Meu pai era mecânico montador, viajava muito e fazia sempre obras em lugares diferentes. Ele foi convidado para fazer uma obra em Barra Bonita e simplesmente amou a cidade. Assim que viu a orla, a natureza, as pessoas daqui, então ele decidiu que viria para Barra e traria a família. Foi em 1976, eu tinha quatro anos e meu irmão, o Jainey, um ano. Viemos de São Paulo, capital, com minha mãe. Os meus irmãos Janaína e Jaílson já nasceram em Barra Bonita.
Quando mudamos para o bairro da Cohab, começamos a ir para a escola de circular, que é o ônibus coletivo que transporta as pessoas do centro para o bairro periférico. E, com sete anos de idade, a gente passava por debaixo da catraca para ir de graça no circular, até que finalmente foi construída a escola Cônego (EE Cônego Francisco Ferreira Delgado Júnior) aqui de Barra Bonita na Cohab, e fomos transferidos.
Lembro que na Cohab, no início do bairro, em 1979, não tinha asfalto. A gente
brincava na terra, não tinha guia, não tinha sarjeta, mas nos divertíamos. Sempre
fomos muito discriminados por ser da Cohab, um bairro periférico, as pessoas
chamavam a gente de pé vermelho, de pé sujo. Quando chovia, a gente tinha que
colocar um saquinho no pé e andar até na escola com aquele saquinho amarrado nos pés; quando chegava na escola tirava o saquinho e ficava com o tênis limpinho, mas a gente não ligava porque tínhamos orgulho da terra onde vivíamos.
Bom, desde cedo a gente trabalhava, porque a mãe falava que era importante contribuir com o serviço de casa. Eu lembro que, quando ela fazia as faxinas como diarista, ela me deixava no cuidado dos irmãos, eu tinha onze anos. Mas depois eles foram para a creche e comecei a trabalhar. Eu com doze anos e meu irmão com nove. Aprendemos desde cedo o valor do trabalho. Entregávamos panfletos na cidade toda e também íamos para Igaraçu. A gente pegava o circular que atravessava a ponte Campos Sales. Em determinado momento eu e meu...
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Meu pai era mecânico montador, viajava muito e fazia sempre obras em lugares diferentes. Ele foi convidado para fazer uma obra em Barra Bonita e simplesmente amou a cidade. Assim que viu a orla, a natureza, as pessoas daqui, então ele decidiu que viria para Barra e traria a família. Foi em 1976, eu tinha quatro anos e meu irmão, o Jainey, um ano. Viemos de São Paulo, capital, com minha mãe. Os meus irmãos Janaína e Jaílson já nasceram em Barra Bonita.
Quando mudamos para o bairro da Cohab, começamos a ir para a escola de circular, que é o ônibus coletivo que transporta as pessoas do centro para o bairro periférico. E, com sete anos de idade, a gente passava por debaixo da catraca para ir de graça no circular, até que finalmente foi construída a escola Cônego (EE Cônego Francisco Ferreira Delgado Júnior) aqui de Barra Bonita na Cohab, e fomos transferidos.
Lembro que na Cohab, no início do bairro, em 1979, não tinha asfalto. A gente
brincava na terra, não tinha guia, não tinha sarjeta, mas nos divertíamos. Sempre
fomos muito discriminados por ser da Cohab, um bairro periférico, as pessoas
chamavam a gente de pé vermelho, de pé sujo. Quando chovia, a gente tinha que
colocar um saquinho no pé e andar até na escola com aquele saquinho amarrado nos pés; quando chegava na escola tirava o saquinho e ficava com o tênis limpinho, mas a gente não ligava porque tínhamos orgulho da terra onde vivíamos.
Bom, desde cedo a gente trabalhava, porque a mãe falava que era importante contribuir com o serviço de casa. Eu lembro que, quando ela fazia as faxinas como diarista, ela me deixava no cuidado dos irmãos, eu tinha onze anos. Mas depois eles foram para a creche e comecei a trabalhar. Eu com doze anos e meu irmão com nove. Aprendemos desde cedo o valor do trabalho. Entregávamos panfletos na cidade toda e também íamos para Igaraçu. A gente pegava o circular que atravessava a ponte Campos Sales. Em determinado momento eu e meu irmão percebemos que dava para ir a pé até Igaraçu, apesar de ser um pouco longe para duas crianças, mas pensamos assim, se a gente guardar o dinheiro do circular daria para tomarmos um refrigerante. Ficávamos felizes de passar lá no barzinho e tomar uma fanta, além da remuneração que a gente recebia.
Depois fui trabalhar como office boy num escritório de contabilidade, que era da tia
Leninha, que tinha sido a minha professora no pré-primário. Eu aprendi muita coisa da contabilidade com o marido dela, o Agostinho Grigoleto, que foi uma pessoa determinante nas minhas escolhas do futuro, na questão política. Depois disso, trabalhando no escritório eu resolvi que queria fazer direito, me inscrevi no vestibular da Faculdade de São Carlos, a Fadisc, passei e fui estudar lá.
Iniciei toda uma trajetória que me trouxe até aqui, que me ajudou também a ser quem eu sou. O direito ele me ensinou a falar, a escrever, me ensinou a postura e principalmente as leis que regem nosso estado, que além desse conhecimento jurídico servir para nossa vida acadêmica, nossa vida pessoal, ele ajuda para que a gente possa levar esse conhecimento e esclarecer algumas pessoas, porque tem muitas pessoas na sociedade que infelizmente são exploradas pela falta de conhecimento. Então esse conhecimento que eu tenho, eu distribuo, porque o conhecimento não pertence à gente, pertence à humanidade.
Algumas pessoas, alguns professores depois me influenciaram também para que eu escolhesse a licenciatura, porque, embora eu tenha me formado em direito, quando eu estava na faculdade, a aula que eu mais gostava era de sociologia, tinha um professor lá na Faculdade de Direito, se chamava Falace, e ele era muito conhecedor das coisas do mundo, muito sensível às causas sociais, falava de questões ecológicas, falava de geopolítica, e aquilo tudo me agradava.
Tive uma carreira meteórica na educação, eu me formei em filosofia em 2012, em
2013 passei no concurso do estado para professor, em 2014 assumi como efetivo,
em 2015 prestei o concurso do SESI e passei em primeiro lugar, sou professor do
SESI também de filosofia e de sociologia.
Em 2017 fui convidado pelo Zequinha, prefeito de Barra Bonita, para ser supervisor municipal de Educação, com o que trabalhei por quatro anos e depois me candidatei a vereador pela primeira vez e fui eleito.
Eu consegui conciliar, juntar a questão ambiental com a questão educacional, e também tem outros projetos de caráter inclusivo, tem questões ligadas ao desenvolvimento econômico, sustentável, tem questões de geração de emprego e renda, nós também estamos nessa questão de inclusão digital, que é muito importante para cidade, várias outras questões que estão ligadas ao desenvolvimento, que estão ligadas à questão ambiental, à questão educacional, à questão de geração de empregos.
Claro que não dá para abraçar o mundo, mas algumas pautas a gente procura encaminhar porque elas são pautas da nossa atualidade, são pautas que vão contribuir para termos uma cidade melhor.
Consegui ser aquilo que queria ser. Eu queria ser professor, eu sou professor; eu queria me tornar vereador, eu me tornei vereador; eu queria ser respeitado pela comunidade onde eu moro e eu sou. Eu consegui ganhar o que meu pai sempre sonhou para a gente, que é ter um capital moral.
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