Rossy Maria Amoedo nasceu em 1977, em Juruti, no interior do Pará, filho de Rocy Pais Andrade de Amoedo e Holanda Marinha Amoedo.
Cresceu em um lar simples, cercado pela força do trabalho e pelo cuidado familiar. Seu pai era pescador; sua mãe, zeladora de escola. A infância foi vivida na periferia de Parintins, no Amazonas, para onde a família se mudou em busca de melhores oportunidades.
Caçula entre sete irmãos, Rossy teve uma infância modesta, mas marcada por criatividade e alegria. Brincava de papagaio, pião e bolinha de gude, brinquedos simples que ganhavam vida nas mãos das crianças da vizinhança. As broncas da mãe por passar horas no sol empinando pipa ainda são lembradas com um sorriso.
Com os pés no chão de terra e o olhar atento ao mundo ao redor, Rossy cresceu entre as dificuldades econômicas e os ensinamentos da mãe: “Estuda para ser alguém”.
Ainda sem saber o que era “ser alguém”, ele seguia tentando.
Começou a trabalhar cedo, vendendo pipoca e peixe com os irmãos. A escola, por outro lado, foi ficando para trás. As aulas eram longas caminhadas a pé e memórias fragmentadas — ele não se conectava com aquele ambiente.
Aos 12 anos, um missionário católico chamado irmão Miguel de Pascoal apresentou-lhe o mundo das artes. Pintura, modelagem, criatividade, tudo isso despertou em Rossy um novo olhar sobre si mesmo e sobre a vida. Um ano depois, aos 13, entrou pela primeira vez no galpão do Boi Caprichoso. E nunca mais saiu.
Começou como mascote. Observava, ajudava, aprendia. Naquela época, muita coisa ainda era feita em madeira, e o universo do boi encantava seus olhos. Aos poucos, passou a integrar a equipe de criação. Sem nunca ter planejado, estava construindo ali o seu caminho como artista. E encontrava no Boi Caprichoso um espaço de pertencimento, um lugar que seria seu por toda a vida.
Na adolescência, viveu as descobertas do primeiro amor, não correspondido e tornou-se pai aos 17 anos. O filho foi...
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Rossy Maria Amoedo nasceu em 1977, em Juruti, no interior do Pará, filho de Rocy Pais Andrade de Amoedo e Holanda Marinha Amoedo.
Cresceu em um lar simples, cercado pela força do trabalho e pelo cuidado familiar. Seu pai era pescador; sua mãe, zeladora de escola. A infância foi vivida na periferia de Parintins, no Amazonas, para onde a família se mudou em busca de melhores oportunidades.
Caçula entre sete irmãos, Rossy teve uma infância modesta, mas marcada por criatividade e alegria. Brincava de papagaio, pião e bolinha de gude, brinquedos simples que ganhavam vida nas mãos das crianças da vizinhança. As broncas da mãe por passar horas no sol empinando pipa ainda são lembradas com um sorriso.
Com os pés no chão de terra e o olhar atento ao mundo ao redor, Rossy cresceu entre as dificuldades econômicas e os ensinamentos da mãe: “Estuda para ser alguém”.
Ainda sem saber o que era “ser alguém”, ele seguia tentando.
Começou a trabalhar cedo, vendendo pipoca e peixe com os irmãos. A escola, por outro lado, foi ficando para trás. As aulas eram longas caminhadas a pé e memórias fragmentadas — ele não se conectava com aquele ambiente.
Aos 12 anos, um missionário católico chamado irmão Miguel de Pascoal apresentou-lhe o mundo das artes. Pintura, modelagem, criatividade, tudo isso despertou em Rossy um novo olhar sobre si mesmo e sobre a vida. Um ano depois, aos 13, entrou pela primeira vez no galpão do Boi Caprichoso. E nunca mais saiu.
Começou como mascote. Observava, ajudava, aprendia. Naquela época, muita coisa ainda era feita em madeira, e o universo do boi encantava seus olhos. Aos poucos, passou a integrar a equipe de criação. Sem nunca ter planejado, estava construindo ali o seu caminho como artista. E encontrava no Boi Caprichoso um espaço de pertencimento, um lugar que seria seu por toda a vida.
Na adolescência, viveu as descobertas do primeiro amor, não correspondido e tornou-se pai aos 17 anos. O filho foi criado com apoio dos avós, enquanto Rossy conciliava a juventude com as responsabilidades. Pouco depois, começou uma relação com uma vizinha, que se tornaria sua companheira de vida há quase 30 anos. Juntos, constroem uma relação baseada no respeito, no cotidiano e no afeto.
Profissionalmente, consolidou-se como artista plástico, projetando alegorias que brilharam no Festival de Parintins e em eventos de grande porte como o Carnaval do Rio, os Jogos Pan-Americanos e as Olimpíadas. Tornou-se empresário no ramo cultural e, após tentativas anteriores, foi eleito presidente da Fundação Boi Caprichoso.
Assumir a presidência foi um passo que ele via como necessário. Quando ainda era apenas artista, sentia falta de um olhar mais atento para quem fazia o boi com as mãos.
“O recurso precisa ser aplicado onde tem que ser. Lá atrás talvez eu não tivesse maturidade para fazer o que faço hoje, mas agora entendo que era propósito de Deus que eu chegasse nesse momento, com responsabilidade e gratidão”, diz Rossy.
Desde que assumiu, tem feito reformas estruturais, investido em melhorias para os artistas e trabalhadores, reabrindo espaços como a Escolinha de Arte com recursos próprios e conduzindo a gestão com foco em dignidade e pertencimento. Acredita que essa entrega é uma forma de retribuir tudo o que o boi lhe proporcionou:
“O Rossy não existiria se não fosse o Caprichoso”.
Para ele, a memória e o patrimônio cultural são a essência do boi: “É a nossa bandeira. A gente vive, respira e entrega cultura. O palco é onde imprimimos nossas lutas e mensagens”. O tema do festival recente. Ele mostra que é tempo de retomada e reflete exatamente esse compromisso: recuperar a memória dos ancestrais, dos povos originários e de todos que ajudaram o boi a se tornar o que é hoje.
Ele também destaca a importância de políticas públicas como a Lei Aldir Blanc, especialmente durante o período pós-pandemia, quando tantos artistas enfrentaram dificuldades. Para Rossy, esses incentivos foram cruciais para manter viva a chama da cultura.
Com o coração ainda voltado ao Caprichoso, Rossy já vislumbra o fim de sua gestão que não permite reeleição e o retorno ao trabalho com sua empresa artística. Mas até lá, quer seguir entregando o melhor de si.
“O boi exige muito, mas não sabemos fazer nada pequeno. Caprichoso é grande, e sempre será.”
O entusiasmo ao ver o “boi preto da Amazônia”, o Malu Dudu, era evidente. Com a alegria de quem ainda se encanta com aquilo que o moldou. Sua trajetória é marcada por amor, coragem, arte e um compromisso profundo com a memória coletiva.
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