Ekexali Derati Asewena Holi - A herança do paiXayoene nasceu na aldeia Halataikwa Enoti Derowanekwa, seu pai não estava na aldeia, estava batendo timbó. Tio que deu nome para ele (Wayakoliwi), quando o pai chegou da pescaria ficou muito feliz de ter nascido menino para o substituir quando ele morresse, pois seu pai era um cacique e cantador
Durante a noite outro tio seu o Lolawena veio até a casa dele também feliz de ser menino, cuspiu na boca dele para torná-lo cantador. Diz que ele e Takaka nasceram no mesmo dia na aldeia.
Quando já era um pouco maior, anos depois mudaram de aldeia, para Aldeia Enoti derowanekwa. Fala do dia em que os brancos chegaram na aldeia, escutaram que brancos estavam chegando, sua irmã o puxou e fugiram de medo. Eles foram para acampamento e esperaram o pai.
Já jovem mudou novamente de aldeia, para Hanawiñakwa. Ele pescava com o pai, fazia roça de milho, mandioca, tudo que o pai ensinou, seu pai coletava minhoca para ele pescar. O pai dele era melhor cantador, mas não repassou pra ele porque ele jovem não se interessava, pai dele ensinava mais na roça, pescaria, remar canoa.
Fala sobre mudanças de aldeia, mudaram várias vezes de aldeia. Conta quando pai dele o levou para barragem pela primeira vez, como parte da passagem para juventude numa pescaria de ritual do iyaokwa no clã anihali. Quando ele voltou os cunhados colocaram nele a palhinha peniana. E ele ficou pensando porque o pai não ensinou para ele os cantos.
Quando ele era bem jovem, pai escolheu uma menina para ele que era ainda criança. Ele teve que esperar ela crescer para casar com ela, por isso ficou solteiro muito tempo. Porque não tinha outras mulheres disponíveis. Mas a menina que seu pai escolheu para ele cresceu e ele casou com ela. A mãe e pai dela tinham falecido quando ela era ainda criancinha e quem cuidou dela foi o tio. Quem arranjou essa menina para ele foi o Watowa. Ele então casou, teve vários e vários filhos,...
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Ekexali Derati Asewena Holi - A herança do pai
Xayoene nasceu na aldeia Halataikwa Enoti Derowanekwa, seu pai não estava na aldeia, estava batendo timbó. Tio que deu nome para ele (Wayakoliwi), quando o pai chegou da pescaria ficou muito feliz de ter nascido menino para o substituir quando ele morresse, pois seu pai era um cacique e cantador
Durante a noite outro tio seu o Lolawena veio até a casa dele também feliz de ser menino, cuspiu na boca dele para torná-lo cantador. Diz que ele e Takaka nasceram no mesmo dia na aldeia.
Quando já era um pouco maior, anos depois mudaram de aldeia, para Aldeia Enoti derowanekwa. Fala do dia em que os brancos chegaram na aldeia, escutaram que brancos estavam chegando, sua irmã o puxou e fugiram de medo. Eles foram para acampamento e esperaram o pai.
Já jovem mudou novamente de aldeia, para Hanawiñakwa. Ele pescava com o pai, fazia roça de milho, mandioca, tudo que o pai ensinou, seu pai coletava minhoca para ele pescar. O pai dele era melhor cantador, mas não repassou pra ele porque ele jovem não se interessava, pai dele ensinava mais na roça, pescaria, remar canoa.
Fala sobre mudanças de aldeia, mudaram várias vezes de aldeia. Conta quando pai dele o levou para barragem pela primeira vez, como parte da passagem para juventude numa pescaria de ritual do iyaokwa no clã anihali. Quando ele voltou os cunhados colocaram nele a palhinha peniana. E ele ficou pensando porque o pai não ensinou para ele os cantos.
Quando ele era bem jovem, pai escolheu uma menina para ele que era ainda criança. Ele teve que esperar ela crescer para casar com ela, por isso ficou solteiro muito tempo. Porque não tinha outras mulheres disponíveis. Mas a menina que seu pai escolheu para ele cresceu e ele casou com ela. A mãe e pai dela tinham falecido quando ela era ainda criancinha e quem cuidou dela foi o tio. Quem arranjou essa menina para ele foi o Watowa. Ele então casou, teve vários e vários filhos, infelizmente um deles acabou falecendo.
Conta que estavam fazendo roça ritual, quando terminaram essa roça, começaram fazer roça de milho no rio Iquê. A mãe estava trabalhando roça em outro lugar e ele estava sentindo saudades e foi atrás dela. Aí chegou notícia que uma menina tinha menstruado primeira vez lá no acampamento de roça do rio Iquê e então todos voltaram para lá e fizeram nova aldeia.
Seu pai se preocupava e orientava pra ele pensar no futuro, se dedicar e aprender todos os cantos, para que quando ele partisse, ele seguisse na transmissão desse conhecimento.
Nesse tempo que o pai começou falar sobre ritual para ele, repassando, orientando, falando dos cantos. Mas ele não estava muito interessado, porque ele pensava que o ritual não servia para nada. Nesse tempo também já teve filhos, um pouco depois de casar. O pai organizou ritual e chamou ele para organizar junto, ele não sabia nada como fazia, como organizava.
Nesse tempo ele estava pensando muito sobre a importância do ritual, sobre os cantos, sobre organização do ritual, porque pai já estava velhinho. Os cantadores se preocupavam com o futuro, quem ia cuidar dos rituais, quem seriam os cantadores? Não tinha gravador, nem celular, tinha que guardar tudo na cabeça. Ele queria aprender, mas tinha muito medo de errar, de não cantar direito. Não queria nem namorar mais, só pensando e tentando memorizar os cantos. Pai também ensinou a soprar alimentos.
O pai ficou cego, velhinho e não aguentou mais participar e organizar ritual, aí que ele começou a substituir o pai. É por isso que ele tem dois caminhos hoje, um do ritual e o outro da vida dele (família, trabalho). Ele perguntou muito para o pai, por isso aprendeu os cantos. Depois o pai se foi. Hoje em dia tem celular para gravar, antes era muito mais difícil, tinha que aprender e guardar tudo na cabeça. Hoje ele segue no caminho da tradição do ensinamento do seu pai.
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