P/1 – Boa tarde.
R – Boa tarde.
P/1 – Para começar, eu queria que o senhor dissesse o seu nome completo, local e a data de nascimento.
R – Nome: Ivan Kopruszynski, nasci em Curitiba [Estado do Paraná] no dia 26 de fevereiro de 1970.
P/1 – Certo. E qual o seu cargo atual na Tetra Pak?
R – Hoje eu sou coordenador de manutenção.
P/1 – E o nome dos seus pais?
R – É, o meu pai chama Ricardo Kopruszynski, minha mãe Sueli Maria Kopruszynski.
P/1 – E eles são de Curitiba mesmo?
R – Minha mãe é de Niterói [Estado do Rio de Janeiro] e o meu pai é de Curitiba [PR].
P/1 – E qual é a atividade deles?
R – Meu pai é médico, meu pai é falecido já há algum tempo, e minha mãe é professora, mas está aposentada.
P/1 – E você nasceu ou se criou em Curitiba?
R – Não. Na verdade, eu fui somente para nascer em Curitiba, pela função médica do meu pai, ele tinha alguns amigos e resolveu que – era um parto de gêmeos, eu tenho um irmão gêmeo –, então ele resolveu que o parto fosse feito em Curitiba por um médico especialista. E aí foi nascer, ficar uma semana em Curitiba, depois retornei para Ponta Grossa [Estado do Paraná]. Então só de nascimento mesmo.
P/1 – Então você foi criado em Ponta Grossa?
R – Sou pontagrossense. (RISOS)
P/1 – E você tem só um irmão gêmeo ou tem mais irmãos?
R – Eu tenho mais um irmão, mais velho, três anos mais velho também, Ricardo.
P/1 – Ah certo. E conta para nós como era Ponta Grossa na sua época de infância.
R – Ponta Grossa, ela era, ainda é uma cidade pequena, hoje é médio porte, mas ela tinha aquela estrutura de cidade pequena, nós morávamos no centro da cidade, mas conseguíamos jogar bola na rua, tinha a vizinhança, os amigos que a gente saía de bicicleta. Era uma cidade gostosa, ainda é uma cidade gostosa de morar, mas assim...
Continuar leituraP/1 – Boa tarde.
R – Boa tarde.
P/1 – Para começar, eu queria que o senhor dissesse o seu nome completo, local e a data de nascimento.
R – Nome: Ivan Kopruszynski, nasci em Curitiba [Estado do Paraná] no dia 26 de fevereiro de 1970.
P/1 – Certo. E qual o seu cargo atual na Tetra Pak?
R – Hoje eu sou coordenador de manutenção.
P/1 – E o nome dos seus pais?
R – É, o meu pai chama Ricardo Kopruszynski, minha mãe Sueli Maria Kopruszynski.
P/1 – E eles são de Curitiba mesmo?
R – Minha mãe é de Niterói [Estado do Rio de Janeiro] e o meu pai é de Curitiba [PR].
P/1 – E qual é a atividade deles?
R – Meu pai é médico, meu pai é falecido já há algum tempo, e minha mãe é professora, mas está aposentada.
P/1 – E você nasceu ou se criou em Curitiba?
R – Não. Na verdade, eu fui somente para nascer em Curitiba, pela função médica do meu pai, ele tinha alguns amigos e resolveu que – era um parto de gêmeos, eu tenho um irmão gêmeo –, então ele resolveu que o parto fosse feito em Curitiba por um médico especialista. E aí foi nascer, ficar uma semana em Curitiba, depois retornei para Ponta Grossa [Estado do Paraná]. Então só de nascimento mesmo.
P/1 – Então você foi criado em Ponta Grossa?
R – Sou pontagrossense. (RISOS)
P/1 – E você tem só um irmão gêmeo ou tem mais irmãos?
R – Eu tenho mais um irmão, mais velho, três anos mais velho também, Ricardo.
P/1 – Ah certo. E conta para nós como era Ponta Grossa na sua época de infância.
R – Ponta Grossa, ela era, ainda é uma cidade pequena, hoje é médio porte, mas ela tinha aquela estrutura de cidade pequena, nós morávamos no centro da cidade, mas conseguíamos jogar bola na rua, tinha a vizinhança, os amigos que a gente saía de bicicleta. Era uma cidade gostosa, ainda é uma cidade gostosa de morar, mas assim bem como cidade do interior.
P/1 – E essa onda... E nessa época da sua infância, esse movimento todo de industrialização já era muito forte em Ponta Grossa?
R – Não, ainda era muito pequeno. Na verdade, havia poucas empresas, todas voltadas para o ramo agrícola porque a região, a cidade de Ponta Grossa era a maior produtora de soja do Brasil. Continua ainda, mas hoje já existe uma, novos ramos, novos ramos industriais de outros modelos sendo, que existem em Ponta Grossa.
P/1 – E como que era o cotidiano da sua casa na sua infância? Você, um irmão gêmeo e mais o seu irmão de três anos mais velho.
R – A gente brincava bastante, às vezes brigava bastante, meus pais trabalhavam fora, então a gente ficava em casa sempre com os cuidados de alguém, uma empregada, uma babá, alguma coisa assim. E brincava muito e, às vezes, nas brigas eu me unia com o meu irmão gêmeo para, contra o maior que era o mais velho. Mas era gostoso.
P/1 – E eles fazem o quê, os seus irmãos?
R – O meu irmão mais velho, ele é médico, farmacêutico, bioquímico e médico, trabalha hoje no interior da Bahia, uma cidadezinha próxima ao litoral, casado também e tem um filhinho, a esposa é médica, então trabalhava no Rio de Janeiro e resolveram sair do Rio em função de uma série de características aí e problemas, principalmente de segurança, e foram para o interior da Bahia. Hoje estão bem, trabalham bastante.
P/1 – E o seu irmão gêmeo?
R – Meu irmão gêmeo, ele é dentista, ele mora em Ponta Grossa, aí nos finais de semana, e durante a semana ele está viajando entre duas cidades que são as cidades onde ele tem os consultórios.
P/1 – Certo. E você é casado?
R – Sou casado há oito anos e meio, tenho uma filhinha de três anos, a Louise, e tenho agora o Ivanzinho, o meu filhinho mais novo que está com vinte e oito dias.
P/1 – Qual o nome da sua esposa?
R – Cíbele.
P/1 – Como?
R – Cíbele.
P/1 – Cíbele?
R – É como Cibele mas com um acento no i, Cíbele.
P/1 – Ela faz o quê?
R – Ela é nutricionista, é professora universitária e coordenadora do curso de Nutrição em Ponto Grossa.
P/1 – E vocês continuam morando em Ponta Grossa?
R – Continuamos morando em Ponta Grossa, exato.
P/1 – E fala para gente, você, na época da sua infância, você fez os estudos iniciais onde na cidade?
R – Houve aquele momento da pré-escola, Jardim, essas coisas, era uma escola próxima da minha casa. Após isso, na época o chamado Primeiro Grau, eu fiz numa escola estadual chamada Professor Amálio Pinheiro, foram oito anos. O primeiro e o segundo ano do Segundo Grau eu fiz no colégio SEPAM [Sociedade Educacional Professor Altair Mongruel] em Ponta Grossa, era um colégio bastante conceituado em nível de estudo, bastante exigente. Terceiro ano em fiz em Curitiba no Colégio Dom Bosco, já visando o vestibular, que eu fiz na Universidade Federal do Paraná.
P/1 – E que curso você fez?
R – Eu fiz Engenharia Mecânica na Universidade Federal do Paraná e me formei em 1993.
P/1 – E por que você, primeiro, por que você escolheu Engenharia?
R – Na verdade, assim, eu acho que com essa idade – eu tinha dezesseis anos quando eu entrei na faculdade – ainda era muito novo para poder escolher uma profissão. E eu tinha uma certa paixão por algumas coisas, até a questão de carro e motores, tinha um parente lá, um primo, que era uma pessoa muito qualificada e também era engenheiro mecânico – talvez tenha sido um pouco da inspiração para estar fazendo o curso. Mas, na verdade, eu não conhecia tudo que, de tudo que envolve a Engenharia Mecânica. Eu me imaginava com foco mais específico em automóveis, essas coisas e depois eu vi que o curso é muito mais amplo do que isso.
P/1 – E você passou então em Curitiba quatro ou cinco anos?
R – Daí eu passei em Curitiba, então, fazendo o terceiro ano e depois os anos da faculdade, foram ao todo seis anos e pouquinho.
P/1 – E você, a família continua em Ponta Grossa...
R – A família continuou em Ponta Grossa, na verdade, nessa época, estava em Ponta Grossa a minha mãe e meu irmão gêmeo, o meu outro irmão já estava estudando Medicina no Rio e eu estava estudando em Curitiba.
P/1 – E como foi ir morar sozinho em Curitiba, enfrentar a faculdade, esse começo de vida adulta, digamos assim?
R – Foi difícil. Com dezesseis anos ainda era um moleque, era novo, enfrentar uma série de coisas até do tipo, eu dividia o meu apartamento com colega que também estava fazendo, na época, primeiro ano de Engenharia Florestal. Ambos assim não sabíamos nada de como cuidar de uma casa, mas lá a gente fazia, a gente cozinhava, a gente limpava casa, tinha que estudar, fazia as festinhas também – é claro! (RISOS) E os primeiros seis meses foram difíceis pela saudade de casa, o meu pai tinha recém falecido, na verdade, no ano anterior, e eu cheguei a pensar em voltar para casa, cheguei em pensar em voltar no segundo semestre para casa. Mas, como o foco era realmente fazer Engenharia e teria que continuar em Curitiba, eu acabei insistindo em ficar em Curitiba, continuar estudando lá e acabou dando certo de passar no vestibular lá na Federal.
P/1 – A sua esposa você não conheceu na época da faculdade?
R – Não, não conhecia ainda.
P/1 – E ela é de Ponta Grossa mesmo?
R – Ela nasceu em Telêmaco Borba, morou um tempo em Telêmaco Borba e depois foi para Curitiba. Morou com os pais em Curitiba por um longo tempo e a gente acabou se conhecendo em um dos meus empregos. Eu trabalhava, na época, na Kaiser, na cervejaria Kaiser e ela também trabalhou lá como nutricionista, então a gente se conheceu, começou a namorar e aí.
P/1 – Mas na época da faculdade você já também trabalhava, fazia estágio ou foi só depois?
R – Eu fiz alguns estágios, fiz alguns estágios, mas, assim, era mais levar o curso, era um curso integral, então, tinha aula de manhã, à tarde e à noite e variando de acordo com os anos, então era possível apenas estágios de meio período.
P/1 – Então o seu primeiro emprego, digamos assim, oficial, foi depois do fim da faculdade?
R – Foi depois do fim da faculdade.
P/1 – E onde foi?
R – Foi numa empresa chamada Metalgráfica Iguaçu, lá era uma empresa que fazia latas de óleo, então fazia lata de óleo, de folha de flandres, fazia a impressão. Na época, ela tinha um mercado muito grande do Brasil, chegou a ser a maior empresa do Brasil nesse ramo. Mas em função – isso obviamente depois que eu saí da empresa –, em função da mudança de mercado aí da lata de óleo para o pet, a empresa declinou bastante e hoje ela trabalha, mas num nível muito inferior, muito menor.
P/1 – E a sede, essa empresa?
R – Essa sede em Ponta Grossa, sede dessa empresa em Ponta Grossa e havia mais duas ou três unidades espalhadas aí em Mato Grosso, outras regiões produtoras de óleo, de óleo de soja.
P/1 – Então você acabou a faculdade e retornou a Ponta Grossa?
R – Retornei a Ponta Grossa, fiquei por pouco tempo, foram quatro ou cinco meses nesse emprego. Aí, já devido um pouco a crise nessa empresa, eu acabei não ficando, fiquei na faixa de três meses procurando uma nova, um novo emprego. Aí eu fui para Irati, uma cidadezinha próxima a Ponta Grossa, em torno de cem quilômetros para trabalhar numa fábrica de fósforos. Foi, eu diria que lá, realmente, foi o meu primeiro emprego, fiquei quase dois anos nessa empresa, trabalhei na área de projetos, na área de produção, foi onde eu realmente comecei a me desenvolver um pouco, o trabalho de Engenharia, fazendo desenhos, conhecendo máquinas. Ela era uma empresa de menor porte, talvez por isso uma facilidade maior de estar aprendendo, porque a diferença do mundo acadêmico para o mundo real é bastante grande. Então foi onde eu realmente comecei a me desenvolver, a parte de Engenharia, desenvolver o conhecimento profissional.
P/1 – E dessa empresa?
R – Dessa empresa eu saí, foi quando a Kaiser montou a fábrica em Ponta Grossa, então eles fizeram o processo assim, foi a primeira grande empresa lá na cidade, [?]. Fizeram o processo de seleção bastante complexo, bastante grande e, felizmente, eu fui chamado para estar fazendo parte. Para mim era interessante estar voltando, apesar de gostar muito da empresa antiga, a Kaiser era uma empresa que possibilitaria melhores condições de crescimento pessoal e profissional e aí eu retornei para Ponta Grossa. Trabalhei por dois anos na Kaiser como coordenador da área de produção, na área de envasamento. Também é uma empresa muito boa, talvez um pouco da dificuldade da Kaiser era trabalhar em turno, trabalhei durante quase dez meses no turno da noite, é difícil, assim, por mais que tenha uma série de benefícios tudo, é um turno difícil de trabalhar, você não tem o mesmo horário das outras pessoas, então você dorme durante o dia e trabalha à noite – estou saindo para trabalhar e o pessoal está indo para cama. (RISOS) Então assim, esse foi um dos pontos críticos. Aí, após a Kaiser, houve uma explosão no Paraná, em função de política do governo do estado, a vinda de fábricas de automóveis. Até então no Paraná havia apenas uma fábrica da Volvo de caminhões, e, com esse boom, foram fábricas da Chrysler, da Volkswagen, da Renault, Nissan. E eu, assim, me aventurei a estar participando de novos processos, estar talvez indo aí para um pouco do que eu gostava quando fiz a escolha da Engenharia. E aí fui chamado para trabalhar numa empresa chamada Lear Corporation, uma empresa americana que oferece interiores de automóveis para carros e ela era fornecedora, uma época, para Chrysler e viria a fornecer também para Audi. Só que a Chrysler ficou muito pouco tempo no Paraná, não conseguiu mercado, não vingou as caminhonetes, eram caminhonetes seis cilindros a gasolina, talvez algo que no mercado nacional não era viável, na época, talvez tenha faltado um pouco de avaliação nesse sentido e a fábrica da Chrysler acabou fechando. Antes de a gente, todos esses rumores de que as coisas não estavam indo bem, houve a oportunidade de estar participando de um processo da Tetra Pak, foi quando eu entrei na Tetra Pak, que foi em 1998, na área de produção.
P/1 – E fala uma coisa, antes de você se inscrever nesse processo seletivo na Tetra Pak, você já tinha ouvido falar da Tetra Pak? Já tinha algum conhecimento da empresa?
R – Já, já tinha ouvido falar. O pessoal falava, sempre falou bem das empresas suecas. Então começando pela Volvo, pela Atlas Copco, pela Ericsson, pela Tetra Pak e uma série de outras grandes empresas. Falavam da empresa em si como ela trabalhava, empresas boas, empresas, como que eu posso dizer? Sustentabilidade grande e de desenvolvimento pessoal grande para os funcionários. Era, sabia que o mercado estava crescendo muito para as embalagens Tetra Pak, então você começa acompanhar. Quando a gente soube, quando eu soube que a empresa estava indo para Ponta Grossa, você acaba acompanhando um pouco mais sobre a empresa, lendo um pouco. Então eu tinha um conhecimento razoável aí de como era a empresa.
P/1 – E como foi a movimentação na cidade quando a Tetra Pak estava em vias de se instalar lá, de abrir uma nova unidade?
R – Ah, foi muito grande, foi muito grande. Na mesma época outras empresas grandes se instalaram, a Tetra Pak ela era a empresa mais visada pelos candidatos, sabiam também, tinham noção dessa importância do porte da empresa, da forma como ela trabalhava. Então houve uma movimentação muito grande na cidade em relação a isso.
P/1 – A Tetra Pak, ela fica localizada onde lá em Ponta Grossa?
R – Ela fica localizada na rodovia, saída de Ponta Grossa indo sentido de Curitiba no distrito industrial.
P/1 – Um dos grandes fornecedores da Tetra Pak de papel encontra-se ali na...
R – Na região...
P/1 – Muito próximo da cidade. Eu queria que você falasse um pouquinho do porquê você acha que foi Ponta Grossa a escolhida para instalação de uma nova unidade.
R – Porque assim, com certeza foi devido ao maior fornecedor da Tetra Pak de matéria-prima, que é a Klabin, estar localizada na região, até onde eu vi chegou a ser sondada a instalação da fábrica também em Telêmaco, mas havia algumas dificuldades em entroncamento, a questão de logística. E, Ponta Grossa, por ser bem no centro do Paraná, uma ligação forte com Curitiba, fácil com Curitiba, com o norte do Paraná, com São Paulo. Por ter mão de obra, tinha uma escola técnica. Esses fatores, eu acredito, que levaram a Tetra Pak a escolher Ponta Grossa. E outro ponto era a questão logística, era a possibilidade de você transportar o papel via férrea, via trem. Até então, para fábrica de Monte Mor, sempre foi de caminhão, que também encarecia o custo da matéria-prima. Então o terreno foi comprado especificamente no local onde você teria acesso de uma estrada, uma ferrovia. Então hoje nós temos dentro da fábrica um ramal, ele sai da ferrovia e entra dentro da Tetra Pak e descarrega uma carga por dia, quase quatrocentas toneladas de papel por dia vem da Klabin.
P/1 – E, quando você entrou, foi em 1998?
R – 1998.
P/1 – Então foi antes da inauguração oficial da fábrica?
R – Foi antes da inauguração. A fábrica, onde está a fábrica hoje ainda era um campo. Na verdade, não era um campo porque as máquinas estavam começando, então era terra e tudo, não havia nada ainda. A gente começou a trabalhar num escritório lateral que foi alugado já para época da construção, então nós ficamos localizados nesse escritório e fizemos um treinamento de cinco a seis meses na cidade de Monte Mor [SP]. Então a gente veio para cá para conhecer o processo, para conhecer como que era a fabricação, conhecer as máquinas e nós seríamos a liderança inicial da fábrica. Então pegar uma fábrica, pegar pessoas que não tinham conhecimento nenhum do processo, das máquinas era uma responsabilidade bastante grande. Então boa parte da equipe veio para Monte Mor, fez um treinamento aqui prolongado de cinco, seis meses. A liderança, eu e mais algumas pessoas, a gente fazia o treinamento aqui e ia para Ponta Grossa já também com a função de estar buscando pessoas, estar entrevistando pessoas, estar programando os treinamentos, formulando os treinamentos. Seriam dados que foram dados aqui em Monte Mor.
P/1 – E como foi, só voltando um pouquinho, o seu processo seletivo da Tetra Pak? Foi um processo seletivo, você se inscreveu?
R – Foi um processo seletivo, dinâmica de grupo. A primeira entrevista eu fiz em Curitiba, num hotel. Depois um processo de dinâmica de grupo, aí alguns testes técnicos, práticos, onde se reuniram grupo de pessoas e a gente fez esse teste. E depois as entrevistas, com gerente de produção e o gerente da fábrica.
P/1 – E para que cargo era mesmo?
R – Era supervisor de produção.
P/1 – Supervisor de produção?
R – Isso, foi o primeiro cargo.
P/1 – E aí você passou seis meses, mais ou menos, em Monte Mor, é isso?
R – Aproximadamente seis meses.
P/1 – Direto assim, você ia, passava a semana?
R – Vinha, passava a semana, final de semana voltava da Ponta Grossa, eventualmente, durante a semana, ficava lá quando havia processos de entrevistas, algumas coisas específicas, mas a maior parte do tempo aqui.
P/1 – E no que consistia esse treinamento?
R – Bom, primeiro o acompanhamento do processo produtivo, conhecimento das máquinas, como funcionava, as matérias-primas. Por exemplo: o polietileno, como ele interage, a que temperatura que ele derrete, como que é a fixação dele no papel, como que é a fixação do alumínio no papel, como que é o processo de impressão, quais são os processos de impressão. Então assim, todo o processo de produção da embalagem a gente veio conhecer. Aí também a questão da interação com as pessoas, com a logística, com segurança, com o recebimento do material, qualidade, área de qualidade, os testes de qualidade. Então assim, conhecer a fundo a fábrica para que você pudesse começar uma fábrica do zero, nova, com conhecimento necessário. E, junto com isso, a gente também participou na construção da fábrica, então foram divididos algumas atividades, por exemplo, toda a compra de equipamentos de laboratório foi direcionada a mim; a parte de instalação de uma parte do processo produtivo, que era cortadeiras para frente foi direcionada para mim, o acompanhamento, o treinamento das pessoas.
P/1 – Ivan, fala – que agora eu fiquei curioso – como que é então o processo de alumínio, papel, polietileno, como que é essa interação dos materiais?
R – Você começa o processo recebendo o papel da Klabin, com uma especificação determinada, gramatura, cor, largura. Aí a primeira máquina em que ela entra na produção é uma impressora, é onde você coloca a tinta no papel de acordo com a arte do cliente. Então tem o processo de pré-impressão que é onde você monta, a gente chama os clichês, são como se fossem carimbos que são pressionados contra o papel dando as imagens. Então o primeiro processo é a impressão, você faz a impressão da arte dentro da máquina da impressora. Você tem uma submáquina, que a gente chama de vincador, ele faz os vincos, é onde você tem as dobras da caixinha, da embalagem e aí passou o primeiro processo. Então você trabalha com rolos, na grande maioria, na Tetra Pak, lá, rolos na faixa de quatro mil e quinhentos metros, que dariam em torno aí de oitenta e cinco mil embalagens cada rolo. Parece uma quantidade enorme de embalagens, mas, numa máquina, ela fica em torno de apenas dez minutos. Aí vai para o processo seguinte, que é o processo de laminação. Esse processo de laminação começa com o desbobinamento do rolo, você tem o tratamento com chamas no papel, onde você tira fibras residuais do papel para que você possa ter uma boa aderência de polietileno do alumínio etc. Aí você tem máquinas que se chamam extrusoras, então você coloca o polietileno, eles vêm em pallets, como se fossem um arroz. E ao plástico eles derretem em altas temperaturas ao longo de um processo de uma rosca chegando no final do processo aí em torno de trezentos graus Celsius, alguns até um pouquinho mais. Aí, nisso, ele sai um filme plástico, então você tem o papel passando pela máquina, tem esse filme plástico sendo aderido ao papel.
P/1 – Que adere naturalmente, não tem nenhum tipo de digamos...
R – Existem alguns tratamentos, existem na parte mecânica, são dois cilindros que fazem a pressão para que o polietileno faça a adesão ao papel e aí as outras fases são: então você tem nessa máquina o polietileno, o papel, depois polietileno, alumínio e mais duas camadas de polietileno. Uma máquina grande, sofisticada, a laminadora de Ponta Grossa, especificamente, roda numa velocidade muito alta, ela tem junto com outras duas ou três fábricas do mundo a maior velocidade das laminadoras dentro do grupo, que é seiscentos e cinquenta metros por minuto.
P/1 – E esse papel, digamos assim, ele passa é um caminho só para tudo isso ou ele vai, volta para passar outro?
R – É um caminho só.
P/1 – É um caminho só?
R – É um caminho só e em cada etapa desse caminho você faz uma, você acrescenta o filme, você acrescenta o polietileno e as outras camadas de filme.
P/1 – Você tem noção de quanto tempo leva para uma bobina de oitenta...
R – Um rolo, esse mesmo rolo, na laminação, ele leva em torno de sete minutos.
P/1 – Sete minutos?
R – Sete minutos, é muito rápido, é muito rápido. E, aí, depois desse processo, vem o processo de corte, que é onde você divide essas bobinas grandes, esses rolos grandes em bobinas menores, que são as bobinas que vão para os laticínios ou para as indústrias de suco, onde eles são envasados.
P/1 – Que é a largura da embalagem?
R – Que é a largura da embalagem. Então você abrindo uma embalagem é aquela largura que você corta na máquina, na última máquina que é a cortadeira.
P/1 – Então é um processo complexo, mas rápido pelo jeito.
R – É um processo complexo e rápido. Aí para balanceamento de linha, como cada máquina tem as suas características, então, a impressora, você precisa fazer setups. O setup é a troca de cores, troca de arte e você tem que ter a máquina parada, porque, a laminadora, é um processo contínuo, ela roda direto, apenas com alteração quando você tem alteração de gramatura de plástico, do polietileno ou alteração do papel, alteração do volume da embalagem. Então, mas, comumente, ela roda muito rápido. Então, para balancear essa linha nesse formato, você tem duas impressoras, uma laminadora, três cortadeiras e mais algumas máquinas que a gente chama, que são as máquinas para retrabalho, onde você identifica algum tipo de problema e você retrabalha e tira esses defeitos do processo.
P/1 – E, essas máquinas, elas estão capacitadas a fazerem todos os tipos de embalagem que a Tetra Pak produz?
R – Todos os tipos com exceção da Tetra... Na verdade, eu não tenho certeza se são todos os tipos, com certeza, uma exceção é a Tetra Recart, que é essa embalagem nova que você consegue pasteurizar o produto estando dentro da caixinha, ou seja, ela é um substituto em potencial, e, na verdade assim, eu acho que é a coisa do futuro, ela vem substituir as latas de milho, as latas de ervilha e outros alimentos sólidos.
P/1 – E com o benefício do poder de validade, digamos assim, de uma embalagem...
R – Exato.
P/1 – Da Tetra Pak para leite, por exemplo.
R – Exatamente, exatamente.
P/1 – Ah, que interessante isso. Essa já é produzida no Brasil?
R – Já é. Não é produzida no Brasil ainda, ela é envasada no Brasil, que é por enquanto um cliente que envasa nossa embalagem, a embalagem ainda é feita na Europa e acredito que, havendo uma ampliação dessa gama de clientes, ela virá a ser produzida também no Brasil.
P/1 – Bom, e aí como coordenador, coordenador não, supervisor de produção.
R – Supervisor de produção.
P/1 – Quais eram as suas funções, como era o seu cotidiano de trabalho?
R – Então, inicialmente eu trabalhava como supervisor de turno e, também, era responsável por uma determinada área de produção. Então havia, era uma área que era a área que tinha mais pessoas dentro da produção, era em torno de quarenta pessoas. E coordenava todas essas pessoas, além da administração do turno como um todo. Então nós rodávamos turno, às vezes, pela manhã; às vezes, pela tarde; às vezes, à noite; e o acompanhamento da produção como um todo, a parte de qualidade. “Ah, existe um problema aqui, a determinação aqui é prioridade, a solução deve vir para cá”, ajudava os operadores. Então basicamente foi essa a função inicial, uma supervisão de produção.
P/1 – E, a inauguração da fábrica de Ponta Grossa, ela, a produção iniciou-se antes da inauguração oficial ou não?
R – Antes, antes.
P/1 – Foi antes?
R – A produção, a primeira produção aconteceu dia 31 de março de 1999 às onze e meia da noite. Havia uma promessa, uma determinação da diretoria de produção que essa era a data limite. E para não ser dia primeiro de abril, que era dia da mentira, então foi dia 31, até foi por volta de onze e meia da noite a primeira produção.
P/1 – E você lembra qual foi a produção, qual a embalagem foi produzida?
R – Foi uma embalagem da Batavo, leite integral da Batavo.
P/1 – Uma Tetra Brik?
R – Tetra Brik da Batavo, de leite integral.
P/1 – E, aí, como era esse início da fábrica de Ponta Grossa? [Com] quantos funcionários em média vocês iniciaram as suas atividades, como era a produção, quanto de produção vocês tinham nesse início? Fala um pouquinho desse começo da fábrica.
R – Era em torno de cento e sessenta, cento e oitenta funcionários. Ainda tinha um nível de produção baixo porque, por alguns motivos: primeiro, por adequação das máquinas na sua capacidade, existe uma curva de crescimento de produção, de volume de produção até que você adequa a máquina na sua melhor capacidade; também, a questão de conhecimento dos operadores, havia ainda uma série de dúvidas. Por mais que a gente teve um treinamento muito grande, na hora que você depara com aquela situação, na sua mão, talvez, a solução seja mais difícil, coisas que a gente não viu aqui. Então até você ter toda essa, esse conhecimento, isso foi um prazo de seis meses, um ano até você conseguir ir ampliando a capacidade da fábrica. Acredito que um ano e meio, um ano e pouco depois a gente já estava com uma capacidade bastante alta para velocidade que a máquina produzia naquela época.
P/1 – E aí, na continuidade da sua trajetória, você foi supervisor de produção por quanto tempo?
R – Em torno de um ano e seis meses. Aí houve algumas mudanças na forma de se gerenciar a fábrica, nós tínhamos um gerente de produção que se tornou gerente de qualidade e, logo depois, ele foi convidado a trabalhar na Tetra Pak da Espanha, então abriu essa posição na qualidade, foi quando eu entrei na área de qualidade. Nós estávamos, naquela época, migrando toda a parte de controle de qualidade, era feita em Monte Mor ainda; então, com exceção dos testes específicos de máquina, todo o restante era feito em Monte Mor e a gente estava migrando para Ponta Grossa. Então a parte de atendimento a cliente, testes de matéria-prima, que era tudo feito aqui, passou a ser feito lá, foi quando houve essa migração. Aí reestruturar toda a área para que atendesse a todas essas necessidades aí. Eu fiquei na área de qualidade em torno de um ano e seis meses, também, dois anos. Eu acho que o principal ganho foi a questão de conhecimento nosso da fábrica para com o processo do cliente, isso foi uma das coisas que a gente não viu durante o treinamento, ainda era muito cru como saía a embalagem do nosso processo, e depois, como era a interface nas máquinas do cliente, que na verdade são máquinas Tetra Pak também. Mas como elas funcionavam, quais características do nosso processo que afetavam as características do processo do cliente na hora de envasar o leite, o suco etc. E foi aí que a gente teve, eu acho que foi um grande crescimento, a gente começou, que eu fiz um programa de visitas, então todos os líderes iam junto comigo, ou com algum especialista, nos clientes, conhecendo o processo, conhecendo as fábricas, vendo que aquele tipo de problema no processo dele, o que que gerava no cliente, ou o que não gerava. Então essa foi um pouco da parte da área da qualidade.
P/1 – E Ivan, explica uma coisinha: existem clientes que são da unidade de Ponto Grossa e clientes que são da unidade de Monte Mor? Assim, vocês atendem clientes X e Monte Mor cliente Y, ou existem clientes comuns que ambas as unidades...
R – Na verdade, existem clientes comuns e essa divisão é muito mais relativa ao tipo de embalagem. Então nós produzimos em Ponta Grossa tais tipos de embalagem e Monte Mor produz tais tipos de embalagens. Então...
P/1 – Vocês iniciaram as atividades...
R – Nós iniciamos a fábrica de Monte Mor com cem por cento de embalagem Tetra Brik litro e leite. A partir do tempo, a gente foi pegando também outras embalagens do portfólio.
P/1 – Como foi essa evolução de embalagem?
R – Na verdade assim, a fábrica de Ponta Grossa, por ter uma laminadora muito rápida, que era um processo com custo relativamente melhor, a gente começou a puxar, a meta era sempre deixar Ponta Grossa com volume cheio, está? A fábrica de Ponta Grossa roda vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. E, nessa época, a meta era sempre deixar Ponta Grossa com volume máximo, e aí, era necessário, tirava alguma coisa de Monte Mor, não havia capacidade, voltava, coisas assim.
P/1 – Hoje, vocês produzem quais embalagens em Ponta Grossa?
R – Hoje, eu estou um pouco afastado da área de produção. Mas assim, continua com o mil, o quinhentos ml, tem o duzentos e oitenta e quatro, o duzentinhos que é o Tetra Brik Aseptic Slim e acredito que deva ter também o Tetra Wedge.
P/1 – Que, se eu não me engano, é só lá que produz Tetra Wedge.
R – Eu acredito que sim, que é essa embalagem da...
P/1 – Que é novo.
R – Que é a Kappo, é esse tipo de embalagem que tem o creme de leite da Batavo.
P/1 – E aí você ficou nessa outra função da área de qualidade por mais um ano e pouquinho?
R – Por mais um ano e meio, dois anos.
P/1 – Foi na época do WCM [World Class Manufacturing]?
R – O WCM já havia começado.
P/1 – Já havia começado?
R – Já havia começado.
P/1 – Fala para gente a questão do WCM porque Ponta Grossa, na verdade, foi a primeira, das duas fábricas, que passou a utilizar, a fazer parte do WCM?
R – Do World Class Manufacturing.
P/1 – Fala como foi a fase de início dessas operações, o que resultou, quais foram os impactos na fábrica.
R – Está. O início propriamente dito se deu muito em função do nosso gerente de fábrica, na época, que era o Alberto Tureikis, que era um conhecimento muito profundo da metodologia e saber dos resultados positivos. Aí se começou um movimento mundial para introdução no WCM, se selecionaram algumas fábricas piloto, a Tetra Ponta Grossa acabou entrando também, após um tempo, como uma fábrica piloto. E o Alberto, assim, ele incentivou muito a empresa, incentivou muito a liderança, os funcionários com uma série de treinamentos. A gente começou a conhecer um pouco do WCM com grupos tarefas, alguns grupos tarefas pilotos, onde já se começou a ver um resultado da metodologia, então, redução de perdas, ganho de eficiência e uma série de outros benefícios. E isso foi se expandindo, se expandindo até que a gente participou de um primeiro prêmio, a gente concorreu a um primeiro prêmio, na época, de um instituto japonês, que é o JIPM [Japan Institute of Plant Maintenance]. Esse instituto é um instituto que, praticamente, iniciou toda a sistemática, ou toda a metodologia WCM. Então os papas do WCM estão nesse instituto e Ponta Grossa foi uma das primeiras fábricas da Tetra, se não a primeira, a ser auditada pelo instituto no primeiro nível e foi aprovada. Então daí começou todo o incentivo, são cinco níveis dentro dessa, das auditorias do JIPM, hoje Ponta Grossa já tem o terceiro nível e Monte Mor também tem o terceiro nível e ambas as fábricas já fizeram a pré-auditoria para o quarto nível, então aprovadas nessa pré-auditoria e a auditoria final desse quarto nível seria no final, é no final desse ano. Eu acredito que pouquíssimas fábricas no mundo já atingiram nesse nível de evolução dentro do WCM.
P/1 – Quantos níveis totais são?
R – Cinco.
P/1 – Cinco? Então...
R – Nós estamos indo para o penúltimo, concorrendo ao penúltimo. E aí a próxima etapa seria o nível máximo que é o Award.
P/1 – Que é a condecoração extrema.
R – Aí acabou, esse eu não posso falar com certeza, mas é muito menos de uma centena de empresas no mundo inteiro que tem essa premiação.
P/1 – E no que consiste o WCM? Na prática, o que mudou, o que melhorou, quais são os efeitos reais?
R – Principalmente, quando você fala em metodologia, é a forma correta de você atacar os seus problemas. Existem metodologias específicas para cada tipo de problema: aqui eu tenho perda de material, aqui eu tenho perda de velocidade, aqui eu tenho perda de eficiência e, cada um desses pontos, ele existe uma forma adequada de você atuar, de você atacar esses problemas e aí utilizando essa metodologia, pessoas com conhecimento dessa metodologia, grupos tarefas: vamos trabalhar em cima desse problema, alguns deles simples de serem resolvidos, outros bastante difíceis. Então você tem ferramentas de vários níveis de profundidade. Então ferramentas onde você requer um conhecimento técnico profundo, outras mais simples. E aí a utilização dessas ferramentas em todos os níveis da fábrica, então, desde um auxiliar de operação, ele pode entrar num grupo tarefa, ele pode dar a ideia dele utilizando essa metodologia. Pegando o resultado, desde o início da fábrica até hoje, Ponta Grossa tem resultados fantásticos. Um deles aí que eu acho que é o mais, o mais relevante é o total waste, que é a perda dentro do processo, que hoje é inferior a quatro por cento, é a única fábrica no mundo que já atingiu esse valor. Eu lembro que há nove anos atrás, quando eu entrei na Tetra, a nossa primeira palestra colocava esse quatro por cento como uma meta quase que impossível, mas era nossa meta.
P/1 – E aí, voltando para sua carreira.
R – Aí nós tivemos um momento de ampliação de capacidade, necessidade, ampliação da capacidade na fábrica de Ponta Grossa. Eu tinha um bom conhecimento de processo, tinha um bom conhecimento das matérias-primas do produto, e também de máquinas pela formação em Engenharia. E aí surgiu um projeto em Ponta Grossa que era chamado Projeto 600, era o aumento de capacidade da fábrica em aproximadamente vinte por cento, foi quando eu fui chamado aí para trabalhar na área de projetos. O primeiro ponto desse Projeto 600 era verificar a viabilidade dos nossos equipamentos rodarem com matéria-prima nacional nessa velocidade. Então nós separamos uma série de matérias-primas nacionais: papel, alumínio, polietileno de vários fornecedores, mandamos para uma fábrica no mundo, uma fábrica em Berlim, na Europa, onde eles já tinham essa velocidade e eu fui para lá fiquei com a fábrica, praticamente um dia na minha mão para fazer todos os testes com essa matéria-prima, isso foi um ano antes de começar, de você ter o resultado definitivo de colocar nessa velocidade a máquina de Ponta Grossa, de seiscentos metros por minuto. E aí nesse um dia que eu fiz uma programação de testes, como seria uma rotina, então, testar papel em tal velocidade, alumínio, aí com os polietilenos nacionais e chegou-se à conclusão nesse teste que o papel OK, o polietileno, dos três, dois eram possíveis de se rodar e o alumínio não, na época não era possível. Então esse feedback foi dado para Alcoa, o nosso fornecedor nacional, e aí começou um trabalho de desenvolvimento do alumínio local. Então foi-se trabalhando um ano em cima desse alumínio até ele chegar na possibilidade de rodar nessa velocidade. Então esse foi o primeiro passo desse grande projeto que foi a ampliação de capacidade. Aí os outros foram definições de máquinas, o que precisava ser trocado, o que precisava ser feito para fábrica conseguir essa ampliação de vinte por cento.
P/1 – E você nesse cargo sempre...
R – Nessa hora eu estava como coordenador de projetos.
P/1 – De projetos?
R – É. Então já estava em outra área atuando na definição dos equipamentos, adequando isso à nossa matéria-prima, aos nossos processos, então aí foi a área onde eu fiquei praticamente quatro anos com projetos.
P/1 – Foi a área que você passou mais tempo até agora?
R – Foi a área que eu passei mais tempo até agora. Aí, dentro de projetos, eu fiquei um período de quatro meses como super usuário do SAP, o software de gestão de manutenção e projetos, fiquei quatro meses atuando nessa área e, logo após – isso foi aqui em Monte Mor –, após o meu retorno, eu passei para área de manutenção, que foi agora no início desse ano.
P/1 – Então o cargo de supervisor, é...
R – Era coordenador de projetos e depois coordenador de manutenção.
P/1 – Coordenador de manutenção.
R – Exato.
P/1 – Antes de você falar para gente um pouquinho sobre esse seu novo cargo que você está desde 2007, desde agora o começo deste ano, eu queria que você falasse um pouquinho do SAP. Porque muitas pessoas que já deram os seus depoimentos falaram que ele revolucionou para melhor, digamos assim, esse software revolucionou a forma como se trabalhava na Tetra Pak. Fala um pouquinho primeiro sobre essa questão desse desenvolvimento e o que ele faz, o que ele mudou, o que ele otimizou.
R – Está. Com certeza em relação a essas áreas, as áreas financeiras, área de expedição, notas fiscais, parte de toda parte de controle financeiro é maravilhoso, acho que, assim, houve uma revolução muito grande. Nosso foco específico foi num módulo de manutenção, então, ainda, eu posso dizer que ele está sendo implementado na sua totalidade. Benefícios grandes houve na questão da gestão dos planos de manutenção. As máquinas, como elas rodam em alta velocidade, o tempo todo, durante muito tempo precisa ter um plano de manutenção muito adequado, muito correto e é nisso que o software ajuda. Então ele diz eu preciso parar a máquina, eu preciso resolver isso, eu preciso fazer isso, eu preciso fazer tal coisa.
R – Nós ainda não estamos cem por cento com esse software na utilização dele, mas eu acredito realmente que a gente deva chegar nisso num prazo muito curto.
P/1 – Bom, aí voltando para o seu cargo atual. Quais são as suas atribuições?
R – Está. Como coordenador de manutenção é específico a área de predial e utilidades. Durante algum tempo na fábrica de Ponta Grossa sim, até por uma necessidade óbvia, houve um foco muito grande nas máquinas de produção, então, ampliava a capacidade da máquina de produção, das máquinas de produção e isso deixou um pouquinho ainda a parte da retaguarda, que é o fornecimento da energia elétrica, fornecimento da água gelada, fornecimento do ar comprimido. E a gente chegou num ponto em que: “Olha, agora a gente precisava trabalhar aqui, senão isso pode a vir gerar problemas”. Foi aí o motivo de eu estar indo para essa área, a gente começou com a instalação de dois transformadores novos de alta potência, estamos trabalhando em projetos de ampliação da capacidade elétrica, ampliação da capacidade de ar comprimido, além, também, daqui da parte predial, da parte de projetos civis, estaria ligado a essa área, apesar de eu não ser engenheiro civil, ser engenheiro mecânico, eu também estou atuando nessa área.
P/1 – E, de quando você entrou em 1998, que a fábrica nem existia, para hoje, ela cresceu muito tanto na área física quanto na área de produção?
R – Na área física até não tanto, mas em quantidade de equipamentos, em capacidade dos equipamentos, capacidade de produção cresceu muito, muito, muito mesmo.
P/1 – Número de funcionários também?
R – O número de funcionários também teve um crescimento razoável.
P/1 – A mão de obra, o grosso, digamos assim, da mão de obra de Ponta Grossa é da própria cidade?
R – É da própria cidade, existem pessoas de outras cidades, mas eu diria que oitenta por cento é de Ponta Grossa mesmo.
P/1 – E agora falando um pouquinho das ações da Tetra Pak. O que que ela mudou na região, assim, com relação a oportunidades de emprego quase que subentendido, mas existe uma interação da Tetra Pak com a comunidade, com a região, como que funciona?
R – Muito, muito grande. Primeiro, com alguns órgãos, públicos ou não, a questão do meio ambiente, as ações de meio ambiente, as ações sociais, as ações com os funcionários. Se você falar em Tetra Pak em Ponta Grossa é motivo de admiração e de orgulho, com certeza.
P/1 – Então vamos falar um pouquinho agora das sociais. O que você tem conhecimento das ações sociais da empresa?
R – Bom, vamos citar algumas: eventos onde os funcionários vão nas creches, vão ajudar na reconstrução de algumas coisas, o próprio suporte da empresa nessas ações, patrocínios de ações específicas. É uma enormidade de ações, assim, que até é difícil enumerar todas, mas é uma participação muito forte mesmo, como eu comentei, o fato da Tetra Pak estar em Ponta Grossa é um motivo, com certeza, de orgulho para todos os cidadãos da cidade, assim, você fala em Tetra Pak, aquilo soa como: “Puxa vida, isso vale a pena!”.
P/1 – E para os funcionários, quais são os benefícios que a Tetra Pak oferece para os seus funcionários no caso de Ponta Grossa, existe uma área de lazer?
R – Existe um clube social, aí você tem campo de futebol, churrasqueira, as pessoas podem ser sócias de um clube lá com alguns benefícios. As pessoas participam de campeonatos, fazem campeonatos de futebol, outros campeonatos de vôlei, participam de jogos no SESI [Serviço Social da Indústria]. Então assim, existe uma integração entre as pessoas, elas buscam estar participando. Existe bastante atividade social além das festas, as festas na Tetra Pak são conhecidas aí, são famosas pela qualidade das festas, principalmente a festa junina e festa de natal, essas festas assim são...
P/1 – São clássicas.
R – São clássicas.
P/1 – E tem, também, uma política de quebra de, por exemplo, você atinge uma meta, foi estipulada a meta X, quando essa meta é atingida existe uma movimentação, também, de comemoração nesse sentido? Por exemplo, com relação ao sete Bi [sete bilhões de embalagens vendidas], foi um marco. O que acontece quando atinge-se uma meta desse porte?
R – Muita festa, premiações, incentivos, a diretoria se espalha pelo Brasil, houve uma festa onde, online se falavam as fábricas de Ponta Grossa, Monte Mor, algumas regionais. Isso é um ponto muito forte, reuniu todo mundo, premiação para as pessoas, foi muito bacana.
P/1 – E com relação às ações ambientais que você também tinha citado?
R – Isso, com certeza, é um ponto muito forte da Tetra Pak, a questão da seleção de lixo, um incentivo ou ajuda às prefeituras das cidades para coleta seletiva, todo tipo de material e incluindo aí o material da Tetra Pak, da embalagem; dentro da fábrica, quase noventa e nove por cento ou noventa e nove por cento, e acima disso do que é scrap, do que é material sucateado, ele é reciclado. No Brasil, houve um desenvolvimento de um processo de separação do plástico do alumínio por um forno de plasma, é uma tecnologia que foi desenvolvida aqui nacionalmente em conjunto com a Alcoa, Klabin e com mais um reciclador e pela Tetra Pak, e essa tecnologia está sendo vendida, ela não está sendo nem vendida, está sendo passada para o mundo todo, para as outras fábricas da Tetra Pak e acredito que até para outras, pela questão muito, muito importante ambiental aí, também, para outras empresas ou governos.
P/1 – E na fábrica, dentro dela, também há uma preocupação, por exemplo, na área de produção com relação a essa questão ambiental de evitar desperdício?
R – Com certeza.
P/1 – Existe isso também?
R – Com certeza. Eu acho que esse é um dos pontos principais para Tetra Pak ter atingido esse nível mais baixo do Total Waste, que é a perda da fábrica abaixo de quatro por cento, como eu falei, é o melhor resultado de todas as fábricas da Tetra Pak no mundo.
P/1 – E essa preocupação da Tetra Pak com essas questões ambientais, você, na sua opinião, você acha que ela também se transfere para vida dos seus funcionários?
R – Com certeza.
P/1 – Quer dizer, quando ele sai da Tetra Pak, ele leva essa questão e esses aprendizados para fora, para sua vida?
R – Com certeza leva para sua vida particular, eu acredito até ainda em disseminação disso para família, para as famílias próximas, para vizinhança porque isso acaba ficando muito importante e muito claro para o funcionário e ele podendo estar repassando isso, está passando isso para outras pessoas, com certeza acontece.
P/1 – Além do WCM, a fábrica de Ponta Grossa, também, ela é certificada pelo ISO?
R – Exato, pela ISO, pela 9.000, 14.000 e pela OHSAS [norma de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional], que é a de segurança.
P/1 – Você se recorda dessa época dessas auditorias, dessas...
R – Todas?
P/1 – Então fala para gente.
R – Na verdade, assim, a gente tem bastante auditorias. Mas a primeira que a gente teve foi a 14.000, eu acho, foi a que acabou marcando mais. Então foi a certificação para 14.000, aí até nós ficamos, na época, havia uma dúvida se ser para 9.000 ou não porque havia o WCM já, que era uma forma de você controlar o processo de uma forma muito boa, mas é importante, talvez, ter essa certificação, aí partiu para o 9.000 e agora, mais recente, a 18.000 de segurança, onde você acabou fazendo o sistema integrado de gestão, as três unificadas.
P/1 – Então qual a diferença da 14, para a nove, para a 18?
R – Catorze é meio ambiente, nove é qualidade no contexto mais geral e 18 segurança.
P/1 – Essa última foi 18?
R – Dezoito.
P/1 – Faz tempo que foi certificada?
R – Um ano. Na verdade, já foi de uma forma integrada, já foi uma auditoria integrada para meio ambiente, para qualidade e para segurança.
P/1 – Porque não é só receber essa certificação, mas sempre ela é auditorada para que ela mantenha isso, porque ela pode perder.
R – Exatamente, ela é auditada anualmente em todos os aspectos para você manter essa certificação.
P/1 – E, isso, você acredita que dá uma credibilidade maior para fábrica, não digo de Ponta Grossa, mas eu digo como um todo, uma fábrica certificada por uma ISO, que tenha um programa como o WCM perante, por exemplo, a matriz digamos, ela é vista de uma outra forma?
R – Eu acredito que dentro da Tetra Pak, acho que todas as unidades tenham certificação de 14.000 e de 9.000, pelo menos, a de segurança eu não tenho certeza ainda. Mas isso é, com certeza, é motivo de que você, de reconhecimento pelo fato de você ter um melhor controle do seu processo, está tudo documentado, você tem o controle, você tem as ações corretivas para os pontos onde podem ter problemas, isso, com certeza, dá mais credibilidade. E até em alguns casos: “Ah, vamos exportar embalagem para algum outro país, para algum outro fora do nosso mercado”, a empresa tem essas credenciais e isso com certeza ajuda.
P/1 – A unidade de Ponta Grossa, ela exporta?
R – Exporta.
P/1 – Exporta para onde?
R – Exporta para o Chile, exporta... Hoje está até volumes grandes de exportação para o México, para Arábia Saudita e àquela região do Oriente Médio, para alguns lugares. Então nós exportamos de ambas as fábricas mais de Monte Mor e para alguns países de Ponta Grossa.
P/1 – E, nesses seus anos de Tetra Pak, tem alguma história, algum caso engraçado, alguma situação que você tenha vivenciado, que você tenha visto acontecer que você pode contar para gente?
R – Ah, eu acredito que tenha assim, agora você me pegou de surpresa um pouquinho em lembrar um desses fatos, mas com certeza houve casos assim do tempo do treinamento onde você reunia grupos, e uma coisa que era legal, nós estávamos, toda a liderança, num hotel aqui em Campinas, e quando a gente chegava do trabalho, às vezes muito cansado, não ia jantar tal, o que a gente ia fazer? Jogar War (RISOS). Então se reunia no apartamento de uma pessoa e ia jogar War lá uns quatro, cinco líderes. Nas viagens, treinamentos de liderança, coisas muito legais, nós tivemos um evento onde uma das atividades era saltar de paraquedas, mergulho, rapel, todos esses tipos de atividades, então uma forma de integrar o grupo, de colocar as pessoas mais em contato. Então várias atividades assim que foram bastante gratificantes.
P/1 – E, Ivan, quais são os valores que você percebe na Tetra Pak? Você que passou por outras fábricas, outras empresas, quais são os valores que você enxerga que acha que é bem típico dela?
R – O caráter, assim, aquela coisa tem que ser bem feita, tem que ser certa, honestidade, responsabilidade é importante. Agora, tudo isso junto com diversão, não pode ser aquela coisa assim tudo certinho, certinho e que isso só te gere um estresse. Tudo isso, principalmente essa questão da responsabilidade, junto com a diversão. “Então fizemos a coisa bem feita, vamos comemorar agora!”
P/1 – Hoje, são quantos funcionários, mais ou menos, aproximadamente, em Ponta Grossa?
R – Em Ponta Grossa, entre funcionários diretos e indiretos, em torno de trezentos, trezentos e cinquenta funcionários.
P/1 – Então quase dobrou nesses dez anos?
R – Com certeza.
P/1 – Não tem dez anos ainda.
R – É, oito anos e pouco.
P/1 – E como que a Tetra Pak modificou a sua vida, por exemplo? No que ela acrescentou na sua vida profissional, pessoal, o que você tem a dizer?
R – Bom, na vida profissional são nove anos de experiência numa empresa multinacional. Conheci outras fábricas no mundo, viajei pela Alemanha, Suécia, Suíça e outros países, então um pouco dessa cultura foi muito importante ter conhecido. Os processos, a parte técnica, são processos de tecnologia bastante avançados, então, conhecer um pouco disso. Relacionamento com as pessoas, então, você abre a tua caixa de e-mail de manhã, você tem e-mail da China, um e-mail da Europa, um dos Estados Unidos perguntando coisas, ou, às vezes, você perguntando coisas para eles. Essa questão do mundo está muito fácil, o contato com o mundo está muito fácil para você. Em questão de relacionamento pessoal, sempre da forma que você se relaciona com os seus pais, com chefia, com subordinados. Então na vida pessoal, realmente, durante nove anos, uma evolução financeira que a gente busca também, para dar uma melhor estrutura para família, isso também ocorreu, essas coisas.
P/1 – E uma constante na Tetra Pak pelo que você disse, pelo que a gente ouve é essa questão de treinamento, de curso, de investimento no funcionário. Existe uma política nesse sentido, também, por parte da empresa?
R – Existe, existe uma política que, inclusive, é gerenciada por um dos pilares do WCM, que é o pilar da educação e treinamento. Essa política, ela, primeiro, ela visa levantar aonde a pessoa pode ter algum tipo de deficiência ou algum gap, alguma necessidade, identifica essa necessidade, programa os treinamentos, é dado os treinamentos para os funcionários em todos os níveis, então desde o nível de liderança para os níveis de produção. Então a Tetra Pak trabalha bastante nessa parte de desenvolvimento das pessoas.
P/1 – E existe um contato direto entre as duas unidades? Entre a de Monte Mor e Ponta Grossa?
R – Sempre, sempre.
P/1 – É um contato íntimo, digamos assim?
R – Com certeza, com certeza é. Existem de duas formas: um pela necessidade profissional: “Poxa, preciso da ajuda em tal coisa, Monte Mor está fazendo, ou Ponta Grossa está fazendo”. E também na parte pessoal, na medida que você vai ficando tanto tempo na empresa, você tem as pessoas aqui de Monte Mor como amigos, eu conheço, telefono, converso para eles virem para Ponta Grossa porque você acaba ficando íntimo da pessoa, você vê direto, você conversa direto, troca e-mails e acaba tendo um relacionamento de amizade mesmo.
P/1 – Hoje, o portfólio de embalagens da Tetra Pak é bastante grande, digamos, aqui no Brasil. Dessas embalagens, qual que seria a sua preferida? Qual embalagem que você mais gosta?
R – Eu gosto muito da Tetra Prisma asséptica metalizada, eu acho a embalagem muito bonita, ela é uma embalagem assim que, você olhando ela num mercado, você tem vontade de comprar.
P/1 – Ela por si só. (RISOS)
R – Só ela, você tem vontade de comprar.
P/1 – E falando em embalagem: qual seria a importância das embalagens da Tetra Pak no desenvolvimento do setor alimentício brasileiro, na sua opinião?
R – Bom, primeiro, a facilidade de transporte pelo formato, falando especificamente em lei. Outro ponto é a shelf life, é a vida, tempo de prateleira, então uma embalagem que dura seis meses, cinco meses que você não perde produto, que você não precisa refrigeração para esse produto, ou seja, além disso, você economiza energia elétrica, você não precisa estar com aquilo dentro da geladeira. Então esses benefícios das embalagens são fantásticos, eu acho que é onde você, é o que ocasionou esse boom da utilização da embalagem longa vida: a praticidade dela, o fato de você, quando era ainda o tempo do saquinho de leite que você tinha que ir diariamente comprar na padaria, que no dia seguinte ele estava estragado, hoje não, você compra uma caixa e dura lá um tempo, a forma de transporte, pelo formato é mais fácil.
P/1 – E qual é o impacto da Tetra Pak na evolução da industrialização no Brasil no seu ver?
R – Bom, primeiro, é uma empresa que utiliza de tecnologia de ponta, sempre utilizou. Essa tecnologia de ponta que ela usa e que requer altos índices de produtividade na fábrica acaba puxando, de uma forma, toda a cadeia produtiva da embalagem, então faz com que exista uma melhoria grande na área de papel, faz com que exista uma melhoria grande na área do alumínio, do polietileno. “Ah eu preciso de um polietileno que rode numa máquina com maior velocidade”, então ele puxa essa melhoria nessas outras. Além do que, obviamente, no cliente, ele entrega um produto de boa qualidade, que o cliente não tem problema, envasa e vai vender. Então ele puxa toda a cadeia, ele puxa toda a cadeia.
P/1 – E, tecnologicamente falando, de quando você entrou em 1998 para hoje, as mudanças tecnológicas são muito constantes, assim, sempre existem melhorias que são acrescentadas na parte de máquina mesmo?
R – Sempre, sempre e deu para perceber muito isso nessa fase de trabalhar em projetos. Então, que eu não posso dizer que existem mudanças ou novidades em prazo até inferiores a seis meses, então por exemplo, sistemas de inspeção por câmeras, sistemas de leituras por infravermelho, com fontes radioativas, sistemas de coleção de máquina, automatizados. Então, realmente, existe uma mudança muito grande e a Tetra Pak procura acompanhar isso o mais próximo possível. E então, às vezes, por ser algo extremamente novo, nem tudo já: “Não, vamos já colocar tudo na fábrica de Ponta Grossa”. Então você pega uma parte, outra fábrica pega uma outra parte: “Ah, funcionou e nas duas, OK, podemos repassar isso para as outras”.
P/1 – E como que é a relação da Tetra Pak de Ponta Grossa com a cidade? Qual foi o impacto mesmo, agora dez, quase dez anos depois? O que que mudou na cidade, o que melhorou, o que se diferencia?
R – Bom, existem coisas que são visíveis aos nossos olhos, assim, que é a questão da relação da empresa com a comunidade, então a forma como a Tetra Pak apoia uma série de iniciativas que acontecem na cidade e eu acho que uma que é indireta, ou que a gente não tem tanto conhecimento, que é com o fornecimento do pagamento dos impostos, que esses impostos estão gerando uma série de outras melhorias na cidade, no estado. A Tetra Pak é uma das grandes pagadoras de ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços] no Estado do Paraná, e com certeza esse imposto é revertido em benefícios e que a gente acaba não identificando como vindo da fonte Tetra Pak, mas ela tem uma grande parcela nisso. E como a comunidade em si, na cidade, a Tetra Pak, ela é admirada pelas pessoas, quando você fala ou te perguntam, você vai fazer uma compra: “Você trabalha onde?” “Na Tetra Pak.” Poxa vida, é motivo de tranquilidade para o vendedor. “Não, aqui é confiável.”
P/1 – E com relação ao mercado consumidor, Ivan, porque há algumas décadas atrás, há algum tempo atrás existia uma preocupação no que diz respeito à embalagem da Tetra Pak por parte do consumidor que não conseguia entender como um leite, por exemplo, poderia durar tanto tempo sem conservante. E que é verdade, não tem conservante. Você acha que essa visão por parte do consumidor mudou?
R – Com certeza. E isso está demonstrado nos números, de vendas. Eu acredito que hoje se venda no Brasil embalagens de leite, especificamente, eu acho que mais de seis bilhões por ano, ou seja, são várias embalagens por habitante. Eu não tenho exatamente esse número, mas ao todo são nove bilhões, quase nove bilhões de embalagens vendidas, produzidas no Brasil, oito bilhões para o mercado nacional e Paraguai. Então isso demonstra que essa confiança hoje é muito maior.
P/1 – Então o mercado amadureceu também no que diz respeito a visão...
R – Amadureceu com relação à visão que tinha, que tem da embalagem e se mostra nos números de vendas.
P/1 – E o que você sabe dessa história de cinquenta anos que a Tetra Pak completa agora, em 2007, de Brasil?
R – Bom, muita coisa que a gente escutou falar de como era a fábrica no início, das primeiras pessoas que entraram na Tetra, o Benny [Benny Heide] o Nelson [Nelson Findeiss], uma série de outras pessoas que foram os primeiros a fazer parte do grupo. Como era o processo, então, comparando com a máquina que a gente tem hoje, que é uma linha de produção, você tinha um pedacinho e passava dentro dessa máquina várias vezes, muitas coisas eram alimentadas manualmente. Então assim, uma evolução fantástica, evolução em tecnologia, em volume de produção, também no conhecimento das pessoas. Tudo isso a gente escuta: “Ah, tal pessoa era o número um, tal pessoa era o número dois” e a gente tem contato com elas, então a gente escuta algumas histórias dos tempos.
P/1 – E, na sua opinião, qual que é a importância do Projeto Memória 50 Anos Tetra Pak?
R – Eu acredito que ele venha a resgatar muita coisa que talvez estivesse, resgatar e somar, colocar num lugar único muitas coisas que estão nas cabeças de algumas pessoas. É um pouco do resgate da história mesmo, você saber o que aconteceu, como aconteceu e não só em relação a uma pequena parte que está documentada, mas é pegar essas informações das pessoas, como as fotos, como fatos que aconteceram importantes, como esses depoimentos, especificamente, você ter uma noção mais completa de como foram esses cinquenta anos, pegando pessoas que vieram desde o comecinho lá, a pessoas que são mais, que estão há menos tempo na empresa, mas que também já fazem parte da história. Eu acho muito importante.
P/1 – E, falando em história, você, como já foi dito várias vezes durante o depoimento, começou antes da própria fábrica. Outras pessoas que começaram nesse mesmo período que você, você tem ainda muitas pessoas que começaram lá atrás e que ainda se mantêm hoje?
R – Tem, tem. Na área de produção, tem muitas pessoas, apenas, que da liderança específico, que eram líderes naquela época e que continuam lá, eu sou o único. O nosso gerente na fábrica atual, o Vladimir, também estava no começo, porém, ele saiu um tempo, foi para Europa, ficou algum tempo fora. E vários outros líderes, alguns deixaram a Tetra e outros estão em outras fábricas, em outras partes do mundo aí dentro da Tetra Pak.
P/1 – É uma política muito comum, pelo que eu posso entender, esse hábito...
R – A exportação de talentos.
P/1 – Exatamente, a exportação, é isso mesmo?
R – É, é muito comum. E a gente, em pronunciamentos do presidente mundial da Tetra, ela sempre, ele sempre frisa isso: que além do Brasil ser um dos mercados mais importantes para o grupo Tetra Pak, ele ajuda com o fornecimento de pessoas capazes. Então só da fábrica de Ponta Grossa dá para enumerar, pelo menos, quinze pessoas que estão fora do Brasil na Europa, na Ásia, nos Estados Unidos e estão fazendo sucesso lá fora também.
P/1 – O Brasil, dentro do grupo Tetra Pak, ele ocupa um lugar de bastante destaque.
R – Destaque, exato.
P/1 – É isso mesmo?
R – É.
P/1 – Como você acha que ele atingiu isso, Ivan? Com certeza foi um processo longo, mas ele ocupa hoje, a Tetra Pak, ela está em quase o mundo inteiro e hoje o Brasil está lá com destaque. O que você tem a falar disso?
R – Eu acho que tem muito a ver primeiro, obviamente, com a gestão de grandes pessoas, como é o exemplo de Nelson Findeiss, que foi o presidente por muito tempo. Eu acho que a gestão dele ajudou muito nisso, a gestão do Benny Heide na questão da produção, no desenvolvimento das fábricas agora de Ponta Grossa e antes de Monte Mor. E, também, pelo empenho dos funcionários, pela garra, pela vontade de crescer, pela vontade de fazer as coisas acontecerem. E eu diria assim do grupo como um todo, algumas pessoas gerindo, uma série de pessoas com vontade fazer. Eu acho que é dessa forma que a Tetra Pak cresceu tanto.
P/1 – Ivan, o slogan da Tetra Pak é: “Protege o que é bom”, e o que é bom para você?
R – Bom, agora eu vou até, eu prefiro até usar um pouquinho a parte pessoal, bom, para mim é estar com a minha família, estar com a minha filhinha de três anos, com a minha esposa, com o meu mais novo baixinho aí de vinte e oito dias. (RISOS) Estar com eles de alguma forma, curtindo alguma coisa, uma viagem, um momento, um churrasco, uma cerveja. Também, os momentos importantes na parte profissional, que é onde você consegue mostrar que coisas que você fez teve um bom resultado, que o grupo, que o seu grupo fez coisas com bom resultado. E tem muita coisa boa, mas eu acho assim que o lado profissional e a família acho que são sempre os mais importantes.
P/1 – Ivan, a gente está chegando no final do depoimento, eu gostaria de perguntar se talvez tenha algum assunto, alguma questão que nós não tenhamos abordado que você gostaria de deixar registrado.
R – Eu acho que nada específico assim, a única coisa é que se falando em Tetra Pak, não só pelo lado de funcionário, mas também como uma pessoa da sociedade, a admiração pela empresa é muito grande, a forma como ela atua no mercado, a forma como ela atua no mundo, o fato de ser líder mundial de embalagens. O como ela também é aguerrida para manter isso, porque ser líder não é fácil, existe um monte de outras empresas tentando, por aqui ou por ali, tentar tirar um pedacinho do market share e ela é aguerrida da forma que é, tem conseguido manter isso. Eu acho que eu vejo isso com os meus funcionários como algo de bastante admiração.
P/1 – E você gostaria de deixar algum recado, uma mensagem para os seus colegas de trabalho da Tetra Pak em comemoração desses cinquenta anos?
R – A mensagem seria que a gente deve continuar se dedicando, que a gente deve continuar se empenhando ao máximo, só levar sempre em consideração muito a família, tentar balancear ao máximo esse lado profissional do crescimento e tudo, e fazer isso em conjunto com o bem estar da família.
P/1 – Certo. E, para finalizar, eu queria que você dissesse o que você achou de ter dado o seu depoimento para o projeto.
R – Eu achei que foi mais fácil do que eu imaginava. No começo, eu estava mais nervoso, mas eu gostei, as perguntas foram bastante interessantes, elas vieram dentro de um ciclo, de uma sequência bem gostosa e valeu a pena.
P/1 – Ivan, então em nome do Museu da Pessoa e da Tetra Pak nós agradecemos o seu depoimento, o seu tempo, a sua vinda de Ponta Grossa até São Paulo para colaborar aqui com o projeto, está bom?
R – Está.
P/1 – Muito obrigado.
R – Obrigado.
Recolher 
					 
							 
							 
							