Causo III
Estou aqui de volta com mais um causo dentro de um ônibus da CMTC. Confesso que fiquei receoso em publicar este (apesar de o segundo ter sido de vomitar, como vocês leram). Bom, não me lembro muito bem, mas, como morador da periferia nos anos 80, ter ou não ter carro para sair não importava muito, porque, se você quisesse sair, o ônibus estava ali, pronto para te levar aonde quer que fosse — e aonde quer que fosse era aonde quer que fosse mesmo. Inclusive, perto de onde eu morava, no Capão Redondo, havia um motel com um ponto de ônibus na frente. Eu e meus amigos (todos adolescentes) ficávamos do outro lado da rua e, podia ser a qualquer hora — não só à noite —, que descia um casal para ir ao motel.
Bom, depois dessa introdução que não tem nada a ver com o causo, vamos ao causo.
Certa vez, um amigo meu — não eu — comprou um desodorante Embassy (acho que não existe mais, porque nunca mais vi à venda). Em vez de levar numa sacola, preferiu colocá-lo no bolso da frente da calça jeans para não ficar carregando no ônibus, que estaria lotado.
Então, aquele ônibus da CMTC para o Capão Redondo chegou lotado, vindo do Anhangabaú. Ter um carro naquela época era caro. Até um \\\"pois é\\\" era caro, porque a manutenção era diária... No ônibus, havia secretárias, enfermeiras, estudantes etc. E aquela gentileza de dar lugar para uma mulher? Era como hoje: não existia.
O ônibus estava tão cheio que, ao passar pela Vila Prel (sim, esse nome existe), eu falei:
— Meu, vamos pra frente, senão a gente não sai.
Sabe aquele corredor onde ninguém consegue andar e você fica espremido? Então, ficamos lá espremidos.
Lembram do desodorante no bolso do cara? Seria loucura alguém achar que, naquela lata de sardinha, alguém poderia ter uma ereção de prazer, mas foi o que pensaram no ônibus. Cada pessoa — fosse mulher ou homem — não deixava de reparar naquele volume que vinha do bolso dele. Uma coisa é você,...
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Causo III
Estou aqui de volta com mais um causo dentro de um ônibus da CMTC. Confesso que fiquei receoso em publicar este (apesar de o segundo ter sido de vomitar, como vocês leram). Bom, não me lembro muito bem, mas, como morador da periferia nos anos 80, ter ou não ter carro para sair não importava muito, porque, se você quisesse sair, o ônibus estava ali, pronto para te levar aonde quer que fosse — e aonde quer que fosse era aonde quer que fosse mesmo. Inclusive, perto de onde eu morava, no Capão Redondo, havia um motel com um ponto de ônibus na frente. Eu e meus amigos (todos adolescentes) ficávamos do outro lado da rua e, podia ser a qualquer hora — não só à noite —, que descia um casal para ir ao motel.
Bom, depois dessa introdução que não tem nada a ver com o causo, vamos ao causo.
Certa vez, um amigo meu — não eu — comprou um desodorante Embassy (acho que não existe mais, porque nunca mais vi à venda). Em vez de levar numa sacola, preferiu colocá-lo no bolso da frente da calça jeans para não ficar carregando no ônibus, que estaria lotado.
Então, aquele ônibus da CMTC para o Capão Redondo chegou lotado, vindo do Anhangabaú. Ter um carro naquela época era caro. Até um \\\"pois é\\\" era caro, porque a manutenção era diária... No ônibus, havia secretárias, enfermeiras, estudantes etc. E aquela gentileza de dar lugar para uma mulher? Era como hoje: não existia.
O ônibus estava tão cheio que, ao passar pela Vila Prel (sim, esse nome existe), eu falei:
— Meu, vamos pra frente, senão a gente não sai.
Sabe aquele corredor onde ninguém consegue andar e você fica espremido? Então, ficamos lá espremidos.
Lembram do desodorante no bolso do cara? Seria loucura alguém achar que, naquela lata de sardinha, alguém poderia ter uma ereção de prazer, mas foi o que pensaram no ônibus. Cada pessoa — fosse mulher ou homem — não deixava de reparar naquele volume que vinha do bolso dele. Uma coisa é você, como passageiro, estar passando; outra é ficar travado, sem conseguir andar, porque havia um monte de gente na sua frente querendo o mesmo que você: SAIR DO ÔNIBUS.
Paramos, e, por acaso, o cidadão ficou atrás de uma moça que não gostou nem um pouco daquilo que parecia um ato de \\\"acasamento\\\". Ela começou a reclamar com a amiga sobre os tarados que pegam ônibus para saciar seus apetites sexuais. Entre tentar se explicar e sair do ônibus, a segunda opção foi a escolhida.
Não sei como, mas a moça ainda conseguiu colocar o rosto naquela janelinha — que mais parecia uma escotilha — para xingá-lo:
— SEU TARADO!
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