Estava eu, uma caipira de Mococa recém chegada em São Paulo, numa festa na USP. Era uma madrugada de quinta-feira de inverno, estava muito frio mas havia uma fogueira emanando calor. Eu aquecia as mãos quando o vi: um menino lindo, barbudo de olhos verdes. Não podia parar de observá-lo. Ele notou e veio até mim.
- Áries? - perguntou ele.
- Não... - respondi sorrindo
- Sagitário?
- Isso! - respondi admirando a habilidade - E você, como chama?
- Francisco, e você?
- Francisco?! Que nome lindo! É o nome de uma das pessoas mais legais que eu conheço - respondi pensando num grande amigo da minha cidade do interior, que não via há anos.
- Ah, é o Francisco de Mococa?
Fiquei em choque.
- O quê? Como assim você conhece o Francisco de Mococa?
- Pô, já viajei com ele uma vez... Prum festival, acho... Não lembro, mas lembro que ele era muito legal mesmo.
- Caralho, que coincidência.. Não é possível ser o mesmo, como ele era?
Depois de uns minutos comparando informações chegamos à conclusão que, sim, era o mesmo Francisco. Demos risadas de algumas outras coisas, contei mais de mim, ele contou que fazia pedagogia na USP e nos beijamos. Ele beijava tímido, com medo de encostar em mim, como se eu fosse de cristal.
Eu, despretenciosamente, à busca de algo mais feroz, disse que ia ao banheiro ou que ia procurar meus amigos, porque apesar de tê-lo achado bonitinho ele era meio esquisitão. Ele não percebeu que pra mim a história tinha acabado e grudou em mim. No resto da madrugada, até o metrô Butantã abrir, ele me seguiu. E eu sou muito educada para dispensar alguém.
No dia seguinte ele já tinha me achado na internet.
Depois de uns meses voltei em uma festa da USP e encontrei-o novamente. De novo ele grudou e eu não soube dispensar. No dia seguinte ele mandou mensagens no facebook pedindo meu telefone e meu endereço, que ele queria sair comigo e me visitar. Comecei a achar meio demais e parei de respondê-lo.
Tempo passa. Mais de ano sem...
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Estava eu, uma caipira de Mococa recém chegada em São Paulo, numa festa na USP. Era uma madrugada de quinta-feira de inverno, estava muito frio mas havia uma fogueira emanando calor. Eu aquecia as mãos quando o vi: um menino lindo, barbudo de olhos verdes. Não podia parar de observá-lo. Ele notou e veio até mim.
- Áries? - perguntou ele.
- Não... - respondi sorrindo
- Sagitário?
- Isso! - respondi admirando a habilidade - E você, como chama?
- Francisco, e você?
- Francisco?! Que nome lindo! É o nome de uma das pessoas mais legais que eu conheço - respondi pensando num grande amigo da minha cidade do interior, que não via há anos.
- Ah, é o Francisco de Mococa?
Fiquei em choque.
- O quê? Como assim você conhece o Francisco de Mococa?
- Pô, já viajei com ele uma vez... Prum festival, acho... Não lembro, mas lembro que ele era muito legal mesmo.
- Caralho, que coincidência.. Não é possível ser o mesmo, como ele era?
Depois de uns minutos comparando informações chegamos à conclusão que, sim, era o mesmo Francisco. Demos risadas de algumas outras coisas, contei mais de mim, ele contou que fazia pedagogia na USP e nos beijamos. Ele beijava tímido, com medo de encostar em mim, como se eu fosse de cristal.
Eu, despretenciosamente, à busca de algo mais feroz, disse que ia ao banheiro ou que ia procurar meus amigos, porque apesar de tê-lo achado bonitinho ele era meio esquisitão. Ele não percebeu que pra mim a história tinha acabado e grudou em mim. No resto da madrugada, até o metrô Butantã abrir, ele me seguiu. E eu sou muito educada para dispensar alguém.
No dia seguinte ele já tinha me achado na internet.
Depois de uns meses voltei em uma festa da USP e encontrei-o novamente. De novo ele grudou e eu não soube dispensar. No dia seguinte ele mandou mensagens no facebook pedindo meu telefone e meu endereço, que ele queria sair comigo e me visitar. Comecei a achar meio demais e parei de respondê-lo.
Tempo passa. Mais de ano sem vê-lo e só lembrando que ele existia quando eu passava na rua que ele havia dito que morava. Passei por ele uma vez na Rua Augusta mas nem cumprimentei. E o tempo passou.
Eis que há duas semanas, estava eu num bar, no aniversário de uma amiga. Havia apenas uma menina na mesa que eu não conhecia e ela estava meio quieta. Fui puxar papo. Oi, tudo bem e você, da onde conhece a Marina, legal, etc...
- E o que você faz da vida? - indaguei.
- Faço pedagogia na USP, já tô me formando...
- Puts, conheço um cara da pedago, o Francisco. Conhece?
- O Xicão?
- Acho que é, um moreno de olho claro...
- É, que se matou ano passado...
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