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Por: Museu da Pessoa, 19 de maio de 2014

Dona Messias precisava subir num caixote para botar a panela no fogo

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Dona Messias precisava subir num caixote para botar a panela no fogo

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Meu nome é Messias Andrade de Jesus, nasci em Curaçá na Bahia, Mar de São Francisco, em vinte e cinco de dezembro de 1930. Meu pai era pescador. Mas a gente foi mais na roça. Ali ele plantava mandioca, a gente ajudava. Tudo que plantava ali, a gente ajudava. Vivia de roça e da pescaria. A gente tocava os bois no pé do engenho pra poder moer a cana pra fazer a rapadura.

De noite a gente ia para os bailes, aos forrós em outras roças, amanhecia o dia. De manhã vinha tirar leite para o povo tomar café, os trabalhadores. Eu gostava muito desses trabalhos. Até hoje, como eu gosto desse trabalho que eu vivo. Eu acho que eu só vivo por causa desse trabalho. Eu adoro esse trabalho. Lavei 52 anos dentro do Rio da Pitanga. Meu pai morreu, a gente tinha que cada qual trabalhar pra se manter. Foi muito cedo que eu comecei a trabalhar, eu lavava roupa de ganho, eu me empregava em casa de família. Eu era tão grande, que a patroa botava um caixote pra eu subir pra botar a panela no fogo.

Aí eu não ia mais pra casa de família, ficava lavando roupa. Durante o dia a gente lavava, botava pra enxugar lá no rio mesmo, de tardezinha, umas cinco e meia, os meninos começavam a carregar as bacias de roupa. No outro dia, eu levantava duas horas da manhã pra passar depressa, pra deixar pronta pra quando o dono vinha buscar, pra seis horas eu ir para o rio de volta lavar outra. Era assim que a gente fazia. Era assim que a gente vivia. Tempo de manga, juntava aquele bocado de manga, cada uma levava um bocado de manga. Quando acabava de lavar roupa, tomava um banho, sentava na sombra, haja chupar manga! Vinha comer de tarde. A vida da gente era muito sofrida. Vinha comer de tarde, era alegria porque tava todo mundo trabalhando ali, todo mundo junto, conversando. Tinha delas que bebia: “Vamos beber um rabo de galo”. Mandava comprar a bebida, bebia, aí ficava mais alegre (risos). Oxe, foi o tempo melhor, porque a pessoa lavava dentro do rio. Depois foi que o rio...

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Plano Anual de Atividades 2013 – Pronac 128.976 – Whirlpool

Depoimento de Messias Andrade de Jesus

Entrevistada por Márcia Trezza

Lauro de Freitas, 19 de maio de 2014

Realização Museu da Pessoa

WHLP_HV030_Messias Andrade de Jesus

Transcrito por Liliane Custódio

P/1 – Dona Messias, nós vamos começar a entrevista. Qual o seu nome completo?

R – É Messias Andrade de Jesus.

P/1 – Onde a senhora nasceu?

R – Em Curaçá.

P/1 – No Estado da Bahia?

R – É Estado da Bahia, Mar de São Francisco.

P/1 – Que data a senhora nasceu?

R – Vinte e cinco de dezembro.

P/1 – De que ano?

R – No ano de 30.

P/1 – De 1930?

R – Sim.

P/1 – Como é pra senhora fazer aniversário no dia de dezembro, no dia de Natal?

R – Ah, faz tudo junto. O Natal, meus filhos chegam, fazem aquele almoço, chamam as minhas colegas velhas, vão todo mundo pra lá. Todo mundo sai da missa e já vai. Começa dentro da igreja. O padre já me conhece, fala do meu aniversário ali na igreja e daí vai lá pra casa ou vai pra casa de meu filho. Lá todo mundo... Já tá o almoço, todo mundo se despacha, lá ninguém serve a ninguém, não. Meu filho fala assim: “A comida tá aí, todo mundo apanha seu prato e vai botar”. Ficamos ali a tarde toda, de tarde todo mundo vai pra casa.

P/1 – Gostoso. Já comemora ali mesmo, né?

R – É. Comemora o aniversário com o aniversário de Jesus também.

P/1 – Pois é (risos).

R – Eu nasci nesse dia mesmo, por causa desse dia foi que meu pai mandou botar meu nome de Messias.

P/1 – Olha! Qual o nome do seu pai?

R – Hermínio.

P/1 – Fala o nome completo.

R – Hermínio Andrade.

P/1 – E da sua mãe?

R – Era Cecília da Conceição.

P/1 – Ele trabalhava com que, o seu pai?

R – Meu pai era pescador.

P/1 – Pescador.

R – Ele vivia de pesca.

P/1 – Ele pescava em rio ou em mar?

R – Em rio. E tinha a roça. A gente morava numa roça. Depois que a gente foi crescendo que ele ficou pela...

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