ENTREVISTA NA ÍNTEGRA Meu nome é Rosa de Fátima dos Santos, eu nasci no dia 17 de julho de 1957. Nasci em Minas Gerais em Juiz de Fora. TRABALHO E FAMILIA Eu vim pra cá com 16 anos pro Rio de Janeiro e aqui eu comecei a trabalhar em casa de família e pra mim foi muito difícil tudo.Eu fiquei dos 16 até os 24 anos no trabalho.Com 24 anos eu pedi liberdade e saí porque não dava mais. Arrumei esse meu namorado que está comigo 20 anos, vai fazer 21 anos agora e tive uma filha com ele que está com sete anos e vai fazer oito anos. Se chama Letícia. CASARÃO DOS PRAZERES Eu moro em Santa Tereza. Eu conheci o Casarão através do administrador do Centro de Santa Tereza. A gente tinha aula de balé no Centro Cultural só que lá não tinha tanto espaço pra tantas crianças. Tinha que ficar na fila de espera. Então, eu conversei com Vânia e começamos a agitar um local grande para as crianças. Fui no Centro de Santa Tereza, falei com o administrador, e aí ele ligou para o Casarão dos Prazeres, e mandou ela ir visitar. Ela gostou depois marcou reunião com todas as mães e viemos pra cá pro Casarão dos Prazeres. A minha filha sempre precisou do balé porque ela tinha um defeito na perna, ela tem uma perna menor que a outra. Com o balé já diminuiu bastante essa diferença, e inclusive o médico falou: “Deixa ela continuar na dança, no balé e na natação.” Mas natação eu ainda não consegui pra ela. Estou desesperada procurando uma natação, porque em vez dela fazer fisioterapia, exercícios, ela faz uma aula que ela gosta, uma coisa que ela ama. Aí então eu conheci aqui e fiquei apaixonada pelo Casarão, então eu falei: “Minha filha vai continuar no balé Vânia, a gente vai correr atrás das coisas.” Tudo que eu posso fazer pelo balé eu corro atrás, peço ajuda aos comerciantes, converso, peço a eles pra ajudar. Eles sempre me ajudam no que eu preciso, nunca me negaram nada e minha filha está aqui,...
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ENTREVISTA NA ÍNTEGRA Meu nome é Rosa de Fátima dos Santos, eu nasci no dia 17 de julho de 1957. Nasci em Minas Gerais em Juiz de Fora. TRABALHO E FAMILIA Eu vim pra cá com 16 anos pro Rio de Janeiro e aqui eu comecei a trabalhar em casa de família e pra mim foi muito difícil tudo.Eu fiquei dos 16 até os 24 anos no trabalho.Com 24 anos eu pedi liberdade e saí porque não dava mais. Arrumei esse meu namorado que está comigo 20 anos, vai fazer 21 anos agora e tive uma filha com ele que está com sete anos e vai fazer oito anos. Se chama Letícia. CASARÃO DOS PRAZERES Eu moro em Santa Tereza. Eu conheci o Casarão através do administrador do Centro de Santa Tereza. A gente tinha aula de balé no Centro Cultural só que lá não tinha tanto espaço pra tantas crianças. Tinha que ficar na fila de espera. Então, eu conversei com Vânia e começamos a agitar um local grande para as crianças. Fui no Centro de Santa Tereza, falei com o administrador, e aí ele ligou para o Casarão dos Prazeres, e mandou ela ir visitar. Ela gostou depois marcou reunião com todas as mães e viemos pra cá pro Casarão dos Prazeres. A minha filha sempre precisou do balé porque ela tinha um defeito na perna, ela tem uma perna menor que a outra. Com o balé já diminuiu bastante essa diferença, e inclusive o médico falou: “Deixa ela continuar na dança, no balé e na natação.” Mas natação eu ainda não consegui pra ela. Estou desesperada procurando uma natação, porque em vez dela fazer fisioterapia, exercícios, ela faz uma aula que ela gosta, uma coisa que ela ama. Aí então eu conheci aqui e fiquei apaixonada pelo Casarão, então eu falei: “Minha filha vai continuar no balé Vânia, a gente vai correr atrás das coisas.” Tudo que eu posso fazer pelo balé eu corro atrás, peço ajuda aos comerciantes, converso, peço a eles pra ajudar. Eles sempre me ajudam no que eu preciso, nunca me negaram nada e minha filha está aqui, adora fazer a dança dela e está tranqüila. Eu adoro esse Casarão aqui, e se eu pudesse morava nele. Eu estou sempre aqui. Terça e quinta feira eu estou aqui das duas às 4 horas da tarde, aí eu venho pra cá trago a Letícia, ficou fazendo o meu crochê, fazendo os meus trabalhinhos. Aqui no balé, tem crianças magras, gordas, altas, negras, brancas isso é muito bacana. Nesse bale aqui, o grupo da minha filha eu digo é uma turma grande, mas ela se entrosou com o pessoal. Ela veio lá de baixo de um outro grupo que era menor do que daqui que é grande, mas ela se entrosou, ela fez amizade, ela gosta das meninas daqui do Morro. Ficou uma união, ficou uma coisa bonita das crianças. Ela fala “Mãe, a fulana está sem rede, a gente tem que ajudar, tem que comprar as coisas.” Desde apresentação do teatro Gonzaguinha, ela está juntando em dois porquinhos - esses porquinhos que quebra, de louça, - ela está juntando tudo que ela pode ali pra comprar uma sapatilha de ponta. O sonho dela é dançar na sapatilha de ponta e ela está juntando e ela está juntando. Ela faz desenho e os desenhos dela são maravilhosos, e a Bernadete já convidou ela pra botar aqui, a exposição dela de desenho. Só que ela ainda não fez um tema pra botar aqui. Mas ela faz a exposição dela de desenho lá no Centro Cultural e vende a 50 centavos e vai guardando esse dinheirinho dela. Eu acho bonito porque é uma coisa que ela está lutando pra conseguir aquilo que quer. Eu incentivo ela a ser econômica. Hoje vai ter a festa junina, e a Letícia vai dançar. Está lá toda de vermelho, toda pronta. Ela mesma enfeitou o vestido dela de pipoca: ela fez uma panela de pipoca enfeitou o vestido dela todinho e está lá esperando a dança. ARTESANATO Faço trabalho de bolsa, faço trabalho de crochê, faço bondinho também assim em crochê e faço esse trabalho aqui também dos bonequinhos e boto tudo pra vender. Dessa vez não deu pra trabalhar muito em cima, pra Arte de Portas Abertas, - porque eu sempre vendo na Arte de Portas Abertas. Também faço brigadeiro, empadinha, faço de tudo um pouquinho, tudo o que dá pra entrar dinheiro, pra ajudar. Porque eu pago aluguel, então eu tenho que correr atrás pra ajudar minha filha em tudo. Esses trabalhos manuais eu aprendi com minha mãe, quando estava nova ainda. Eu sei bordar, fazer ponto segredo, fazer vários tipos de pontos no crochê e bordar também vários tipos de bordado e outros artesanatos. Também faço jardineira de bambu pra plantar jasmim, violeta, aquelas coisas pequenininhas. Eu faço varias coisas, correndo atrás sempre pra manter a minha filha no que ela gosta e pra cuidar da parte de moradia também, porque eu sempre procuro que ela more num lugar mais confortável. Ela tem problema de asma também. É, tem que correr atrás e sempre amiga e poder ajudar as pessoas, correr atrás, ajudar fulano, e se não deu ajuda de uma maneira, manda no lugar que tem para ver se consegue. Pra poder conseguir as coisas, porque na vida nunca vem nada de graça pra gente. A gente tem que correr atrás.
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