Eu me chamo Francisco Gilson, tenho 50 anos. Eu venho de uma família desestruturada. Ainda na minha infância já para adolescente, minha mãe descobriu que meu pai tinha uma outra mulher e a partir daí a nossa vida foi aos poucos caminhando para o fundo do poço. Minha adolescência foi marcada por muita violência, agressão e brigas constantes dentro de casa. Meu pai foi se entregando cada dia mais no alcoolismo, perdeu emprego e tudo foi ficando muito difícil. Ele vendeu o apartamento em que morávamos, saiu de casa e literalmente eu e minha mãe ficamos na rua. Ela então foi acolhida na casa de um senhor que uma colega dela arrumou para ela ficar e eu fiquei bolando nas ruas por uns dias. Ficava na rua e a noite escondido ia dormir na escada do prédio onde minha mãe estava de favor. Depois fui morar dentro de uma escola em que eu comecei a trabalhar, no Rio de Janeiro ainda. Mas foi ficando muito difícil ficar lá e minha mãe também não estava mais aguentando ficar onde ela estava. Resolvemos vir para Fortaleza. De ônibus porque era o que dava naquele momento. Só eu e ela. Meu pai até então estava sumido e minha irmã saiu de casa no meio de toda essa situação, revoltada e não quer mais qualquer tipo de contato nem comigo e nem com a mãe. Aqui em Fortaleza a luta é muito grande. Batalhei, consegui trabalhar, sempre alugando um cantinho para gente morar, com muita luta. Na pandemia perdi meu emprego e até hoje venho vivendo sem emprego fixo, fazendo trabalhos avulsos quando aparecem. Já fomos para o despejo duas vezes, fui para as redes sociais pedir ajuda e hoje as coisas continuam muito difíceis porque não é fácil conseguir emprego na minha idade. As vezes passamos aqui quase sem alimentos dentro de casa, muita luta. Eu tenho depressão há mais de 10 anos, essa é outra grande luta na minha vida. Minha história é muito difícil, tentei aqui colocar um pouco resumidamente do que foi e tem sido.