Projeto: Memória da Petrobras
Depoimento de Eliana Cardoso
Entrevistado por Ana Lage
Madre de Deus 7/10/2004
Realização Museu da Pessoa
Entrevista PETRO_CB577
Transcrito por: Maria Luiza Pereira
P/1 – Boa tarde, dona Eliana.
R – Boa tarde.
P/1 – Eu queria começar pedindo que a senhora dissesse para a gente qual o seu nome, local e data de nascimento.
R – Meu nome é Eliana Teixeira da Rocha Cardoso, eu tenho... você pediu o que que eu esqueci?
P/1 – Local e data de nascimento.
R – Nasci no Rio de Janeiro, São Cristóvão, no dia 22 de fevereiro de 1950.
P/1 – Agora, conta para a gente, quando e como se deu o seu ingresso na Petrobras.
R – É uma pequena história.(riso) Naquela época, em 76, eu trabalhava no grupo Luxor de hotéis e eu fazia muito contato com o setor de viagens da Petrobras, o responsável naquela época era (Nemésio?). Ele gostava muito, conversava muito do tipo de hospedagem rápida, que você sabe que os engenheiros chegavam de repente e tudo, aí ele me informou: “Você precisa vim para cá.” Ele mexia assim para mim: “Eu gosto da sua voz, você é ótima, não sei o que...”. Aí ele, quando abriu as inscrições em 76, eu me inscrevi, eram 3000 e tantos candidatos. Foi “tiro e queda”, né? Fiz as provas de datilografia, naquela época era datilografia, aí fui passando. Eu também tinha também feito um curso no Senac de especialização de secretária, que no hotel era chefe da reserva do hotel e também secretária do gerente. Era o hotel Regente, que tem até hoje, no Rio. Aí passei, só que eu não fui para lá, eu fui encaminhada para a divisão de engenharia do Depro, nós tínhamos um “pool” de secretária. Dali, da divisão de engenharia do Depro eu vim para cá, para Madre de Deus.
P/1 – Em que ano foi isso?
R – Eu vim para cá em 82.
P/1 – Para trabalhar em que setor?
R – Junho de 82. Eu trabalhava na parte de engenharia civil, naquela plataforma de estrutura offshore...
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Depoimento de Eliana Cardoso
Entrevistado por Ana Lage
Madre de Deus 7/10/2004
Realização Museu da Pessoa
Entrevista PETRO_CB577
Transcrito por: Maria Luiza Pereira
P/1 – Boa tarde, dona Eliana.
R – Boa tarde.
P/1 – Eu queria começar pedindo que a senhora dissesse para a gente qual o seu nome, local e data de nascimento.
R – Meu nome é Eliana Teixeira da Rocha Cardoso, eu tenho... você pediu o que que eu esqueci?
P/1 – Local e data de nascimento.
R – Nasci no Rio de Janeiro, São Cristóvão, no dia 22 de fevereiro de 1950.
P/1 – Agora, conta para a gente, quando e como se deu o seu ingresso na Petrobras.
R – É uma pequena história.(riso) Naquela época, em 76, eu trabalhava no grupo Luxor de hotéis e eu fazia muito contato com o setor de viagens da Petrobras, o responsável naquela época era (Nemésio?). Ele gostava muito, conversava muito do tipo de hospedagem rápida, que você sabe que os engenheiros chegavam de repente e tudo, aí ele me informou: “Você precisa vim para cá.” Ele mexia assim para mim: “Eu gosto da sua voz, você é ótima, não sei o que...”. Aí ele, quando abriu as inscrições em 76, eu me inscrevi, eram 3000 e tantos candidatos. Foi “tiro e queda”, né? Fiz as provas de datilografia, naquela época era datilografia, aí fui passando. Eu também tinha também feito um curso no Senac de especialização de secretária, que no hotel era chefe da reserva do hotel e também secretária do gerente. Era o hotel Regente, que tem até hoje, no Rio. Aí passei, só que eu não fui para lá, eu fui encaminhada para a divisão de engenharia do Depro, nós tínhamos um “pool” de secretária. Dali, da divisão de engenharia do Depro eu vim para cá, para Madre de Deus.
P/1 – Em que ano foi isso?
R – Eu vim para cá em 82.
P/1 – Para trabalhar em que setor?
R – Junho de 82. Eu trabalhava na parte de engenharia civil, naquela plataforma de estrutura offshore e aqui eu vim para a área de pessoal, quer dizer, comecei tudo de novo.(riso) Aí, eu fiquei na área de pessoal aqui, em Madre de Deus, depois me especializei na parte de INSS, a parte de aposentadoria, que é o que eu gosto mais, e estou até hoje, né?
P/1 – E não trabalhou mais em outros setores aqui, em Madre de Deus, só nesse?
R – Só área de pessoal.
P/1 - Agora, me conta uma lembrança marcante que a senhora tenha de todos esses anos de Petrobras, alguma coisa que tenha marcado a senhora, um fato engraçado, uma coisa.... qualquer coisa.
R – Tem muitos momentos gostosos, sabe, aqui eu passei muitos momentos gostosos. Agora, o que me marcou mesmo; engraçado, né, uma coisa que eu lembro assim, perfeitamente. Quando eu saí em 95, eu me aposentei em abril de 95, depois de uns 6 anos, né, eu voltei porque não tinha ninguém nessa parte de aposentadoria, né, junto ao INSS, a preparação dos documentos, dá isso tudo... aí me chamaram de volta. A emoção que eu senti quando eu pisei no Terminal, isso aí me marcou muito, o retorno assim, que foi que eu não conseguia nem respirar, nem falar. Quando eu cheguei na portaria, eu fui caminhando para cá, para o prédio e os colegas me viram, vieram me abraçar e a emoção foi tão grande de estar voltando ao Terminal depois de um certo período, né, que eu pensei até de ter tido um negócio, porque realmente, eu não conseguia nem falar, um nó no peito assim, uma emoção, depois foi passando. Mas foi uma coisa que me marcou; toda vez que eu entro aqui hoje em dia, eu lembro daquele meu primeiro momento, quando eu cheguei em 2001, quando eu retornei aqui, em 2001.(riso) Porque a gente está sempre em contato com os colegas, então, quando eu saí não senti assim, tanta falta assim, né, que para mim é como se tivesse continuação, eu estava sempre em contato com o pessoal no compartilhado, uma colega e outra, morando perto, encontrava com os colegas no banco, mas voltar mesmo a pisar o solo do Terminal foi emocionante para mim. Engraçado, mais no retorno do que na saída.
P/1 – E a senhora tem alguma outra história para contar?
R – Ah, eu não consigo lembrar.
P/1 – Nada que tenha acontecido aqui que a senhora lembre, qualquer coisa?
R – Ah, aqui teve muitos momentos bons, as festas, aniversários.
P/1 – Conta um momento bom para a agente.
R- Deixa eu pensar assim, eu não tô... um momento bom? Ah, é tanta... são pequenas coisas, sabe, porque a área que eu trabalhava era de pessoal, né, depois eu ficava; eu era coordenadora da Petros e também fazia aposentadoria, então, eram emoções pequenas assim, com os colegas, entendeu? Como a promoção de assistente, que para mim foi também uma grande emoção quando eu me promovi.
P/1 – Em que ano foi isso?
R – Eu, é, deixa eu ver, eu já vim para cá do Rio como ajudante administrativo, eu acho que eu fui promovida... eu saí em 95, uns cinco anos antes de sair.
P/1 – Vamos mudar um pouco de assunto. A senhora é sindicalizada?
R – Sou.
P/1 – E como a senhora vê hoje a relação do sindicato com a empresa? O que que a senhora acha que está bom, o que poderia melhorar, como a senhora vê essa relação?
R – Eu não sou muito ligada. Aceito o sindicato, tudo, mas não sou muito assim, de politicagem. Tá gravando isso é?(riso) Oh, cuidado com a politicagem. Mas eu acredito que melhorou, porque eu estou vendo que não está tendo greve como tinha antigamente, naquelas greves que a gente ficava ali horas, dias e mais dias, era um desgaste muito grande. Teve uma greve de 90 mesmo, acho que foi de 90, que nós perdemos os dias parados, entendeu, foi quando eu disse que vinha até de avião, que eu não vinha mais fazer greve porque é muito desgastante. Eu estou vendo que... que eu não estou vendo mais esse negócio de greve, aquelas confusões que havia naquela época. Então, eu acho que melhorou o relacionamento entre o sindicato e a Petrobras.
P/1 – Mas, porque que a senhora acha que isso melhorou? É porque o sindicato atua melhor ou ...?
R – Talvez.
P/1 – A empresa abriu mais brecha para isso?
R – Também, um pouquinho, cada um cedeu um pouquinho e também, acho que o sindicato também evoluiu em termos de muita coisa, pessoas, outras pessoas também, no sindicato com outra evolução, com outra cabeça e também eu achei isso, né?
P/1 – E a senhora lembra de algumas conquista importante do sindicato para o trabalhadores, tem alguma que venha na sua cabeça? Alguma luta sindical, alguma... ?
R – Eu observei o seguinte: eu sai em 95, né, me aposentei em 95, abril de 95. Era, geralmente a AMS, o salário, aumento de salário, aquilo tudo, né? Então de lá para cá eu não peguei muito assim, que foi um tempo afastado, então, não dá para mim ver o que o pessoal da ativa... agora, eu achei que foi uma conquista muito grande para os aposentados e também para os da ativa ano passado, aqueles 15% foi assim, uma coisa que eu achei inédito, porque os aposentados, eles estavam com o salário muito defasado, eu estou dizendo que a maioria do pessoal da Petros é com salário de 3000 para baixo, 4000 para baixo, digamos, né, a maioria dos empregados e o reajuste da Petrobras era 7, 5, era aquele negócio, 7%. Então, o pessoal da ativa recebia bônus, recebia aqueles negócios e o aumento era sempre aquele, então, o salário ficou defasado. Uma coisa que eu achei muito grandiosa do sindicato foi o ano passado, foi uma coisa que marcou, todo mundo gostou. Tanto o pessoal da ativa quanto como os aposentados também, entendeu, porque foi aqueles 15% que deu assim, um ânimo muito grande a todos. Eu tenho muitos colegas que voltaram a trabalhar e eu acho que foi uma grande luta, uma grande causa. Tem essa também proposta da (Pet 79?) que também está uma luta muito antiga, né, já tem muitos anos que eles estão tentando ver essa carência de 15 anos, para o próprio pessoal também de 79, a mudança da Petros, o plano da Petros se a partir de 80; eu acho também isso uma luta boa do sindicato, tem muita gente já tem carência de 15 anos e está no regime da Petros de 80. E a parte da AMS também, eu achei que foi muita coisa em poder colocar os filhos.
P/1 – AMS, o que que é AMS?
R – A MS é assistência médica, nossa supletiva. Também eu acho que está tendo muitas lutas boas é, concretas assim, que não são coisas abstratas, coisa que realmente, é uma realidade, necessária. Eu acho que houve um amadurecimento, digamos, do sindicato; eu acho que ele está... e também a Petrobras está sendo mais acessível no que ela pode. A gente também não pode ser também... eu acho que é um pouquinho de cada, entendeu, para a gente fazer uma junção só e para melhorar também. Porque o petroleiro, ele sente um orgulhozinho disso aí.(riso) E Petrobras é uma coisa que a gente não... mesmo quando eu, antes de trabalhar, que eu recebi aquela camiseta da Petrobras, que mandou, é uma emoção renovada para a gente, mesmo aposentada, então, não me passa assim, muita coisa não.(pausa)
P/1 – Dona Eliana, retornando um pouco o assunto da sua aposentadoria, a senhora disse para a gente que se aposentou em 95 e retornou em 2001. Durante esse tempo que a senhora ficou afastada mudou alguma coisa na sua vida? Depois, quando a senhora voltou também, teve alguma mudança? O que foi essa aposentadoria para a senhora?
R –Olha, eu não me arrependo de ter saído em 95. Teve a oportunidade, entendeu, por mais problemas familiares, entendeu, foi mais problemas familiares. Teve oportunidade, eu já estava com aquele tempo, eu saí na proporcional e... eu preciso dizer para você o porque que eu saí?
P/1 – Não.
R – Não?
P/1 – Se a senhora não quiser, não precisa.
R – É, porque foi mais pessoal mesmo, não foi nada de trabalho, foi mais pessoal, teve oportunidade, houve incentivo para a aposentadoria e também eu estava saindo de um divórcio e precisava estruturar a família, então eu unir o útil ao agradável. Mas eu me aposentei, mas continuei fazendo um trabalho, que é um trabalho que eu gosto, essa parte de tempo de serviço de empregado junto ao INSS, me procuravam muito lá em casa e acabei trabalhando para a Caixa Econômica, entendeu, para alguns funcionários de lá e tudo, que estavam aqui porque tinha que ser direto lá, em Brasília, né, que eles são em Brasília, então, eu dei mais atenção à casa o que precisava atender, mas continuar fazendo meus, meus trabalhinhos extras.(riso)
P/1 – Continuou trabalhando mesmo aposentada.
R – É, fazendo uma coisa e outra. Eu sou muito dinâmica. E quando eu retornei aqui, né, que para mim foi assim, além de ser uma coisa pessoal para mim muito boa, em termos de... que eu era (Raveli?), estou prestando serviço, não sou Petrobras, eu sou (Raveli?), sou prestadora de serviço hoje em dia, terceirizada, mas só em voltar para o local que você amou e fazer uma coisa que você vê no semblante dos seus colegas, a felicidade por saber que alguém lutaria por esse direito de aposentadoria, que é complicado, né, é um pouquinho também de recursos humanos, RH, então, para mim foi ótimos estar voltando, ainda estou nova, ainda tenho muito ainda que...
P/1 – Pensa em parar agora...?
R – É, parar não.
P/1 – Não?
R – Só quando não quiserem mais.
P/1 – É, isso não vai acontecer.
R – É, é, quando a Transpetro não me quiser mais o meu serviço, aí é diferente. Mas, é bom, é bom você conviver com pessoas que você... Eu trabalhei no Rio cinco anos, digamos, né, antes de vir para cá. A maior parte minha da Petrobras foi aqui, em Madre de Deus. Então, já se tornou minha casa, mais do que nossa própria casa, né, porque a gente leva mais tempo aqui do que em casa. A convivência aqui é ótima, o ambiente é ótimo, os colegas, não tenho o que falar de ninguém, desde os colegas mais coisas até a gerência, é uma grande família. Eu acho a Petrobras uma grande família.
P/1 – Dona Eliana, agora conta para a gente o que a senhora achou de ter participado do projeto Memória, dando o seu depoimento aqui para a agente?
R – Ah, isso aí é uma honra.(riso) É uma coisa diferente, é um sentimento diferente, é uma emoção diferente, né, você saber que, que pode contar para os seus filhos, para os seus netos, né, como eu digo para o meu filho quando eu levo um álbum daqui, uma coisinha assim, é um orgulho muito grande. Eu me sinto emocionada até.
P/1 – A senhora gostou de ter participado então?
R – Gostei, gostei sim.
P/1 – Achou que foi importante dar o seu depoimento?
R – Eu achei que foi importante para mim, importante para os meus futuros colegas, né, futuros, os futuros petroleiros que estão vindo por aí, que estão chegando agora, que a Petrobras está no sangue, ela está dentro de cada empregado que faz o concurso, que se esforça para passar. A Petrobras foi meu terceiro emprego, eu só tenho três empregos na carteira, o maior foi Petrobras, mas todos eles foram assim, acima de cinco anos. E, realmente, foi um orgulho muito grande galgar até agora; desde auxiliar de escritório, como eu entrei, passei para ajudante e fiquei um tempo aqui como assistente administrativo. É uma honra muito grande para cada um de nós, participar desse movimento, eu acho que precisava isso.
P/1 – Por que a senhora acha que precisava?
R – Porque é uma lembrança e que são coisas que... Eu acho que a Petrobras é o maior patrimônio que o Brasil tem e a gente tem que valorizar isso. E para valorizar agente tem que ter essas relíquias, essas lembranças, cada um, que cada... como: “hoje o Terminal é assim, mas ele começou assado”, entendeu, é isso e ver as coisas crescerem. Porque só quando você... a gente vai vendo, né, como o conhecimento... dessa grande empresa, né, as vezes a pessoa está lá no Rio e não tem nem idéia de como é o nordeste, né, a parte daqui, então agora não, é só ele acessar um site e ela vai ver, né, a cara de cada um e como era... “- Ih! Ali! A Madre de Deus é assim, é assado.”(riso) Eu achei que me melhorou bastante nesse ponto e eu fico feliz, fico feliz de ter sido escolhida, um dos escolhidos, né, fico mesmo.
P/1 – Então, tá, dona Eliana, a gente queria encerrar a entrevista e agradecer a senhora pela participação.
R – Tá bom.
P/1 – Muito obrigada.
R – Obrigada. Oh, my god! (riso)
(Fim da fita Mpet/TMadre 004)
(Nemésio?)
(Pet 79?)
(Raveli?)
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