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Personagem: Adriana Cordovil
Por: Museu da Pessoa, 20 de junho de 2013

Filha da jovem guarda

Esta história contém:

Filha da jovem guarda

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O meu nono lutou na resistência e um pouco antes do fim da guerra ele já havia fugido com a minha nona e minha mãe pequena. Em 1960 o meu pai já estava morando em São Paulo. Antes disso ele havia saído de Manhuaçu e se mudado para Belo Horizonte. Nessa época ele já cantava na Jovem Guarda. Minha mãe o conheceu em um clube de campo onde ele estava cantando. O meu avô já era compositor, então o meu avô compunha musicas pra ele cantar. O meu pai não tinha uma grande voz, mas era afinado, bonitinho, tinha olhos claros, gostava dos Beatles, já tinha toda aquela onda vinda da Inglaterra, e ele estourou! Foi pré Jovem Guarda, antes do Erasmo Carlos, Roberto Carlos e Wanderléia. Assim que ele gravou já virou um ídolo. A gente morava na Avenida Santo Amaro. O meu pai tinha uma loja de discos lá. Quando ele parou de cantar, abriu uma loja de discos por ali. Então toda a minha vida era ali. Eu nasci no São Luis, que era na Avenida Santo Amaro, o cinema que eu ia também era ali, a minha nona morou na outra rua, e era uma avenida rica de coisas para fazer. Nessa primeira infância não tínhamos amigos porque os vizinhos não tinham filhos e a minha família era muito pequena, então era eu com ela e ela comigo. Brincávamos de desenhar. A casa vivia cheia de lápis e papel colorido. Além disso brincávamos de quebra cabeça, casinha, de panelinha, de comidinha, justo eu que não cozinho nada! . Eram brincadeiras de apartamento. Não tínhamos patins, patinete, essas coisas. Eram brincadeiras mais introspectivas. Na época do colégio, era ditadura militar no Brasil, então tinha que cantar o hino no pátio, hastear a bandeira sem dar um piu, a gente não tinha noção se aquilo era bom ou não, me lembro que ela entrava nas classes e se tivesse qualquer coisa de errado, ela atirava giz. A gente tomava giz no olho, cabeça, onde ela acertava! Eu gostava de medicina. Talvez por influência da minha mãe, que gostava muito da área de saúde, mas eu...

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Dados de acervo

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P/1 – Você pode começar falando o seu nome, local e data de nascimento?

R – Meu nome é Adriana Cordovil, nasci no dia dois de janeiro de 1966 em São Paulo.

P/1 – Os seus pais são de São Paulo?

R – Não. O meu pai era mineiro, de Manhuaçu e minha mãe italiana.

P/1 – Toda a família do seu pai é de minas gerais?

R – Sim.

P/1 – Como eles se conheceram?

R – Minha mãe chegou da Itália em 1960, em São Paulo. O meu nono trabalhava na Simca, em Paris e foi transferido para uma filial que havia sido aberta aqui.

P/1 – Antes eles moraram em Paris?

R – Sim, por treze anos. Saíram da Itália depois da guerra. O meu nono lutou na resistência e um pouco antes do fim da guerra ele já havia fugido com a minha nona e minha mãe pequena. Em 1960 o meu pai já estava morando em São Paulo. Antes disso ele havia saído de Manhuaçu e se mudado para Belo Horizonte. Nessa época ele já cantava na Jovem Guarda. Minha mãe o conheceu em um clube de campo onde ele estava cantando.

P/1 – Ela estava assistindo?

R – Estava. Não sei exatamente em que ano foi isso, acho que em 1962, 1963.

P/1 – O que seus avós maternos eles faziam na Itália?

R – O nono era torneiro mecânico, morava em Piacenza, uma cidade que era pequena mas hoje não estão tão pequena quando comparada com Milão, e a minha nona morava em uma cidade vizinha, chamada San Secundo Parmense. Eles se conheceram ali na região. Ele ia a visitar de bicicleta para namorarem, mas com a guerra as coisas mudaram um pouco. Eles tiveram que se virar pra se ver, casar e tudo mais.

P/1 – Mas o exército o chamou?

R – Todos eram chamados para se alistar, independente de querer ou não. Inclusive um irmão dele de 16 anos foi convocado e morreu em um bombardeio. Ele serviu a marinha e tomava conta da alimentação dos marinheiros que ficavam em terra. Raramente ele embarcava. O que ele me contou é que eles não sabiam exatamente se a Itália estava do lado certo da guerra. Um dos...

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