O conceito do Novo Espaço Natura
O projeto da Natura é muito especial na minha carreira, em função do tema e da abertura dos diretores da equipe e de todos os colaboradores da Natura, que são pessoas muito ligadas ao bem-estar, que é inclusive o lema da empresa.
Eles me deram uma possibilidade muito ampla de trabalhar de acordo com princípios muito participativos, abertos, onde as pessoas são o elemento mais importante. É claro que a Natura é uma empresa que produz e vende, é uma fábrica, mas o aspecto humano, da auto-estima foi muito relevante. Não se tratava apenas de fazer uma fábrica, mas de criar um espaço onde as pessoas tivessem prioridade máxima, porque sem as pessoas, sem auto-estima, sem foco não se cria nada. Por isso, eu pude trabalhara livremente, é claro que com cronograma e valores. Meu partido foi criar a maior diversidade possível dentro do espaço. Porque o espaço, mais do que a arquitetura construída, tinha que proporcionar uma sensação plena de espaço aberto, de convívio, de natureza, formando quase que um Campus de Convívio, uma vez que a maioria das pessoas vivem naquele local a maior parte do seu dia útil.
Uma das referências que me veio foi Alhambra, na Espanha, que é um local fantástico porque também é um local de descobrimento de acontecimentos, e das formas de uso da água, da cor, do silêncio, o ritmo da vida. Eu procurei trazer para a Natura essa energia.
Eu queria, e acho que consegui, criar um espaço muito positivo de estímulos, de crescimento pessoal, de envolvimento, de idéias e criatividade. Tinha que ser útil, cumprir funções de fábrica e ter os serviços todos, mas o essencial são as pessoas sempre, porque sem energia e motivação as pessoas não crescem.
Cajamar é um espaço de surpresa, de forma que quando você chega na Natura, você não descobre como ela é sem antes fazer todo percurso. A idéia é que em cada momento você faça uma nova descoberta. É como os produtos...
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O conceito do Novo Espaço Natura
O projeto da Natura é muito especial na minha carreira, em função do tema e da abertura dos diretores da equipe e de todos os colaboradores da Natura, que são pessoas muito ligadas ao bem-estar, que é inclusive o lema da empresa.
Eles me deram uma possibilidade muito ampla de trabalhar de acordo com princípios muito participativos, abertos, onde as pessoas são o elemento mais importante. É claro que a Natura é uma empresa que produz e vende, é uma fábrica, mas o aspecto humano, da auto-estima foi muito relevante. Não se tratava apenas de fazer uma fábrica, mas de criar um espaço onde as pessoas tivessem prioridade máxima, porque sem as pessoas, sem auto-estima, sem foco não se cria nada. Por isso, eu pude trabalhara livremente, é claro que com cronograma e valores. Meu partido foi criar a maior diversidade possível dentro do espaço. Porque o espaço, mais do que a arquitetura construída, tinha que proporcionar uma sensação plena de espaço aberto, de convívio, de natureza, formando quase que um Campus de Convívio, uma vez que a maioria das pessoas vivem naquele local a maior parte do seu dia útil.
Uma das referências que me veio foi Alhambra, na Espanha, que é um local fantástico porque também é um local de descobrimento de acontecimentos, e das formas de uso da água, da cor, do silêncio, o ritmo da vida. Eu procurei trazer para a Natura essa energia.
Eu queria, e acho que consegui, criar um espaço muito positivo de estímulos, de crescimento pessoal, de envolvimento, de idéias e criatividade. Tinha que ser útil, cumprir funções de fábrica e ter os serviços todos, mas o essencial são as pessoas sempre, porque sem energia e motivação as pessoas não crescem.
Cajamar é um espaço de surpresa, de forma que quando você chega na Natura, você não descobre como ela é sem antes fazer todo percurso. A idéia é que em cada momento você faça uma nova descoberta. É como os produtos que eles fazem, cheios de mistérios, ponderações e elementos muito poéticos e específicos, em que o produto é apenas um suporte de sensações. Você não compra um shampoo, você não compra um perfume, você compra um futuro, você compra bem-estar.
A gente queria isso: uma descoberta constante, um florescer, uma abertura para a vida, um estímulo. Em vez de ter uma visão única, uma visão linear, quase renascentista, eu tive várias visões. Em cada momento você faz uma descoberta e isso vai alimentando o tempo todo seu estímulo pessoal.
A imagem que tenho do projeto é uma imagem em movimento, não é fixa. Na medida em que você anda, as sensações acontecem. Cada passeio, mesmo que seja em função de coisas objetivas de seu tempo e sua função, que ele seja um elemento que agregue a você uma experiência pessoal. É um constante renovar de visões e experiências e a gente foi trabalhando como uma partitura musical, porque arquitetura e música têm muito a ver. É um moto-contínuo de sensações.
Tudo depende do percurso que você faz, do sol, da lua, da hora do dia, se está calor ou se está frio. E as pessoas são o elemento sensível onde esse cenário cumpre o papel de estimulo e de criação.
Desafios do projeto
Os desafios foram muitos, o principal era criar um clima de colaboração e participação entre equipe. Esse é o maior desafio, que você, por meio da energia criativa, da capacidade de ouvir e dialogar, consiga captar o que se pretende. Às vezes a gente nem sabe o que é, mas é uma procura muito íntima de descobrir através das conversas, dos estímulos e dos desenhos aquilo que as pessoas querem. A gente fez inúmeros desenhos, inúmeros estudos, mas todos eles partiram de um único princípio - valorização das pessoas e integração com o meio ambiente. Esses foram os desafios maiores - manter viva essa ligação, essa comunicação.
Sempre que eu faço um projeto, além de atender aspectos objetivos de custo, tempo e cronograma eu busco entender a alma do projeto. Essa alma existe em função das pessoas. Como arquiteto posso contribuir para que as pessoas se desenvolvam, tenham condições de crescer, de cuidar da realização pessoal. Para mim esse é maior desafio, como se estabelecer o diálogo. Quem quer construir tem pressa, tem programas específicos e você tem que introduzir uma dimensão mais sensível de prestar atenção nos desejos, não só imediatos, mas do que vai acontecer com esse espaço e que ele possa ser um espaço de crescimento, de proposta e que no momento em que eu, como arquiteto, saia do processo, ele continue existindo, independente de mim.
Chega um momento que a gente se despede, como o filho que cresceu e tem autonomia, a gente sente que tem que sair, mas se a missão foi bem cumprida você sente que cresceu. Então o maior desafio para mim foi manter essa energia, ouvir as pessoas e trazer para a Natura, um ambiente de constante estímulo e constante criação, onde a natureza, o meio ambiente e integração fossem o elemento mais forte e arquitetura o instrumento para isso, não o objeto em si. É claro que as formas ficam e elas têm que ter o valor ético, mas eu não foco apenas na forma, eu foco na alma.
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