste pequeno percurso não fugiram aos meus olhos algumas cenas: um casal de velhinhos (muito simpático por sinal) acenava da sacada, pais com seus filhos se juntaram à nós seguindo em passeata, uma funcionaria fechou as portas do estabelecimento em que estava trabalhando, em contrapartida os funcionários de outro local nos aplaudiram, as expressões dos manifestantes oscilavam entre a felicidade e a revolta ...
Ao chegar na Praça Alvir Riesemberg, ponto final do manifesto, fomos convidados a discursar, afinal, aquele ambiente era público e livre de censura, foi então que um dos meus professores tomou o microfone em suas mãos, agradeceu a presença de cada um naquele momento e relembrou seus passos dados décadas atrás, mas muito semelhantes aos nossos .Por fim cantamos o hino nacional e nos dispersamos.
Na mesma noite, no ônibus, voltando para casa, dividi a minha mais recente experiência com aqueles que ali estavam, eles me olhavam espantados e eu olhava da mesma forma pra eles sem entender como poderiam estar indiferentes diante da realidade absurda que cercava todos nós. Desisti de um debate maior, me deixei abater por um simples "Esta cidade é pequena e de que irá adiantar qualquer ação sua aqui perante os grandes urubus lá?". Cheguei em casa e após relutar em minha mente contra essa frase, dormi.
A partir daquela data até o presente momento a certeza já não cabe tão firmemente em mim, os jovens que moveram o Brasil, ou que participaram do Manifesto em União da Vitória/Porto União, em sua maioria, não estão mais presentes nas novas tentativas de manifesto, no entanto, a brecha deixada pra qualquer incerteza ou dúvida referente a possibilidade de que o Brasil possa ser, cada vez mais, um país de cidadãos melhores e conscientes é totalmente preenchida pela esperança.
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