Louyse Souza Silva nasceu em 17 de maio de 2000, em São Luís do Maranhão, onde vive até hoje, construindo uma história marcada por afetos, travessias e resistência cotidiana. Filha de um operário que virou homem do mar e de uma mulher guerreira do comércio, Louyse nasceu em São Luís e carrega o Maranhão inteiro no peito. “Meu pai era operador de máquinas numa empresa que fabricava remédios, até que a empresa faliu.
Ele virou inspetor de embarcação e, atualmente, trabalha no ferry boat daqui de São Luís, fazendo a travessia dos carros e das pessoas para a Baixada Maranhense.” A mãe, presença firme: “Trabalha no comércio desde antes de eu nascer. Tem mais de 25 anos nessa atuação.”
Sua infância foi feita de rua, de corrida, de esconde-esconde no escuro. “Amava brincar de gato mia à noite, no escuro... Gostava muito de polícia e ladrão. Eu sempre queria ser o ladrão, porque tinha que correr mais. Eu era boa de correr.” Bonecas não a encantavam: “Inclusive, achava sem graça... Eu queria brincar com os meninos.”
Entre irmãos com décadas de diferença, separações e recomeços, Louyse foi tecendo uma identidade forte. “A separação dos meus pais foi algo que me marcou bastante... Minha mãe foi embora por uns anos... Foi uma época muito difícil, até me afetou mentalmente.” Mas a dor virou força: “Tirei proveito disso... Me tornei mais autônoma, mais independente.”
Seu maior amor? O pai. Um homem que rompeu ciclos com o gesto simples e revolucionário de amar com presença. “Ele é realmente um paizão... Sempre cuidou bem dos filhos, e com muito amor... Ele escolheu fazer diferente. Ninguém ensinou isso para ele. É o que ele sente.” Louyse fala com brilho nos olhos: “Ele é um tipo de pai que diz ‘eu te amo’, que te apoia em qualquer decisão, incondicionalmente.” A escola lhe apresentou um outro amor: a História. “Todos os meus professores de História me marcaram... Eu também sou...
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Louyse Souza Silva nasceu em 17 de maio de 2000, em São Luís do Maranhão, onde vive até hoje, construindo uma história marcada por afetos, travessias e resistência cotidiana. Filha de um operário que virou homem do mar e de uma mulher guerreira do comércio, Louyse nasceu em São Luís e carrega o Maranhão inteiro no peito. “Meu pai era operador de máquinas numa empresa que fabricava remédios, até que a empresa faliu.
Ele virou inspetor de embarcação e, atualmente, trabalha no ferry boat daqui de São Luís, fazendo a travessia dos carros e das pessoas para a Baixada Maranhense.” A mãe, presença firme: “Trabalha no comércio desde antes de eu nascer. Tem mais de 25 anos nessa atuação.”
Sua infância foi feita de rua, de corrida, de esconde-esconde no escuro. “Amava brincar de gato mia à noite, no escuro... Gostava muito de polícia e ladrão. Eu sempre queria ser o ladrão, porque tinha que correr mais. Eu era boa de correr.” Bonecas não a encantavam: “Inclusive, achava sem graça... Eu queria brincar com os meninos.”
Entre irmãos com décadas de diferença, separações e recomeços, Louyse foi tecendo uma identidade forte. “A separação dos meus pais foi algo que me marcou bastante... Minha mãe foi embora por uns anos... Foi uma época muito difícil, até me afetou mentalmente.” Mas a dor virou força: “Tirei proveito disso... Me tornei mais autônoma, mais independente.”
Seu maior amor? O pai. Um homem que rompeu ciclos com o gesto simples e revolucionário de amar com presença. “Ele é realmente um paizão... Sempre cuidou bem dos filhos, e com muito amor... Ele escolheu fazer diferente. Ninguém ensinou isso para ele. É o que ele sente.” Louyse fala com brilho nos olhos: “Ele é um tipo de pai que diz ‘eu te amo’, que te apoia em qualquer decisão, incondicionalmente.” A escola lhe apresentou um outro amor: a História. “Todos os meus professores de História me marcaram... Eu também sou historiadora... Eles influenciaram muito na minha escolha. Ensinavam coisas que abriam nossa mente.”
Louyse é também produtora cultural e agente do Museu da Pessoa. E vê nesse trabalho um encontro com sua própria trajetória: “Sempre fui engajada politicamente e culturalmente... Esse trabalho tem sido incrível... Tenho conhecido mais iniciativas culturais do Brasil e do meu território.” Mais do que conectar memórias, ela constrói redes: “Esse projeto tem permitido costurar redes importantes... Estamos trazendo à tona a existência de iniciativas que prestam serviço social e cultural, mas que ninguém tá vendo.”
Seu maior orgulho? Um diploma. E tudo o que ele simboliza: “Faço parte da primeira geração da família que conseguiu conquistar isso... E continua conquistando... Agora tô no mestrado. Isso é um sonho coletivo sendo realizado.”
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Nasci em São Luís, cidade do mar,
onde aprendi a crescer e a sonhar.
Minha história começa com meu pai trabalhador,
que enfrentou recomeços com coragem e amor.
Por quase vinte anos, operou maquinaria,
até que a fábrica fechou um dia.
Virou inspetor, mudou de missão,
hoje cruza o ferry com dedicação.
Leva carros, pessoas, atravessa o chão molhado,
mas leva também um coração dedicado.
Diz “eu te amo”, me apoia sem medida,
é um pai presente, farol da minha vida.
Minha mãe é firme, guerreira de verdade,
mais de vinte e cinco anos no comércio da cidade.
Trabalha em ótica desde antes de eu nascer,
foi com sua força que aprendi a crescer.
Quando meus pais se separaram, a dor me visitou,
minha mãe partiu e o silêncio ficou.
Fiquei com a família por parte de pai,
e, mesmo sofrendo, não olhei pra trás.
Família grande, histórias no interior,
descobri até avô que ninguém mencionou.
Tenho dois irmãos, distantes na idade,
mas o carinho não se mede em proximidade.
Na escola encontrei mais que lição,
os professores de História tocaram meu coração.
Eles não ensinavam só datas e fatos,
ensinavam a vida em pequenos atos.
Foi ali que nasceu minha vocação,
quis ser como eles, com paixão.
Hoje sou historiadora, com orgulho e razão,
carrego saber e transformação.
Conquistei meu diploma com suor e suor,
na universidade, onde o saber tem valor.
A primeira da família a me formar,
um sonho coletivo a se realizar.
Sou feita de afeto, de dor e cuidado,
de tudo que a vida me tem ensinado.
De quem corre na rua, de quem quer ser mais,
de quem enfrenta os tombos e ainda sonha em paz.
Essa é Louyse, é memória, é caminho, é força que brota mesmo sozinha.
Entre laços, livros e travessia, é a história que pulsa noite e dia.
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