Nome do Projeto: Memória Petrobras
Depoimento de Carlos José Soares
Entrevistado por Cláudia Fonseca e Eliana Santos
Betim/MG
Betim, 25/8/2004
Realização Museu da Pessoa
Código do depoente PETRO_CB474
Transcrito por: Maria Luiza Pereira
P/1 – Bom, gostaria de começar a entrevista, com você dizendo seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Eu sou Carlos José Soares Coelho, nascido em Belo Horizonte, em 10 de fevereiro de 1963.
P/1 – E todo mundo te conhece por?
R – Carlão.
P/1 – Carlão.
R – Carlão
P/1 – E é assim que você gosta de ser tratado.
R – É, quando fala Carlos José é minha e minha mulher querendo brigar comigo. “Carlos José!” Então, Carlão é mais amigável.
P/1 – Por que do Carlão?
R – Deve ser por causa do tamanho, né?(riso)
P/1 – É mesmo?
R – Quando eu cheguei aqui a primeira vez, quando eu cheguei aqui em 1984 foi o meu primeiro dia de admissão, os colegas já olharam e falaram assim: “Oh, Carlão.” Então o Carlão ficou e a gente assumiu esse codinome.
P/1 – E você entrou então, aqui na Petrobras como?
R – Bom, entrei em 1984, quer que fale para você ou para a câmera? Tanto faz?
P/1 – Como você preferir.
R – Tá bom.
P/1 – Você fica à vontade.
R – Obrigada. Chegamos aqui em 1984, passando no concurso pra Auxiliar de Segurança Interna. Comecei aqui como vigilante da empresa e foi até um incentivo de um irmão, do meu irmão, que ele estava inscrição pro concurso para trabalhar na plataforma, ele não passou, eu vim, fiz a minha inscrição, havia a possibilidade só de trabalhar como vigilante e assim, aproveitamos a oportunidade, fizemos a inscrição, concorremos contra uns 400 mais ou menos, fiquei bem colocado, então desde julho de 1984 a gente foi admitido, foi muito interessante, foi uma experiência muito bacana. Porque além da..., apesar das..., apesar não. Além das minhas características de comunicabilidade, já trazia...
Continuar leituraNome do Projeto: Memória Petrobras
Depoimento de Carlos José Soares
Entrevistado por Cláudia Fonseca e Eliana Santos
Betim/MG
Betim, 25/8/2004
Realização Museu da Pessoa
Código do depoente PETRO_CB474
Transcrito por: Maria Luiza Pereira
P/1 – Bom, gostaria de começar a entrevista, com você dizendo seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Eu sou Carlos José Soares Coelho, nascido em Belo Horizonte, em 10 de fevereiro de 1963.
P/1 – E todo mundo te conhece por?
R – Carlão.
P/1 – Carlão.
R – Carlão
P/1 – E é assim que você gosta de ser tratado.
R – É, quando fala Carlos José é minha e minha mulher querendo brigar comigo. “Carlos José!” Então, Carlão é mais amigável.
P/1 – Por que do Carlão?
R – Deve ser por causa do tamanho, né?(riso)
P/1 – É mesmo?
R – Quando eu cheguei aqui a primeira vez, quando eu cheguei aqui em 1984 foi o meu primeiro dia de admissão, os colegas já olharam e falaram assim: “Oh, Carlão.” Então o Carlão ficou e a gente assumiu esse codinome.
P/1 – E você entrou então, aqui na Petrobras como?
R – Bom, entrei em 1984, quer que fale para você ou para a câmera? Tanto faz?
P/1 – Como você preferir.
R – Tá bom.
P/1 – Você fica à vontade.
R – Obrigada. Chegamos aqui em 1984, passando no concurso pra Auxiliar de Segurança Interna. Comecei aqui como vigilante da empresa e foi até um incentivo de um irmão, do meu irmão, que ele estava inscrição pro concurso para trabalhar na plataforma, ele não passou, eu vim, fiz a minha inscrição, havia a possibilidade só de trabalhar como vigilante e assim, aproveitamos a oportunidade, fizemos a inscrição, concorremos contra uns 400 mais ou menos, fiquei bem colocado, então desde julho de 1984 a gente foi admitido, foi muito interessante, foi uma experiência muito bacana. Porque além da..., apesar das..., apesar não. Além das minhas características de comunicabilidade, já trazia esses traços, facilidade de me comunicar, conversar com as pessoas, relacionar com as pessoas, ainda tive a oportunidade, caí numa área onde eu teria que conhecer toda a área da refinaria. Então, os cinco primeiros anos na vida, quase seis anos, na vigilância, me deu oportunidade de conhecer a refinaria e passar por algumas experiências bem interessantes.
P/1 – E ai, conta algumas então.
R – Tem uma que é contada no “Casos da Regap”, num livrinho que foi editado aqui na refinaria, foi muito interessante, de um rapaz que estava vindo fazer inscrição para uma prova que havia para área de segurança se não me engano, para área de instrumentação, não sei. E naquela época, naquele período, naquele dia, estava eu e um colega, Luiz Carlos Bispo, mais conhecido como Bispo, nós estávamos trabalhando na portaria um e estava caindo uma chuva muito torrencial e em frente a portaria um, tem um lago, tem um laguinho e para aquelas pessoas que não acredita que Jesus andou sobre as águas e que Pedro também andou sobre as águas, eu e o Bispo, Luiz Carlos Bispo, testificamos que o homem é capaz de andar sobre as águas. Nessa chuva torrencial, o lago que fica em frente, ele ficou como se fosse uma pista molhada porque era muita, muita, mais muita água caindo. Como dizemos aqui em Minas: “Tava caindo um toró danado.” E aí, esse rapaz, nós indicamos onde ele deveria se encaminhar ao centro de treinamento, na época serviço ou setor de treinamento e eles resolveram cortar caminho. Só que resolveram cortar caminho pelo lago, por cima do lago. E foi muito interessante, porque eles deram dois ou três passos em cima do lago e tibum(riso), eles conseguiram andar sobre as águas.(riso). Quando eles perceberam, eles afundaram. Realmente, podemos contar uns dois ou três passos, foi muito interessante. E eles ficaram apavorados porque alguém brincou com eles: “Sai daí de dentro que essa água tá contaminda.” E eles começaram a tirar suas roupas com medo realmente dessa água estar contaminada. Então, foi um fato pitoresco. Logo depois ele falou que tinha um tio que trabalhava aqui, trouxe macacões pra ele, foi um fato muito pitoresco. Pelo fato de um homem realmente poder andar dentro d’água, por cima da água e de que ninguém suporta uma possiblidade de uma contaminação e não arrancar suas roupas. Foi muito interessante e pitoresco.
P/2 – Você sempre trabalhou aqui Carlão, na Regap?
R – Eu tive a oportunidade de trabalhar durante nove meses num projeto muito interessante na sede da Petrobras. No período de 1984, não, de 1998 e 1999. Durante uns nove meses aproximadamente, foi a gestação de um filho como um filho muito querido que é o Serviço de Atendimento a Cliente da Petrobras. Em função de alguns bons resultados nós tivemos aqui na refinaria junto ao Atendimento ao Cliente, aos nossos clientes locais. Dado ao nosso trabalho desenvolvido pela gente aqui, os resultados bons, a gente ganhou a missão e eu tive o privilégio de poder compartilhar com a turma, mais quatro colegas: o Valdir Hermano que coordenava o serviço, o Luiz Fernando, todos dois da sede, o Valdir, de São Paulo, Luiz Fernando, da sede e o Moacir Táparo da Replan, lá de Paulínea, nós quatro. Mais ajuda da Regina, João Bôsco, a Regina, de Capuava e... não da RPBC e João Batista da Refap, nós fizemos uma equipe que conseguimos, obviamente muito bem coordenados, tivemos a possibilidade de lançar o Serviço de Atendimento a Clientes Petrobras, que é um sucesso enorme, já foi premiado diversas vezes, já tem mais de cinco anos que tá aí, no mercado. Então, eu tive um previlégio muito grande.
P/1 – Agora, como é que você passou? Porque, hoje você está em que área?
R – Na área de comunicação.
P/1 – De comunicação. Como é que você passou da segurança prá área de comunicação?
R – Foi muito interessante. Em virtude dessa minha característica de ser uma pessoa comunicativa, ter tido a possibilidade de conhecer área, de trabalhar na área, conhecer os processos, havia uma gerente aqui na época que se chamava, chamada né, ainda é viva, a Nilza Chaves, e ela me fez um convite. Na época para trabalhar no setor de O&M, ela gerenciava o setor de O&M, organizações e métodos. Então seria um bom subsídio para desenvolver as atividades daquele setor. Durante um ano ainda funcionava como esse setor mas, com uma tendência a transformar-se, no que se transformou no setor, que na época, em 91 e 92, estava sendo desenvolvido o programa qualidade total da refinaria. Na verdade, a refinaria foi um piloto para o desenvolvimento do programa qualidade total. E nessa oportunidade estávamos lá e tive o grande privilégio de trabalhar com essa mulher, pessoa fantástica, onde eu pude aprender muito sobre o que é as novas características das empresas modernas. E entre as atribuições, ela disse pra mim: “Bom, Carlão, como você é uma pessoa comunicativa, você tem facilidade prá isso, você vai ser o cara que vai mexer com a comunicação para a qualidade.” E aí começou a minha trajetória. Logo depois, cinco anos que eu trabalhei nesse setor, na área de qualidade, desenvolvendo qualidade, eu tinha responsabilidade também de desenvolver o programa Cinco S que, para o meu privilégio e orgulho também, nós fomos dissiminadores de programas Cinco S para todo Brasil, estava até me lembrando hoje que o atual gerente-executivo da Petrobras na China que é o Marcelo... Marcelo... esqueci o sobrenome dele agora, ele foi um dos meus primeiros alunos na dissiminação do Programa Cinco S para o corpo gerencial da Empresa, quando houve grande apoio e aprovação. E teve um caso pitoresco, no dia que eu estava dando aula prá ele, foram os primeiros telefones celulares que apareceram no Brasil e só o corpo gerencial e diretoria da Petrobras que tinha, era aqueles trabucos, aqueles telefones enormes, pareciam mais telefones sem fio e a gente não tinha nenhuma normatização de uso, então todo mundo usava a qualquer hora, de qualquer forma. E ele portava com orgulho aquele trabuco na minha sala, durante a minha aula, durante a palestra que eu estava dando. E toda hora o telefone tocava e ele: “desculpa, Carlão.” E ficava quieto. Eu falei assim: “Quem diria, hem! Um diretor pedindo desculpa para um auxiliar de escritório.” As pessoas brincavam com ele. É Marcelo Castilho! Foi um fato muito interessante. Bom, logo depois, nesses cinco anos aí, eu recebi o convite prá ir no departamento comercial desenvolver a atividade de serviço de atendimento do cliente. Eles me deram formação me chamaram para o desafio, prontamente essa gerente liberou-me do setor. Na época a Regap pertencia ao departamento industrial e eu fui transferido para o departamento comercial. Mais ou menos um ano depois isso transformou-se em o que hoje é diretoria de abastecimento, abastecimento que envolve o refino, marketing e transporte da Petrobras. E naquele período então, a gente teve a oportunidade de trabalhar no departamento comercial, num núcleo de comercialização que logo depois transformado em gerência de comercialização. Além da atividade de montar o SAC eles passaram: “Carlão, precisamos fazer alguma coisa prá que a gente se comunique com o cliente.” Aí, reforçaram novamente, a necessidade de uma pessoa que tivesse características para desenvolver esse assunto de comunicação e lá vai o Carlão mexer com a comunicação novamente. E a gente desenvolveu algumas atividades, parceria com apoio, principamente com muito bom apoio da área de comunicação. Mas, estávamos já com a visão virada, focada no cliente. Nessa hora nós estávamos descobrindo o que era cliente, uma das grandes coisas interessantes que aconteceu na minha carreira, que eu tive facilidade e mais um privilégio enorme de definir quem era, realmente, o cliente Petrobras, descobri-los, catados assim, entre os tanques de gasolina, óleo diesel, nos bombeamentos do dia-a-dia e transformar essas figuras que eram quase fantasmagóricas, né?(riso) Falando em fantasmagórica não porque nos assustavam, porque realmente não existiam prá gente.
P/1 – Mas, então, você estava falando e eu ia te perguntar mesmo. Quem é o cliente da Regap?
R – Pois é, a Regap não tem o cliente, a Petrobras tem um cliente. Então, a Regap como uma unidade de negócio ela tem diretrizes comerciais que vem da sede. E, naquele trabalho todo, a gente descobriu, pela característica da empresa descobrimos que nós temos diversos segmentos de mercado. Então, a primeira coisa que a gente teve que definir quais são os nossos segmentos de mercado, para descobrir nesse segmento quem eram os nosso clientes. Mas, o cliente enfim, é aquele que paga prá Petrobras. E, prá gente a gente tinha o cliente o na época ainda a visão da gente que era o intermediário, o cara que fazia o meio de campo que são as coordenadorias. Mas quem são? Verdadeiramente, os clientes da Petrobras- Petróleo Brasileiro são as companhias distribuidoras, são aquelas que pagam prá gente. Raro o caso que existe uma empresa que tenha os nossos produtos como produtos prá consumo, produtos primários, da cadeia deles. No caso da refinaria, da Regap, todos os nosso cliente são aqueles que consomem, ou melhor, são os distribuidores. Exceto o Governo, no caso a Aeronáutica que recebe diretamente a gasolina de aviação JP5. Enfim, aquele que paga é o cliente. Então, se você vê todas as companhias de seguro hoje que nós conhecemos, inclusive a Petrobras Distribuidora, são os nossos clientes. E foi muito interessante, porque atrás dessa figura cliente existiam pessoas humanas. Quer dizer, ainda bem que são pessoas humanas, né?(riso) Existiam pessoas que a gente pôde angariar bons amigos. Mais uma característica do Carlão, de tempo inteiro, ficar fazendo bons amigos. Então, eu sou um homem de muitos bons amigos.
P/1 – E você faz um monte de coisas aqui né, você estava fazendo TV, né. Conta um pouquinho do que você faz aqui.
R – Hoje, trabalhando em comunicação, é interessante que, minha formação eu sou relações públicas e o relações públicas ele tinha uma visão de ser aquela coisa meio quietinha, meio que escondido, alguns preconceitos.
P/1 - _________________.
R – Não, alguns preconceitos interessantes com relação a figura dos Relações Públicas. Mas, o Relações Públicas hoje ele é um profissional muito bem definido. E ele tem que ser um pau prá toda obra, principalmente na hora de fazer o planejamento e desenvolver o planejamento. Ele tem que ser um tanto quanto, num muito bom sentido, maquiavélico, ou seja, tem que ter a visão voltada para o resultado como um todo. Todo trabalhador, toda pessoa que vem trabalhando, buscando seus resultados tem que tá focado no negócio da empresa. E eu sou esse tipo, que não consigo ficar só fazendo, colocando só a coisa no papel, também gosto e faço mas, eu gosto muito de por a mão na massa em muitas questões, até porque eu trago um conselho de minha mãe. Minha mãe disse uma frase que ela já ouvia da mãe dela, que era o seguinte: “Quem quer faz, quem não quer manda ou pede.” Então, eu tenho uma característica de, se a coisa começar a emperrar eu vou correndo atrás prá poder resolver. Quando alguém me ver com uma câmera nas costas, uma câmera de filmar, ou se eu tiver com uma câmera fotográfica, ou tiver com papel ou tiver atrás da mesa essa é a atividade do Carlão. Eu sou meio pau prá toda obra. Toda hora... tem hora eu estou montando a sonorização, ou estou na produção de um filme enfim, quando se fala em comunicação, no objeto, no instrumento, na ferramenta, pode enxergar o Carlão. Se quiser enxergar o Carlão também como um planejador de assuntos prá comunicação, o uso adequado dessas ferramentas, é a mesma figura.
P/1 – Legal. Carlão, você é sócio do Sindicato?
R – Sou sindicalizado há, desde então, há 20 anos.
P/1 – Desde de que você entrou.
R – Desde de que eu entrei na empresa.
P/1 – Você ocupou algum cargo no sindicato?
R – Não, eu até recebi convites prá poder ocupar cargos na diretoria mas, por fatos que aconteceram no período por volta no ano de 86, 87 eu resolvi ser simplesmente um colaborador mais ativo possível. Nunca abri mão de participar dos movimentos, eu guardo e carrego comigo a alcunha de ter sido o primeiro vigilante do sistema a fazer greve e sei muito bem disso. Não é questão de orgulho nem nada, porque eu não acredito que a greve seja o caminho mais certo ou mais fundamentado prá se conseguir, prá se negociar. Mas, enfim, como eu guardo essa alcunha de ter sido o primeiro vigilante, corri os meus riscos e eu tenho uma triste lembrança mas, uma forte lembrança do que nós somos capazes enquanto que trabalhadores. Eu sei que ser trabalhador numa empresa como a Petrobras pra mim é uma questão de orgulho, ser sindicalizado num sindicato em que eu sou o sócio, é motivo de mais orgulho ainda, apesar dos percaucios que a gente passa aí. São medidas, que o tempo, a própria vida nos chama prá poder viver, vivenciar e compartilhar, também.
P/1 – Como é que você vê a relação do Sindicato com a Petrobras?
R - Pois é. É que eu sou uma pessoa relativamente bem politizada. Tenho boas relações no meio sindical, no meio político. Eu tenho um amigo que é presidente da CUT aqui, eu fui presidente da CUT , que a gente viveu discutindo essas relações, que ele me pergunta até, porque eu nunca fui um sindicalista ativo. Mas, talvez, porque eu tenha um concepção melhor, uma concepção diferenciada do sindicalismo, eu acho que o sindicalismo ele tem que ser mais social, mais sociável. Quando existe alguns embates entre o Sindicato e a Empresa, coisas que deveriam ser resolvidas por tramite nenhum, pela simples lógica das necessidades dessas relações, sejam elas de questões salariais, de benefícios, mas eu não concordo muito com esse embate, essa necessidade desse embate. Hoje, eu vejo, eu acredito que talvez essas coisas melhores aconteçam de forma melhor, que elas melhorem em função hoje do próprio presidente ele ser de origem, oriundo de classe sindical, de ter visão e eu espero que os seus diretores, muitos deles oriundos dessa área, eles possam efetivamente, entender que o trabalhador seja ele trabalhador, seja ele gente, da forma que vocês quiserem ver, da forma que o Sindicato e a Empresa querem ver, eles não podem ser motivos de embate, eles não podem perder. A relação social da Empresa, a relação do trabalho com o empregado ela tem que ser muito mais humana porque a Empresa, ela não existe sem os empregados, por mais automatizada que ela seja, mas, muito mais porque ali tem gente e um monte de gente pendurado nessa gente.
P?/1 – É verdade. E, Carlão, o que você acha desse projeto Memória Petrobras dessa forma, sendo contada pelos trabalhadores?
R – Eu fico imaginando, se daqui a umas duas ou três gerações, eu tenho um projeto de vida prá chegar com 80 anos trabalhando, então, pelo menos ativo, trabalhando. A minha árvore genealógica já conta que eu vou ter longividade, eu fico imaginando que talvez daqui a três gerações dos meus bisnetos, talvez eu dê conta de vê-los ainda, se eles tiverem oportunidades de um dia ver assim: “Pô, meu biso ele apareceu e falou alguma coisa interessante, ele contou uma história.” Eu acho muito bacana, por exemplo, quando você vê um indiozinhho que reconhece no seu traço genético, sem ter sido gravado nada, mas conta a história dele, dizendo assim: “O meu avô, o meu bisavô era fulano de tal, era cacique fulano de tal.”, ou era um simples índio da aldeia, mas que deixou esse filho. Eu sou, também, uma pessoa religiosa e a doutrina que eu sigo ela recomenda que nós façamos a nossa genealogia para que a gente conheça a nossa história do passado. Eu gosto de ver muitos, como pessoa religiosa, eu gosto de ler a Bíblia, eu acho muito interessante o Evangelho de Lucas. Lucas, como era um médico estudioso, ele conseguiu traçar toda a genealogia de Jesus, o Cristo, até Deus, seu pai original. Então,os Judeus eles tem isso por hábito. Ele conta a sua história, escreve a sua história. Agora eu fico imaginando, com toda a tecnologia que nós temos, daqui a zilhares de anos alguém vai falar assim: “nossa, que projeto bacana. Quer dizer que tudo começou assim.” De vez em quando eu me pego viajando por algumas fotografias na refinaria e eu vejo lá o trabalhador, trabalhando de chapéu de chapéu de palha, de short, de chinelo dentro de um área que estava sendo construída. Uma coisa muito engraçada para as nossas é... como posso dizer, as necessidades de saúde, segurança e meio-ambiente que a gente usa hoje. Então assim: as necessidades de segurança hoje passam no mínimo por usar um capacete, um óculos de proteção e uma roupa de algodão e bota de proteção. Você vê aquilo ali você fala assim: “Pôxa.” E esse homem deve estar vivo. Então, a nossa sorte é de poder contar essa história, eu acho muito legal.
P/1 – Então, tá. E foi bom participar da entrevista?
R – Foi. Tem até uma historinha que eles pediram prá gravar.
P/1 – Então...
R – Que era a seguinte... Agora, foi uma história muito interessante, mas uma coisa muito interessante, que é uma coisa que eu gosto muito de falar e trabalhar, que são os pioneiros. Eu contei uma parte pioneira da minha vida, mas teve uma que foi muito interessante que eu gostaria de gravar aqui. A Regap ela... em todo lugar, todo mundo tem alguma coisa a oferecer, mas ela foi embrionária numa das coisas que vai tá marcada na tecnologia, que é o uso da mídia como forma de comunicar com os trabalhadores. E essa mídia é a TV Regap, que ela começou a partir de uma necessidade, de um sonho da gente, de transmitir prá todo mundo; eu como um cara de comunicação, que amo fazer comunicação, que amo as mídias, eu sempre pensei: “Porque, não?”. E a gente tinha um projeto de todo evento da gente, levar um trabalhador, lá no fundo da área, o cara que tá trabalhando na operação, na manutenção, nos escritórios que tenham a oportunidade de saber o que tá acontecendo naquela hora, as coisas dentro da refinaria. Sejam palestra, sejam discussões, debates. E a gente, com a grande ajuda de um colega da área de informática, que é o Marco Antonio, conseguimos estabelecer isso. E quando se pensava em rios de dinheiro um projeto desses, a partir da sede nós conseguimos desenvolver uma TV interna com transmissão com custo zero, que foi muito interessante. E foi premiado no programa de ________ ___________. O mais gostoso disso tudo é saber que a gente pode fazer isso. E a respeito de que está sendo gostoso fazer esse projeto memória do trabalhador, que não há coisa melhor, se podemos guardar na memória esses momentos bons de nossa vida, que guardemos, se a gente puder multiplicar, que multipliquemos. A vida é assim, de tudo feito, das melhores coisas que ela tem prá oferecer. É isso aí.
P/1 – Obrigada, Carlão.
R – Obrigada
P/2 – Obrigada
(Fim da fita Mpet / CB Regap 005)
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