Memória Petrobrás
Depoimento de Felipe José Soares
Entrevistado por Morgana Maselli
São José dos Campos, 23 de Junho de 2009
Realização Museu da Pessoa
Entrevista nº PETRO_TM097
Transcrito por Gabriel Monteiro
P1 – Então, Felipe, queria começar pedindo pra você dizer seu nome completo, o local e a data do seu nascimento.
R – Certo. Meu nome é Felipe José Soares, sou natural de Rio Claro, nasci no dia 20 de novembro de 82, vim pra São José bem pequeno, cresci aqui, sou da cidade mesmo.
P1 – Quando é que foi que você entrou na Petrobras e aqui na REVAP também?
R – Certo. Entrei na Petrobras no dia 10 de janeiro de 2007, é bem recente, mas parece que foi ontem.
P1 – E você veio trabalhar direto aqui na REVAP?
R – É, eu entrei na Petrobras direto na REVAP.
P1 – E foi através de um concurso?
R – Isso, concursado, fiz um concurso em dezembro de 2005 e fui chamado em janeiro de 2007.
P1 – Você pode contar um pouco como é que é o seu trabalho?
R – Certo. Aqui na refinaria eu sou fiscal de contrato e eu acompanho os contratos da parte de infra-estrutura no suporte operacional. Acompanho contratos de conservação de áreas verdes, de limpeza predial, __________ e toda essa parte de corte de eucalipto, roçagem na área de vegetação. Em geral de áreas verdes eu que acompanho esses contratos.
P1 – Esses contratos vocês contratam firmas terceirizadas que prestam esse serviço?
R – Isso, porque aqui na refinaria tem o pessoal da produção que dá apoio no processo mesmo e tem a área de suporte operacional. No caso, dentro do suporte operacional tem essa área de infra-estrutura no qual a gente trabalha lá e dá apoio, como restaurante, que tem outros fiscais também da Petrobras, restaurante, manutenção de prédios em geral, a gente que dá esse suporte. A gente é fiscal de contrato dessas empresas terceirizadas.
P1 – E o que você acha que são as características principais aqui da REVAP, em termos da produção dela e...
R – Olha, quando eu entrei aqui na refinaria, quando você é novo, né, até você se acostumar tem toda uma integração que é muito legal, mas eu acho que a Petrobras, a REVAP em si, a Petrobras demorou pra ter alguns concursos e agora que começou a vim esses novos concursos e entrar um pessoal mais novo, porque os funcionários aqui da REVAP são pessoas que já estão há bastante tempo, que já tem uma certa experiência que é legal pra gente também que está novo pra ir aprendendo, desenvolvendo, porque o pessoal passa as experiências pra gente.
P1 – E o que você acha que diferencia a REVAP das outras refinarias? Você conhece outras refinarias da Petrobras?
R – É, a gente conhece porque a Petrobras ela investe em cursos pra gente e nós normalmente vamos fazer esses cursos em outras unidades, mas eu acho que dentro da REVAP parece uma, como se fosse uma família mesmo, né, porque você passa mais tempo dentro da refinaria do que na sua própria casa, daí você... nesse pouco tempo que eu estou aqui eu já adquiri amigos já bem legais.
P1 – E o que que você pode comentar da presença da Petrobras aqui no Vale do Paraíba, já que você mora aqui em São José desde pequeno? O que que você...
R – Olha, aqui em São José dos Campos, pela quantidade de indústrias que tem, hoje uma das empresas mais importantes, no caso de geração de emprego, tal, de giro, que dá apoio pra todo o comércio da região, com certeza é a REVAP Petrobras. Porque hoje ta tendo a ampliação, as novas unidades que o pessoal está criando e isso gera uma economia, um capital de giro dentro da cidade. O comércio cresceu, entendeu? Hoje o centro da cidade está bem maior, entendeu? Existem mais shoppings, o pessoal final de semana ta sempre na rua comprando e aquecendo essa economia que o pessoal fala. A Petrobras é muito significativa aqui em São José hoje.
P1 – E na região do Vale assim também?
R – Também, por exemplo, hoje aqui na refinaria não temos só pessoas que moram em São José. Taubaté, Pinda, Jacareí, toda a região esse pessoal trabalha, que também de certa forma causa em certo impacto nessas cidades a refinaria aqui também.
P1 – Agora, Felipe, você até falou um pouco que você fiscaliza os contratos em relação a poda, corte de arvore, tal. Quais são as ações da REVAP em relação a proteção ambiental?
R – Olha, hoje a gente tem um órgão de segurança, meio-ambiente e saúde na área de meio-ambiente, que tem técnicos ambientais, engenheiros ambientais. E, hoje, um trabalho bacana que a gente ta fazendo aqui dentro da refinaria é no caso a gente estar fazendo um remanejo dos eucaliptos da área. Como eu disse, os funcionários aqui são pessoas que estão há bastante tempo e os eucaliptos aqui da nossa unidade eles já estão bem antigos também (risos) e o que acontece? Esses eucaliptos eles começam a ficar velhos e a gente chama de risco, né, causar um certo risco de queda. E o que que a gente está fazendo? A gente está fazendo hoje um trabalho que é o remanejo de tudo isto, a gente está retirando esses eucaliptos mais velhos e está fazendo a rebrota, no caso com o próprio eucalipto, e plantando mais mudas de eucalipto em toda a área da REVAP. Além do trabalho hoje que eles fazem de plantio de mudas nativas, porque devido a criação destas novas unidades, tiveram alguns cortes de vegetação e daí a gente está fazendo essa compensação com estas mudas nativas, todo esse trabalho.
P1 – E existe algum tipo de reutilização dessa madeira dos eucaliptos que estão sendo cortados aqui porque são antigos, dentro da própria refinaria?
R – Tem, esses eucaliptos são retirados e a gente recebe isso em forma de serviço, a gente está plantando grama do tipo esmeralda em todas as áreas da refinaria, que é uma... e a gente está tirando a grama mais antiga, ou o capim braquiária, que a gente fala, né. E ta plantando essa grama esmeralda causando um aspecto visual melhor. E tem economia porque a manutenção dessa grama ela não é tão freqüente como essa outra que a gente tem na unidade.
P1 – Interessante. E você sabe dizer, agora ficou uma coisa, por que que tem tanto eucalipto aqui em volta? Eles são nativos daqui ou a refinaria que escolheu plantar eucalipto e manter o eucalipto...
R – Não, eles são nativos daqui da região mesmo, principalmente em São José.
P1 – E, Felipe, em relação as ações sociais que a refinaria promove aqui pela cidade, você tem algum conhecimento?
R – Olha, eu não acompanho muito, mas a gente que é... dá apoio e que está direto, mas dá pra ver os shows, tem as visitas que a comunidade faz aqui dentro da refinaria, que é muito bacana, entendeu? Essa parte de segurança do trabalho, onde as empresas... porque a maioria dos empregados das empresas contratadas dentro da refinaria são daqui da região e passa isso em casa com os amigos, entendeu? Toda essa parte é bem legal isso.
P1 – E você que entrou agora há bem pouco tempo, é um período que a REVAP tem crescido, né. O que que você acompanhou aí nesses últimos dois anos?
R – Nesses últimos dois anos você passava aí numa área e via um campo, hoje você passa e já vê uma construção pronta com pessoas e... como eu disse, gerando emprego, tem bastante gente nova que está entrando, que está vindo de outros lugares aqui pra São José. A gente, nós somos novos aqui, existem outras pessoas que entraram junto comigo e que estão acompanhando esse crescimento, é bem legal.
P1 – Esse próprio crescimento, já tão depressa no tempo em que você entrou, afetou alguma coisa diretamente no trabalho que você tem que realizar?
R – Com certeza porque, por exemplo, um dos contratos que a gente acompanha é de limpeza predial, uma coisa que aparentemente é simples, mas ela tem todo um planejamento. E conforme aumenta o número de áreas são mais áreas, mais pessoas limpando e dando apoio pra esse pessoal, tudo isso.
P1 – Muda diretamente, né.
R – É, por exemplo, também devido a essa compensação de árvores o pessoal planta mais muda e gera mais manutenção em si, né, o pessoal precisa fazer o manejo, que a gente fala, dessas mudas novas, entendeu?
P1 – E aí vocês acompanham.
R – É.
P1 – E, agora, pensando assim nessa crise financeira aí, você já sentiu alguma coisa que tenha afetado aqui na refinaria, algum projeto que estava sendo desenvolvido e foi cancelado?
R – Olha, houve uma... deu pra ver que algum... diminui um pouco na quantidade de pessoas, tava num crescimento contínuo, deu uma estabilizada junto a isso, mas em relação aqui em São José devido a ampliação, São José não sentiu tanto porque a ampliação continua, continua a geração de empregos, deu uma estabilizada. Outras empresas aqui em São José sentiram bem a crise, mandaram funcionários embora e São José não está sentindo devido a essas outras empresas, mas em relação a Petrobras...
P1 – Como está crescendo aqui...
R – É, aqui ta sempre ampliando, é complicado falar que necessariamente a economia de São José teve algum problema devido a Petrobras, acredito que não.
P1 – Mas, por exemplo, lá na sua área de trabalho não houve nenhum projeto que estava previsto e deixou de acontecer?
R – Não, houve, houve algumas... não deixaram de acontecer, mas ficaram em stand by: ‘vamos analisar de forma mais criteriosa que no momento isso não está sendo, como eu posso dizer, economicamente viável pra empresa’, então ta... o pessoal ta guardando, né.
P1 – Agora, em relação ao pré-sal, você sabe dizer se já tem um perspectiva de mudança com essas novas descobertas aí, aqui pra refinaria?
R – Devido a ampliação das novas unidades, com certeza vai produzir mais, gerar mais empregos aqui pra região também, mais concurso, mais gente entrando aqui e dando apoio pra gente, com certeza, é isso que importa.
P1 – E desse tempo que você está trabalhando aqui, Felipe, já teve alguma coisa engraçada, interessante que tenha te acontecido durante o trabalho, que você possa contar pra gente?
R – Não, sempre acontece coisa engraçada, todo dia, principalmente quando você trabalha diretamente com esse pessoal na parte de corte de vegetação, que é um pessoal que, como eu posso dizer, não tem tanto estudo, daí eles são super engraçados. Não necessariamente, é que é bem regional aqui dessa região, eles são muito engraçados mesmo, o pessoal é muito bacana.
P1 – Você lembra de algum causo especifico, alguma coisa que tenha acontecido que você pode contar?
R – Deixa eu pensar aqui um bacana. Não, um mais assim, não, a gente...
P1 – E aí quando tem essas coisas de podar árvore, o manejo das árvores você acompanha lá na área também?
R – A gente, a gente acompanha, vai debaixo do sol, da chuva, a gente ta sempre dando apoio.
P1 – E já deu de cara com algum bicho inesperado?
R – Já, já. Aqui nessa região da REVAP a gente tem uma área onde o pessoal faz o manejo que tem tatu, cavalo, cobra (risos) tem, assim, o pessoal assusta, você vê... que nem eu falei, um cara grande e forte, assim, correndo, sabe, subindo em árvore com medo de um tatu, às vezes, um animal inofensivo. É bem engraçado, legal.
P1 – E quando vocês encontram algum bicho assim pelo caminho, qual que é o procedimento, como é a política de remoção, se está no meio do caminho?
R – É, no caso, a gente aprisiona ele, né, e entrega pra prefeitura e a prefeitura dá o destino correto pra esses animais.
P1 – Ta.
R - Normalmente é difícil capturar eles, esses animais são bem... é difícil, mas quando a gente consegue capturar a gente entrega pra prefeitura aqui de São José e ela que toma as medidas legais.
P1 – Ta certo. E, Felipe, você é sindicalizado?
R – Sou, sou sindicalizado.
P1 – E você já exerceu alguma função no sindicato? Como é a sua militância?
R – No caso a gente, por exemplo, costuma ir ao sindicato pra ouvir algumas... umas melhorias pra nossa categoria e, por exemplo, eles costumas ir na porta da refinaria pra comentar como que está... o que está acontecendo nos outros sindicatos e a gente costuma participar, é interessante.
P1 – Como é que você vê a relação do sindicato com a Perobras?
R – Olha, eu não sei como funciona nas outras unidades, ta, essa parte do sindicato. O sindicato aqui de São José ele dá apoio pra gente em alguns momentos bem interessantes, em alguns momentos.
P1 – E em outros nem tanto.
R – (risos)
P1 – E, Felipe, pra você o que é ser petroleiro?
R - Olha, quando você entra numa empresa dessa... porque você está acostumado a trabalhar em outras empresas e ficar com esse medo de a qualquer momento você, devido a uma contenção de gastos, uma crise, estar sendo mandado embora. Por exemplo, você vai comprar alguma coisa e você não sabe se amanhã você vai permanecer no seu emprego, é complicado. Mesmo sendo muito bom profissional é difícil você manter um emprego, mas a Petrobras ela dá esse apoio pra você como funcionário e como pessoa, entendeu? Devido a crise ela não tem esse corte necessariamente de pessoas, funcionários da Petrobras. Ela dá todo esse apoio, ela faz algumas contenções de gasto em relação a alguns serviços, né, mas assim... é diferente trabalhar numa empresa que não seja Petrobras. Ela te dá toda essa parte também, todo esse apoio... a gente tem um clube aqui que é o Clube dos Empregados da Petrobras, que é muito bacana, você pode estar indo com a sua família, com seus amigos, piscina. Então a gente fica ligado a Petrobras todo dia (risos), é bem bacana.
P1 – Uma coisa que vai além do trabalho.
R – Vai, vai muito além do trabalho.
P1 – Olha, Felipe, eu acho que a gente está chegando já pro fim, tem alguma coisa que você queria deixar registrado que eu não te perguntei? Alguma coisa que você queira falar?
R – Não, porque a gente novo, a gente está na refinaria há pouco tempo, é legal que a gente adquire experiência com as pessoas que estão aqui há mais tempo que a gente. Por exemplo, tem funcionários que estão aqui há trinta anos. Esse vídeo é de trinta anos da REVAP, eu espero daqui trinta anos estar aqui novamente dando esse depoimento pra vocês.
P1 – Legal. Eu queria, só pra encerrar, que você dissesse o que você achou de ter participado, de ter dado esse depoimento pro Memória Petrobras.
R – Muito legal, porque a gente que é novo não espera que vai ser chamado prum depoimento como esse, né, pensei que ia chamar o pessoal mais antigo pra falar da refinaria, como cresceu. A gente aqui está acompanhando, a gente é novo, a gente aqui é criança ainda. (risos)
P1 – Então é isso, Felipe, obrigada.
R – Legal? De nada.
FIM DA ENTREVISTA
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