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Personagem: Pere Yalaki Waura
Por: Museu da Pessoa, 25 de julho de 2019

Contadora de Histórias, Rezadora, Parteira e Cantora. Pere Waura um patrimônio vivo do Xingu.

Esta história contém:

Contadora de Histórias, Rezadora, Parteira e Cantora. Pere Waura um patrimônio vivo do Xingu.

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Minha avó sempre dizia pra mim: “Vamos com a gente”. Sempre a gente ia no brejão, nos pântanos ali, que tem uma concha que você pega, junta e queima, transforma a cinza, peneira, pega o barro do fundo da água e mistura com aquilo ali e deixa secar. Uns dez dias depois você vai raspando, vai formando uma panelinha, do jeito que você precisa e minha tia avó falava pra mim: “Vamos comigo, não fica com preguiça, senão você não acaba aprendendo. É ruim você não saber fazer isso, porque na cultura da gente, a gente é independente, você que tem que construir seu utensílio. Se você depender dos outros, nunca ninguém vai fazer pra você e, pra você começar mais cedo, melhor ainda pra você”. Tudo que ela falava pra mim, por isso que eu sempre ia com ela na floresta, nos rios, nos pântanos.

Meu pai era jovem na época que teve um massacre de sarampo. Mas pouco tempo veio catapora que contraiu todo mundo e onde foi vítima meu pai. Ela que matou meu pai. Aí pegou todo mundo, foi triste. A aldeia ficava parada e, quando você ia pra cada casa, a pele das pessoas ficava toda estourada, como se tivesse queimado. Disse que era o vírus da catapora. E meu pai, mesmo, o rosto dele ficou inchado. A gente não sabia que existia remédio pra isso. E meu pai acabou morrendo. Então, depois que a gente sabe que existe o remédio, foi onde eu falei: “Poxa, então quer dizer que meu pai morreu de graça”. E os outros e eu peguei um pouquinho, na época, não foi muito. Só apareceu um pouco, pouca coisa. E meu marido não pegou. Disse que já havia pegado sarampo na época, por isso que o corpo dele já estava resistente da catapora. Não apareceu. Ele que nos ajudou a cuidar dos outros também. E que deu remédio pra eles, pra nós.

Onde eu aprendi, desde mais ou menos oito anos, meu pai acaba me passando de tudo, antes de eu entrar na reclusão. Antes de entrar na reclusão eu começava a cantar, a gente imitava...

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Dados de acervo

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PSCH_HV763

Entrevistada com Pere Waura

Entrevistada por Jonas Samaúma e Marcelo Fortaleza Flores

Traduzido por Tukupé Waura

PSCH_HV 763

Programa Conte sua História – Memórias Indígenas

25 de julho

Transcrito por Selma Paiva

Duração: 204:14 minutos – 3352 segundos ou 55,86 minutos = 148,28 minutos

P/1 – Queria, primeiro, começar agradecendo profundamente, mesmo, a você, por estar traduzindo e a ela, por estar contando e é uma grande honra pra gente estar escutando e queria perguntar, assim, bem simples, pra ela falar o nome dela, o lugar que ela nasceu e o que ela sabe sobre o nascimento.

R – Bom dia!

1:10 a 2:32 = 1:22

R – Ela disse assim: “Eu nasci lá na aldeia _________ [02:41], lagoa sagrada da nossa região, onde cresci, fui morar numa outra aldeia, que chama ___________ [02:55], de lá que a gente veio pra cá e a gente veio pra fazer o tratamento do meu marido, fazer investigação. Não foi fácil. Quase eu perdi meu marido, na verdade. Aí a gente resolveu vir pra cá e por isso eu fico agradecida, por vocês intermediarem esse percurso, pra poder chegar aqui. Pra vir pra cá não é fácil, é difícil. Quando eu fiquei doente, eu vim na mão da pessoa de saúde, há uns anos. Agora estou aqui a segunda vez. É por isso que estamos aqui. A gente não está aqui de pouca coisa e, na oportunidade, estamos apresentando aqui, vamos contar o que a gente tem que compartilhar aqui com vocês. Eu também estou bem agradecida por vocês”.

P/1 – Ela sabe contar alguma coisa sobre o parto dela, como ela nasceu, que ela é parteira. Ela sabe sobre o próprio nascimento dela? Tem alguma história?

04:46 a 5:28 = 42 segundos

R – Eu nasci não na aldeia. Eu nasci no posto, na época, indígena Leonardo. É lá que eu nasci, próximo da aldeia, nosso vizinho. É claro que o parteiro tem que saber todo seu histórico. E Nhampi, Kamanxakaru E Maunessas três parteiras, Maun que me carregou a primeira vez no colo. Deu banho em...

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