P - Lia, a gente vai começar perguntando o nome completo, o local e a data de nascimento?
R - Bom, eu sou Lia Calabre de Azevedo, eu nasci no Rio de Janeiro em março de 1960.
P - Eu queria que você contasse o que você faz agora? Quer dizer você está aqui por um motivo, né? Essa atividade você faz agora, quando começou? Como é que foi esse envolvimento pessoal?
R - Bom, eu sou pesquisadora da Fundação Casa de Rui Barbosa e trabalho no setor de estudo de política cultural, pesquiso especificamente política cultural, na verdade sou historiadora o que não é muito comum historiador trabalhando com o contemporâneo,né? Trabalhando efetivamente com contemporâneo, faz pouco tempo que se faz isso, eu sou na verdade funcionária da fundação, eu sou pesquisadora concursada e isso é uma experiência bastante interessante num país como o nosso que temos poucos pesquisadores e poucos pesquisadores na área pública. Eu estou na Fundação desde 2002, na verdade a partir de então a gente tem, digamos que a gente vive uma confluência positiva com... Eu ingressei ainda no governo anterior ainda na gestão Weffort e o presidente da Casa tinha a ideia de criar um setor de estudo de política cultural. Aí é bastante interessante a gente perceber como essa ideia confluiu com a forma de gestão hoje deste outro Governo que não foi aquele que pensou a criação do setor de estudos. Então hoje na verdade a nossa principal função é a de estimular as pesquisas na área de política cultural e de realizar intercâmbios, diálogos e seminários, pesquisas integradas com... Enfim pesquisadores do país inteiro das mais diversas áreas. E a minha presença aqui se dá exatamente, porque esse ano nós fizemos a primeira experiência, nós criamos na verdade um seminário acadêmico sobre trabalhos... De trabalhos sobre os Pontos de Cultura sobre o Programa Cultura Viva e isso acabou resultando na presença de vários pesquisadores aqui no seminário. Nós...
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P - Lia, a gente vai começar perguntando o nome completo, o local e a data de nascimento?
R - Bom, eu sou Lia Calabre de Azevedo, eu nasci no Rio de Janeiro em março de 1960.
P - Eu queria que você contasse o que você faz agora? Quer dizer você está aqui por um motivo, né? Essa atividade você faz agora, quando começou? Como é que foi esse envolvimento pessoal?
R - Bom, eu sou pesquisadora da Fundação Casa de Rui Barbosa e trabalho no setor de estudo de política cultural, pesquiso especificamente política cultural, na verdade sou historiadora o que não é muito comum historiador trabalhando com o contemporâneo,né? Trabalhando efetivamente com contemporâneo, faz pouco tempo que se faz isso, eu sou na verdade funcionária da fundação, eu sou pesquisadora concursada e isso é uma experiência bastante interessante num país como o nosso que temos poucos pesquisadores e poucos pesquisadores na área pública. Eu estou na Fundação desde 2002, na verdade a partir de então a gente tem, digamos que a gente vive uma confluência positiva com... Eu ingressei ainda no governo anterior ainda na gestão Weffort e o presidente da Casa tinha a ideia de criar um setor de estudo de política cultural. Aí é bastante interessante a gente perceber como essa ideia confluiu com a forma de gestão hoje deste outro Governo que não foi aquele que pensou a criação do setor de estudos. Então hoje na verdade a nossa principal função é a de estimular as pesquisas na área de política cultural e de realizar intercâmbios, diálogos e seminários, pesquisas integradas com... Enfim pesquisadores do país inteiro das mais diversas áreas. E a minha presença aqui se dá exatamente, porque esse ano nós fizemos a primeira experiência, nós criamos na verdade um seminário acadêmico sobre trabalhos... De trabalhos sobre os Pontos de Cultura sobre o Programa Cultura Viva e isso acabou resultando na presença de vários pesquisadores aqui no seminário. Nós nos deparamos no começo do ano, ou melhor, nós nos demos conta que uma série de trabalhos acadêmicos, inclusive já defendidos: doutorados, mestrados alguns defendidos, alguns em curso, curso de especialização estavam tendo o Programa ou os Pontos de Cultura como objeto de estudo. Isso é bastante interessante na medida em que pra academia esse é um objeto muito novo. A prática acadêmica, a prática de estudos acadêmicos principalmente nas graduações strict sensu no mestrado, no moutorado, eles primam por objetos mais clássicos e mais consolidados. Então é bastante interessante perceber que um programa tão jovem tenha se tornado um objeto de pesquisa acadêmica em áreas muito variadas, né? Ao procurarmos esses pesquisadores, ao fazermos esse levantamento, nós descobrimos pessoas na área de Serviço Social, de Turismo, de Geografia, de Comunicação, de História, de Antropologia, enfim, também em Ciência Política, em Administração e Economia. Então na verdade é uma gama muito variada de disciplinas na verdade, né? Para os quais o programa tem se mostrado um importante objeto de estudo. Na verdade, é um processo para o Ministério bastante interessante, não são pesquisas contratadas, né? Quer dizer a demanda na verdade ela foi espontânea, algumas dessas pessoas até já trabalharam com o Cultura Viva como consultores, mas a grande maioria não. Então foi muito por conta do impacto do Programa, das ações e dos Pontos nas localidades é que o Programa se mostrou como um importante objeto de pesquisa.
P - Entendi. Mas você tinha algum flerte já anterior ao projeto, quer dizer tinha conhecimento dele, né? Como é que era isso?
R - Na verdade o projeto é um projeto extremamente simpático desde os primeiros tempos e como funcionária do Ministério, eu tenho contato com o projeto desde o início. A Fundação Casa de Rui Babosa é vinculada ao Ministério da Cultura como é a Funarte, a Biblioteca Nacional, nós não temos uma ação específica no Programa, mas exatamente por ser do setor dos estudos de política cultural, quer dizer a gente vai tomando contato com as ações, né? O meu primeiro contato mais próximo com o Programa foi na primeira Teia que eu tive realmente o prazer de ir e de assistir e me encantar com o Programa assim, na verdade foi um grande congraçamento, né? Um grande encontro dos Pontos e a ideia que mais me encanta é a ideia de você potencializar, de você valorizar e de fazer crescer iniciativas já existentes, mas mais variadas áreas de produção artístico-cultural tanto em área clássicas e consagradas da arte, a gente vai ter Ponto de Cultura trabalhando com música, trabalhando com dança, né? Mas também as novas tecnologias e outros faziam... Então o programa é extremamente inovador pela diversidade, pela abrangência é um programa de ação efetivamente nacional. Então essa capacidade dele de se espraiar pelo país inteiro e isso é fantástico, você tem a grande amostra efetiva da diversidade do país, eu acho que uma amostra dos Pontos, uma exposição sobre os Pontos mostram isso, mostra esses vários brasis que estão escondidos e também pelo princípio de priorizar ações que trabalhem, por exemplo, nos grandes centros em áreas consideradas áreas de risco, com juventude. Então enfim uma área de atuação na qual o Ministério da Cultura não havia atuado até então.
P - Essa aproximação da Fundação com o Programa isso muda a maneira de trabalho seu? O que muda?
R - Na verdade a aproximação com o Programa, porque a função do setor de políticas culturais bem a altura da estrutura do Ministério... Na verdade a gente costuma a prestar uma espécie de consultoria de conteúdo pra elaboração de políticas pra secretarias em geral. A secretaria com a qual a gente mais trabalha é a Secretaria de Políticas Culturais. Então, na verdade assim: até então a gente vinha fazendo trabalhos mais técnicos assim: contribuímos no plano nacional de cultura, contribuímos no trabalho técnico com o IBGE na construção de sistema de indicadores culturais. Enfim numa área mais formal ou de mais regulação a institucionalização que é um pouco diferente do que é a ação do Cultura Viva, né? Mas assim eu sempre tive uma curiosidade muito grande, uma falta de tempo muito grande também de conhecer melhor o Programa, de conhecer melhor o desdobramento e aí por conta da pesquisa com a Ipea e da aproximação pelo viés da pesquisa eu consegui me aproximar um pouco mais do programa, na verdade eu não sei se a gente pode falar em mudança na forma de trabalhar porque eu acho que não é isso, né? Mas sem dúvida na minha atuação pessoal que além de trabalhar como pesquisadora sou professora, em MBA tanto na Fundação Getúlio Vargas quanto na Cândido Mendes sem dúvida que isso agrega pra mim um potencial de realidade, Porque uma coisa é quando você está lá no escritório pesquisando fora da realidade, um outra coisa quando você circula e você ouve na verdade um pouco das narrativas efetivas porque é assim entre ler sobre a realidade e ter contato com elas lá é uma diferença considerável.
P - Entre essas várias teses, vários trabalhos que você chegou a ver tem alguma história alguma coisa que marcou muito que você olhou e falou: “Nossa esse é o caminho interessante realmente o Programa é uma coisa que está gerando...” Quer dizer dê um exemplo pra gente entender um pouco melhor?
R - Na verdade tem alguns trabalhos fizeram na verdade um estudo... Mais um estudo de caso, quer dizer foram dialogar com o Ponto, com o entorno, com as pessoas atingidas diretamente, esse na verdade... Esses trabalhos foram os que mais me chamaram a atenção, porque são aqueles que pra mim me dão uma maior noção de vivência, de realidade, né? Tem alguns trabalhos em Pernambuco sobre os maracatus, sobre o maracatu, digamos assim o impacto e o papel que ele tinha naquela sociedade, naquela localidade num determinado momento como o que muda quando ele se transforma num Ponto de Cultura, em termos de potencialização e de atração principalmente da juventude, porque é uma coisa bastante interessante, né? As manifestações mais tradicionais, em geral, elas não aproximam os jovens, né? Nós ainda temos assim para os jovens a cultura midiatizada é muito mais forte. Então aquilo que não sai nos jornais, que não está na mídia, não está na moda e não é pra ser praticado, em geral, né? Claro falando assim de uma forma geral todos os jovens agem assim, mas é um comportamento mais ou menos padrão. E aí é muito interessante, quer dizer o Programa agrega a algumas dessas manifestações culturais um valor de modernidade, né? E de estar na moda porque ele é valorizado por alguém que chega de fora e diz assim: “Isto é bom” então ele tem um selo de qualidade que é imposto pelo lado de fora e que acaba refletindo na relação desses que não olhavam... Para os quais a manifestação era invisível, quer dizer cria uma atração na medida em que diz assim: “Não, é importante” tem a chancela externa e isso a gente imaginava e alguns trabalhos de pesquisa empírica mesmo que foram lá e fizeram entrevista com o ponto trazem como resultado isso. Então aquilo que a gente imaginava teoricamente que era a necessidade assim... O quanto a chancela externa acaba potencializando localmente uma determinada manifestação, isso se comprovou através dos trabalhos.
P - E qual seria assim dentro do âmbito do seu trabalho, da Fundação qual seria a expectativa agora de futuro pro programa?
R - Na verdade a gente deseja vida longa pro Programa, né? Se a gente tiver que fazer algum desejo, a gente deseja vida longa... Na verdade hoje a gente vive no Ministério um processo de transformação de programas e ações em políticas efetivas, né? Então o que a gente deseja na verdade é que o programa se efetive como uma das políticas do Ministério pra que ele passe na verdade a ser uma política maior, uma política de Estado, para que ela possa efetivamente sobreviver a uma tradição complexa que a gente tem que é de descontinuidade de ações, na medida em que a gente tenha mudança das administrações. Então o que a gente espera é que ele tenha se enraizado de forma tal como a gente começa a achar que na verdade as pessoas que dele participam se apropriem e façam na verdade e cobrem o processo de continuidade caso haja alguma tentativa de descontinuidade, porque a gente sabe que efetivamente a gente tem ações que pegam e ações que não pegam. Então é exatamente a valorização que os envolvidos... Que as comunidades envolvidas têm com o programa que vão validar a continuidade ou não do próprio Programa.
P - Tá bom, obrigado Lia.
R - De nada.
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