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História
Personagem: José Ruy Gandra
Por: Museu da Pessoa, 24 de outubro de 2013

Coração de um país

Esta história contém:

Minha mãe é a caçula de uma família de nove irmãos filhos de calabreses, tanto meu avô materno como paterno eram calabreses. Já o meu pai não, meu pai já era de uma família mais tradicional, de origem portuguesa, mas que já tá há muitas gerações no Brasil. Era delegado de policia. Eu tinha uma coisa gostosa, que era o seguinte: era o filho do delegado, então eu não pagava entrada e eu leva um monte de moleque comigo, levava um bando, ia entrando todo mundo e tinham seis cadeiras: delegado de policia, delegado de policia, juiz de direito, juiz de direito, promotor de justiça, promotor de justiça, prefeito e prefeito.

Reservadas! Nossa casinha era muito simples, era uma rua que tinha umas metalúrgicas, próxima do centro, a cidade era pequenininha, a casa devia ficar uns 800 metros do centro, mas já praticamente no fim da cidade. E era uma casa pequena, de dois quartos, e uma coisa que sempre tinha o bendito quintal, que muita gente pegava esses quintais, como eram grandinhos, não eram esses quintaizinhos que a gente vê hoje, muita gente transformava esses quintais em pomares. Minha infância era pular muro pra roubar frutas, pegar manga, ficar chupando manga.

Era uma infância de muito contato com a natureza e ao mesmo tempo, também tinham as graças ai que estavam começando a rolar; o cinema, tinham as matinês, era uma coisa muito gostosa, a televisão estava começando. Lembro dos videoteipes dos noticiários. Pra mim a cena do Kennedy no carro, com a Jacqueline subindo no capô atrás a cena da morte dele é talvez uma das mais fortes que eu tenho. A minha infância foi assim, a típica infância vivida na Guerra fria, sabe? Em que cada vez mais os americanos foram se tornando heróis e que cada vez mais o resto do mundo, principalmente, os que enfrentaram os americanos na Segunda Guerra e que depois da Segunda Guerra, formaram ai o bloco soviético eram demonizados. Aos poucos, quando fui crescendo, fui virando esquerdista....

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Dados de acervo

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P/1 – Então, primeiro, José, eu quero que você diga pra gente seu nome completo, data e local de nascimento

R – José Ruy Ferreira Gandra. Nasci em São Paulo, dia 17 de março de 1957, portanto, 56 anos

P/1 – Agora, o nome completo dos seus pais e se você souber também, data e local de nascimento

R – Meu pai se chamava Ruy Ferreira Gandra, nasceu em Taquaritinga, interior de São Paulo e minha mãe, Eurípedes Belmonte Ferreira Gandra, nasceu em São Paulo também.

P/1 – E como é que você descreveria, José, os seus pais? Conta um pouco pra gente como era o seu pai, como era a sua mãe, tanto fisicamente, como de temperamento…

R – Como eu descreveria? Olha, a própria etnia deles já criava… já criou muita diferença, minha mãe é a caçula de uma família de nove irmãos filhos de calabreses, tanto meu avô materno como paterno eram calabreses. Então, minha mãe é uma figura muito serena, muito equilibrada, depois de tanto aprendizado que os pais tiveram antes de criá-la, a ultima, teve oito antes e foi assim a princesinha de uma família calabresa pobre, tá, então os outros todos trabalhavam, ela foi a única que fez faculdade, fez Letras na Maria Antônia num tempo que era muito incomum mulher estudar, fazer faculdade, anos 50, fim dos anos 40. Já o meu pai não, meu pai já era de uma família mais tradicional, de origem portuguesa, mas que já tá há muitas gerações no Brasil, era delegado de policia, era uma pessoa muito boa, mas uma pessoa muito tensa com a profissão que escolheu e uma pessoa que faleceu cedo, também, muito em função desse estresse todo também, da profissão e da vida, então… naquele tempo, as pessoas não se cuidavam muito não era muito… tão… a prevenção não era um negocio tão estimulado como hoje, minha mãe, por outro lado, foi professora a vida inteira, hoje é professora aposentada, deu aula de francês, no começo, quando francês era a língua do mundo depois, espanhol um...

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