IDENTIFICAÇÃO Meu nome é Francisco Alves de Queiroz Neto. Sou de Natal, nasci em 17 de novembro de 1963. INGRESSO NA PETROBRAS Entrei na Petrobras em 89, num concurso. Na época, eu estava fazendo mestrado em Gerência Sanitária. Passei 14 meses em Salvador, numa turma que não chegou a ser contratada. Foi demitida antes de ser contratada, pelo Collor. Em seguida, saiu o contrato, em 90. Resolvi prestar o concurso, primeiro porque era uma empresa, que dava uma certa estabilidade. Eu tinha acabado de sair da faculdade, estava fazendo mestrado e era, de certa forma, um anseio. Em segundo lugar, pelo quê representava a própria Petrobras, a questão da história dela, acho que isso marca as pessoas. TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Quando vim de Salvador, trabalhei em Mossoró, no Canto do Amaro. Eu era engenheiro de campo. Comecei como engenheiro de campo, acompanhando poços produtores, poços de contrato de risco, campos de contrato de risco e injeção de água. Passei 3 anos e alguma coisa, em Mossoró. Vim para Natal, passei igual período trabalhando em projetos. Em seguida, fui para o Alto do Rodrigues gerenciar um campo de petróleo na área, um grupo operacional, num campo que tem injeção de vapor, um conjunto de campos. Em seguida, passei quase 2 anos, fui ser engenheiro no mar, nas plataformas marítimas. Hoje, trabalho um pouco no mar e um pouco aqui, em Natal. RELAÇÕES DE TRABALHO O que mais marca na gente é o que representa a Petrobras, o que representam as pessoas que têm nessa empresa. Acho, que a gente aprende muito a respeitar os outros, a ser respeitado pelo seu trabalho, pelo que você faz. Acho uma grande conquista quando a empresa obtém isso e, na Petrobras, aprendi que isso é possível. Se você é um trabalhador, se você é um profissional, você executa suas tarefas como elas devem ser executadas. Independe do seu comportamento político, a sua forma de agir. Esse respeito, você conquista, isso é...
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IDENTIFICAÇÃO Meu nome é Francisco Alves de Queiroz Neto. Sou de Natal, nasci em 17 de novembro de 1963. INGRESSO NA PETROBRAS Entrei na Petrobras em 89, num concurso. Na época, eu estava fazendo mestrado em Gerência Sanitária. Passei 14 meses em Salvador, numa turma que não chegou a ser contratada. Foi demitida antes de ser contratada, pelo Collor. Em seguida, saiu o contrato, em 90. Resolvi prestar o concurso, primeiro porque era uma empresa, que dava uma certa estabilidade. Eu tinha acabado de sair da faculdade, estava fazendo mestrado e era, de certa forma, um anseio. Em segundo lugar, pelo quê representava a própria Petrobras, a questão da história dela, acho que isso marca as pessoas. TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Quando vim de Salvador, trabalhei em Mossoró, no Canto do Amaro. Eu era engenheiro de campo. Comecei como engenheiro de campo, acompanhando poços produtores, poços de contrato de risco, campos de contrato de risco e injeção de água. Passei 3 anos e alguma coisa, em Mossoró. Vim para Natal, passei igual período trabalhando em projetos. Em seguida, fui para o Alto do Rodrigues gerenciar um campo de petróleo na área, um grupo operacional, num campo que tem injeção de vapor, um conjunto de campos. Em seguida, passei quase 2 anos, fui ser engenheiro no mar, nas plataformas marítimas. Hoje, trabalho um pouco no mar e um pouco aqui, em Natal. RELAÇÕES DE TRABALHO O que mais marca na gente é o que representa a Petrobras, o que representam as pessoas que têm nessa empresa. Acho, que a gente aprende muito a respeitar os outros, a ser respeitado pelo seu trabalho, pelo que você faz. Acho uma grande conquista quando a empresa obtém isso e, na Petrobras, aprendi que isso é possível. Se você é um trabalhador, se você é um profissional, você executa suas tarefas como elas devem ser executadas. Independe do seu comportamento político, a sua forma de agir. Esse respeito, você conquista, isso é possível na Petrobras. Acho, que isso é o que mais marca na gente, aqui. Na Petrobras tem de tudo. Tem a coisa de emoção, que você vive dentro. Alguma de tristeza, quando você perde algum colega por algum acidente. Acho, que isso é o que marca demais, emoção. ACIDENTE Não era alguém que trabalhava junto conosco, mas teve um incidente no Canto do Amaro. O pessoal foi contaminado por gás tóxico. Duas pessoas vieram a falecer. Eu estava no campo, cheguei em seguida. Aquilo de alguma forma marcou. RELAÇÕES DE TRABALHO Lado alegre você tem muito, principalmente quando trabalha off shore. Quando você trabalha em plataforma, termina criando um certo ambiente, onde você está brincando um pouco com o outro, para fazer com que o tempo passe. Teve uma coisa muito engraçada, que ocorreu com um colega, lá. Duas pessoas trabalhando em turno. Um largou às 7h da noite, no domingo, e pediu ao outro - que estava pegando - se tivesse tempo e conseguisse ouvir, no Fantástico, o resultado da loteria, que anotasse para ele os números. Porque, ele estava muito cansado e ia se deitar. O cara: “tá bom, sem problema”. O outro foi dormir e o cara não viu o Fantástico, nada, ficou absorto lá no trabalho. De madrugada, foi na bolsa do amigo pegou o bilhete, viu os números que ele tinha jogado, anotou num papel. No dia seguinte de manhã, como se nada tivesse acontecido, foi passar o serviço da noite para ele e ao final: “olha, os números, que você pediu para pegar no Fantástico, estão em cima da televisão”. Quando o cara foi olhar e viu os números, eram exatamente os números que ele tinha jogado. Aí gritou, berrou: “Vou embora, vou desembarcar agora, não trabalho mais, sou dono do meu próprio nariz”. Quando descobriu, foi um caos na plataforma, saiu correndo atrás do cara: “vou lhe matar, vou lhe matar”. Então, são brincadeiras que, no dia-a-dia, vão acontecendo, principalmente quando você trabalha em plataformas. SINDICATO/ SINDICATO DOS ENGENHEIROS / AEPET TRAJETÓRIA SINDICAL Sou sindicalizado, não no sindicato dos petroleiros, mas no dos engenheiros. Participo de todas as assembléias, fiz as greves, isso na Petrobras. Quando entrei tinha um certo empecilho, porque normalmente o pessoal achava que engenheiro não participava de greve. Era comum isso e a gente participou. Participei de algumas greves, inclusive, a greve grande, de 95. Fizemos todo aquele período de greve. Fiz política estudantil, fui filiado a partido de esquerda, então, para mim, foi mais fácil me envolver com isso. Eu me sindicalizei desde que entrei na companhia, mas nunca participei de diretoria de sindicato, até porque me envolvi com a Associação dos Engenheiros. Fui diretor da associação desde 91, da AEPET, e sou até hoje. AEPET Acho, que ela teve alguns momentos distintos. Teve um período, eu diria a você, que uma parte da luta da associação se confundia, com o que os dirigentes da companhia pensavam. Quanto à defesa dessa companhia para o povo brasileiro, quando era defesa do patrimônio nacional, do monopólio estatal do petróleo. Os dirigentes da companhia defendiam, também, isso. Os governantes brasileiros também defendiam isso. Então, ela teve esse momento, digamos. De uma parcela de sua atuação política, ser uma parcela, que parecia com o que os dirigentes da companhia pensavam. Eu diria que, a partir do governo Collor, passaram a ter algumas mudanças, que se acentuaram no governo Fernando Henrique, quando a AEPET passou a bater muito de frente, com pensamento político dos dirigentes da companhia. Ele mesmo defendia a abertura do mercado, que não precisava ter monopólio estatal e, alguns, chegaram a defender, inclusive, a privatização da companhia. Então, esse momento chegou a ser de muito embate, no relacionamento da Associação com a companhia. Embates políticos, embate de interesses, mesmo. Acho que a gente teve algumas vitórias. Eu diria, que a primeira grande vitória foi quando da reforma constitucional. Quando se conseguiu - a primeira tentativa na época, do ‘centrão’ de quebrar o monopólio estatal do petróleo - e não foi quebrado. Naquele instante, eu diria, que a AEPET teve uma participação atuante no congresso e conseguiu evitar isso. Você tinha um conjunto de pessoas, inclusive dirigentes da companhia, que defendiam a questão do monopólio estatal, também. Foi muito positivo para Associação. Acho, que foi uma das grandes lutas, uma das grandes vitórias. Já na reforma Constitucional do Fernando Henrique, não. Aí, foi uma avalanche por “n” coisas, que aconteceram no Congresso Nacional. Conseguiu mudar muita coisa, apesar de todo esforço feito na AEPET, em nível nacional. Mas, ela não conseguiu vetar isso. Inclusive, os próprios funcionários, da Petrobras, estavam proibidos de viajar para Brasília, para qualquer trabalho junto aos parlamentares. Foi feito um trabalho por aposentados, tanto nos sindicatos, na FUP, que na época já existia pela AEPET. ENTREVISTA É um passo significativo para uma melhoria desse relacionamento, quando você consegue fazer um projeto desse porte, um projeto de parceria, um projeto comum. Acho isso muito interessante. Faz bem, relatar um pouco do que você viveu. É interessante.
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