Projeto ARTISTAS EM RETRATO - (Pensei em algumas classificações)
Realizado por NUMPE NUCLEO UBATUBA Museu da Pessoa
Depoimento de Pedro Aparecida de Santana
Nome artístico PEDRO SANTANA
Entrevistado por Fabíola Lugão e Telma Homem de Mello
LOCAL E DATA Ubatuba, 08/11/2024
Entrevista Nº NUMPE-HV008
Transcrito por Telma Homem de Mello
Revisado por Fabíola Lugão C. Viggiano e Telma Homem de Mello
TÍTULO: Empenho em viver sua arte.
MINIBIO
SINOPSE:
TAGS Monte Santo, artista, cenografia, escola de samba, Ubatuba, exposição ......, desenho, São Paulo, pintura, MASP, setorial de artes plásticas, pipa, Pedro Malazarte
Pedro Entrevista Completa
Fabíola
O Núcleo Ubatuba Museu da Pessoa está aqui hoje com o Pedro Santana em 8 de novembro de 2024 e agradecemos muito a sua presença. Gostaria de te conhecer Pedro, pedindo que você nos diga seu nome completo, sua idade e o local que você nasceu.
Pedro
Tá legal. Obrigado por me oferecer essa oportunidade. Meu nome é Pedro Aparecida de Santana e nasci em São Paulo, na capital.
Agora estou com 57. Bastante tempo de vida.
Fabíola
Pedro, como foi sua primeira infância? O que você lembra? Como foi sua estrutura familiar?
Conta para a gente.
Pedro
Acho meio complexo. Complexo eu vendo hoje. Meus pais são nordestinos, do sertão mesmo, da Bahia.
É Monte Santo. Pode filmar o Apagador de Promessas, um pedacinho. Tinha muitos filhos.
Somos nove irmãos. Faleceu um. Era aquela coisa, uma escadinha.
Na infância, percebi que tinha uma certa carência. Não era tão vasto. Era meio restrito a algumas coisas.
Mas acho que foi tudo tranquilo. Uma cama ficava um ou dois. Na época, dormia em duas poltronas juntas.
Eu dormia nessa poltrona. Acho que foi bem legal.
Fabíola
Eles vieram de Monte Santo?
Pedro
Monte Santo.
Fabíola
Direto para São Paulo?
Pedro
Tem uma historinha grande. Na verdade, meu pai... Na época anterior, era bem mais complicado essa coisa...
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Realizado por NUMPE NUCLEO UBATUBA Museu da Pessoa
Depoimento de Pedro Aparecida de Santana
Nome artístico PEDRO SANTANA
Entrevistado por Fabíola Lugão e Telma Homem de Mello
LOCAL E DATA Ubatuba, 08/11/2024
Entrevista Nº NUMPE-HV008
Transcrito por Telma Homem de Mello
Revisado por Fabíola Lugão C. Viggiano e Telma Homem de Mello
TÍTULO: Empenho em viver sua arte.
MINIBIO
SINOPSE:
TAGS Monte Santo, artista, cenografia, escola de samba, Ubatuba, exposição ......, desenho, São Paulo, pintura, MASP, setorial de artes plásticas, pipa, Pedro Malazarte
Pedro Entrevista Completa
Fabíola
O Núcleo Ubatuba Museu da Pessoa está aqui hoje com o Pedro Santana em 8 de novembro de 2024 e agradecemos muito a sua presença. Gostaria de te conhecer Pedro, pedindo que você nos diga seu nome completo, sua idade e o local que você nasceu.
Pedro
Tá legal. Obrigado por me oferecer essa oportunidade. Meu nome é Pedro Aparecida de Santana e nasci em São Paulo, na capital.
Agora estou com 57. Bastante tempo de vida.
Fabíola
Pedro, como foi sua primeira infância? O que você lembra? Como foi sua estrutura familiar?
Conta para a gente.
Pedro
Acho meio complexo. Complexo eu vendo hoje. Meus pais são nordestinos, do sertão mesmo, da Bahia.
É Monte Santo. Pode filmar o Apagador de Promessas, um pedacinho. Tinha muitos filhos.
Somos nove irmãos. Faleceu um. Era aquela coisa, uma escadinha.
Na infância, percebi que tinha uma certa carência. Não era tão vasto. Era meio restrito a algumas coisas.
Mas acho que foi tudo tranquilo. Uma cama ficava um ou dois. Na época, dormia em duas poltronas juntas.
Eu dormia nessa poltrona. Acho que foi bem legal.
Fabíola
Eles vieram de Monte Santo?
Pedro
Monte Santo.
Fabíola
Direto para São Paulo?
Pedro
Tem uma historinha grande. Na verdade, meu pai... Na época anterior, era bem mais complicado essa coisa de machismo.
Era bem mais forte ainda. Meu pai veio primeiro, acho que ele tinha uns 17 anos. Foi em busca de conquistar a vida dele.
Ele contou isso para mim bem depois mesmo. Bem para frente. Demorou 23 dias até chegar em São Paulo.
Foi, andou, foi para o Rio de Janeiro, foi até chegar em Santos. De Santos, parece que ele conseguiu um trem, alguma coisa assim. Em total, demorou 23 dias.
Como ele trabalhava muito, ele conseguiu. Acho que foi aquela coisa de ir lá buscar a mulher. Devia ter uma ligação com as famílias já.
Buscar uma mulher para ter uma mulher dentro de casa em São Paulo. Acho que ele devesse gostar também.
Fabíola
As atividades que ele passou, você lembra?
Pedro
Lembro, sim. Era uma pessoa que tinha muita habilidade manual. Ele trabalhou um tempo na Light, na antiga Light.
Depois trabalhava de sapateiro na madrugada. Trabalhou no bonde, limpando o bonde. Só que ele aprendeu também a profissão de pedreiro.
Na verdade, sim. Se fosse hoje, ele seria um encarregado de obras. Ele aprendeu isso também sozinho.
Não sei como, mas aprendeu sozinho. E começou a construir. Foi isso que levantou a vida dele.
Na verdade, nem foi nos empregos. Foi mais na construção civil, trabalhando, construindo, vendendo. Ah, e teve um bar também.
Ele fazia muita coisa. Mas também focava só no trabalho.
Fabíola
Sua mãe ajudava no bar?
Pedro
Não, não. Minha mãe era mais a parte de dona de casa mesmo. Nessa parte, ela ficava mais em casa, cuidando daquele bando de filhos.
Fabíola
Qual que é a região de São Paulo que você morava?
Pedro
Morava na Freguesia do Ó, no bairro lá. Tinha um bairro mais próximo, no bairro do Limão.
Fabíola
E essa família grande, como era a relação com os irmãos?
Pedro
Acho que era tranquilo, mas, ao mesmo tempo, tumultuosa. Porque as idades são muito parecidas. Então ficava disputando, brigava muito.
Às vezes tinha que separar. Às vezes tinha que colocar um canto, outro no outro. Mas se brigava muito.
Os irmãos brigavam bastante por conta de... Porque tinha poucas oportunidades. Quase não tinha brinquedo, não tinha muita coisa.
Então, qualquer coisa que aparecia, estava disputando alguma coisa.
Fabíola
E a parte da escola, como é que ia?
Pedro
Então, foi tudo ensino público mesmo. Tudo ensino público. Aqueles que tinham mais para o estudo, acho que conseguiram.
Tem poucos que se formaram em faculdade. Acho que a minha irmã, que é a irmã mais nova, a mulher. E mais um outro irmão só.
Os outros tiveram que se virar para trabalhar, até para ajudar em casa. Aí foram na formação... Não deram continuidade na formação acadêmica.
Eu sou um deles, na verdade.
Fabíola
Você gostava de escola?
Pedro
Eu sou, nesse ponto, o mais rebelde de todos. Eu não me adaptei nunca à escola. Essa escola que existe.
Fabíola
Tradicional.
Pedro
Pode se colocar como tradicional. Essa aqui eu achava muito decoreba. Por incrível que pareça, eu era muito, muito, muito tímido mesmo.
E tinha esse outro lado que eu achava bem esquisito a escola. Tudo muito decoreba. Queria fazer outra coisa, menos ir para a escola.
Fabíola
E o que seria essa outra coisa? O que te dava prazer?
Pedro
Um conhecimento mais espontâneo. Mais ao ar livre. Conversar com pessoas.
Ou buscar conhecimento andando pela rua. Um conhecimento diferente. Ou nos livros.
Apesar que meus pais nunca me incentivaram a ler nenhum tipo de livro. Aí tem o Gibi. Eu também nunca fui muito fã de Gibi.
Mas procurava conhecimento em qualquer outro canto. Que eu conseguisse entender que era... Sou muito curioso também.
Então, onde é interessante algum tipo de trabalho, que é interessante, que você vai aprender coisas, eu acho que me interessava mais.
Fabíola
E o que te despertava? O que fazia seu olhinho brilhar? Exatamente.
Pedro
Não tem algo muito específico. Não lembro não. Muito específico.
Tudo me interessava. Entrava numa fábrica, você via muita máquina funcionando, muita coisa ali. Aquilo ali me deixava bem interessante.
Aprendi até mesmo a marcenaria. Ou empinar pipa também. Uma coisa muito louca.
Parece louco, mas você aprende muito empinando pipa.
Fabíola
Como era sua infância? Você brincava na rua?
Pedro
Então, as brincadeiras nossas... Meu pai também era muito conservador, muito brabo mesmo. A gente não saía muito para a rua não.
Saía meio que fugido ali. Mas tinha um quintal grande, então a gente brincava mais no quintal. Aí era brincadeira de gente que se virava.
Fazia os próprios carrinhos de barro. Tinha bastante árvore frutífera lá no quintal. A gente subia nos pés de manga.
Comia e brincava ao mesmo tempo. Brincadeiras... A gente mesmo criava as brincadeiras para tentar fazer alguma coisa divertida.
A intenção era se divertir mesmo.
Fabíola
Brincada com quintal. Nove crianças. Não precisa de mais nada para se divertir.
Pedro
Não tinha as dificuldades que você via outras pessoas em outros bairros ou mesmo ali no barco com bicicleta nova ou qualquer coisa. Então acho que a criança fica meio assim... Caramba, só eu que não tenho?
Lembro quando ele comprou uma... Meu pai era daquela época do baú da felicidade. Ele comprava aquele carnê lá e conseguiu tirar uma Monarch, aquela bicicleta barra forte que era forte mesmo.
Tinha que ser uma bicicleta para todos. Tinha até uma garupa, mas tinha que contar quem ia usar tal horário, quem ia usar a bicicleta tal horário. Era muito...
Até que divertido também.
Fabíola
Era uma organização para funcionar.
Pedro
Meio que uma... Os mais velhos se davam super bem. Os mais novos ficavam só esperando a vez deles.
Fabíola
Qual é o seu lugar na escadinha?
Pedro
Ah, deixa eu ver. No meio, vamos pôr de nove no meio.
Fabíola
São quantos meninos?
Pedro
Sete homens e duas meninas. Teve um que faleceu recentemente. Tem uns cinco, seis anos.
Agora somos em oito.
Fabíola
Tem contato com todos?
Pedro
Sim, sim.
Fabíola
Família unida?
Pedro
Não acho tão unida não, mas tá. Todo mundo se respeita. Cada um entende o seu caminho.
Mas não acredito ser muito unida não vejo assim não.
Fabíola
Seus pais estão vivos?
Pedro
Meu pai faleceu. Próximo desse primeiro faleceu meu pai. E logo em mais uns seis meses faleceu esse outro irmão.
E minha mãe tá viva.
Fabíola
Mora em São Paulo?
Pedro
Mora em São Paulo. Inclusive o aniversário dela agora é 16.
Fabíola
Legal. E a sua adolescência?
Pedro
Aí foi legal. Ficou legal porque já comecei a trabalhar muito sei lá se é muito cedo os padrões de hoje é mais cedo. Acho que com 13 anos já estava trabalhando naquela guarda de Santana uma guardinha mirim de Santana que se chamava.
Em supermercado. Era cansativo pra caramba, mas entrava um dinheirinho. Foi interessante.
Aí juntei, comprei minha bicicleta. Primeira coisa era comprar a bicicleta.
Fabíola
E depois do guarda mirim?
Pedro
Aí ficou um tempo de guarda mirim aí eu passei a tentar procurar trabalhar também fora guarda mirim mas em supermercado também mas de uma outra forma. Também não deu certo. O trabalho pra mim sempre foi muito complexo.
Eu nunca fiquei muito tempo em nenhum tipo de trabalho. É mais pra frente que teve um rapaz lá que morava no bairro era um feirante, mas um feirante sim de um porte médio, baixo. E ele falou se eu não quer trabalhar comigo lá eu falava, claro, eu preciso de grana, vamos trabalhar.
Ele vendia calçados só que ele levava numa brasília, um carro pequeno. Ele estava também iniciando. E era só ele.
Ele era bem empuxado. O trabalho era bem cansativo mesmo.
Fabíola
Não, era a feira livre.
Pedro
A brasília é o carro que levava até a feira livre. Tem muito em São Paulo. As barracas de roupa, barracas de calçados, era de calçados.
Mas era só nós dois, então era muito empuxado. Você vai, acorda super cedo, aí tem que montar toda a banca aí vai montar diferente de fruta, que vende tudo. Então a banca estava vazia.
Você vende alguns pares e continua a banca. Aí você vai lá no fim da feira, monta tudo de novo e guarda no outro dia a mesma coisa. É bem cansativo.
Fabíola
E isso morando com seus pais?
Pedro
Sim, sim, sempre morando com meus pais.
Fabíola
Vamos prosseguir. Depois dessa venda de sapatos, calçados...
Pedro
Fiquei um bom tempo. Depois até me estimulou. Acabei comprando também uma banca de batata.
Era eu e esse rapaz que eu trabalhava, a gente tinha uma sociedade. Fiquei me curtindo aí na feira. Eu já estava, sei lá, perto dos 18 anos de idade.
Mas também não deu certo.
Fabíola
E como é trabalhar na feira? Deve ser interessante.
Pedro
É interessante que você conhece gente, faz amizade, se diverte bastante, mas é muito pesado. No caso, eu era adolescente e depois quase se formando homem. E meu corpo é muito magro .
Para mim, carregar a banca de batata foi a pior coisa que eu fiz na minha vida. É muito pesado, é tudo muito bruto. É supercomplicado.
E ao mesmo tempo,não era uma banca gigante que você pode ter funcionário. Eu só era dono, mas parece que não, porque trabalhava que nem um doido para conseguir manter uma coisa para entrar um dinheirinho.
Fabíola
Autogestor.
Pedro
É. Mas aprendi bastante, foi legal. Aprendi a lidar com as dificuldades.
Isso é bom.
Fabíola
Muitas escolas. É. Pedro, esse...
Estão seguindo. Depois disso...
Pedro
Ah, sim. Vamos ver. Comecei também a fazer uns trampos de pintura de residência em casa, por conta própria.
E pintura de parede. Aparecia um biquinho, o outro fazia. As coisas comigo vão acontecendo assim.
Alguém... Parece do carnaval. Ficou bastante tempo.
Um amigo meu lá vizinho, que faleceu também já. Ele era de uma escola lá bem conhecida, do Rosas de Ouro, lá em São Paulo. A escola mais próxima da minha casa.
Ele falou, você não quer ir lá? Você tem bastante talento. Eu já desenhava, fazia algumas coisas assim.
Vamos lá, quero trabalhar lá. Falei, vamos embora. Só que é voluntário.
Falei, tudo bem. Vamos aprender alguma coisa.
Fabíola
Como foi trabalhar lá.
Pedro
Quer falar?
Fabíola
Já desenhava. Em que momento você despertou para o seu traço, para o lápis? Você já desenhava quando foi para a escola?
Pedro
Sim, desenhava um pouco. Já tinha uma certa habilidade. Na verdade, acho que o início mesmo seria como criança.
Como aquele monte de irmãos, a gente brincava às vezes também de desenhar, para ver quem desenha melhor. Teve um irmão meu na escadinha acima de mim. Ele desenhava super bem.
Até foi trabalhar como desenhista. Pense que faleceu. Acho que o início seria por ali mesmo.
A gente brincando como criança de desenhar um e tentar desenhar maior que o outro. Mas o que despertou totalmente foi uma visita minha no MASP. Deve ter uns 14 anos.
Fui para a escola, visitando o MASP. Comecei a ver aquelas obras lá incríveis. Tanto artistas brasileiros como artistas de fora.
Me chamou muita atenção aqueles autorretratos. Se olhava, era uma coisa incrível. Eu pensei comigo, é isso que eu quero fazer na minha vida.
Quero ser um pintor. Bateu aquela coisa meio que séria, mas, ao mesmo tempo, uma ilusão de adolescente.
Fabíola
Que taxa de idade você tinha?
Pedro
Na visita do MASP, eu tinha 14 anos. Ficou aquela coisa na minha cabeça. Ficou no subconsciente, na verdade.
É tudo muito corrido. Você começa a trabalhar, a pensar outras coisas. Tem o dia a dia.
Deve ter ficado no subconsciente.
Fabíola
Latente.
Pedro
Comecei, mais para frente, a fazer umas coisas por conta. Uns desenhos, umas pinturas. Foi nessa que meu amigo falou que já tinha uma habilidade.
Vamos trabalhar lá. Falei, vamos lá. Foi como voluntário.
Foi incrível. Foi um mundo maluco. Bem doido também.
Mas foi interessante. Você vê grandes profissionais trabalhando e você é direto com eles. No outro ano, eu já estava trabalhando, pegando um serviço por conta.
Foi uma coisa meio súbita, super rápida. No ano seguinte, já me contrataram. Eu já estava lá com um compromisso gigantesco para entregar com prazo.
Fiquei muito doida. Fiquei... Na escola de samba, estou tomando tudo há uns 20 anos.
Fabíola
Já desfilou?
Pedro
É meio doido isso também. Desfilei, mas não daquela jeito de vestir uma fantasia. Desfilava de uma maneira diferente.
A gente era membro do barracão. Ou saía na aula do barracão, ou saía depois, mais para frente, com alguém que o convidou. Mas nunca fui como um folião normal, que veste a fantasia, está naquela ala.
Isso não, porque eu já fazia parte da escola. Então já sabia o nosso enredo. Era mais tranquilo para a gente.
Desfilava como se fosse uma brincadeira. Vamos passar, vamos desfilar.
Fabíola
Já pisou na avenida? Já. E o que você fazia na escola?
Pedro
Na escola, eu era uma aderecista. Lá eles chamam de decorador de coreografo. Dentro do barracão a gente chama como decorador.
Só que dentro do decorador tem um monte de coisa. A gente faz pintura de arte, constrói objetos com o material que tiver na mão. É bem criativo e te estimula a improvisar muito.
A minha função era essa. Claro que fazia outras coisas também. Acabava fazendo escultura, quando precisava ajudar um escultor.
Mas na área artística mesmo. Na outra área, que tem tudo. Tem a marcenaria, tem a parte de ferramentaria, tem a parte de serralheria, tem todo um conjunto para criar um carro alegórico com a própria escola.
Tem as fantasias de ala, tem a criação dos figurinos. A minha parte era na decoração mesmo. O foco era na decoração.
Fabíola
Muito organizado, não é?
Pedro
É bem organizado, senão não sai, senão a coisa não vai.
Fabíola
E como que era? Como que chegava o trabalho para você? O briefing?
Tem um carregador? Tem um tema?
Pedro
Tem o samba-enredo, que é aprovado. Dentro do samba-enredo, o carnavalesco, que é o que comanda toda essa área de alegorias e tudo de fantasia, ele determina quais os carregadores que vão ser feitos, com qual tema, que é parte do samba-enredo da escola, que é levado para o júri. E cada profissional, no caso eu, pegava um carro alegórico ou dois.
Esse carro alegórico vai ser esse tema X. Ele mostrava para a gente. Todos tinham um desenho pronto, um desenho impresso mesmo.
E mostrava para a gente, olha, a gente quer isso, vamos usar esse material. Nesse parte aqui, era tudo muito deslembrado. Cada parte do carregório tem um material específico que vai ser usado.
E tem que improvisar bastante. Às vezes tem que complementar, tem que enxertar, tem que fazer ele ficar mais volumoso. Às vezes tem que usar pintura de arte para dar a ideia que ele quer ou construir um objeto quase que cenográfico mesmo, para ficar de acordo com o que o Carnavalesco pediu.
São muitos elementos de trabalho.
Fabíola
A sua família te apoiava? Dava valor a esse trabalho seu?
Pedro
Pela ignorância, não. Não tinha ideia, não era provado. Meu pai, que era mais bruto...
Minha mãe ficava tranquila, não opinava muito não. Mas meu pai, como era muito, muito bruto e mais antiquado, não conseguia entender. Ele me proibiu de fazer desenho, de fazer um curso de desenho.
Mas era uma pessoa muito boa. Trabalhava muito, se dedicou muito a construir coisas para deixar para o filho. Não posso falar só da parte que ele era antiquado.
Ele era dentro do que entendia de mundo, de universo de mundo. Para ele era aquilo. Você não vai fazer desenho porque você não vai conseguir ganhar um centavo com isso.
Isso é coisa, sei lá, de... Ele acreditava que a pessoa teria que ser sei lá, um advogado, um médico, alguma profissão que tivesse uma renda mensal que ele conseguisse ficar com a família na cabeça dele.
Fabíola
Ele era, como o pai, uma pessoa que brincava, se aproximava de vocês.
Pedro
Era só trabalho. A cabeça dele era o trabalho. Era o trabalho que norteava a mente dele.
Não abria espaço para... Muita responsabilidade. Só responsabilidade com a personalidade.
É difícil a gente decifrar tudo. Talvez o que ele sofreu também. Imagino que os pais dele também impunham para ele na cabeça dele.
Já vinha de uma geração anterior dele que devia ser mais bruta que ele ainda. Ele seguiu nessa mesma linha e tem personalidade também. Mas para o final da vida ele conseguiu reconhecer.
Foi assim. Ele ficou sozinho. Ele se separou da minha mãe.
Eu sou muito mutuada também. Ele foi morar no sítio. Eu sempre estou aqui do mato.
Ele foi morar no sítio. Só que nenhum dos filhos foi com ele. Só foi ele mesmo.
Todos os filhos ficaram com a mãe. A gente ia lá visitar ele. Depois que a gente tocou, acho que um pouco, ele conseguiu.
Aí ele vinha e tal. Foi nessa parte que ele me contou da história dele dos 23 dias que ele me levou para me sentar para tomar uma cerveja. Eu vou contar.
Conseguiu reconhecer que não falou em palavras, mas sim gestos. Conseguiu reconhecer que não é aquele caminho de só a brutalidade ou só a grana que impera. Você pode ter um pouco de carinho para as pessoas.
Fabíola
Foi um sentimento que você não tinha tido ainda.
Pedro
Nesse grau, não. Foi muito bom. Nesse dia da conversa, sim.
Só estava eu e ele. A história é longa. Não dá para me contar tudo, mas a história é longa.
Telma
Resumi bastante.
Pedro
Uma história de 23 dias. Uma coisa interessante é que ele colocou o dinheiro dentro da meia, embaixo dos sapatos. O pouco de dinheiro que ele tinha, ele escondeu bem escondido para chegar ao destino com um pouquinho de dinheiro.
Fabíola
Pedro, você como chegou em Ubatuba? A partir de quando? Vem acompanhando?
Tem que atualizar.
Pedro
Foi o seguinte, em São Paulo eu já tinha ideia de sair de São Paulo, que é bem... Além de ser muito tumultuado o dia a dia de São Paulo, corrido, poluição, tudo tenso demais, eu sempre gostei muito da natureza, de viver num lugar que você possa ver o horizonte. Isso é uma coisa que me encantava muito.
Aí eu decidi, na minha vida, já estava na minha cabeça de qualquer jeito, eu ia sair de São Paulo, não sei para onde ainda. Com a minha esposa, eu conversei com ela, ela também tinha vontade de sair de São Paulo. Então, vamos começar a procurar um lugar que seja legal para a gente ir.
Ter um cantinho já bem certinho para a gente sair. O combinado era, depois que ela se aposentasse, a gente picasse a mula. Foi assim.
Começou a ver lá o interior de São Paulo, alguns lugares do interior. Vamos ver também o litoral. O litoral deve ser legal.
Em todas as nossas viagens que eu fazia com ela, uma vez por ano que ela tirava férias, a maioria das vezes era o litoral. Sempre a gente viajou mais pelo litoral. Numa dessas, a gente veio para cá e...
Antes disso, teve uma área que eu trabalhava não de carnaval, eu trabalhei muito tempo com cenografia também. É teatro, cinema, é publicidade. E um dos meninos que trabalhava nas equipes, eram muitas equipes diferentes, era daqui de Ubatuba.
Minha irmã comentava com todo mundo. Com essa gana de querer sair, eu falava para todo mundo, eu vou sair de São Paulo. Aí ele falou, minha irmã é corretora lá em Ubatuba, então me dá o contato dela.
A gente veio para cá, entrei em contato com ela e conheci ela pessoalmente. Ela começou a mostrar umas casas, estava dentro das nossas possibilidades. Eu também não queria sair de São Paulo se não fosse um lugar mais ou menos resolvido, no mínimo ter uma casa própria.
Isso para mim não estava nos meus planos, não. Aí a gente continuou, veio aqui mais ou menos duas vezes, sempre em contato com essa pessoa, ela mostrava alguns lugares. Aí a gente conseguiu fechar um negócio, só que não veio para casa.
A gente deixou lá a casa alugada, ficou uns seis anos essa casa alugada. Veio bem para frente, morar mesmo em Ubatuba. Era o tempo que ainda estava para minha esposa se aposentar, e a gente terminou de pagar a casa.
A gente não conseguiu pagar tudo ela de uma vez. Comprou, mas deu uma boa parte e foi pagando. Na hora que vou chegar lá já vai estar tudo pago.
Fabíola
E você conheceu sua esposa quando?
Pedro
Ah, foi bem legal também. Comigo umas coisas bem interessantes acontecem. Foi numa festa, a gente estava numa festa e essa festa era de um amigo e uma amiga dela.
Só que esse amigo meu me chamou, ele fazia teatro e eu fazia desenho nessa época. E ele trabalhava lá pertinho de casa, no mesmo bairro. Ele falou, Pedro, vou fazer uma festa e tal.
E você não quer? Ele falou, vou sim, festa é sempre legal. Aí eu fui pra lá e comecei, ela ligou, faz um negócio aqui pra mim e tal, monta esse painel de foto aqui.
Eu falei, tá bom, cara, manda aí. Ela estava fazendo, fazendo, fazendo. Aí ela passou assim, a Carla, nem sei o que foi.
Ela veio mais alta, mais alta que eu, passou baixinho. Falei, eu sei que é mais alta, começa a colocar as fotos aí de cima. Aí ela começou a me ajudar e a gente começou a bater um papo, conversar, bebida e tudo.
Festa é sempre legal fazer. Todo mundo mais solto começa a conversar mais fácil. A gente se conheceu ali.
Ela me deu uma carona. Estava chovendo bastante.
Telma
Estava chovendo bastante nesse dia.
Pedro
Ela me deu uma carona até em casa. Mas não rolou nada. A gente se conheceu com o tempo.
Aí deu super certo. Até hoje, já tem uns vinte anos.
Fabíola
E quanto tempo faz que você está aqui em Ubatuba?
Pedro
Batua fez quatro anos em março desse ano. Eu vim exatamente no comecinho da pandemia. Tive até que mostrar o comprovante de residência para conseguir entrar na cidade.
Mas foi pura coincidência. Não vim por causa da pandemia, mas saí de São Paulo por conta da pandemia.
Fabíola
E como foi sua corrida junto com os artistas na cidade?
Pedro
Essa parte foi legal. Como tudo acontece, é muito louco, não tem jeito. Comecei a divulgar as minhas coisas.
Construí uma oficina. Levou um tempinho, na verdade, para começar a me divulgar. Eu precisava ter um espaço para trabalhar.
Telma
Tinha uma casa para morar, agora tinha uma oficina para trabalhar na minha oficina.
Pedro
Por isso que a gente comprou um espaço, um terreno grande. Eu estava pensando em construir meu próprio ateliê. Só que levou um tempo para construir, demorou para sair a licença.
Trazia uma pessoa de fora, um amigo meu de Rio de Janeiro, para construir. Levou um ano para estar com o ateliê montado. Agora preciso começar a divulgar.
Fiz um panfleto e fui andando pela cidade distribuindo. Em uma dessas, joguei embaixo do ateliê da Cátia, por baixo do vidro ali. Ela pegou meu contato, me comunicou.
A Cátia aqui é... Cátia Zinberg, uma artista aqui da Batuba. Falou que tinha um setorial e que eu não queria participar.
Falei que era legal. Também porque eu busco as coisas. Já tenho essa mania de querer buscar as coisas.
Comecei a entrar, conhecer outros artistas. Fui em busca do que eu, realmente, vim. Eu vim para o Ubatuba nesse sentido, viver da minha arte.
Sempre trabalhei com arte em São Paulo, mas para os outros, com projetos dos outros. Eu vim, como sou muito ambicioso, viver da minha própria arte. Então foi bem acolhido o Ubatuba.
Foi sempre bem acolhido. Muito bem. Pelos artistas, principalmente.
Fabíola
Acontece que a gente acolhe.
Pedro
Também, acho que tem uma troca.
Fabíola
Tem alguma coisa a mais que você queira colocar que eu não te perguntei?
Pedro
É tanta coisa, não é?
Fabíola
Com certeza.
Pedro
Se eu pensar um pouquinho... Comigo é difícil. Se você não perguntar, o caminho não vai sair.
O caminho é muito complicado. Dá uma travada. Tem um monte de coisa, mas tem que ser uma coisa que parta de alguém falar e deslanchas.
Tem que ter muitas coisas.
Fabíola
Como foi a criação, a ideia, quando juntou você, o Pedrinha, e o Bertão?
Pedro
Esse foi um projeto bem interessante, bem bacana. Eu acabei entrando... Projeto ONI.
Foi um projeto grande, teve palestra, oficinas bacanas, teve bastante música. Muita coisa aconteceu. A gente produziu obra durante o projeto.
Foi bem incrível. Fizemos obra exclusiva para o projeto. Já vinha acontecendo um projeto que se chama Segunda Sem Lei aqui em Ubatuba.
O Bertão e o Pedrinha participavam. Não sei se em todos, mas em alguns. Eles foram lá uma vez para o Seis Marias fazer uma parte desse projeto.
Nesse dia que eu estava presente, fui lá assistir. Trazendo conversa e tal. Porque a gente não faz um projeto parecido com isso?
Uma coisa semelhante, no Impact Hub, mas mais ampliado? Segunda Sem Lei tem uma proposta de levar a arte para os lugares que são um pouco mais remotos, mais distantes. Onde não aconteceria, eles levam.
Tem música, tem artes plásticas, tem roupa também, no caso, de moda. É um projeto legal. Foi mais ou menos por aí que começou.
Eles se sentaram, conversaram. Nem era que tiveram uma reunião. E decidiram fazer um projeto, ter um curso e tal.
Vamos procurar patrocínio privado. Vamos tentar levantar curso, vamos fazer reuniões. Numa dessas conversas, tem o Pedro também, que é um cara super. atuante.
A gente trabalhou um pouco antes desse projeto aqui, o Pedrinha e o Betão no Dia do Disco, que é um evento que teve lá no Casarão. Então, a gente acabou criando um vínculo dos três. Convidou o Pedro também.
Aí, acabou. Convidou eu, aí a bicha pega. Vamos entrar de cabeça.
Vamos fazer, vai ficar tudo certo. E vamos que vamos. Foi assim, teve uma reunião para ver quais as possibilidades, de custo, o que a gente poderia fazer, como seria, quais profissionais seriam necessários.
Mas a proposta inicial, talvez uma das mais importantes, era trazer as pessoas mais longínquas para o centro para ver um pouco de arte, ter um pouco de contato com a arte.
Fabíola
Que nem a menina que proibiu o MASP.
Pedro
Acho que sim. Acho que está ali também. Tudo se funde, não tem jeito.
Esse projeto, para mim, foi incrível. Foi uma coisa bem interessante. As oficinas que eu dei aqui, foi...
Você vê a criançada ali se interessando por arte. É uma coisa incrível.
Fabíola
Tem alguma criança que despertou mais de você? Alguma história, alguma curiosidade?
Pedro
Tudo muito corrido. Uma específica, acho que não. Acho que teve um conjunto.
Em uma das oficinas, eu dei uma oficina de arte contemporânea. A proposta era o grupo todo fazer um projeto único. Era fazer um trabalho que ia virar uma obra de arte.
Inclusive, ela está aqui. Ficou aqui para o acervo do Impact Hood. Todos deram palpites, todos falaram, todos pegaram materiais, misturaram várias técnicas em uma mesma obra.
E a obra fica pronta naquele dia. Foi uma coisa bem absurda de começar. E que deu super certo.
Eles se integraram, todo mundo se integrou. Eu ficava tentando entender o que era. Conversavam juntos, conversavam comigo.
Tinha bastante coisa de política. Eu trouxe jornais antigos. Eles estavam bem engajados na política.
Foi bem... Foi muito bacana. A oficina toda, o desfecho foi muito legal.
Saiu uma obra de arte bem...
Fabíola
O poder e o fascínio da arte.
Pedro
Queria saber uma pergunta no comecinho do Oni. A Mariana... Vamos fazer umas entrevistas e tal.
Exatamente isso. O que me inspira? Os artistas do passado.
E a rua. Andar pela rua. A rua me inspira muito.
Eu vou responder exatamente a mesma coisa. Os grandes artistas que já teve e continuam tendo hoje. Esses me inspiram bastante.
Sou uma variedade muito grande de artistas. Por isso que eu ando muito de bicicleta. Eu já fazia em São Paulo.
Eu ia para o trabalho de bicicleta. É uma coisa que está no meu DNA. Está sempre com as rodinhas ali, pedalando.
Fabíola
Eu vejo aquele quadro seu do Mercado de Peixe. O que te leva a fazer aquele corte para retratar, para pintar aquele quadro?
Pedro
Talvez tenha um pouco da cenografia. Posso também falar um pouco da cenografia. Acho que não falei pouco no meu trabalho de cenografia.
Naquele quadro específico, acho que tem um pouco de cenografia. Eu criei um cenário ali. Mesmo olhando ali, fiz a obra direto ali no local.
Acho que criei um conjunto ali, uma composição meio que cenográfica.
Telma
Não está aquela coisa parecendo uma foto. Eu criei uma composição.
Pedro
Acredito que entrou meio com o lado mais cenográfico.
Fabíola
Uma composição muito interessante. Vou fazer uma foto do lado desse lado. Como foi a cenografia, esse capítulo da tua vida?
Pedro
Foi meio junto com as escolas de samba. Praticamente no mesmo momento. E durou também um período bem grande.
Durou até mais do que a escola de samba. Era uma coisa mais contínua. A escola de samba era uma vez por ano durante alguns meses.
A cenografia tinha continuidade. Era o ano todo, tinha trabalho. Era um trabalho autônomo, mas tinha trabalho o ano todo.
Era incrível. A gente fez o parque do Beto Carrero inteirinho, as esculturas. Ficamos mais de um ano só trabalhando com essa cenografia.
Tudo é cenográfico. Aqui é um cenário também. A cenografia do parque, as coisas mais artísticas, as esculturas, os elementos cenográficos.
A gente fez bastante lá. Depois começou a entrar também no teatro. O teatro já é um pouco mais complexo.
São muitos elementos, mexe mais com as pessoas e mais sentimentos. O teatro é a grana mais curta. Você tem um elemento muito mais tenso e uma grana menor.
É gostoso de fazer, só que é sempre bem mais puxado. Você tem que se virar, se virar, se virar e, às vezes, o ganho é bem pouquinho, mas a satisfação é muito grande. Teve também a parte que acabei trabalhando muito foi na publicidade, que é o oposto do teatro.
Tem muita grana, uma pressão também gigantesca, mas tem muita grana, muitos desperdícios, de coisas. Mas é interessante que você tem muito desafio na publicidade, é tudo muito instantâneo. É o mundo de hoje, é totalmente instantâneo.
Tem esse trabalho aqui, o que é? Um monte de coisas para você fazer em três dias. Uma coisa que deveria ir a vinte dias você faz em três dias.
E não tem conversa, tem que fazer. Vara-madrugada, vara-noite, só que aí tem a coisa que tem uma boa grana, você contrata muita gente e acaba executando. Sofre bastante, mas executa.
Aí também não tem quase muito aquela satisfação de fazer um trabalho. Diferente de trabalhos que você tem muito mais prazer. O cinema também.
O cinema é legal também. Eu fiz poucos, mas fiz alguns trabalhos de cinema. A gente fazia a cenografia, a mesma coisa.
Tem adereço, peças bem cenográficas que vai ter que quebrar, que é um material bem mais leve. Ou mesmo um painel que tem que imitar uma paisagem, uma pintura de arte. Também a gama é muito grande.
Na cenografia, a gama é muito grande de trabalho. Na cenografia, como tudo que faço, é a parte artística. Tem outras coisas que não...
que usa na cenografia que também não é da parte artística. A minha parte era sempre artística. Todos os trabalhos de cenografia que eu fiz, seja em qualquer área, é para o lado artístico.
E foi bom que eu aprendi muito nesse universo tão vasto.
Fabíola
Lembra de algum filme? O nome de algum filme?
Pedro
A gente fez o Serra Pelada, a gente fez o Pedro Malazarte, que é um filme bem besta, mas a gente fez também. O Pedro Malazarte teve o filme e a série. Fiquei seis meses trabalhando nesse projeto.
Fabíola
O que é hoje importante para você?
Pedro
Para mim? Está bem. Estou indo legal, está bom.
Estou tranquilo, tendo uns amigos para ter um papo sincero, acho que está legal. E desenvolver a minha arte. Isso aí não tem jeito, não tem nada que me impeça a desenvolver a minha arte, não tem como.
Isso aí vou fazer até morrer. Agora, estar bem é estar bem com a minha família lá em casa, com os bichinhos lá e a minha esposa, e poder encontrar com um amigo e conversar, bater um papinho ali, trocar uma ideia, ver na cara deles se está bem. Estou bem, então está tudo certo.
Fabíola
Seguindo, né? Família e amigo.
Pedro
Sim.
Fabíola
Beleza, Pedro. Acho que é isso. Mais alguma coisa?
Pedro
Está legal?
Fabíola
Ótimo, Pedro. Muito obrigado.
Pedro
Obrigado a vocês.
Fabíola
Obrigada. Enviei para você.
Pedro
Agora deu uma curiosidade de ver.
Fabíola
Em breve a gente manda...
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