Projeto Memória Petrobras
Realização Instituto Museu da Pessoa
Depoimento de Francisco Oliveira
Entrevistado por Elodia Leburgue
Mossoró, 16 de fevereiro de 2005
P- Bom dia, gostaria de começar a nossa entrevista com o senhor falando o seu nome completo, a data e o local do seu nascimento.
R- Meu nome completo é Francisco Francinaldo Rafael de Oliveira, eu nasci numa pequena cidade do interior da Paraíba chamada Santa Cruz, em 24 de outubro de 1964.
P- Eu posso te chamar de Francinaldo?
R- Sim.
P- Certo. Senhor Francinaldo conta pra gente como que se deu a sua entrada na Petrobras?
R- Foi de uma forma, digamos assim, não esperada, não foi nada programada. Eu estava na época fazendo cursinho preparatório pro concurso Banco do Brasil e durante o cursinho alguém chegou nos avisando que abriram-se inscrições para um concurso para alguma atividade da Petrobras, também ninguém soube esclarecer o quê. E a gente, a turma toda partiu para a cidade de Alto do Rodrigues, fazer a inscrição neste concurso. Nos inscrevemos todos, todos fomos aprovados e grande parte hoje está aqui na Petrobras.
P- E você fez concurso para qual área?
R- Na época o cargo chamava-se praticante de produção.
P- E isso foi quando?
R- Em 1985.
P- E qual era essa função que você desempenhava?
R- Era a atividade que se daria direto com a atividade de poços, área de produção propriamente dita.
P- Você ficou nessa função até quando?
R- Eu estou nessa função até hoje na verdade. Os nomes é que foram alterados ao longo das mudanças na carreira de RH, mas o cargo é o mesmo até hoje.
P- E hoje essa função tem qual nome?
R- Hoje eu sou operador 2. A carreira vai operador 1, operador 2, em seguida é auxiliar técnico de operação de produção e depois técnico de operação de produção. Hoje é uma carreira muito multidisciplinar, que a gente pode atuar em diversas atividades.
P- Quais, por exemplo?
R- Hoje, por exemplo, eu...
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Projeto Memória Petrobras
Realização Instituto Museu da Pessoa
Depoimento de Francisco Oliveira
Entrevistado por Elodia Leburgue
Mossoró, 16 de fevereiro de 2005
P- Bom dia, gostaria de começar a nossa entrevista com o senhor falando o seu nome completo, a data e o local do seu nascimento.
R- Meu nome completo é Francisco Francinaldo Rafael de Oliveira, eu nasci numa pequena cidade do interior da Paraíba chamada Santa Cruz, em 24 de outubro de 1964.
P- Eu posso te chamar de Francinaldo?
R- Sim.
P- Certo. Senhor Francinaldo conta pra gente como que se deu a sua entrada na Petrobras?
R- Foi de uma forma, digamos assim, não esperada, não foi nada programada. Eu estava na época fazendo cursinho preparatório pro concurso Banco do Brasil e durante o cursinho alguém chegou nos avisando que abriram-se inscrições para um concurso para alguma atividade da Petrobras, também ninguém soube esclarecer o quê. E a gente, a turma toda partiu para a cidade de Alto do Rodrigues, fazer a inscrição neste concurso. Nos inscrevemos todos, todos fomos aprovados e grande parte hoje está aqui na Petrobras.
P- E você fez concurso para qual área?
R- Na época o cargo chamava-se praticante de produção.
P- E isso foi quando?
R- Em 1985.
P- E qual era essa função que você desempenhava?
R- Era a atividade que se daria direto com a atividade de poços, área de produção propriamente dita.
P- Você ficou nessa função até quando?
R- Eu estou nessa função até hoje na verdade. Os nomes é que foram alterados ao longo das mudanças na carreira de RH, mas o cargo é o mesmo até hoje.
P- E hoje essa função tem qual nome?
R- Hoje eu sou operador 2. A carreira vai operador 1, operador 2, em seguida é auxiliar técnico de operação de produção e depois técnico de operação de produção. Hoje é uma carreira muito multidisciplinar, que a gente pode atuar em diversas atividades.
P- Quais, por exemplo?
R- Hoje, por exemplo, eu passei pelas atividades de transporte, passei pela área de comunicação empresarial, já passei pela atividade de serviços gerais e hoje estou na gerência de programação e controle, que é uma controladoria. É uma atividade onde a gente analisa de forma macro todos os números do nosso ativo de produção. É uma espécie de assessora do gerente do ativo para tomada de decisões.
P- Então é um trabalho de escritório que você faz?
R- Hoje sim.
P- Mas em algum tempo você já trabalhou embarcado, em refinaria?
R- Trabalhei em terra, trabalhei na área terrestre no Campo de (Canto?) do Amaro...
P- Fazendo o que?
R- Na área de produção, diretamente com os poços. Tive, digamos assim, um certo privilégio de (Canto?) do Amaro é o nosso maior produtor terrestre. Quando eu ingressei na empresa o campo só tinha seis poços, hoje é o nosso maior produtor terrestre. Campo do Livramento nós basicamente fomos pioneiros, junto com os outros meninos da equipe, concursados, né, recebemos o Livramento 2, junto com turma, que na época era o maior produtor de terra da região. Então era uma época de instalações muito minúsculas, era basicamente era um (telhadozinho?) de aço, o vaso separador e os tanques e só, tinha muita coisa engraçada, se passou por algumas aventuras nesse período de início de campos, então, né?
P- Conta pra gente alguma coisa relacionada a essas aventuras.
R- Um fato engraçado, que me recordo agora, nós tínhamos um colega, que hoje não está na empresa, ele tinha medo de alma, morria de medo de alma. Nós fomos receber o poço LPX-1, era uma área totalmente deserta, quase 70 quilômetros aqui de Mossoró, caatinga a dentro. E nós tínhamos só um poço e um Fusca, onde ficavamos instalados dentro desse Fusca. E a sonda deixou uma tubulação, uma série de tubulações na locação ainda, antes de se transportar de vez, e essa tubulação, quando o vento ficava forte, ficava uivando, parecia uma casa fantasma, então esse colega assustado chegou justamente meia-noite pra me substituir, e a primeira recomendação que eu fiz pra ele foi essa: "Cuidado com a tubulação que vai fazer barulho de casa fantasma. Já que você tem medo de fantasma, cuidado com a tubulação." e uma árvore que ficava ao fundo, um pouco escura - era escuridão total, na verdade a luz da lua - tinha uma mancha branca que parecia, de longe, um ser humano, então foi a primeira recomendação. Ele disse: "Imediatamente eu vou tamponar as bocas de todos pra que eu não venha me assustar durante a noite." então esse foi um fato engraçado que eu me recordo agora.
P- E depois ele te contou se correu tudo bem, se ele assustou.
R- Correu tudo bem, mas ele disse que ouviu barulhos no mato e ficou assustado, se trancou dentro do fusca e daí só saía para fazer a medição da tancagem, mais nada.
P- Mas, aí você falou que vocês ficavam instalados dentro de um Fusca?
R- Dentro de um fusca, era o único equipamento que tinha na época. Era um poço novo, recém recebido da sonda, então não tinha como instalar nada ainda. Era um poço pioneiro, né, estava início daquele campo de LPX, e hoje é um campo produtor de óleo e gás, promissor.
P- Promissor hoje...
R- Isso.
P- E isso foi quando?
R- Eu não me recordo a data exata, foi coisa pra 1988, 1989, por aí.
P- Atualmente você trabalha como operador 2 aqui em Mossoró?
R- Aqui em Mossoró.
P- Conta pra gente um pouco da sua rotina de trabalho.
R- A gente, é bem diversificado, nunca tem nada estático, é sempre dinâmico. Nós temos o controle de custos do ativo, a concatenação desses dados...
P- O que é o ativo? Explica pra gente.
R- O ativo de produção Mossoró é dentro das unidades de negócios, da UN-Norte/Nordeste, nós temos a unidade de Rio Grande do Norte/Ceará, (B-Sol?) e etc. Então a nossa aqui está subdividida em três ativos, o ativo de produção Mossoró, ativo de produção do mar e Alto do Rodrigues. Nós aqui, no caso Mossoró, a nossa atividade de programação e controle é justamente, como eu falei, assessora. É assessora que concatena os números, analisa como é que estão em cada gerência, nas outras gerências do ativo, como é que está a atividade de produção, como é que vão os números de água, produção de gás, injeção de vapor e a parte de custos, a controladoria de custos. Ela precisa estar colocando esses números sempre em evidência, para a tomada de decisões. A rotina é bem por aí, é sempre dinâmica.
P- E aqui em Mossoró, você tem alguma lembrança marcante pra contar pra gente ou uma outra história interessante, engraçada?
R- Fatos engraçados nós temos bastante, eu não posso, não quero citar o nome da pessoa, porque era alguém bem, era uma pessoa da nossa turma. Ele, digamos assim que ele era um pouco desligado das situações que ele próprio provocava. Quando nós estávamos em Natal, fazendo o curso de formação, a gente tinha por hábito, a turma toda, éramos 30 pessoas, quem acordasse primeiro saia chamando os outros nos apartamentos, tomar café e ir pro curso, né, e esse colega um dia acordou mais cedo, saiu chamando todo mundo, depois percebeu que ainda faltavam 2 horas pra hora de levantar. Aí, quando ele percebeu isso, saiu de novo acordando todo mundo, pra dizer que podiam dormir mais 2 horas, que ele tinha se enganado com o horário. Então isso foi motivo de gozação o restante do dia lá na aula. Esse foi um dos fatos dentre tantos, teve muitas situações engraçadas, mas também tivemos situações batalha, como naquela época não existia o SMS, não tinha essa evidência que tem hoje.
P- O que é SMS?
R- SMS é Segurança, Meio Ambiente e Saúde. Nós hoje temos um digamos assim, a busca pela excelência nisso, com a meta zero em acidentes, uma constante para que nós não tenhamos afastamentos por acidente. E naquela época a gente não tinha isso, nos anos 1980 era uma coisa muito, era época de dificuldades, posso dizer, nascimento de todos esses campos terrestres que se tem por aqui, então era época de dificuldades, de superação de dificuldades, de se trabalhar sob forte chuva, de se ficar sem água em algum local., mas tudo em nome de se superar as dificuldades para que se tivesse o produto final [pausa].
P- Então, para a gente retomar, eu queria mudar um pouco de assunto e perguntar sobre sua filiação ao sindicato. Você filiado, Francinaldo?
R- Sim, sou filiado.
P- Desde quando?
R- Desde da época que eu entrei na empresa.
P- Por que você se filiou assim imediatamente?
P- Quando a gente entrava, acho que, se não me engano, tinha alguém para orientar: "Olha, você precisa ser filiado ao sindicato pra, é espécie de proteção do empregado, que vai estar lutando por você na empresa." essa era mais ou menos a filosofia, a recomendação era essa.
P- E nesse tempo todo, você exerceu algum cargo?
R- Não, não exerci.
P- Por que?
R- Nunca senti vontade não. Não é bem a minha área não, não me sinto à vontade.
P- Mas ainda assim, você pode contar pra gente algum momento de luta, de conquista do sindicato, que você é filiado?
R- Eu me lembro de uma época que a gente estava na campanha salarial, estávamos reunidos num clube aqui da cidade, aguardando uma definição, que propostas a empresa lançaria.
P- Reunidos num clube?
P- É.
P- Que clube?
R- Associação Atlética Banco do Brasil. Nós estávamos reunidos aguardando um posicionamento da empresa, quando o dirigente sindical chegou e nos comunicou que a empresa tinha oferecido, na época, 4%, quando se estava pleiteando uma coisa bem diferente, né, e nessa hora, precisou do sindicato dizer ou chamar pra greve, todo mundo imediatamente disse: "Vamos à greve por que 4% não dá pra aguentar." então na época criou-se até uma marchinha carnavalesca com esse tema, que eu não recordo agora, mas foi bem interessante. Isso foi o lema da campanha toda. Então nós partimos imediatamente para a greve, sem pestanejar. A proposta, posso dizer que foi uma proposta indecente para a época, mas foi uma coisa superada.
P- E como foi partir pra greve, como foi essa greve?
R- Foi uma greve, acho que durou uns 15 dias ainda, até que se conquistasse ou que se chegasse a um comum acordo.
P- E você conseguiram um aumento maior?
R- Conseguimos sim.
P- E você lembra de quanto?
R- Não me recordo.
P- Isso foi em que ano?
R- Não me recordo, talvez pelos anos 1990, por aí...
P- E de lá pra cá, o que você diz da relação entre a Petrobras e o sindicato, mudou ou está igual?
R- Eu acho que avançou muito e para melhor nos últimos tempos. Está uma relação mais amigável, né, acho que na época do governo militar, acho que a coisa foi talvez mais dura, em virtude da própria conjuntura do país, mas hoje eu vejo como um bom relacionamento.
P- Mas vocês conseguem conversar melhor através do sindicato, as propostas de melhoria salarial têm sido bem atendidas, na sua opinião?
R- De certa forma tem sim e a relação empresa/empregado, sem sindicato é uma boa relação.
P- Sem o sindicato?
R- Sem o sindicato a gente também, não a negociação salarial, que isso aí é entre eles dois, mas a própria relação empregado/empresa hoje ela é muito mais aberta. A gente tem muito mais abertura para conversar direto com o gerente para negociar alguma coisa, nossas próprias metas, isso aí está bem mais aberto hoje.
P- A gente já está encaminhando para finalizar, eu queria saber se você quer falar mais alguma coisa antes da gente terminar a entrevista, alguma coisa sobre sua trajetória profissional aqui dentro da Petrobras.
R- A minha trajetória eu considero de sucesso, né, eu tenho batalhado isso o tempo todo. Me empenho o quanto posso e coloco energia, porque eu acho que o amor por essa empresa está no sangue. Parece que eu nasci para ser petroleiro, porque eu me lembro, quando garoto eu sempre gostei de ler muito e leio muito até hoje, meu primeiro contato com o petróleo foi através do Monteiro Lobato num livro chamado o Poço do Visconde. Então isso me despertou uma curiosidade muito grande, ficou aquela curiosidade: "Que interessante que é petróleo." até que um belo dia, chego eu às portas da Petrobras, já como empregado e até hoje a atividade me fascina muito. Eu sou deveras curioso com todas as nossas atividades e procuro sempre estar aprendendo muito. Eu diria que hoje eu não saberia como seria trabalhar em outra empresa fora da Petrobras, para mim seria uma dificuldade se tivesse que mudar hoje de empresa, então eu tenho uma dedicação muito grande e um amor muito grande por essa empresa e pretendo ficar por aqui os próximos anos e se possível passar além das contas da aposentadoria.
P - Tomara que o senhor consiga. Senhor Francinaldo, para terminar eu queria perguntar o que o senhor achou de ter dado esse depoimento aqui e estar participando do projeto Memória Petrobras?
R- Pra mim foi uma satisfação quando eu fui contatado. Eu me lembrei, eu pensei o que eu posso dizer da memória Petrobras, eu sou tão novo só tenho 18 anos de empresa, talvez eu não tenha muita coisa, mas à medida que a gente foi conversando, vão fluindo as informações, quem sabe tem alguma que vou me lembrar depois, mas foi uma satisfação muito grande, de certa forma ficar essa imagem eternizada em algum lugar. Daqui a pouco com a renovação. Nós vamos passando o tempo, novos vão chegando, daqui a pouco ninguém lembra mais, daqui a pouco a vida passa tão rápido e a gente não exista mais como pessoa física e isso ficou guardado em algum lugar. Eu achei muito, foi muito bom.
P- Eu queria agradecer a sua participação, muito obrigada.
R- Eu que agradeço pelo contato.
FIM DA ENTREVISTA
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