Memória dos Trabalhadores da Bacia de Campos
Depoimento de Cláudio Roberto Viana Lopes
Entrevistado por Sérgio Ricardo Retroz (P/1)
Macaé, 18 de junho de 2008
Realização Instituto Museu da Pessoa.Net
Entrevista n° PETRO_CB425
Transcrito por Michelle de Oliveira Alencar
P/1 – Então diz seu nome onde e quando nasceu.
R – Meu nome é Cláudio Roberto Viana Lopes, nasci em Campos dos Goitacazes, no dia 11 de julho de 1957.
P/1 – E qual a sua formação?
R – Eu tenho segundo grau.
P/1 – E da onde veio a idéia de entrar na Petrobras?
R – Naquele tempo, né, a gente tinha os concursos sempre do Banco do Brasil, Caixa Econômica, né, que eram interesse da gente, principalmente do pessoal de Campos. E naquela época eu tava, eu fiz até o concurso pro Banco do Brasil e, ao mesmo tempo, surgiu a opção de fazer pra Petrobras, e a Petrobras despontava como uma empresa, né, que vinha pra contribuir muito pro Brasil, né? E lá em Campos, pelo menos, tinha muito desse zunzunzun, a Petrobras tá chegando, vai crescer muito. E eu apostei na Petrobras, preferi apostar na Petrobras mesmo, inclusive tinha passado na primeira fase do Banco do Brasil, mas eu preferi apostar mais na Petrobras.
P/1 – Qual era a função para a qual você prestou o concurso?
R – Eu fiz para auxiliar de escritório, tá? Aí, bom, você já falou a seqüência, eu não sei se você vai perguntar alguma coisa.
P/1 – Então, você fez pra auxiliar de escritório?
R – É, eu fiz pra auxiliar de escritório.
P/1 – E começou a trabalhar?
R – E comecei a trabalhar em 14 de abril de 1980. Eu passei, fiz um pequeno, uma pequena contribuição na área financeira da Petrobras, eu entrei na área de custos mais especificamente. Foi pequeno que logo na seqüência, né, apareceu um concurso interno pra área técnica e eu fiz e já em 81 eu já tava partindo pra área técnica, né? No final de 81.
P/1 – E da onde veio o interesse pela área técnica?
R –...
Continuar leitura
Memória dos Trabalhadores da Bacia de Campos
Depoimento de Cláudio Roberto Viana Lopes
Entrevistado por Sérgio Ricardo Retroz (P/1)
Macaé, 18 de junho de 2008
Realização Instituto Museu da Pessoa.Net
Entrevista n° PETRO_CB425
Transcrito por Michelle de Oliveira Alencar
P/1 – Então diz seu nome onde e quando nasceu.
R – Meu nome é Cláudio Roberto Viana Lopes, nasci em Campos dos Goitacazes, no dia 11 de julho de 1957.
P/1 – E qual a sua formação?
R – Eu tenho segundo grau.
P/1 – E da onde veio a idéia de entrar na Petrobras?
R – Naquele tempo, né, a gente tinha os concursos sempre do Banco do Brasil, Caixa Econômica, né, que eram interesse da gente, principalmente do pessoal de Campos. E naquela época eu tava, eu fiz até o concurso pro Banco do Brasil e, ao mesmo tempo, surgiu a opção de fazer pra Petrobras, e a Petrobras despontava como uma empresa, né, que vinha pra contribuir muito pro Brasil, né? E lá em Campos, pelo menos, tinha muito desse zunzunzun, a Petrobras tá chegando, vai crescer muito. E eu apostei na Petrobras, preferi apostar na Petrobras mesmo, inclusive tinha passado na primeira fase do Banco do Brasil, mas eu preferi apostar mais na Petrobras.
P/1 – Qual era a função para a qual você prestou o concurso?
R – Eu fiz para auxiliar de escritório, tá? Aí, bom, você já falou a seqüência, eu não sei se você vai perguntar alguma coisa.
P/1 – Então, você fez pra auxiliar de escritório?
R – É, eu fiz pra auxiliar de escritório.
P/1 – E começou a trabalhar?
R – E comecei a trabalhar em 14 de abril de 1980. Eu passei, fiz um pequeno, uma pequena contribuição na área financeira da Petrobras, eu entrei na área de custos mais especificamente. Foi pequeno que logo na seqüência, né, apareceu um concurso interno pra área técnica e eu fiz e já em 81 eu já tava partindo pra área técnica, né? No final de 81.
P/1 – E da onde veio o interesse pela área técnica?
R – Porque é a área, mas sempre foi a área mais atrativa da Petrobras, né? A área técnica ela é uma área mais atrativa, né? A área financeira ela era uma área de muita burocracia, né, então a gente sempre acabou preferindo mais pela área técnica, né?
P/1 – E o que você começou a fazer nessa área técnica?
R – Pois é. Aí depois que eu fiz o concurso interno, né, a gente fez um curso de formação pra área técnica, e depois eu passei a trabalhar em um setor voltado a completação de poço, e todo esse setor, embora tenha tido vários outros denominações, que a Petrobras foi crescendo, e as nomenclaturas dos setores foram mudando, mas, efetivamente, eu sempre trabalhei nessa área de completação, tá certo? Era o setor (Cequipe ?) que era o início de tudo, hoje a gente chama de SCA, mas todos eles sempre trabalhando voltado pra completação de poço.
P/1 – Mas trabalhava embarcado?
R – Eu cheguei a fazer alguns embarques no começo, né, mas não era o meu propósito, eu nunca gostei muito de trabalhar embarcado, e consegui e tive sorte também, né, que tinha, existia necessidade de suprir vagas na nossa oficina, que foi onde eu comecei tudo, né? Então, embora eu não tenha gostado muito de embarcar, eu tive essa sorte, né, de ter essa vaga pra trabalhar em terra.
P/1 – O que é completação de poços?
R – A completação de poço ela visa fazer com que o fluxo do óleo que tem lá embaixo, lá no reservatório, ele venha de uma maneira controlada até a superfície. Então quando você fura o poço, você faz lá o buraco, você faz a contenção dele através de tubulação cimentada, e depois você pra trazer o óleo pra superfície, você tem que trazer de uma maneira controlada pra evitar problemas, né? Então a gente chama de completar o poço, descer equipamentos dentro de uma coluna de perfuração que faça essa condução, que permita que o fluxo venha de uma maneira controlada até a superfície, né, e até aos navios ou tanques de produção, né?
P/1 – Que equipamentos se usa pra isso?
R – É, nós temos vários tipos de equipamentos, né? Bom, o principal é a tubulação de completação que a gente chama, né? Aí depois nós temos equipamentos que permitem você vedar o anular do poço, que a gente chama, que é o espaço que fica entre a coluna de completação e a coluna de perfuração, tem um espaço entre essas duas colunas, e tem um equipamento nosso que destina-se a vedar esse espaço, né, e a gente chama de (páquia ?), é um equipamento que veda esse espaço. E também tem um outro objetivo de ancorar a parte inferior, né, da nossa coluna de produção. E temos também o TSR, por exemplo, que é um equipamento que faz a compensação da dilatação da coluna, entendeu? Então acima você tem outra, tem válvulas que permitem você fazer (gás lifting ?) do poço, tem válvula de segurança, né, que é a DHSV. Então são vários equipamentos que você coloca no poço pra controlar o fluxo do fluido que você quer tá produzindo, né?
P/1 – Mudaram muito os equipamentos?
R – Ah sim, desde de abril de 80, né, quando eu entrei até hoje houve uma modificação radical, né, nos projetos dos nossos poços, né? Os nossos poços eles eram feitos, antigamente, montados em cima de plataformas fixas, né? A gente passou a ter operações com água de natal molhada, quer dizer, as águas deixaram de ser na superfície da plataforma, passaram a ser no fundo do poço, e foram evoluindo, né, até sistemas, hoje, de contenção de areia, né, que existe hoje em poço aberto que no começo não existia. Mesmo no sistema de contenção de areia que existia no passado ele era poço revestido, não era poço aberto que nem hoje. Então houve um avanço tecnológico muito grande trazendo muito ganho pra nós, né?
P/1 – O que é contenção de areia?
R – Contenção de areia é você formar um filtro no poço, né, lá na área de produção pra poder evitar que você produza grãos, né, do reservatório, pode ser areia, né, pedaços de terra, né, junto com, junto com o óleo, né, que prejudica todo o... A areia é muito abrasiva, né, e prejudica os materiais de completação, né? Então você faz um filtro lá embaixo, esse filtro é composto de uma tela com uma areia que a gente, tipo de uma areia, são cerâmicas que a gente coloca do lado desse filtro, dessa tela, e forma o filtro, né, pra poder passar o óleo e reter essas areais da formação, né, lá do reservatório.
P/1 – Ao longo desses anos de trabalho o que te marcou mais?
R – Bom, o que me marcou mais, né, foi primeiro, a condição da Petrobras ter passado, né, vencido os obstáculos, né? Que a gente começou na Petrobras e, naquela época, existia aquele boom a Petrobras vem aí, vem pra Bacia de Campos, vem firme, né? Mas você ouvia isso lá fora e quando chegava aqui dentro tinha muito dúvida, né, você não, eu cheguei até a pensar: “Poxa, será que eu fiz bem de vir pra Petrobras?” Porque você conversava com as pessoas: “Não, a Bacia de Campos talvez tenha óleo aí pra 10, 15 anos, né?” Isso deixava a gente assim um pouco na expectativa, né? E a gente passou uma fase no final dos anos 80, inicio dos anos 90, uma fase que o Brasil tava com a dívida externa incomodando demais, né? E aí a gente, aqui na Petrobras, tava meio ansioso com o isso, mas a força de trabalho nosso, e com as descobertas, né, com o empenho da gente acabou vencendo tudo isso, né? Então o que mais me marcou na Petrobras foi a vontade, né, que a Petrobras teve de mostrar que realmente ela é capaz, né, que ela é competente, isso aí é o que me marca, né? Hoje eu acho que as coisas são mais fáceis que a gente já conseguiu vencer a barreira inicial que era aquela de se achar incompetente. Hoje a gente tem certeza que a gente é competente, e isso traz mais tranqüilidade, né, pra gente trabalhar que a gente sabe que os desafios vem mas a gente vence, né?
P/1 – E a equipe de trabalho, teve um período que te marcou mais? Uma equipe que...
R – Bom, eu sou suspeito de falar porque hoje eu, além de consultor, eu supervisiono uma equipe, né? E é muito gostoso porque o pessoal é muito unido, né? Então o que marca pra gente é que todo, todo o nosso ambiente de trabalho sempre foi pautado na união das pessoas, né? Então nós não temos, é sempre marcante, né, os colegas nossos eles marcam muito pela união. Então tudo pra gente é como se fosse a família, então a gente fica bem marcado, né, esse fato da gente tá junto, de tá vivenciando as coisas juntos, né?
P/1 – Tem alguma coisa que você lembre assim de brincadeira de trabalho ou coisa...
R – Ixi, nossa! Tem muita coisa, muita coisa! Nós, nós já participamos de varias brincadeiras e trabalho, nós já participamos de muitas coisas boas juntos, né? A gente tinha, por exemplo, questão de adivinhar a música às vezes que tava, a gente botava, tinha um rádio que a gente comprou pra oficina, né, e a gente botava o rádio lá pra tocar e a gente ficava brincando de adivinhar qual a música que ia tocar, né? Então aí quando um acertava fazia aquela festa, né? Porque, pô, como é que vai acertar a música que vai tocar no rádio, né? Então tinha várias outras brincadeiras que eram muito interessantes, essa foi também uma brincadeira marcante.
P/1 – Lembra de outras?
R – De outras brincadeiras? Tem algumas que eu não gostaria de falar porque (risos) oficina é fogo, né? Oficina rola bastante brincadeira assim que extrapola. Mas tinha, deixa eu ver outra brincadeira que a gente fazia às vezes no trabalho que era bastante interessante... De, por exemplo, você às vezes passar um trote no, por telefone, né, então às vezes tinha, naquela época, problema de, às vezes o colega tava construindo aí tinha a questão de devolução de Imposto de Renda, né, e a gente via que o cara tava ansioso pra receber a restituição dele, aí um outro ligava dizendo que era do banco, que a restituição do cara tinha chegado, né? Aí o cara saía correndo pro banco pra receber a restituição, chegava lá e via que era trote. Tinhas várias brincadeiras que o pessoal fazia, era interessante, mas nunca magoou ninguém, sempre foi, sempre foi gostoso.
P/1 – E as pessoas da equipe sempre eram, moravam aqui perto?
R – Não. Eu, por exemplo, levei 18 anos viajando de Campos pra Macaé, né? Eu no começo eu vim, eu passei um período aqui em Macaé logo no começo, mas a minha família não se adaptou a aqui, né, e eu voltei pra Campos. E depois, 18 anos depois, é que eu voltei definitivo pra Macaé. Então eu levei muito tempo pra conseguir me enraizar em Macaé, hoje eu já tô enraizado em Macaé, mas levei bastante tempo pra conseguir me enraizar aqui porque a questão da família em Campos era muito forte.
P/1 – E o que é ser petroleiro?
R – Bom, pra mim, particularmente, 28 anos de Petrobras ser petroleiro pra mim é tudo, né? Eu basicamente comecei a minha vida, trabalhei lá no comércio em Campos, né, e depois eu vim pra Petrobras e pra mim a Petrobras é tudo, né? Então eu tenho honra, orgulho, satisfação e sempre me dei pra Petrobras em troca da mesma maneira, né? Então eu adoro trabalhar na Petrobras.
P/1 – Tem alguma coisa que você gostaria de dizer que eu não perguntei?
R – Não, eu só torço pra que esse programa seja legal, que a gente consiga alavancar aí uma história bem bonita da Petrobras, né? A Petrobras tem muito a contar pro Brasil, né? E tomara que a gente consiga formar aí uma história bem, bem legal.
P/1 – É isso. Obrigado, Cláudio.
R – Ok.
FIM DA ENTREVISTA
Nomes com grafia em dúvida:
(Retrós ?), pág. 01
(Cequipe ?), pág. 02
(páquia ?), pág. 03
(gás lifiting ?), pág. 03
Recolher