Projeto: Memória dos Trabalhadores da Bacia de Campos
Depoimento de Dimas José Dultra Simões
Entrevistado por Tânia Coelho
Rio de Janeiro, 27/06/2008
Realização do Instituto Museu da Pessoa.Net
Entrevista PETRO_CB445
Transcrito por: Maria Luiza Pereira
P/1 – Nome, cidade em que nasceu e data de nascimento.
R – Eu vou informar?
P/1 – É.
R - Meu nome é Dimas José Dultra Simões, eu sou baiano, nasci numa cidade no interior da Bahia chamada Ipirá, em 18 de março de 1944, mas morei basicamente minha infância em Feira de Santana, cidade mais próxima a Salvador.
P/1 – E você trás essas memórias das raízes baianas muito forte ainda hoje ou a Bahia é só uma etapa _______?
R – Não, não, a Bahia não é muito difícil deixar as raízes baianas, né, mas mesmo porque minha mãe, meus irmãos ainda se encontram por lá, embora eu, com a minha atividade Petrobras, eu me formei na Bahia e ingressei na Petrobras na Bahia, mas sete anos depois saí e venho fazendo um périplo por esse Brasil e pelo exterior ao longo desses 40 anos aí. Mas volto sempre à Bahia rever minha mãe, meus irmãos. A Bahia é a Bahia. (riso)
P/1 – Caymmi já dizia isso. Agora, e lá você cursou a Universidade Federal da Bahia?
R – Foi, eu me formei...
P/1 – Se formou em quê?
R – Eu me formei em geologia na Escola de Geologia da Universidade Federal da Bahia, foi um dos primeiros cursos de geologia do Brasil, eu me formei em 1967 e ingressei na Petrobras em 68. Foi uma escola muito tradicional e formou bastantes geólogos que ingressaram na Petrobras.
P/1 – Opção pela geologia ______, _____
R – Eu gostava muito da natureza, das coisas assim, talvez não (lembro sinal?), mas meu pai foi oriundo, meu pai trabalhou na refinaria de Mataripe, com muito orgulho para mim, infelizmente, inclusive, veio a falecer dentro da refinaria, trabalhando, teve um enfarte. Mas eu tive uma infância muito jovem dentro da refinaria, na área da refinaria de...
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Depoimento de Dimas José Dultra Simões
Entrevistado por Tânia Coelho
Rio de Janeiro, 27/06/2008
Realização do Instituto Museu da Pessoa.Net
Entrevista PETRO_CB445
Transcrito por: Maria Luiza Pereira
P/1 – Nome, cidade em que nasceu e data de nascimento.
R – Eu vou informar?
P/1 – É.
R - Meu nome é Dimas José Dultra Simões, eu sou baiano, nasci numa cidade no interior da Bahia chamada Ipirá, em 18 de março de 1944, mas morei basicamente minha infância em Feira de Santana, cidade mais próxima a Salvador.
P/1 – E você trás essas memórias das raízes baianas muito forte ainda hoje ou a Bahia é só uma etapa _______?
R – Não, não, a Bahia não é muito difícil deixar as raízes baianas, né, mas mesmo porque minha mãe, meus irmãos ainda se encontram por lá, embora eu, com a minha atividade Petrobras, eu me formei na Bahia e ingressei na Petrobras na Bahia, mas sete anos depois saí e venho fazendo um périplo por esse Brasil e pelo exterior ao longo desses 40 anos aí. Mas volto sempre à Bahia rever minha mãe, meus irmãos. A Bahia é a Bahia. (riso)
P/1 – Caymmi já dizia isso. Agora, e lá você cursou a Universidade Federal da Bahia?
R – Foi, eu me formei...
P/1 – Se formou em quê?
R – Eu me formei em geologia na Escola de Geologia da Universidade Federal da Bahia, foi um dos primeiros cursos de geologia do Brasil, eu me formei em 1967 e ingressei na Petrobras em 68. Foi uma escola muito tradicional e formou bastantes geólogos que ingressaram na Petrobras.
P/1 – Opção pela geologia ______, _____
R – Eu gostava muito da natureza, das coisas assim, talvez não (lembro sinal?), mas meu pai foi oriundo, meu pai trabalhou na refinaria de Mataripe, com muito orgulho para mim, infelizmente, inclusive, veio a falecer dentro da refinaria, trabalhando, teve um enfarte. Mas eu tive uma infância muito jovem dentro da refinaria, na área da refinaria de Mataripe, via mais a parte de refino, mas via também os carros passando, diziam “é para a produção de petróleo”, e tal, eu não sei se aquilo me influenciou um pouco também, né? Mas eu tive meus tios também já viviam; eu tenho uma história passada da Petrobras, meus tios foram da época do Conselho e meu pai desde o início, em 56 meu pai entrou para a Petrobras.
P/1 – Então são duas gerações de petroleiros.
R – Duas gerações de petroleiros.
P/1 – E como é que foi ____, logo no ano seguinte você já entrou na Petrobras...
R – É.
P/1 – Você _____ faculdade de geologia.
R – Exatamente. Eu fiz concurso, quando saia da faculdade fiz um concurso para a Petrobras e fui admitido, né, na Petrobras em 68, e fui admitido na Bahia mesmo e comecei a trabalhar. Teve o treinamento lá na Petrobras, na Bahia, que era a grande atividade da Petrobras, a maior produção, onde se tinha condições de fazer o melhor treinamento, a escola era a Bahia então?
P/1 – Tudo acontecia lá na Bahia naquela época.
R – Tudo acontecia na Bahia, né? A Bahia... Tinha, evidentemente, havia essa atividade em Sergipe, em Belém, mas a Bahia, por ter a maior produção, ter sido desde a origem, era o local em que as atividades se desenvolveram, principalmente do ponto de vista de exploração e produção.
P/1 – Como é que era a sua rotina quando você entrou? Você entrou em profissão?
R - Eu entrei como geólogo de campo, chamava geólogo de poço, era uma atividade muito pioneira, nós ficávamos baseados numa cidade no interior chamada Catu e permanecíamos lá e saíamos dirigindo ou Jeep ou fuscas, que quando naquela época começaram íamos para o campo para acompanhar os poços de perfuração, dormíamos nos trailers, ficávamos ali dias ali acompanhando os poços, descrevendo amostras e fazendo as comunicações para a sede da companhia e enfim, era um trabalho bastante motivante e (cheio?), porque preenchia dia e noite, você trabalhava, né? Evidentemente tinha horário de descanso, tinha com outros colegas revezando, mas você era (diuturno?), a sonda perfurando e você, o geólogo, tinha que está acompanhando e descrevendo as amostras e fazendo todo uma rotina ali. Foi uma época muito rica, que ela no início eu comecei trabalhando no campo e em terra, que tinha as atividades em terra no início, mas logo depois, eu posso relatar, eu comecei também já atividade no mar, né?
P/1 – Eram poucos, né? Era pioneiro e pouquíssimos geólogos.
R – Não, não, não, tinha geólogos já, porque desde quando de 1957, 60, quando que se fala “depois da era Link”, que começou a ir embora os americanos que vieram,
começou a contratar geólogos brasileiros e a partir daí já começou a ter um número grande. Tanto que quando eu entrei em 68 na companhia, o que tinha de geólogo americano, ou estrangeiro, era oriundo que se radicaram aqui e viraram brasileiro mesmo, não tinha mais geólogos estrangeiros não, era só daqui do Brasil já, das escolas que tinha da Bahia, do Rio Grande do Sul, de São Paulo, de Pernambuco, do Rio de Janeiro, eram onde tinham as escolas de geologia, em Ouro Preto, Minas Gerais, onde tinham as primeiras escolas de geologia.
P/1 – (Bom, Dimas, você tinha um grupo de primeira______?)
R – Certo, não, a Petrobras sempre foi um grupo fantástico, porque sempre se primou por um foco em treinamento, tínhamos muito treinamento, muitos cursos e estavam sempre nos aperfeiçoando no que tinha de mais novo, esses eram os nossos gerentes, sempre tiveram uma preocupação na formação que veio e continuado na nossa companhia. É realmente a preocupação no foco do treinamento, nas pessoas e realmente o sucesso de uma companhia pode-se falar em tecnologia, no que for, mas o sucesso está nas pessoas, na formação de pessoas capacitadas.
P/1 – _____ ___, como você tinha nessa época muita tecnologia importada, no campo da geologia eu acho que vocês não deviam ter esse tipo de problema, havia toda uma...
R – A Petrobras basicamente sempre se manteve mais ou menos atualizada nas tecnologias e a grande tecnologia da exploração é a aquisição sísmica, né? Então a Petrobras sempre esteve também se atualizando disso, saía do período de aquisição de dados analógicos, tão logo começou a aquisição digital ela já iniciou, enfim, nós tínhamos sempre o que tinha de mais novo junto a nós. Evidentemente que hoje as coisas chegam mais rápido, mas já tínhamos o que tinha de mais atualizado nós já utilizávamos naquela época. Evidentemente que o que tinha naquela época é que a logística era muito difícil, era um desafio as coisas, tudo você tinha que fazer, você mesmo dirigia seu carro, você mesmo fazia tudo o que tinha que ser feito dentro do seu trailer, na sonda e o sistema de comunicação era horrível, falávamos via rádio, levávamos horas para comunicar um texto curto, mas isso tudo faz parte do desenvolvimento que passou não só o país, como o mundo, né?
P/1 – Vocês eram os desbravadores, os bandeirantes que entram país adentro...
R – É, aí o geólogo nessa história é realmente um bandeirante de primeira, porque o geólogo é o quem chega primeiro, seja na área; chega em primeiro mesmo, porque a exploração de petróleo começa com o que se chama geologia de superfície, antes de se ter nada, então o geólogo vai para o mato, como se diz aqui, como teve desbravadores, iam para a selva amazônica que cada um naquele ____ _______, eu não participei disso, dessa época que já tinha (feito?), mas as pessoas inclusive faziam testamento quando iam embora, porque não sabiam se voltava, porque, e iam armados inclusive, porque era uma aventura. Mas é desafiante.
P/1 – Não era o caso da Bahia.
R – Não, não, na Bahia nós já tínhamos, era terra, a parte em terra não, ela tinha todo uma já facilidades, nós estávamos ali relativamente perto sempre de cidades que tinha para... Só eventualmente quando tinham poços mais distantes, eu particularmente acompanhei um poço no sertão, lá na Bacia de Tucano, ficava distante, então se afastasse já ficava assim dez dias fora lá, mas se alimentava na sonda mesmo, as comidas chegavam nas sondas, mas era divertido.(riso)
P/1 – Trabalho duro, mas divertido. E quando você saiu da Bahia você foi para onde, qual foi o passo seguinte?
R – Bom, eu acho o seguinte, a Petrobras ela; e que tem haver com a Bacia de Campos, né ela teve que dá a saída para o mar, que foi o famoso passo que a Petrobras deu. E até oportunamente nessa segunda-feira houve uma solenidade de comemoração dos 40 anos da perfuração do primeiro poço na plataforma brasileira, que foi a saída da Petrobras, que foi o poço do Espírito Santo 1, isso ocorreu em junho de 69; de 68, em junho de 68 que se perfurou esse primeiro poço. E eu diria para mim que minha vida na Petrobras, meus 40 anos se confundem com essa história da Petrobras ir para o mar, porque eu fisicamente não estava nesse primeiro poço em 68, mas já estava dentro da Petrobras, já sabia disso e um ano depois eu já estava no mar acompanhando poços, exatamente o poço seguinte, o Espírito Santo 2, o segundo poço da Bacia do Espírito Santo eu estava acompanhando esse poço. Aí sim, foi minha ida para o mar, a primeira vez, que aí vai daqui a pouco ter o link com a Bacia de Campos, no início começamos com outras Bacias perfurando, eu fui para o Espírito Santo, aí sim era uma aventura grande mesmo, porque viajávamos de lancha ou de rebocador, no caso desse poço viajava mais de dez horas de rebocador, chegava na plataforma você era içado numa cesta, eu não gostava, como não gosto até hoje de viajar de barco, de mar, enjoava, e muitas pessoas chegavam horrível na plataforma para trabalhar e trabalhávamos na plataforma, era de 15 a 20 dias. Ficávamos isolados na plataforma, o sistema de folga era muito mais rígido do que hoje(riso), nós folgávamos se trabalhássemos 15 dias só folgávamos cinco dias...
P/1 – Isso em que área, era área já de exploração?
R – Da exploração de petróleo, perfurando o poço para descobrir, foram as primeiras atividades que nós fomos, foram os primeiros poços furados, ainda não se tinha furado a Bacia de Campos.
P/1 – E você foi primeiro em que função?
R - Eu fui como geólogo de poço.
P/1 – Já.
R - Já como geólogo, já como geólogo. Comecei como... Minha vida da Petrobras sempre foi como geólogo e basicamente sempre teve sua maioria voltada para as atividades no mar, né?
P/1 – É, porque tinha parte de _________, fiscalização...
R – Não, não, eu já estava como geólogo de poço, no início sempre acompanhado...
P/1 – Novamente como pioneiro.
R – Como pioneiro como geólogo de poço e indo e fui acompanhar poços e nesse período acompanhei os poços no Espírito Santo, poços em Sergipe, poços no Amapá, tudo no mar já e foi essa vida já que eu comecei. O primeiro poço na Bacia de Campos só foi furado em 1971. Nessa época eu também já estava na Bahia e o acompanhamento era feito pela Bahia, eu não trabalhei nesses poços aí nessa época, mas acompanhava porque já estava numa função de, trabalhando mais na sede na Bahia, porque nessa época todas as atividades das Bacias no mar eram acompanhadas pela Bahia, não existia ainda... nem existia Macaé, só existia o Rio, a Bahia, Sergipe e Belém do Pará, né, como órgãos da Petrobras de exploração.
P/1 – E essa época vocês tinham noção do que aconteceu com a Bacia de Campos ou com a Petrobras, porque cada meta é uma meta, é típica...
R – Não, exatamente não. Tínhamos sempre aquele sonho, né, geólogo que não sonha e que não pensa grande ele não vai para frente e não tem descoberta. O geólogo sempre está buscando desafios, está sempre acreditando e esse é o (mistério?) de um geólogo.
P/1 – Nessa época, qual era o maior desafio?
R – Como?
P/1 – Nessa época qual era o maior desafio?
R – Bom o maior desafio que nós tínhamos era descobrir petróleo, descobrir petróleo ____ _____, nós já estávamos com a produção declinante em terra, fomos para o mar na busca de novos desafios, porque víamos que as Bacias terrestres não iam atender aquela demanda que estava tendo, já tinha em 73 acontecido a primeira crise do petróleo, já estávamos vivendo um problema sério e então tínhamos e fomos para o mar, tínhamos tido a primeira descoberta na Bacia de Sergipe, uma produção modesta, mas ocorreu em 74 a descoberta de Garoupa, essa realmente se mostrou com a pujança maior e a partir daí foi que se começou a mudar o foco e a Bacia de Campos passou a partir daquele momento, a ser o foco maior da companhia. E cumpre ressaltar que nesse período ainda tudo era acompanhado pela Bahia, os geólogos saíam da Bahia, vinham para; normalmente a gente vinha muito para Vitória, descia em Vitória, de Vitória saía, se distribuía para acompanhar os poços por aí, ou às vezes saía de Vitória vinha para Campos, às vezes usava o aeroporto de Campos como apoio para os helicópteros também, isso em 74. Mas a grande virada que começa da Bacia de Campos me parece que foi com, realmente a descoberta de Garoupa, logo depois Namorado e Enchova e em 76 a companhia resolve que as atividades da Bacia de Campos iam ficar centralizadas em Vitória e cria um distrito em Vitória, em 1976. E realmente eu tive a felicidade de ter sido na época deslocado para ser o gerente de exploração em Vitória, naquela época, em 76. Então, em 76 fomos para Vitória e é uma coisa interessante que as pessoas não sabem, que mudou rapidamente, mas quando a Petrobras foi, não era para existir Macaé, ia ser Vitória, nós íamos ficar era Vitória que ia ser construído o porto, a sede, todo o acompanhamento, toda a logística da Bacia de Campos que estava incipiente, começando, evidentemente estava muito pequeno, ninguém não imaginava que ia ser esse tamanho, era Vitória! E fomos para Vitória, nos instalamos em Vitória alugando casa ali e fazendo de casas escritórios e realmente foi, Vitória eu acho que foi um período muito rico que ficamos em Vitória, de 76 até final de 79. Porque logo depois, ainda no fim de 76, início de 77, a companhia detectou que realmente o ideal era colocar em uma posição mais próxima da Bacia de Campos e aí foi que se saiu buscando novos lugares e se identificou Macaé como o local para ser a nova sede. Eu também tive a felicidade de participar na época com o grupo de sairmos procurando, conheci a área que hoje é a base de Macaé, que era um grande terminal de manutenção da rede ferroviária federal, ___, onde se fazia reformas de vagões, era um terreno, e na época nós fomos olhar e esse terreno se mostrou uma área interessante, tinha um área que dava para construir o porto, mas é importante ressaltar que foi decidido então que ia ser Macaé, mas tinha que se construir tudo, então ficou-se de 76 até 79 em Vitória; em Vitória, porém cuidando da Bacia de Campos. E esse foi um período muito rico, porque era o desafio de ficar ali em Vitória mais ou menos que era uma passagem; para ter uma idéia vocês, nós chegamos em Vitória, alugamos uma casa grande e montamos o escritório, em 79, quando nós saímos, nós tínhamos só de casas alugadas em torno, 12 casas, porque começou já a crescer Campos. E realmente foi um período muito fantástico, porque nesse período quando nós estávamos em Vitória nós tivemos o início da produção de Enchova, que foi em 1977, no mar, que até se comemorou 30 anos o ano passado, a sua primeira produção de óleo na Bacia de Campos, foi também um pioneirismo, um desafio muito grande, eu me lembro muito bem que nas festas entre natal e ano novo, não lembro bem se foi exatamente natal ou no ano novo, mas no final de ano que nós estávamos em Vitória, íamos fazer a chamada perfilagem final do poço Enchova 1 e esse poço era a chave, porque dependia do resultado dele para definir se íamos fazer o primeiro sistema de produção. Então eu lembro que eu e um outro colega passamos esse final de ano ali com uma ansiedade esperando, com toda logística pronta, esse perfil foi apanhado de helicóptero na plataforma, veio lá para Vitória, nós na época não tínhamos esse sistema de facilidade de transmissão de dados, transmitíamos pedaço-a-pedaço para o Rio, por fax, e foi um poço que apresentou um resultado fantástico e ele foi que deu origem ao sistema antecipado de Enchova. Mas isso é que enriquece a gente, aquela ansiedade de ver o resultado o poço, transmitir os dados para aqui para a sede e todo mundo estava aqui também na sede na expectativa e se tomou a decisão de fazer aquilo que é um marco, né, na Bacia de Campos, que é o poço Enchova 1, que a partir daí deslanchou toda essa produção e essa imensidão que é Campos hoje e a Petrobras como um todo.
P/1 – É o maior marco ______, o principal marco nesse processo você destacaria...
R – Eu destacaria porque teve...
P/1 - ???
R - Do ponto de vista de produção; esse problema de marco depende muito de algumas... Marca mais para uns do que marca para outros, né?(riso) Mas acho porque
P/1 - ????
R – Porque teve o seguinte, foi num momento de crise que estava se vivendo, se colocou em produção um poço com uma produção fantástica, se eu não me engano produzia mais de 20 mil barris por dia, aquilo para nós era algo muito grande, de uma pujança grande, então foi um marco grande, já começou os desafios de colocar em produção no mar, de escoar via navios, bóias e sistemas, já se começou a desenvolver tecnologias que no futuro se mostrou que era o caminho da Bacia de Campos. Então esse foi um marco, né, as coisas iam acontecendo passo a passo, eu até conto uma história para ver como é que às vezes a gente... uns desafios. Em, 77 estávamos em Vitória ainda, e o ministro de Minas e Energia do governo na época era o Dr. Shigeaki Ueki e ele então solicitou a gerência lá na época de Vitória, que ele queria fazer uma visita a uma plataforma na Bacia de Campos e que levasse junto o geólogo, o engenheiro de produção e perfuração, a equipe, a gerência do staff lá em Vitória, que era o superintendente mais nós três e fomos para Campos, para um poço lá com o ministro Ueki. E ali passamos o tempo mostrando as informações e ele num dado momento me pergunta qual era o próximo poço que ia ser furado. E eu, com muito orgulho, falei para o ministro que nós íamos furar um poço em água profunda e ele no momento disse que não era possível, que tecnologia da época ia ter esses desafios e que achava que não ia furar aquilo e... Teve que o nosso diretor na época; diretor não, era superintendente, não lembro, Dr. Carlos Walter teve que ir a Brasília e convencer de furar o poço de água profunda e convenceu e mostrou e foi furado o poço. Mas é interessante chamar atenção, o que é que chamávamos poço de água profunda naquela época, era um poço de 210 metros de lâmina d’água. Hoje nós estamos furando em 3 mil metros(riso), então, para ver o que é que é a história. Também justiça seja feita, o Dr. Ueki mesmo, depois como presidente da Petrobras foi quem contratou uma sonda de lâmina d’água de 500 metros para furar poços de água profunda. Então isso é um desenrolar da tecnologia das coisas, na época 200 metros era um desafio incrível, né, então... Mas foi tudo isso, eu não sei se outros colegas reportaram, mas esse período de Vitória foi muito importante, porque foi uma preparação até nós chegarmos em Macaé em janeiro de 80, que também foi estabelecido um marco (já?) no final de dezembro de 79, mudou-se tudo para Macaé. E aí fomos para Macaé e eu também continuei participando, fui o primeiro superintendente de exploração em Macaé e permaneci lá até 83, vivi mais quatro anos lá. Então...
P/1 – Na plataforma.
R – Não, isso aí eu já era já gerente, estava na função gerencial, ficava em terra, mas cuidando das atividades de exploração no mar, né?
P/1 – E como primeiro superintendente de exploração em Macaé, quais eram as maiores dificuldades ou quais eram os maiores orgulhos, o quê que acontecia, como era a rotina?
R – Olha, o...
P/1 – Um momento também de novas estratégias...
R – É, exatamente, a mudança para Macaé teve um fato ao nosso favor que foi que nós construímos uma base própria, nós tínhamos uma infra-estrutura própria que tínhamos um porto que era próprio da companhia, as coisas foram construídas já dentro de uma logística de nosso interesse e não saindo, ou alugando ou pegando áreas, fomos já fazendo as coisas, então teve umas facilidades. Por outro lado chegamos em Macaé, uma cidade que tenho muito orgulho de ter vivido lá, meus filhos estudaram e a pouco tempo mesmo tivemos mais uma reunião, nós vamos fazer uma homenagem para Macaé, mas na época era uma cidade provinciana, não tinha nada, mas aquilo também foi uma vida fantástica, um povo excelente, mas o grande desafio que nós tínhamos ali, os gerentes na época, era que a empresa estava já crescendo muito, entrando, admitindo muita gente, nós tínhamos um trabalho, uma preocupação muito grande era de treinar e formar essas pessoas, capacitar essas pessoas. Então na época muito do nosso desafio era voltado para isso, então tínhamos que capacitar aquelas equipes para esses novos trabalhos que estava se aparecendo e aí já começou-se a se vislumbrar a Bacia de Campos como algo maior do que o que tínhamos pensado, sempre temos que pensar que vai ser maior ainda, esse é também, continuando dizendo que é os sonhos dos geólogos, sempre pensar que tem mais coisas à descobrir e a fazer. Mas foi um período de muita integração, um trabalho de equipe entre todos os segmentos, desde exploração, perfuração, produção, um companheirismo muito grande que eu tive oportunidade de vivenciar e guardar grandes recordações aí dos grupos que participaram e das equipes naquele período.
P/1 – Parece que o companheirismo é uma marca também.
R – É, eu acho que esse companheirismo daí; eu acho que esse próprio trabalho (de ser?) às vezes um pouco isolado e de desafios nos junta muito e interessante isso haver também, junta muitas famílias, né, há um apoio muito grande das famílias, as famílias estão sempre uns ajudando os outros, todo mundo na época com filhos pequenos, era gente jovem chegando com os filhos pequenos, eu quando cheguei em Macaé minha filha mais nova não tinha dois anos ainda. Mas era muito gratificante. Realmente aquele início de Macaé foi muito marcante, certamente muitas pessoas devem ter contado muitos fatos pitorescos. Eu permaneci durante quatro anos em Macaé, mas vim para o Rio depois, em 93, assumi uma outra gerência no Rio e continuei também voltado para as atividades do mar, gerenciando atividades de acompanhamentos geológico no mar.
P/1 – A gerência no Rio foi em que área?
R – Foi na área da exploração, eu era gerente da área que chamava de sub-superfície, de acompanhamento geológico de sub-superfície. Eu cuidava do acompanhamento, aí nessa época eu já cuidava do acompanhamento geológico dos poços em todo o Brasil, em terra e no mar, eu vim assumir uma gerência. Mas evidentemente que, como sempre, as atividades maiores se desenvolviam na Bacia de Campos e era o foco maior que nós tínhamos, mas aqui na sede quando eu vim para o Rio, eu vim cobrir, já vim ser uma gerência mais ampla, que cobria o Brasil todo.
P/1 – E os desafios políticos nacionais na área de petróleo já estavam colocados de uma maneira muito efetiva, as gerências tinham que responder a essas questões, as demandas.
R – É, o trabalho de petróleo ele é um trabalho sobre pressão constante, né? Nós estamos sempre sobre pressão constante.
P/1 – Isso não te assustou?
R – Não, não, não assusta não. Esse, a gente como diz, “tira de letra”.(riso) Desde que não incomode. E justiça seja feita, eu durante o período todo que tive na companhia nunca vinha gerências maiores para dizer “faça assim, isso, do ponto de vista...”, sempre deram muita liberdade a companhia, porque eu acho que esse respaldo vem da capacitação técnica, o respaldo técnico sempre responde a qualquer outro questionamento, qualquer outra solicitação. Se vem uma solicitação da Sede e nós mostrarmos tecnicamente a viabilidade ou inviabilidade daquilo, eu acho que é fácil de justificar e de se chegar a uma tomada de decisão.
P/1 – Como é que foi esse salto da área de consultoria e negócios, e é uma outra (riso), eu acho que a Petrobras tem essa _____ _____ essa mania também de mudança...
R – É, a Petrobras tem uma mania de mudança, aí eu não sei se foge um pouco, mas de fato, eu tinha que falar um pouco de mim, com 40 anos eu tive. Eu entrei na exploração, vim para o Rio, vim para cá em 83, assumi essa gerência, fiquei nessa gerência durante sete anos. Em 90, assumi um cargo mais alto, uma outra superintendência que cuidava também da exploração no Brasil todo e depois fui para o exterior, fui trabalhar na Colômbia também com exploração. Fiquei dois anos e meio, quase três anos em Bogotá trabalhando também em exploração.
P/1 – E como é que foi essa experiência?
R – Olha, a experiência internacional é fantástica em qualquer país que seja. Aliás, nós da Petrobras e geólogos, nós temos essa facilidade, qualquer lugar que vá, seja dentro do Brasil, ou seja no exterior de se adaptar. Eu acho que isso, primeiro que tem que ter, nós temos o seguinte: nós é que temos que nos adaptar ao lugar e não o lugar a nós, primeiro. Então, seguinte, vamos chegar em qualquer lugar e se tem problema (mas?) vamos descobrir o que é que tem de bom e aproveitar do bom. Então minha experiência internacional foi muito boa do ponto de vista de aprendizado, porque a partir daí eu tive relacionamento com sócios, nessa época a Petrobras do Brasil ainda não tinha aberto o mercado, então a Petrobras era monopolista. Eu fui trabalhar lá no exterior onde a Petrobras tinha sócios, então eu lidava com outras companhias ao meu lado, então aprendi muito com isso, isso foi muito útil quando nós, tanto eu quanto outros que já trabalharam no exterior, e quando houve abertura de mercado no Brasil essa experiência ajudou muito. E como sempre também a vivência em outro país tanto tecnológico, geológicos e do ponto de vista também pessoal, né, de vivenciar um país interessante que é a Colômbia que até é muito falado de coisa, mas eu passei quase três anos na Colômbia, fantástico em Bogotá, uma cidade muito tranqüila, muito boa, de excelentes recordações, inclusive do ponto de vista de segurança, sem ter nada o que falar. (riso)
P/1 – E do ponto de vista profissional a troca de experiências também foi rica, a Colômbia tinha o que oferecer...
R – Tem, tinha o que oferecer. A Colômbia é um país que já teve indústria do petróleo mais forte antes do Brasil, inclusive, porque eles descobriram petróleo mais cedo, eles tinham... Hoje é que nós (passamos?), mas na época que eu estive eles produziam mais petróleo do que nós.
P/1 – Eles tinham mais a transmitir do que...
R – Eles então conheciam mais. E também do ponto de vista de geologia, porque a geologia, aí é um problema muito técnico, a geologia do nosso país é uma geologia diferente do que é uma geologia dos Andes, aquilo é uma geologia desafiadora, com uma outra história, então eu aprendi um pouco mais, né, pode ser aplicado um pouco aqui no Brasil mas é diferente das nossas Bacias. As Bacias sedimentares, cada uma, têm a sua história, de acordo com o contexto que ela está envolvida geologicamente.
P/1 – E aí na volta da Colômbia...
R – A volta da Colômbia eu fiquei ainda um período aqui na sede do Rio e trabalhei um período na área de energia, fui ser diretor de uma termoelétrica que estávamos construindo em Natal, também um período muito agradável, nós estávamos construindo uma termoelétrica em Natal, fiquei de 2001 até 2004 e também aprendi muito, porque aí já é uma outra coisa, saí um pouco da área de exploração e produção de petróleo, fui trabalhar na área de geração de energia, mas já do ponto de vista, era gerente e estava aprendendo. Depois voltei aqui para o Rio, estou como consultor, o gerente anterior e os outros que o substituiu me mantiveram, acho que querendo aproveitar um pouco talvez da minha experiência e está ali um pouco... Consultor para ser consultado, aí ele faz se quiser, né (riso), pelo menos a gente dá opinião e tem a liberdade de falar com franqueza e essa é a trajetória.
P/1 – E aí entra também essa questão da visão global, você passou por todas as...
R – Exatamente, eu acho que o mundo hoje não vive de especificidade, né, nós não podemos ser só geólogo, só engenheiro de perfuração, só da produção, nós temos que ver o todo, e tudo está muito concatenado e aí vem a parte de energia, a Petrobras é uma empresa integrada, ela produz petróleo, ela está gerando energia com térmicas, ela está tendo as suas refinarias, ela está entrando hoje nos bio-combustíveis, então nós temos que ter uma visão ampla de tudo isso, né?
P/1 – Sem querer gerar um _____, mas é só que eu tenho percebido em algumas entrevistas que vários gerentes, várias pessoas que têm história, muita bagagem da empresa, então hoje está entrando na área de negócios, ou na área internacional, ______, não há um investimento hoje na Petrobras mais forte nessa área de relações internacionais ___ ______ de negócios?
R – A Petrobras está com um leque muito grande, eu lembro que quando eu trabalhei na área internacional (uns anos atrás?) a Petrobras se resumia a trabalhar na América do Sul, na Argentina, na Colômbia, já tinha saído do Equador, já tinha saído do Peru, só estava com Argentina e Colômbia, estava nos Estado Unidos, tinha fechado Reino Unido e acho que não estava; e em Angola. Hoje em dia se contar nós já estamos acho que em mais de 20 países, então, a Petrobras se internacionalizou e está preparando e arregimentando pessoas e há uma troca muito grande entre os profissionais. A empresa hoje não está separando o que é internacional do que é nacional, do ponto de vista geológico. Tem que se analisar aquele portfólio integrado e ver qual é o melhor projeto e ir para aquele melhor projeto, seja ele nacional ou internacional. Felizmente hoje os projetos melhores estão se mostrando os que estão aqui em terra; em terra não, eu digo no nosso país, né? (riso) Isso é muito bom e muito interessante.
P/1 – Petrobras, você inclusive falou isso... Nós vamos mudar de fita e aí eu vou fazer uma perguntar.
R – Ta, faça.(pausa)
P/1 – Como é que os gerentes atuais e essas pessoas que construíram a Petrobras processam essa informação para a geração que está hoje aí, toda bagagem que eles têm de um projeto vitorioso?
R – Olha, isso é realmente muito interessante essa sua abordagem e também é uma preocupação muito grande da companhia. A companhia apesar de ter tido um problema no passado, porque ela ficou aí alguns anos sem contratar ninguém, mas até por problemas de política de país, que na época não estava permitindo as contratações, mas de um dado momento a empresa vem reformulando seus quadros e contratando pessoas. Quanto a isso eu tenho dois pontos importantes: um, hoje, evidentemente, seguinte: nós temos condições de contratar as pessoas muito mais preparadas do que no passado, já trazem uma bagagem muito boa com o ferramental que hoje (é moderno?), com a parte de computação, informática e todo outro conhecimento aí quase todos nas admissões que temos feito é muito comum a maioria das pessoas que nós contratarmos vai ter pós-graduação. Então tem o pessoal com a bagagem, qual é a preocupação que temos que ter? A indústria do petróleo necessita uma formação, necessita uma amalgama muito bem feito. Então tem as gerações passadas, estamos aí, uma série de colegas nossos que participam de cursos de formação, de preparação dessa mão-de-obra, um trabalho intensivo de treinamento desse pessoal exatamente no trabalho mesmo, treinando eles ali no dia-a-dia e transmitindo essas experiências e esses conhecimentos. Isso é importante e esse espírito até da companhia é muito, a vontade de transmitir e de ensinar é muito comum entre os profissionais da companhia, está sempre solícito a dar um curso, ou a participar de um treinamento, seja formal ou informal ali. Então, nós estamos preocupados, e acho que a geração futura não vai deixar a bola cair, vai continuar levando, vai continuar conduzindo as coisas. Mesmo porque é importante, não só do ponto de vista da exploração, mas do ponto de vista de, acho que de todo um conhecimento, e até hoje, quando se fala com tanto... A Petrobras vem tendo sucessos de patamares em patamares, então falar hoje como se fala o grande sucesso o pré-sal, nós estamos diante talvez de algo fantástico e de grande _______. Às vezes a pessoa pergunta: “Ah, a que se deve isso, é uma tecnologia, é uma pessoa?” Olha, as pessoas têm que ter em mente do seguinte: consciência (no conhecimento?) nada é pontual, aquilo, o sucesso de um trabalho; eu vou falar do ponto de vista de exploração, ele vem dos seus precursores e dos seus contemporâneos que estão fazendo agora, o resultado do trabalho de exploração ou de qualquer trabalho não é um resultado de um indivíduo, não é um resultado particular, ele é um resultado de um trabalho de equipe e que certamente ele já veio desde o passado. E veio mesmo, eu conheço a história que é, por exemplo, quando se fala hoje do pré-sal, a história do pré-sal, as expectativas, já se vem de muitos e muitos anos já existe um somatório de estudos, de conhecimentos, um dado momento isso aflora, como diz do ponto de vista geológico, se consegue atingir o sucesso que é o que nós estamos, felizmente a empresa vem a cada momento atingindo e conseguindo esse sucesso. E isso, sem dúvida, se deve desde quando eu falei do início, há pessoas. Eu acho que tecnologia é um soma, tecnologia inclusive é feita por pessoas. Então eu acho que a Petrobras, o sucesso da Petrobras se deve ao seu quadro de profissionais, ela sempre se preocupou com isso e acho que vai continuar e dentro daquele questionamento em que se fez eu acho que os que estão entrando agora vão responder a altura e já estão sendo preparados e para isso a empresa certamente vai tomar todos os cuidados para conduzir isso da melhor maneira possível.
P/1 – Esse sentimento “ser petroleiro” é um sentimento forte que vem dessa _____ ______ , se tivesse que traduzir isso você traduziria como?
R – Olha, eu diria que talvez no passado fosse mais, não quero ser saudosista, mas talvez porque mais poético, né? Hoje os desafios estão aí, o mercado está inclusive mais diversificado, tem mais chances. Eu vejo um pouco mais o seguinte, que acho que no passado tinha mais aquele espírito de vestir a camisa, não estou querendo dizer que não tenha hoje e não sei, para frente isso muda e espero que tenha, né? Talvez com matizes diferentes. Nós, saudosistas, éramos mais poéticos, mais sonhadores (riso) e era outro mundo, né? Eu acho que às vezes a gente não pode muito estar analisando as coisas, tem que contextualizar para ver a cada momento é cada momento, é outro mundo, é outra história.
P/1 – Tenho duas perguntas para finalizar: primeiro é o sentimento; agora é mais interior... Como é que é ser um cidadão do Brasil que dá certo, saber que a gente construiu um Brasil que dá certo, uma sensação pessoal de uma carreira profissional que não é uma relação só de trabalho, é uma relação mais ampla, isso daí passa _____ ___ ou é uma coisa que nem passa?(riso)
R – Bom, eu, particularmente me sinto feliz e realizado com o que eu fiz ao longo da minha vida, dentro da Petrobras. Realmente fiz 40 anos de companhia agora, ainda estou trabalhando e me sinto realizado, acho que contribuí, se os vetores que eu tive da vida, talvez a resultante dele seja para um lado positivo, sempre a gente tem momentos, ______ ____, mas creio que o resultado maior foi sempre no sentido positivo, aqueles que me conhecem sabem bem do que eu sempre procurei fazer, tenho um grande amor por essa companhia, ela foi quem me deu tudo, eu a conheci, como eu falei, desde de minha juventude, com 15 anos já tinha relações com Petrobras por causa de meus tios e meu pai logo depois também, e vejo ela com essa gama de sucesso cada vez crescendo mais. Espero que ela continue assim e certamente será para o orgulho de nosso país e acho que até num momento como esse hoje que nós estamos vivendo, eu acho que não estou analisando um detalhe: imagina o petróleo a US$ 150 dólares o barril se nós não fossemos auto-suficiente hoje, esse país estava quebrando.
P/1 – Eu queria saber agora a sua avaliação desse projeto de ouvir os trabalhadores da Petrobras e registrando a sua história a partir do sentimento de cada um.
P/1 – Olha, tinha que dizer o seguinte, como diz “povo, ou quem não tem história não tem nada”, né? Então, seguinte, se nós não deixarmos registrados as coisas, os sentimentos e no final alguém vai fazer história por você e vai ser muito pior, porque às vezes vão contar. Então eu acho que é muito importante resgatar essas coisas; nós brincamos muito, se alguém escreve um livro for contar aquelas coisas inusitadas, as piadas e brincadeiras, coisas às vezes que não podem ser ditas, mas que faz parte da história, isso somou e construiu a equipe. Então eu acho muito importante isso, nós na área de exploração mesmo temos tido o cuidado e a pouco tempo fizemos uma série de depoimentos de pessoas sobre a exploração, para deixar guardada e que fique ali também, então temos isso da área de exploração, a pouco tempo a equipe sísmica (TS?) nossa completou, seu eu não me engano, foram, também 40 anos, foi, a equipe completou, nós também fizemos uma série de filmagens e depoimentos e mostrando o quê que era e interessante que isso, quando nós fomos mostrar ao pessoal da equipe; porque a equipe sísmica tem muito pessoal de nível médio, braçal, que é trabalho rude, aquele da equipe sísmica terrestre, de carregar os cabos de detonadores, e eles quando viram aquilo ficaram mais impressionados de ver, é isso que é uma história, agora, perguntaram, até teve um interessante: “Eu posso levar isso para mostrar a meus filhos em casa, porque eles perguntavam o quê é que eu faço e eu não sabia descrever exatamente?” Aí eu digo: “-Ora, claro!” Então eu acho que realmente a companhia deve manter esse seu banco de histórias, de memórias, de imagem, hoje muito mais fácil, né, de ___ _____, quantas vezes nós temos aí coisas que a gente diz “porque é que não tem uma imagem daquilo que se passou, né?” Mas eu acho que a companhia vai continuar nessa sua trilha de sucesso.
P/1 – Muito obrigada.
R – Tá, obrigado vocês.
(Fim da fita CBMBac nr. 117)
- (desde?)
- (profissão?)
- (cheio?)
- (já?)
- (feito?)
- (mistério?)
- (de ser?)
- (mas?)
- (passamos?)
- (uns anos atrás?)
- (é?)
- (no conhecimento?)
- (TS?)
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