Somos uma típica família mineira. Apesar de morarmos em um bairro periférico de Belo Horizonte com saída para Sabará, consideramos pertencermos à classe média. Meus pais mudaram-se para este bairro há muitos anos atrás, quando tinham apenas os dois filhos mais velhos, tendo meu irmão e eu nascidos com eles já morando aqui. Vou poupá-los da história trágica que os fizeram vir para cá, contando apenas que moravam no bairro Santa Efigênia, em uma favelinha exatamente onde é hoje o shopping Boulevard, na beira do rio Arrudas, quando, na década de 80, a enchente levou a casa deles e minha irmã sumiu por um dia nas águas barrentas do rio. Meu pai já tinha comprado o lote aqui no bairro e já tinha começado a construir a casa, mas eram tempos difíceis, então tiveram de se mudar com a casa ainda em construção. Perderam tudo, menos a esperança. Amigos ajudaram a levantar o restante e hoje moramos na mesmíssima casa levantada às pressas. O nome do nosso atual bairro reflete um pouco do que nossa família alcançou: Jardim Vitória. A vitória veio, os anos se passaram, meu irmão Alex nasceu, depois eu nasci, as coisas melhoraram, meu pai trabalhou muito e minha mãe o ajudou o tanto que podia.
Meu pai é um trabalhador e empreendedor nato. Aprendeu a profissão de artesão e, segundo ele, disseram que iria morrer de fome, pois tal profissão não o daria nada. Engano deles. Trabalhou muito mesmo e hoje expõe seus cintos de couro todos os domingos na famosa feira Hippie da av. Afonso Pena, ponto turístico da tão urbana Belo Horizonte. Mesmo sendo aposentado, até hoje não perde um dia de feira, faça chuva ou faça sol. Além da casa em que moramos, ele construiu, ao lado, uma loja e, em cima, outra casa. Ambos são alugados e proporciona uma renda extra para meu pai que, como eu disse, é um verdadeiro empreendedor. Embora ele seja um mestre nos negócios, o mesmo não ocorre nos relacionamentos. Muito fechado, o famoso “caladão”,...
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Somos uma típica família mineira. Apesar de morarmos em um bairro periférico de Belo Horizonte com saída para Sabará, consideramos pertencermos à classe média. Meus pais mudaram-se para este bairro há muitos anos atrás, quando tinham apenas os dois filhos mais velhos, tendo meu irmão e eu nascidos com eles já morando aqui. Vou poupá-los da história trágica que os fizeram vir para cá, contando apenas que moravam no bairro Santa Efigênia, em uma favelinha exatamente onde é hoje o shopping Boulevard, na beira do rio Arrudas, quando, na década de 80, a enchente levou a casa deles e minha irmã sumiu por um dia nas águas barrentas do rio. Meu pai já tinha comprado o lote aqui no bairro e já tinha começado a construir a casa, mas eram tempos difíceis, então tiveram de se mudar com a casa ainda em construção. Perderam tudo, menos a esperança. Amigos ajudaram a levantar o restante e hoje moramos na mesmíssima casa levantada às pressas. O nome do nosso atual bairro reflete um pouco do que nossa família alcançou: Jardim Vitória. A vitória veio, os anos se passaram, meu irmão Alex nasceu, depois eu nasci, as coisas melhoraram, meu pai trabalhou muito e minha mãe o ajudou o tanto que podia.
Meu pai é um trabalhador e empreendedor nato. Aprendeu a profissão de artesão e, segundo ele, disseram que iria morrer de fome, pois tal profissão não o daria nada. Engano deles. Trabalhou muito mesmo e hoje expõe seus cintos de couro todos os domingos na famosa feira Hippie da av. Afonso Pena, ponto turístico da tão urbana Belo Horizonte. Mesmo sendo aposentado, até hoje não perde um dia de feira, faça chuva ou faça sol. Além da casa em que moramos, ele construiu, ao lado, uma loja e, em cima, outra casa. Ambos são alugados e proporciona uma renda extra para meu pai que, como eu disse, é um verdadeiro empreendedor. Embora ele seja um mestre nos negócios, o mesmo não ocorre nos relacionamentos. Muito fechado, o famoso “caladão”, muito tradicional, conservador e ama mandar. Costumamos brincar que ele seria um patrão e tanto, daqueles de quem pedimos pelo amor de Deus para nunca encontrarmos, tamanha é sua exigência e perfeccionismo em tudo o que pede para ser feito. Não é um homem ruim, só tem um jeito meio torto de viver a vida. Não sabemos muito sobre o seu passado, mas acreditamos que ele ainda viva conforme os tempos do interior, das grandes dificuldades, do passar fome, do trabalhar na capina. Tudo isso fez dele um homem singular.
Minha mãe é um poço de alegria, firmeza e o nosso alicerce. O que meu pai não tem de bons relacionamentos, minha mãe tem em dobro: é amiga dos filhos, faz o papel de ouvir, sabe de todos os nossos segredos e conversa com o céu e a terra: é ela quem grita os vizinhos para saber como estão, quem cumprimenta todos do bairro, quem gosta de andar. Sua alegria e seu entusiasmo são sua marca registrada: é por esse motivo que ela é a famosa “tia preferida” da nossa família. Ela também é a responsável pelos relacionamentos e diálogos dentro de nossa casa, pois tudo passa por ela, como uma espécie de filtro.
Sandra é a minha irmã e faz parte da turma da bagunça: gosta de rir e devo dizer também de debochar. Ama festas, movimentos, gente, bagunça, tudo isso. É de igual importância ressaltar toda a sua garra, pois trabalha muito e não tem medo de ir à luta. Felizmente agora ela também estuda Pedagogia, depois de muitas tentativas sem sucesso para ingressar na faculdade, e acredito que começar a graduação a fez encontrar o seu lugar no mundo, pois anda muito mais leve.
Minha sobrinha é a Laysla. Nome difícil, né? Pois bem, a Lalá, como a chamamos por aqui, fará 18 anos no próximo mês e tem seguido um bom caminho: está no último ano do ensino médio, faz um curso técnico de Enfermagem (a única corajosa a ver sangue e não dar “um troço” aqui em casa) e vai prestar o exame de entrada para a faculdade. Estamos confiantes de que ela vai conseguir passar. É válido dizer que é muito diferente de mim e de meus irmãos: tem um gênio forte e não se preocupa em dizer o que deve ser dito sem “mudar a cara”. Essa ninguém vai “engalobar”, como costumam fazer conosco por sermos bonzinhos demais.
Esses são os membros da casa onde moro. De mim não tenho nada a dizer, pois não é este o foco. Para a curiosidade de vocês, é possível que, como escritora de memórias, eu deixe escapar uma coisinha ou outra nesta narrativa, mas nada premeditado nem tampouco desejado.
Dito sobre cada membro da casa, restam ainda outros dos quais preciso citar: meu irmão mais velho é o Tio Leo, e irei poupá-los mais uma vez de longas explicações sobre a razão de chamá-lo assim. Sério, estudioso, trabalhador, quase uma segunda figura paterna de minha parte, alcançou muito na vida, é casado, tem um filho (chamado Siegfried, menino animado que gosta de correr e se movimentar, característica que provavelmente adquiriu pelo fato de morar em apartamento), dá tudo o que não teve a ele e gosta de assuntos complexos. Conversar com ele e sua esposa Elaine pode ser um desafio ou uma vergonha, visto que sabem muito sobre vários assuntos. Depois que formou sua própria família mudou significativamente, talvez em função da nova vida que escolheu para si e os seus... Apesar de certo distanciamento, vem aqui pelo menos uma vez ao mês e passa todo o dia. Meu outro irmão vocês já conhecem, eu mencionei que ele, assim como eu, nasceu no Jardim Vitória. Mais velho que eu e mais novo que os demais, o chamamos de Kiko: é água que corre tranquila, isto é, muito mais despreocupado que nós, também tem sua família (sua esposa é a Carol) e dois filhos (Bruno e Melissa), sendo os dois também meus afilhados. Bruno é calmo como o pai, toca violino e parece ter seguido meu caminho com relação a atuar na igreja; já a Mel, nossa bonequinha, é esperta e cheia de travessuras, sendo a mais nova de nossa família. Voltando a falar do meu irmão, com o Kiko tenho uma proximidade maior para falar de coisas banais ou de coisa nenhuma, apenas rir, jogar conversas ao vento, cantar, assistir Chaves ou aquela série dos discípulos de Jesus. Por fim, tem o meu noivo, Mateus, que entrou para minha vida há quatro anos e tem feito a diferença em muitos aspectos de minha vida, sendo para mim o amor que “é paciente, é bondoso, não inveja, não se vangloria, não se orgulha, não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor, não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade”. Também é de igual importância falar de sua família, minha sogra, meu sogro e meu cunhado, pessoas que aprendi a amar, que sempre receberam-me de braços abertos, trataram-me com enorme carinho e que hoje também considero como minha família. (…)
Querem saber mais?
Acesse o link abaixo e adquira meu primeiro livro lançado, chamado “Memórias de uma vida contagiada”. Nele, além de contar mais detalhes sobre minha família, também conta nossa experiência durante o período da pandemia, quando o covid-19 parou o mundo e o mudou completamente.
https://uiclap.bio/alinealmeida_escritora
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