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Por: Angelo Brás Fernandes Callou, 3 de junho de 2025

Eu não sou eu em Lisboa

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Eu não sou eu em Lisboa

Eu não sou eu em Lisboa

Por Angelo Brás Callou

Saramago em Viagem a Portugal nos convida, se assim podemos dizer, a voltar sempre ao lugar que um dia visitáramos ou vivêramos. Há algo diverso em cada retorno, diz ele: vermos de noite o que vimos de dia; aportar na primavera, em vez do verão; perceber uma luz sobre algo que não fora percebido anteriormente…

As maneiras de observação são diversas, pois, talvez, nem mais somos os mesmos, ou, em última instância, os motivos são igualmente diferentes para estarmos onde um dia estivéramos! Dirá Saramago: “A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa.”

Faz exatamente nove anos que morei em Lisboa. Tudo parece estar no mesmo lugar, como se ontem fora a última estada aqui.

Por maior que seja a intimidade criada entre mim e a cidade – ruas, vielas, pastelarias, escadarias, ladeiras, tascas, metrô, alfarrábios, livrarias, igrejas, monumentos -, há, ao mesmo tempo, uma espécie de estranhamento (estou ainda à procura da palavra, se não exata, ao menos mais próxima do que quero expressar), ao rever lugares que sempre gosto de ir e de estar em Lisboa: Tasca Zé dos Cornos, para abocanhar o bacalhau grelhado; atravessar o Tejo de barco até Cacilhas, apenas para se deslumbrar na volta com o pôr do sol afogado no rio; ouvir fados no Bairro Alto, no simpático Canto do Atalaia, regado a chopp e, sobretudo, olhar para o azul, o mais azul – o céu de Lisboa.

O paradoxal (esta é a palavra) se configura em não me reconhecer mais aqui como eu era. Uma espécie de duplo, brinquei comigo mesmo, ao me lembrar do extraordinário O Sósia (1846), de Dostoiévski. Mais exatamente quando o funcionário público de baixo escalão Yákov Goliádkin gasta todas as suas economias em um único dia, ao alugar uma carruagem e comprar vestes burguesas, para desfilar na Avenida Niévski, símbolo da modernidade russa,...

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Palavras-chave: o duplo, crônica, alvalade, lisboa

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